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ONU desiste de criar órgão para cuidar de refugiados climáticos (O Globo)

Ideia foi retirada do rascunho de acordo que será levado à Conferência de Paris

POR O GLOBO

Operários cruzam com o Ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, durante sua visita ao local onde será realizada a 21ª Conferência do Clima, em Le Bourget – JACKY NAEGELEN / REUTERS

RIO — O rascunho do acordo global sobre mudanças climáticas, publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU) na última segunda-feira, já mostra alterações feitas, aparentemente, devido a pressões de alguns países. O documento será usado como base para as negociações durante a 21ª Conferência do Clima (COP 21) em Paris, em dezembro.Porém, foi retirada do documento a ideia de se criar um organismo para ajudar as pessoas a escapar dos desastres causados pelas mudanças climáticas.

Segundo o site do jornal britânico “The Guardian”, o passo atrás aconteceu por pressão da Austrália, que vem sendo criticada por sua pouca ambição em diminuir a emissão de gases de efeito estufa. A versão anterior do acordo incluía “instalações para a coordenação dos deslocamentos causados pelas mudanças climáticas” que deveriam prover “migrações organizadas e realocações planejadas”, assim como compensações, em dinheiro, para as pessoas que necessitam deixar suas casas para escapar da elevação do nível do mar, de condições meteorológicas extremas ou se mudar por conta da destruição da agricultura local.

A Austrália, no entanto, se opôs à criação das instalações, e essa medida foi retirada do novo texto. “A Austrália não vê a criação de instalações para a coordenação dos deslocamentos causados pelo clima como a maneira mais eficaz ou eficiente de progredir em direção a uma ação internacional significativa para enfrentar os impactos das mudanças climáticas”, disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores e Comércio, segundo o jornal “Guardian”. “A Austrália já está trabalhando com os nossos parceiros do Pacífico nessas questões importantes”.O país da Oceania já gastou mais de US$ 50 milhões em projetos de combate às mudanças climáticas no Pacífico e contribuiu com US$ 200 milhões para o Fundo Verde do Clima, mas vem sendo criticado por sua falta de ambição em cortar suas emissões de gases do efeito estufa e não ter um quadro político que apoie a causa de maneira consistente. O novo rascunho de 20 páginas, que substituiu outro, de 90, exortou todas as nações a se comprometerem com políticas de mitigação e endurecerem seus compromissos a cada cinco anos.

O projeto também salienta a importância da cooperação internacional e do apoio aos esforços de adaptação dos países em desenvolvimento, mais vulneráveis aos efeitos da mudança climática. O acordo ainda aponta a necessidade de todos os governos estarem engajados na causa.

Os impactos da mudanças climáticas devem deslocar até 250 milhões de pessoas em todo o mundo até 2050, incluindo muitos habitantes das ilhas do Pacífico. Em algumas áreas do Pacífico, o nível do mar está subindo 1,2 centímetros por ano, quatro vezes mais rápido do que a média global, o que é alarmante. Em ilhas a dois ou três metros acima do nível do mar, comunidades já estão sendo realocadas, e a água potável e as colheitas são constantemente ameaçadas por inundações de água salgada.

A COP 21 terá como principal objetivo costurar um novo acordo entre os países para diminuir a emissão de gases de efeito estufa, diminuindo o aquecimento global e, em consequência, limitar o aumento da temperatura global em 2ºC até 2100.

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