Arquivo mensal: dezembro 2014

Brasil propõe nova diferenciação entre países na COP20 (ClimaCom)

11/12/2014

Efetividade da proposta é posta em discussão por especialistas: “é uma colagem entre o óbvio e o absurdo” 

Por Meghie Rodrigues

contribuição do Brasil para a 20ª Conferência das Partes (COP20), que acontece em Lima, Peru, até o próximo dia 12, propõe repensar o conceito de “responsabilidades comuns, mas diferenciadas”, da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC).

A intenção é refinar a divisão dos 190 países-membros da UNFCCC tal como estabelecida pelo Protocolo de Quioto: em vez de apenas os países do Anexo I (membros da OCDE e países pertencentes à ex-União Soviética) terem responsabilidades legalmente vinculantes sobre reduções de emissões de gases provocadores do efeito estufa, os países emergentes (como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, os BRICS) também assumiriam responsabilidades legais sobre as medidas. A proposta, que responde às demandas do Anexo I de que os países emergentes devem assumir uma parcela dos custos advindos dos cortes de emissões, implicaria em um agrupamento menos monolítico entre países em desenvolvimento, ou pertencentes ao Anexo II.

A divisão atual foi traçada na década de 1990 em decorrência do Protocolo de Quioto (que previa reduções de emissões de dióxido de carbono na atmosfera em 5,2% entre 2008 e 2012, em relação aos níveis de 1990), mas coloca grandes emissores como China e Brasil na mesma categoria de países menores e mais vulneráveis como os Estados-ilha do Oceano Pacífico.

A proposição chega em um momento em que a UNFCCC prepara um documento de força legal a ser proposto em Paris em dezembro do ano que vem, durante a COP21. O novo documento passará a vigorar a partir de 2020, quando cessa a validade da extensão ao Protocolo de Quioto, emenda feita em 2012, durante a COP18 em Doha, no Qatar. O objetivo é levar adiante a meta de conter o aumento da temperatura global para até 2ºC em relação ao período pré-industrial. Apesar de os países-membros da UNFCCC ainda não terem chegado a um acordo quanto ao texto que servirá como base do documento a ser apresentado em Paris, a proposta feita pela delegação brasileira – chefiada pelo subsecretário-geral de Meio Ambiente, Energia, Ciência e Tecnologia do Ministério das Relações Exteriores, José Antonio Marcondes de Carvalho –, parece ter sido bem recebida na Conferência na capital peruana.

No documento oficial enviado à UNFCCC, o Brasil propõe o que chama de “diferenciação concêntrica”, que divide os países em três níveis, de acordo com seu nível de desenvolvimento e histórico de emissões de gases de efeito estufa. Isto definiria suas responsabilidades e ações a serem tomadas. No círculo mais interno estariam os países do Anexo I, com o compromisso de cumprir uma limitação absoluta de emissões ou um alvo de reduções em comparação a um determinado ano-base. No círculo intermediário estariam países emergentes e em desenvolvimento, que poderiam assumir os compromissos dos países do Anexo I ou estabelecer metas de redução em relação à sua projeção de emissões, proporcionais ao PIB ou com determinação cortes de emissão per capita. Por fim, no círculo mais exterior estariam os países menos desenvolvidos e mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas, como os Estados-ilha: estes não precisariam realizar grandes cortes, já que dispõem de poucos recursos e não são grandes emissores de gases de efeito estufa na atmosfera.

“Entre o óbvio e o absurdo”

Para Márcio Santilli, filósofo e coordenador do Instituto Socioambiental (ISA), “ainda não é hora de fazer grandes análises ou categorizações, mas sim o caso de fazer proposições concretas”. Segundo ele, a tripartição proposta pelo Brasil perpetua a diferença de posições políticas entre grandes emissores emergentes e países do Anexo I. “É algo que precisa ter uma tradução mais clara, se com isso se pretende objetivamente reforçar a responsabilidade dos emergentes – que são relevantes no conjunto das emissões globais – ou se, pelo contrário, é uma jogada retórica para que o bloco do meio, os emergentes, não sejam obrigados a assumir metas de redução imediatas”, ressalta.

O que pode estar havendo neste processo, de acordo com o filósofo, é “uma colagem entre o óbvio e o absurdo”: o óbvio no sentido de se reconhecer a diferença das responsabilidades entre países emergentes que são grandes emissores e os “mais de uma centena de países quase irrelevantes no volume global de emissões”. O absurdo seria elaborar uma meta de corte de emissões na ausência da discussão sobre política energética, ou seja, traçar uma meta sem um plano claro sobre como chegar lá.

Países como China e Estados Unidos (que assinaram um acordo em novembro, em que os EUA propõem reduzir 28% das emissões de gases de efeito estufa em até 11 anos, e a China, por sua vez, cortar as emissões até 2030), propuseram projetar, para além de 2020, processos que já estão ocorrendo em seus países. Em decorrência de políticas econômicas e energéticas já em curso, eles conseguem uma margem para negociar o cumprimento dessas metas. O coordenador do ISA observa, entretanto, que essas são metas modestas, já que EUA poderiam propor cortes maiores e a China, prazos mais curtos. “Ou seja, esse acordo entre China e EUA tem uma folga para eles negociarem – para cobrarem compromissos de outros países em troca de darem mais um passo”, observa.

Oficina do grupo multiTÃO (Labjor-Unicamp) realizada com o grupo de bordadeiras “Entrefios Memórias” do Casarão do Barão, em Campinas – SP

Responsabilidades

Assumir responsabilidades é, também, um tema recorrente nestas rodadas de negociação sobre políticas climáticas em âmbito global, onde reafirmam-se noções acerca da soberania e economia dos países participantes Soberania no sentido de que, não abraçar estes compromissos compartilhados, seria não assumir uma postura globalista em relação à governança climática. Já no caso da economia, seria a reafirmação do privilégio de fontes poluentes em detrimento de fontes alternativas de geração de energia. Eduardo Viola, professor da Universidade de Brasília (UnB), em artigo publicado em 2002, lembra que a posição contrária dos Estados Unidos em relação ao corte de emissões de dióxido de carbono na década de 1990 (o que levou o Senado dos EUA a barrar a ratificação do Protocolo de Quioto), se deu porque os EUA queriam que os “países emergentes assumissem compromissos de diminuir sua taxa de crescimento futuro de emissões”, além de demarcar uma posição clara em favor da manutenção do padrão de vida norte-americano.

O Brasil já trabalha no plano prático no sentido de assumir e compartilhar responsabilidades, tal como invocado pelos EUA. De acordo com Márcio Santilli, ainda que no ano passado as emissões de CO2 tenham aumentado em 7,8% em relação a 2012, o fato de ter feito reduções expressivas entre 2006 e 2012 mostra que o país tem capacidade de realizar cortes mais ambiciosos. No entanto, ele observa que “se queremos chegar a um acordo até o fim do ano que vem, é indispensável que alguma estratégia exista, e que o Brasil possa formular uma proposta de meta que garanta um sentido correto, que é o de redução de emissões – que assegure esse horizonte concreto, palpável – para que possamos cumprir o compromisso que vamos assumir, seja lá qual for”.

Butterflies, Ants and the Internet of Things (Wired)

[Isn’t it scary that there are bright people who are that innocent? Or perhaps this is just a propaganda piece. – RT]

BY GEOFF WEBB, NETIQ

12.10.14  |  12:41 PM

Autonomous Cars (Autopia)

Buckminster Fuller once wrote, “there is nothing in the caterpillar that tells you it’s going to be a butterfly.”  It’s true that often our capacity to look at things and truly understand their final form is very limited.  Nor can we necessarily predict what happens when many small changes combine – when small pebbles roll down a hillside and turn in a landslide that dams a river and floods a plain.

This is the situation we face now as we try to understand the final form and impact of the Internet of Things (IoT). Countless small, technological pebbles have begun to roll down the hillside from initial implementation to full realization.  In this case, the “pebbles” are the billions of sensors, actuators, and smart technologies that are rapidly forming the Internet of Things. And like the caterpillar in Fuller’s quote, the final shape of the IoT may look very different from our first guesses.

In whatever the world looks like as the IoT begins to bear full fruit, the experience of our lives will be markedly different.  The world around us will not only be aware of our presence, it will know who we are, and it will react to us, often before we are even aware of it.  The day-to-day process of living will change because almost every piece of technology we touch (and many we do not) will begin to tailor their behavior to our specific needs and desires.  Our car will talk to our house.

Walking into a store will be very different, as the displays around us could modify their behavior based on our preferences and buying habits.  The office of the future will be far more adaptive, less rigid, more connected – the building will know who we are and will be ready for us when we arrive.  Everything, from the way products are built and packaged and the way our buildings and cities are managed, to the simple process of travelling around, interacting with each other, will change and change dramatically. And it’s happening now.

We’re already seeing mainstream manufacturers building IoT awareness into their products, such as Whirlpool building Internet-aware washing machines, and specialized IoT consumer tech such as LIFX light bulbs which can be managed from a smartphone and will respond to events in your house. Even toys are becoming more and more connected as our children go online at even younger ages.  And while many of the consumer purchases may already be somehow “IoT” aware, we are still barely scratching the surface of the full potential of a fully connected world. The ultimate impact of the IoT will run far deeper, into the very fabric of our lives and the way we interact with the world around us.

One example is the German port of Hamburg. The Hamburg port Authority is building what they refer to as a smartPort. Literally embedding millions of sensors in everything from container handling systems to street lights – to provide data and management capabilities to move cargo through the port more efficiently, avoid traffic snarl-ups, and even predict environmental impacts through sensors that respond to noise and air pollution.

Securing all those devices and sensors will require a new way of thinking about technology and the interactions of “things,” people, and data. What we must do, then, is to adopt an approach that scales to manage the staggering numbers of these sensors and devices, while still enabling us to identify when they are under attack or being misused.

This is essentially the same problem we already face when dealing with human beings – how do I know when someone is doing something they shouldn’t? Specifically how can I identify a bad person in a crowd of law-abiding citizens?

The best answer is what I like to call, the “Vegas Solution.” Rather than adopting a model that screens every person as they enter a casino, the security folks out in Nevada watch for behavior that indicates someone is up to no good, and then respond accordingly. It’s low impact for everyone else, but works with ruthless efficiency (as anyone who has ever tried counting cards in a casino will tell you.)

This approach focuses on known behaviors and looks for anomalies. It is, at its most basic, the practical application of “identity.” If I understand the identity of the people I am watching, and as a result, their behavior, I can tell when someone is acting badly.

Now scale this up to the vast number of devices and sensors out there in the nascent IoT. If I understand the “identity” of all those washing machines, smart cars, traffic light sensors, industrial robots, and so on, I can determine what they should be doing, see when that behavior changes (even in subtle ways such as how they communicate with each other) and respond quickly when I detect something potentially bad.

The approach is sound, in fact, it’s probably the only approach that will scale to meet the complexity of all those billions upon billions of “things” that make up the IoT. The challenge of this is brought to the forefront by the fact that there must be a concept of identity applied to so many more “things” than we have ever managed before. If there is an “Internet of Everything” there will be an “Identity of Everything” to go with it? And those identities will tell us what each device is, when it was created, how it should behave, what it is capable of, and so on.  There are already proposed standards for this kind of thing, such as the UK’s HyperCatstandard, which lets one device figure out what another device it can talk to actually does and therefore what kind of information it might want to share.

Where things get really interesting, however, is when we start to watch the interactions of all these identities – and especially the interactions of the “thing” identities and our own. How we humans of Internet users compared to the “things”, interact with all the devices around us will provide even more insight into our lives, wants, and behaviors. Watching how I interact with my car, and the car with the road, and so on, will help manage city traffic far more efficiently than broad brush traffic studies. Likewise, as the wearable technology I have on my person (or in my person) interacts with the sensors around me, so my experience of almost everything, from shopping to public services, can be tailored and managed more efficiently. This, ultimately is the promise of the IoT, a world that is responsive, intelligent and tailored for every situation.

As we continue to add more and more sensors and smart devices, the potential power of the IoT grows.  Many small, slightly smart things have a habit of combining to perform amazing feats. Taking another example from nature, leaf-cutter ants (tiny in the extreme) nevertheless combine to form the second most complex social structures on earth (after humans) and can build staggeringly large homes.

When we combine the billions of smart devices into the final IoT, we should expect to be surprised by the final form all those interactions take, and by the complexity of the thing we create.  Those things can and will work together, and how they behave will be defined by the identities we give them today.

Geoff Webb is Director of Solution Strategy at NetIQ.

A Crise de Escassez Hídrica no Brasil e seu Gerenciamento no Estado de São Paulo – Posição da Diretoria da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – Seção São Paulo (ABES-SP)

Posição da Diretoria da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – Seção São Paulo (ABES-SP) sobre a crise hídrica, apresentada no seminário “A Crise de Escassez Hídrica no Brasil e seu Gerenciamento no Estado de São Paulo”, realizado no dia 02 de dezembro de 2014, no auditório do CREA-SP:

  1. O país vive crise de escassez hídrica de dimensões inéditas e não antecipadas pelas previsões climáticas. A crise atinge um vasto território do Sudeste e Nordeste brasileiros, com forte incidência em São Paulo, e afeta os diversos usos da água, revelando conflitos que precisam ser tratados de imediato. Embora não haja precisão nas previsões meteorológicas, é provável que seja de grande duração, requerendo estratégia de longo prazo para seu enfrentamento.
  1. A crise vem demandando ações emergenciais para assegurar a continuidade do abastecimento público, que necessitam ser reforçadas e adequadamente explicadas à população, pelas autoridades e pelas entidades técnico-científicas. O abastecimento vem sendo mantido por um sofisticado conjunto de medidas operacionais, que será tão mais eficaz quanto mais bem compreendido for pela sociedade.
  1. Em geral, passadas as restrições legais do período eleitoral, é necessário reforçar a comunicação social sobre o enfrentamento dos problemas, trazendo a sociedade para apoiar ativamente o combate aos desperdícios e o uso racional, e reduzindo o espaço para visões equivocadas e para a exploração oportunista dos efeitos da crise. Além da comunicação, ações mais diretas junto à população são cabíveis, como, por exemplo, a assistência técnica para a adequação das caixas d’água nos imóveis com deficiência de reservação.
  1. Os valores extremamente baixos e inéditos de precipitações e de vazões afluentes aos sistemas indicam uma situação nova, que exige a revisão do planejamento existente, antecipando intervenções e aumentando capacidades. É necessário aumentar a disponibilidade de vazões regularizadas, para fazer frente à nova situação. Particularmente, são importantes a interligação dos reservatórios Jaguari e Atibainha, para dar segurança hídrica à plena recuperação e utilização do Sistema Cantareira no futuro, e a construção das barragens Duas Pontes e Pedreiras e respectivo sistema adutor, para assegurar o abastecimento dos municípios das bacias do PCJ. Outros projetos de abastecimento, estruturantes do desenvolvimento econômico do estado, necessitam ser avaliados, detalhados e implementados no curto prazo.
  1. A antecipação de investimentos e o aumento de capacidade de reserva que as novas condições exigem significam o aumento do custo da água para os diversos usos. Esta nova realidade torna economicamente mais atrativas e socialmente mais necessárias políticas permanentes de redução de perdas, uso racional da água, proteção e recuperação de mananciais e de nascentes e de reuso de água tratada.
  1. O aumento de custos deve ser refletido nas tarifas dos prestadores de serviços. O setor de abastecimento de água e esgotamento sanitário no estado de São Paulo é sustentado por um sistema tarifário que remunera os investimentos e os custos dos serviços, com um processo regulatório sofisticado, em fase final de implantação. Esta é a forma socialmente mais justa e eficiente de alocar os recursos necessários à prestação dos serviços, que deve ser preservada. Empresas e autarquias economicamente viáveis e sólidas são a melhor garantia da qualidade da prestação, e da manutenção de esforços continuados, como é o caso da redução de perdas de água, por exemplo.
  1. O ajuste tarifário, além preservar a viabilidade econômica das entidades responsáveis pelos serviços, o que pode e deve ser feito protegendo os segmentos socialmente mais vulneráveis, deve ser tratado como um importante, talvez o mais importante, mecanismo de redução de consumo excessivo. A acentuação das diferenças entre blocos tarifários, com penalização mais pesada às faixas de maior consumo, é um forte estímulo econômico à moderação. Esse valor adicional nas faixas de maior consumo poderia ser separado, como um fundo especial para as obras de segurança hídrica, não incidindo no cálculo do resultado econômico das prestadoras de serviço.
  1. A penalização econômica do uso excessivo de água deve se somar a outras ações de combate ao desperdício, por parte das autoridades públicas, especialmente as autoridades municipais, que têm poder de polícia. A fiscalização deve se somar à comunicação ampla e ao convencimento.
  1. As intervenções não diretamente ligadas à prestação dos serviços, como as obras de aumento da segurança hídrica, não poderão ser inteiramente custeadas pelas tarifas, e necessitam de recursos não onerosos dos orçamentos públicos. No caso da Sabesp, a primeira fonte deveria ser os dividendos e juros sobre capital próprio distribuídos ao Governo Estadual.
  1. Os estudos mais recentes, como o Plano de Abastecimento da Macrometrópole Paulista, demonstram que a densidade do desenvolvimento econômico do estado e o uso intensivo dos recursos hídricos impõem que se passe a planejar e gerir o uso da água na região de modo efetivamente integrado. A crise de escassez vem acentuar essa constatação. As agendas entre municípios e Governo Estadual, entre este e os demais estados vizinhos, e a União, demandam a ampliação e o aprimoramento dos instrumentos técnicos e dos recursos humanos voltados a essas tarefas.
  1. A gestão integrada implica uma intensa agenda entre municípios, os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, a Agência Nacional de Águas, e o Governo Federal, agenda que tem se desenvolvido de modo promissor nas últimas semanas. E contempla também os graves conflitos e restrições entre os diversos usos da água a serem mediados. Quanto a estes, ressalta a importância de rediscutir com o setor elétrico ajustes imprescindíveis nas regras atuais, para fazer prevalecer a primazia do uso para abastecimento público, como assegurado legalmente.
  1. Muitas das medidas de enfrentamento da crise são e terão que ser emergenciais, com o uso de procedimentos expeditos de contratação e execução. É importante que as mesmas se combinem com um processo de revisão de planos, de elaboração de projetos e de reestruturação de cronogramas de implantação de empreendimentos que organize desde já a continuidade dos programas de expansão e melhoria dos serviços, necessários para a universalização do atendimento e a manutenção da qualidade.

Diretoria da ABES-SP.

Robôs inteligentes podem levar ao fim da raça humana, diz Stephen Hawking (Folha de S.Paulo)

SALVADOR NOGUEIRA

COLABORAÇÃO PARA FOLHA

16/12/2014 02h03

O físico britânico Stephen Hawking está causando novamente. Em entrevista à rede BBC, ele alertou para os perigos do desenvolvimento de máquinas superinteligentes.

“As formas primitivas de inteligência artificial que temos agora se mostraram muito úteis. Mas acho que o desenvolvimento de inteligência artificial completa pode significar o fim da raça humana”, disse o cientista.

Ele ecoa um número crescente de especialistas –de filósofos a tecnologistas– que aponta as incertezas trazidas pelo desenvolvimento de máquinas pensantes.

Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress
Robô

Recentemente, outro luminar a se pronunciar foi Elon Musk, sul-africano que fez fortuna ao criar um sistema de pagamentos para internet e agora desenvolve foguetes e naves para o programa espacial americano.

Em outubro, falando a alunos do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), lançou um alerta parecido.

“Acho que temos de ser muito cuidadosos com inteligência artificial. Se eu tivesse que adivinhar qual é a nossa maior ameaça existencial, seria provavelmente essa.”

Para Musk, a coisa é tão grave que ele acredita na necessidade de desenvolver mecanismos de controle, talvez em nível internacional, “só para garantir que não vamos fazer algo bem idiota”.

SUPERINTELIGÊNCIA

A preocupação vem de longe. Em 1965, Gordon Moore, co-fundador da Intel, notou que a capacidade dos computadores dobrava a cada dois anos, aproximadamente.

Como o efeito é exponencial, em pouco tempo conseguimos sair de modestas máquinas de calcular a supercomputadores capazes de simular a evolução do Universo. Não é pouca coisa.

Os computadores ainda não ultrapassaram a capacidade de processamento do cérebro humano. Por pouco.

“O cérebro como um todo executa cerca de 10 mil trilhões de operações por segundo”, diz o físico Paul Davies, da Universidade Estadual do Arizona. “O computador mais rápido atinge 360 trilhões, então a natureza segue na frente. Mas não por muito tempo.”

Alguns tecnologistas comemoram essa ultrapassagem iminente, como o inventor americano Ray Kurzweil, que atualmente tem trabalhado em parceria com o Google para desenvolver o campo da IA (inteligência artificial).

Ele estima que máquinas com capacidade intelectual similar à humana surgirão em 2029. É mais ou menos o de tempo imaginado por Musk para o surgimento da ameaça.

“A inteligência artificial passará a voar por seus próprios meios, se reprojetando a um ritmo cada vez maior”, sugeriu Hawking.

O resultado: não só as máquinas seriam mais inteligentes que nós, como estariam em constante aprimoramento. Caso desenvolvam a consciência, o que farão conosco?

Kurzweil prefere pensar que nos ajudarão a resolver problemas sociais e se integrarão à civilização. Mas até ele admite que não há garantias. “Acho que a melhor defesa é cultivar valores como democracia, tolerância, liberdade”, disse à Folha.

Para ele, máquinas criadas nesse ambiente aprenderiam os mesmos valores. “Não é uma estratégia infalível”, diz Kurzweil. “Mas é o melhor que podemos fazer.”

Enquanto Musk sugere um controle sobre a tecnologia, Kurzweil acredita que já passamos o ponto de não-retorno –estamos a caminho da “singularidade tecnológica”, quando a IA alterará radicalmente a civilização.

COP 20 aprova base para novo acordo climático (Estadão)

Autoridades e ambientalistas de todas as partes do mundo estão com os olhos voltados para a 20ª Conferência do Clima da ONU, que começou nesta segunda-feira em Lima.

AFP – Autoridades e ambientalistas de todas as partes do mundo estão com os olhos voltados para a 20ª Conferência do Clima da ONU, que começou nesta segunda-feira em Lima.

Com atraso de 31 horas, a 20ª Conferência das Partes sobre Mudança Climática (COP 20) terminou na madrugada deste domingo (14), com a aprovação do conjunto de decisões essenciais para a negociação do novo acordo climático em novembro de 2015, em Paris. Reformado “cirurgicamente” para se adequar às exigências dos países emergentes e em desenvolvimento, entre os quais o Brasil, o documento final superou os impasses e obteve consenso imediato dos 195 países à 1h20 (4h20, no horário de Brasília).

“Vamos fazer de Paris um grande sucesso”, afirmou o presidente da COP-20 e ministro de Meio Ambiente do Peru, Manuel Pulgar-Vidal, ao referir-se a um possível acordo multilateral para dar ao mundo a chance de chegar ao final deste século com o aumento de até 2ºC em sua temperatura média. Sem o acordo, os termômetros subirão bem mais, conforme alertaram os estudos do Painel Intergovernamental de Mudança Climática (IPCC).

“Todos sabemos o que se passou em Copenhague (na fracassada tentativa de chegar ao acordo climático, na COP de 2009). Graças aos seus esforços, o fantasma de Copenhague está mais longe, e o sucesso de Paris, mais perto”, declarou o ministro de Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, que presidirá a COP 21.

Na tarde de sábado (13), Pulgar havia chamado para si a responsabilidade de elaborar um novo texto de decisão de Lima mais palatável ao bloco emergente e em desenvolvimento, sem gerar maior atrito com o mundo desenvolvido. Ele havia fracassado, horas antes, em sua tentativa de aprovar uma versão anterior, considerada “desequilibrada” e desprovida dos elementos basilares para uma negociação climática justa em 2015 pelo bloco em desenvolvimento.

Todas as 195 delegações estavam cientes de que o sucesso da COP de Paris dependia do documento de Lima. O acordo climático de Paris, se não cair nas mesmas armadilhas de Copenhague, substituirá o Protocolo de Kioto em 2020. O documento de Lima, ao final, traçou as bases sobre as quais os 195 países apresentarão, ao longo do primeiro semestre, seus compromissos de redução de emissões e de adaptação à mudança climática. Trata-se da espinha dorsal do acordo de Paris, a partir do qual serão decididas as obrigações adicionais de cada signatários.

“Em Lima foi fechado o acordo antes do acordo (definitivo)”, resumiu o especialista britânico Michael Jacobs, conselheiro sênior do New Climate Economy e professor da London School of Economics.

Nas negociações, os emergentes do Basic (Brasil, África do Sul, Índia e China) e os membros do G77 (grupo dos países em desenvolvimento e dos mais pobres) fizeram valer suas posições em favor a dois princípios caros. O primeiro é a necessidade de os compromissos dos países mais ricos abrangerem também os meios de financiamento, de capacitação e de transferência de tecnologia para os mais pobres cumprirem suas metas. Essa premissa consta da Convenção do Clima, de 1992.

Países como o Brasil, a China, a África do Sul, além dos mais pobres e vulneráveis à mudança climática, se mobilizaram para sublinhar esse tópico no documento e para impedir que a versão anterior, com menção frouxa a esse conceito, fosse aprovada. Europeus e americanos preferiam vê-lo apagado, para concentrarem-se apenas nas reduções de emissões de gases do efeito estufa (mitigação). Mas acabaram acatando, no final.>>O principal negociador brasileiro, embaixador José Antônio Marcondes Carvalho, considerou insuficiente a ênfase a esse princípio e sublinhou seu desapontamento.”Não fomos tão longe na decisão de hoje. Mas aceitamos o compromisso proposto e continuaremos a trabalhar por um acordo robusto e ambicioso com base na Convenção do Clima”, declarou.

O outro princípio registrado com ênfase no documento da COP-20 foi o da “responsabilidade comum, mas diferenciada”. Definido em 2011, na COP de Durban, ele prevê que os países desenvolvidos terão de assumir obrigações adicionais mais ambiciosas de redução de emissões de gases, compatíveis com o fato de os estarem despejando na atmosfera desde meados do século 18. Emergentes – mesmo os campeões de emissão China e Índia – e os países em desenvolvimento e pobres teriam uma carga menor.

O documento de Lima também trouxe de forma mais específica a obrigação de os 195 países apresentarem informações precisas sobre seus compromissos iniciais, a serem registrados ao longo do primeiro semestre de 2015. Entre eles, o ano-base para a comparação de seus compromissos de redução de emissões, essencial para uma noção mais clara de seus efeitos sobre a contenção do aquecimento global.

As economias emergentes e em desenvolvimento também conseguiram registrar de forma mais clara a necessidade de os países tomarem iniciativas entre 2016 e 2019 para acelerar a adoção do acordo de Paris, a partir de 2020.

Com o documento de Lima aprovado, começam agora as movimentações tornar viável o acordo climático de Paris. Novas rodadas de negociações já estão agendadas para Genebra, em fevereiro, e Bonn, em junho. Os países desenvolvidos, em princípio, deverão apresentar seus compromissos climáticos até março. Os demais, até junho. Atrasos poderão comprometer os cálculos do efeito dessas contribuições para impedir o aquecimento do planeta além de 2ºC, que precisam estar prontos até novembro.

Análise: Todos estão a bordo, certo, mas será um milagre se este barco chegar bem a Paris (Folha de S.Paulo)

MARCELO LEITE

DE SÃO PAULO

15/12/2014 02h00

Com dois dias de atraso, a Conferência de Lima pariu um rato. Espera-se agora o quase impossível: que o roedor aprenda a rugir em um ano e o faça com tanta força em Paris que consiga afugentar o espectro de uma mudança perigosa do clima.

Especialistas predizem que, para evitar um cenário de eventos extremos “”secas, enchentes, furacões””, o aquecimento global não pode ultrapassar 2°C neste século. Os compromissos nacionais de cortes nas emissões de CO2 (principal gás do efeito estufa) apresentados até aqui não representam mais que a metade do que seria necessário.

Como ocorre desde que se adotou a Convenção da ONU sobre Mudança do Clima no Rio, em 1992, Lima tropeçou na vala que separa países ricos e pobres. O maior avanço da conferência na capital peruana, contudo, se deu precisamente aí: agora, todas as nações ficam obrigadas a se comprometer com ações para conter o aquecimento.

É verdade que sobreviveu o princípio das “responsabilidades comuns, mas diferenciadas”, de que sempre se valeram os menos desenvolvidos para escapar de assumir metas. Todos têm de comparecer, daqui em diante, ainda que “à luz das diferentes circunstâncias nacionais”.

Traduzindo: China (maior emissor de CO2), Índia (terceiro, depois dos EUA) e Brasil (sexto) também estão obrigados a publicar planos para reduzir carbono. Uma vitória das nações desenvolvidas.

A União Europeia tem as metas mais ambiciosas: cortar 30% das emissões até 2020 e 40% até 2030, ante 1990. Os EUA prometem redução de 26% a 28% até 2025, mas na comparação com 2005.

O Brasil mantém que até 2020 reduzirá 36% a 39% do nível de suas emissões em 1990, graças à queda no desmatamento (nossa maior fonte de carbono). A China só fala em reduzir o ritmo de aumento da poluição, para zerá-lo em 2030. A Índia até aqui se fez de muda.

Há expectativa de que esses e outros países melhorem suas propostas nos próximos seis meses, de modo que se possa calcular, antes do encontro de Paris, a distância até a meta de 2°C. O problema é que, em Lima, não se chegou a um consenso sobre metodologia e anos-base –1990 ou 2005?

Assim fica difícil fazer a conta. Para piorar, se obteve um grau insuficiente de transparência nas comunicações que cada país ficou de fazer.

Por considerar qualquer tipo de monitoramento externo uma ameaça a sua soberania, a China vetou a obrigatoriedade de mecanismos para tornar as informações nacionais claras e verificáveis. Eles aparecem no acordo apenas como facultativos.

Não houve progresso, por fim, na eterna questão do dinheiro. Países pobres, que contribuíram menos historicamente para o aquecimento, mas sofrerão os piores impactos, exigem fundos dos ricos para prevenir catástrofes e adotar tecnologias limpas.

Com meros US$ 10 bilhões anuais comprometidos, nunca se esteve tão longe do objetivo anterior de levantar US$ 100 bilhões ao ano. O máximo que as nações menos desenvolvidas conseguiram foi cravar no texto as noções de fundos para adaptação e para “perdas e danos”.

Essa noção foi comemorada como vitória por países insulares como Tuvalu e Kiribati. Com territórios ameaçados de submergir com a elevação dos oceanos, precisam desesperadamente salvar o que for possível e, se inescapável, relocar sua população.

Na iminência de um naufrágio, Lima contentou-se com pouco, como sempre acontece nas reuniões do clima. Todos agora estão a bordo, mas com uma rota ainda por traçar e sem bons instrumentos para verificar o trajeto. Será um milagre se chegarem a bom porto em Paris.

Carnivorismo (Portal do Meio Ambiente)

PUBLICADO  08 DEZEMBRO 2014

MAURÍCIO ANDRÉS RIBEIRO

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Por Maurício Andrés Ribeiro

Cadeias alimentares são as transferências de energia alimentar desde os produtores básicos – as plantas –, para os animais herbívoros – consumidores primários –, até os animais carnívoros que se alimentam dos herbívoros ou de outros carnívoros. A cada degrau que se sobe na cadeia trófica, há perdas de energia. As plantas absorvem e metabolizam cerca de 1% da energia solar que sobre elas incidem. Os animais herbívoros aproveitam cerca de 10% da energia contida nos vegetais. Os animais carnívoros ou os seres humanos que se alimentam de carne de animais aproveitam apenas 10% da energia que eles absorveram dos vegetais.

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O homem está entre as espécies que absorvem energia de vários elos da cadeia alimentar e tem uma diversidade de dietas alimentares, em função do ambiente em que vivem de seus hábitos culturais, de seus valores espirituais ou religiosos. Há seres humanos onívoros, carnívoros, frutívoros, vegetarianos, veganos etc e uma combinação deles. O carnivorismo é o habito sistemático de comer carne e a defesa de tal hábito.O carnivorismo se espalha pelo mundo de modo diferenciado conforme mostra o mapa anexo. Nos países em vermelho se come mais de 30 kg per capita de carne bovina por ano. À medida que aumenta a renda média, tende a aumentar o consumo per capita de carne, o que é ainda estimulado por campanhas de propaganda do carnivorismo nas TVs, nos jornais, em revistas e na internet.

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A dieta alimentar baseada em proteínas animais, quando comparada a dietas baseadas em grãos, hortaliças e proteína vegetal, tem elevado custo energético e sua produtividade energética é baixa. A demanda por alimentos que se encontram no alto da cadeia alimentar – constituídos pelos produtos de origem animal – consome grande quantidade de terra, água, recursos naturais e defensivos agrícolas; motiva os fazendeiros a expandir as áreas destinadas a pastagens, provoca a destruição de florestas e perdas de solo fértil. Os impactos ambientais de uma dieta carnívora são maiores do que os de uma dieta baseada em produtos vegetais.

No Brasil, pressão sobre as florestas e desmatamento decorrem do plantio de soja para alimentar animais na China ou da pecuária para exportar carne ou abastecer o mercado interno.

04Várias sociedades regularam suas dietas como estratégia para não romper a capacidade de suporte do seu território e reduzir os riscos de colapso. A Índia é uma das mais conhecidas, com o vegetarianismo e a sacralização dos animais. Diamond (2005, p. 356) relata o caso da ilha de Tikopia, no Pacífico Sul, com 4,7km2 e densidade de 309 pessoas por quilômetro quadrado, continuamente habitada há quase três mil anos. Uma das estratégias para garantir a capacidade de sustentação do ambiente foi a mudança de hábitos alimentares, eliminando aqueles que implicam competição pelo uso da terra:

Uma decisão significativa tomada conscientemente por volta de 1.600 d.C, e registrada pela tradição oral, mas também atestada arqueologicamente, foi a matança de todos os porcos da ilha, substituídos como fonte de proteína pelo aumento do consumo de peixe, moluscos e tartarugas.

Tikopia e a India são exemplos de sociedades que superaram o carnivorismo ao constatarem os benefícios sociais que essas mudanças de hábitos alimentares trariam. Aquilo que a Índia estruturou há milênios e o que os ilhéus de Tikopia decidiram há algumas centenas de anos, pode ser uma decisão sábia de ser adotada globalmente no contexto das mudanças climáticas e da atual crise da evolução. Uma das vozes que defende esse caminho é Lovelock (Gaia-Alerta final, pg. 80) que observa

“Nossos líderes, se fossem todos excelentes e poderosos poderiam proibir a manutenção de animais de estimação e gado, tornar compulsória a dieta vegetariana e incentivar um grande programa de síntese de alimentos por indústrias químicas e bioquímicas; fazer isso apenas restringirá a perda de vida a animais de estimação e gado. É alentador que o presidente do IPCC, Dr. Pachauri, tenha recomendado uma dieta vegetariana como um caminho a seguir.”

Atualmente cresce a consciência e os alertas sobre esse tema. O biólogo Erlich (1999, p. 10) afirma que “a capacidade de suporte do planeta seria aumentada se todos se tornassem predominantemente vegetarianos”. O professor E. O. Wilson, de Harvard, em seu livro “O Futuro da vida” expressa as vantagens de renunciar ao consumo de carne: “Se todos aceitassem uma dieta vegetariana, o atual 1,4 bilhão de hectares de terras aráveis seria suficiente para produzir alimentos para 10 bilhões de pessoas.” O vegetarianismo poupa espaço, recursos naturais e o meio ambiente, conseguindo, com baixo uso de recursos naturais, um alto rendimento energético alimentar.

A mudança de dieta alimentar é um processo cultural e encontra resistências em hábitos arraigados. O prazer da mesa é um aspecto sensorial que produz apego e constitui um obstáculo à aceitação de argumentos racionais, como os baseados na ecologia energética, nas perdas de energia que ocorrem nas cadeias alimentares, nos impactos ambientais devastadores associados ao consumo de carnes.

No contexto da crise alimentar, climática, ecológica e hídrica, hábitos alimentares de baixo consumo de proteína animal podem facilitar o acesso da população humana a alimentos e ao mesmo tempo não pressionarem excessivamente a capacidade de suporte do planeta. Superar o carnivorismo é um passo em direção à sustentabilidade no planeta. A mega crise da evolução atual, da qual as mudanças climáticas são um dos aspectos, clama por evolução da consciência humana que induza a mudanças de hábitos tão básicos e elementares como o de se alimentar.

Ofensiva ruralista contra direitos indígenas continua em Brasília (Greenpeace Brasil)

10/12/2014 – 09h53

por Redação do Greenpeace Brasil

O Projeto de Lei Complementar que coloca sob ameaça Terras Indígenas já demarcadas e abre caminho para sua exploração deve ser apreciado nesta quarta-feira

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O projeto do senador Romero Jucá (PMDB-RR), que restringe drasticamente os direitos de povos indígenas sobre suas terras, deve estrar em pauta nesta quarta-feira (10), às 14h, em uma comissão mista no Senado.

O Projeto de Lei Complementar sem número/2013, estabelece exceções à posse e uso exclusivo das comunidades indígenas sobre suas terras. Caso aprovada, ela segue direto para os plenários do Senado e da Câmara.

O texto, que regulamenta o Art. 231 da Constituição Federal, é assinado pelo senador Romero Jucá, ex-líder do governo no Senado – que também é relator do controverso parecer sobre a regulamentação da PEC do Trabalho Escravo.

Sob a justificativa de normatizar o conceito de relevância de interesse público no processo de demarcação, o projeto quer, na realidade, legalizar fazendas, estradas, hidrelétricas, minas, linhas de transmissão e outros empreendimentos em Terras Indígenas (TIs).

A proposta classifica propriedades rurais como “área de relevante interesse público da União”. Como consequência, o projeto estabelece que essas áreas poderão ser excluídas da delimitação das terras indígenas se seus títulos de ocupação forem “considerados válidos” ou poderão ser objeto de desapropriação ou de compensação com outra área ofertada pela União. Dessa forma, o projeto transforma interesses privados em “de relevante interesse público da União”.

Enquanto o mundo todo está reunido em Lima, no Peru, em busca de acordos para mitigar as mudanças climáticas, o Congresso e o Senado brasileiro, capitaneados pela Bancada Ruralista, tentam destruir os direitos indígenas, evitando que novas terras indígenas sejam criadas e colocando em risco as áreas atualmente protegidas.

“As TI, são o melhor instrumento de conservação das florestas e devem fazer parte da estratégia brasileira de mitigação de emissão dos gases de efeito estufa, evitando assim o agravamento das mudanças climáticas, maior crise ambiental que os seres humanos podem enfrentar”, afirma Rômulo Batista, da campanha Amazônia do Greenpeace.

A Mobilização Nacional Indígena, rede de organizações coordenada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, promove um tuítaço nesta quarta, a partir das 10h30, contra a proposta. Participe utilizando a hashtag #DireitosIndigenas.

* Publicado originalmente no site Greenpeace Brasil.

(Greenpeace Brasil)

Serão necessários entre 250 e 500 bilhões de dólares anuais para combater a mudança climática (ONU Brasil)

08/12/2014 – 03h31

por Redação da ONU Brasil

clima Serão necessários entre 250 e 500 bilhões de dólares anuais para combater a mudança climática

Novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) afirma que os fundos necessários para combater a mudança climática até 2050 devem ser duas ou três vezes superiores àqueles anunciados anteriormente.

Apesar dos esforços de adaptação às mudanças climáticas globais já atingirem 26 bilhões de dólares – no período entre 2012 e 2013 – um novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) prevê que o financiamento não será suficiente a partir de 2020, a menos que sejam feitas novas contribuições até lá. As informações fazem parte do documento, intitulado “A lacuna da adaptaçâo“, lançado em Lima (Peru) durante a COP-20.

custo dessas medidas nos países em desenvolvimento deve ser duas ou três vezes maior do que as previsões anteriores que previam a necessidade de 70 a 100 bilhões de dólares por ano até 2050. Estima-se agora que serão necessários de 250 a 500 bilhões de dólares por ano nesse período, mesmo que as emissões de gases estufa sejam reduzidas o suficiente para manter o aumento da temperatura global em menos de 2°C.

As principais áreas que precisam ser desenvolvidas para fortalecer a adaptação global são o financiamento, a tecnologia e o conhecimento, de acordo com o relatório. Para preencher essas lacunas, é essencial expandir as ações de corte de emissões poluentes na atmosfera, para prevenir que os custos de adaptação e de proteção às comunidades sejam ainda maiores.

“Os impactos das mudanças globais já estão começando a ser contabilizados nos orçamentos das autoridades nacionais e locais”, disse o diretor executivo do PNUMA, Achim Steiner, enfatizando a importância de lidar com as implicações das mudanças climáticas nos países menos desenvolvidos.

* Publicado originalmente no site ONU Brasil.

(ONU Brasil)

Banco Mundial diz que seca no nordeste brasileiro pode piorar (Rádio ONU)

09/12/2014 – 09h39

por Edgard Júnior, da Rádio ONU

seca Banco Mundial diz que seca no nordeste brasileiro pode piorar

Afirmação foi feita pela assessora sênior para a América Latina e o Caribe da instituição financeira; Karin Kemper afirmou também que aumento do nível dos mares pode ter impacto no Rio de Janeiro.

A assessora regional sênior do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe, Karin Kemper, disse, em entrevista à Rádio ONU, que se a temperatura global continuar aumentando, a seca no nordeste do Brasil pode piorar.

“Sabemos que o nordeste sempre sofreu com as secas, mas poderia ter uma frequência mais intensa ou poderia ter secas mais prolongadas. Sabemos que isso tem efeitos econômicos tanto para a população do interior, mas também podemos imaginar que, por exemplo, as cidades grandes do nordeste podem sofrer mais impactos por insegurança hídrica.”

Investimentos

Citando o relatório lançado pelo Banco Mundial na semana passada, Kemper disse ainda que os impactos do aumento da temperatura serão maiores sobre as populações mais pobres, mais vulneráveis, mulheres, crianças, como também grupos indígenas.

A assessora para a América Latina e o Caribe alertou que investimentos que poderiam ser feitos em outros setores vão acabar sendo destinados para combater os efeitos climáticos.

“Se houver um aumento do nível dos mares, por exemplo, o cálculo que temos no relatório para o Rio de Janeiro varia de uma alta de, no mínimo, 62 cm até 1 metro, no máximo. Isso significa que se precisa fazer investimentos nas cidades costeiras. Esse dinheiro poderia ser utilizado em outras coisas como em hospitais, escolas e outros setores de desenvolvimento.”

O relatório do Banco Mundial disse que um novo padrão climático global pode reduzir em 70% a produção de soja no Brasil e a de trigo em 60%.

O documento mostra dois cenários futuros prevendo as consequências de aumentos médios da temperatura global de 2 e 4 graus centígrados, até 2050. Os especialistas calculam que os danos causados por enchentes costeiras devem chegar a US$ 22 bilhões, o equivalente a mais de R$ 56 bilhões.

* Publicado originalmente no site Rádio ONU.

(Rádio ONU)

O quente e o fervendo (Folha de S.Paulo)

A Terra na época do Antropoceno

MARCELO LEITE, 7 dez 2014

RESUMO Impacto da atividade humana sobre o planeta gera debate acerca do advento de uma nova época geológica, o Antropoceno. Em livro, a jornalista Naomi Klein prega reviravolta no capitalismo para frear o aquecimento global –tema de conferência em Lima, nesta semana, e de encontro decisivo no ano que vem, em Paris.

Prepare-se para o advento do Antropoceno. Em 2016 ele poderá estar entre nós. “Antropoceno” é o nome proposto no ano 2000 pelo Nobel de Química Paul Crutzen para uma nova época geológica, a “Idade do Homem”. Ela viria suceder o Holoceno, no qual vivemos há quase 12 mil anos, desde o fim da última era glacial.

Nesse intervalo, curto para a o tempo geológico (a Terra tem mais de 4 bilhões de anos), a espécie humana tirou proveito do clima estável e ameno. Desenvolveu a agricultura, multiplicou-se e se espalhou ainda mais pelo globo.

A questão agora é saber se ela modificou o planeta e aqueceu a atmosfera o bastante para deixar uma marca inconfundível no registro estratigráfico. Os geólogos do futuro distante conseguirão distinguir uma camada de terreno que não existiria sem que 7 ou 10 bilhões de pessoas vivessem e produzissem na sua superfície?

A Comissão Internacional de Estratigrafia (ICS, em inglês), a quem compete decidir sobre as divisões oficiais da história da Terra, pode bater o martelo geológico em meados de 2016, quando se realizará o Congresso Internacional de Geologia. Foi esse o prazo que se autoimpôs o Grupo de Trabalho do Antropoceno (GTA) reunido por ela, que tem 37 especialistas e a tarefa de instruir o processo.

Um deles é o próprio Paul Crutzen. Outro, o jornalista norte-americano Andrew Revkin, convidado por ter introduzido, num livro de 1992, “Global Warming” (Aquecimento global), a ideia de um pós-Holoceno produzido pelo homem. Hoje ele lamenta sua “escolha imperfeita de palavra”: “Propus Antroceno’… Idiota”.

Também integra o grupo o climatologista brasileiro Carlos Nobre, secretário de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. “Acho que será aprovado o estabelecimento de uma nova época, em função do peso de evidências”, avalia. “Mas o marco temporal ainda suscita discussões acaloradas.”

Não há muita dúvida de que cidades como São Paulo, Nova York ou Mumbai deixarão abundantes vestígios fósseis e arqueológicos para os milênios que virão. Os puristas, contudo, exigem que um novo período geológico esteja demarcado, literalmente, nas rochas.

Uma proposta é fixar o limiar do Antropoceno em 1945, quando começaram as detonações atômicas. Elas aspergiram por todos os continentes uma camada sutil, mas detectável, de plutônio, césio e estrôncio, subprodutos da explosiva reação nuclear.

Outra possibilidade, defendida por Crutzen, seria o final do século 19, no marco da Revolução Industrial. O argumento privilegia os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAPs), poluentes produzidos na queima de combustíveis fósseis (carvão e derivados de petróleo, principalmente) que se depositam em todos os ambientes.

O consumo avantajado de combustíveis fósseis sustenta ainda outra hipótese para a delimitação. Nesse caso, sobressaem os efeitos produzidos com o agravamento do efeito estufa decorrente de bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) lançadas no ar.

Assim como a atmosfera, os oceanos também se aquecem no processo. Além disso, tornam-se mais ácidos ao absorver parte do CO2, o que, em algumas profundidades, interrompe o ciclo de deposição de carbonatos que dá origem a rochas claras, como o calcário. O resultado seria uma banda escura no registro estratigráfico.

“O tópico todo é preocupante”, resume Naomi Oreskes, historiadora da ciência da Universidade Harvard que integra o GTA.

Oreskes é autora do livro “Merchants of Doubt” (Mercadores da dúvida, de 2011), que demonstra os propósitos ideológicos dos “céticos” militantes em organizações conservadoras como o American Enterprise Institute e a Heritage Foundation, para os quais é uma farsa a noção de mudança do clima causada pelo homem.

Esse pessoal não quer nem ouvir falar em Antropoceno.

LEGIÃO Em contrapartida, a dupla Antropoceno e aquecimento global faz sucesso com outra turma. Uma legião estimada em 400 mil pessoas tomou as ruas e avenidas de Nova York em 21 de setembro último, na Marcha do Povo pelo Clima. Apesar do nome, lá estavam Ban Ki-Moon, secretário-geral da ONU, que convocara uma Cúpula do Clima para dois dias depois, a ex-presidente da Irlanda Mary Robinson e o ex-vice-presidente dos EUA Al Gore.

Não faltaram, além deles, vegetarianos, ex-hippies sexagenários e indígenas na passeata convocada pela 350.org. A ONG luta pelo retorno à concentração de 350 partes por milhão (ppm) de CO2 na atmosfera terrestre; no fim de novembro, ela estava em 398 ppm, muito acima dos 280 ppm dos tempos pré-industriais.

O CO2 é o principal gás do efeito estufa, por sua capacidade de aprisionar e reter junto à superfície da Terra parte da radiação solar que incide sobre ela, como os vidros de um abrigo para plantas.

Na fracassada Conferência de Copenhague, em 2009, só houve acordo quanto à necessidade de limitar as emissões de CO2 para que o aquecimento global não exceda 2°C. Acima disso, a mudança do clima poderia conduzir a uma série devastadora de eventos extremos como secas, furacões, ondas de calor e enchentes.

No restante, impera o desacordo entre países mais desenvolvidos e menos desenvolvidos. Pela 20ª vez, duas centenas deles estão reunidos em Lima, até a próxima sexta-feira (12), para tentar traçar as linhas de base de um tratado capaz de reduzir as emissões na proporção e no ritmo necessários. O prazo se extingue dentro de um ano, quando se realizará a Conferência de Paris –a COP 21.

Os pesquisadores do clima estimam que, para não ultrapassar a marca dos 2°C, a humanidade conta com um orçamento total, desde o início da espécie, de 1 trilhão de toneladas de CO2 para gastar. Do século 19 para cá, 600 bilhões já viraram fumaça.

Para sobreviver com a pífia dotação de 400 bilhões, seria desejável que as emissões já estivessem em queda, como pressupunha o malfadado Protocolo de Kyoto (1997). Mas continuam a subir. Só recuam em anos de crise, como 2009. Em 2013, o aumento foi de 2,3%.

Se a tendência presente se mantiver, restam apenas 25 anos de carbono para torrar. Isso exigiria cortar para zero as emissões, de um ano para o outro, em 2040. Como não vai acontecer, as reduções teriam de começar já, na toada de pelo menos 8% ao ano.

Os manifestantes da marcha de Nova York desconfiam de que os governos reunidos em Lima e Paris, sem pressão, não cumprirão a meta de temperatura acordada em Copenhague. Daí a mobilização.

ANTICAPITALISMO Mais radical é a jornalista Naomi Klein, polêmica autora de “Sem Logo”. Em seu mais novo livro, “This Changes Everything “” Capitalism vs. the Climate” [Simon & Schuster, R$ 53,30, 576 págs.; R$ 66,71, e-book] (Isso muda tudo “” capitalismo contra o clima), ela defende que não é possível enfrentar o desafio da mudança do clima sem virar de pernas para o ar o capitalismo contemporâneo, marcado por desregulamentação, cortes de gastos sociais, privatização e liberalização do comércio mundial.

Nas mais de 500 páginas de texto, não faltam dados e exemplos convincentes de que a economia mundial se tornou dependente do carbono, vale dizer, dos combustíveis fósseis. Como um viciado, aceita pagar cada vez mais para explorar reservas não convencionais, como o gás de folhelho (ou xisto) nos EUA, as areias betuminosas no Canadá e o pré-sal no Brasil.

Klein confronta o leitor com uma conta acabrunhante: as reservas já escrituradas de carvão, petróleo e gás natural correspondem ao quíntuplo do orçamento de carbono que resta para gastar. Ou seja, 4/5 delas seriam “inqueimáveis”, do ponto de vista do aquecimento global.

A não ser, é claro, que surjam tecnologias eficientes e baratas para limpar da atmosfera o carbono liberado em décadas após ficar retido nas entranhas da Terra por milhões de anos. O problema é que a indústria fóssil não investe muito nisso, mas sim em aumentar reservas e produção. Para Klein, essa indústria teria de ser obrigada pelos governos a comprometer seus lucros na limpeza do planeta.

Acredite quem quiser. Mas o livro também tem seções para lá de otimistas com os avanços já alcançados em fontes renováveis de energia, como a fotovoltaica (solar) e a eólica (ventos).

Klein se derrama na narrativa sobre comunidades e cidades que retomaram o controle local da geração, contornando a resistência das grandes distribuidoras quanto às fontes alternativas. Ela vê nessa descentralização o germe de um movimento de contestação do capitalismo como o conhecemos e uma oportunidade nunca vista antes pelos movimentos sociais.

Klein não se demora muito na China, cujo capitalismo de Estado produziu a maior máquina poluidora do planeta, tendo já ultrapassado os EUA –embora o país asiático já se torne também o que mais investe em energias alternativas, como solar e eólica.

Uma das passagens mais sublinhadas do livro, como pode constatar quem o lê em versão eletrônica, citada também por Elizabeth Kolbert em resenha na revista “The New York Review of Books”, resume a conversão térmica da autora:

“Comecei a perceber todas as maneiras pelas quais a mudança climática pode se tornar um catalisador para a mudança positiva –como ela pode ser o melhor argumento que os progressistas jamais tiveram para exigir a reconstrução e a revitalização das economias locais; para recuperar nossas democracias da corrosiva influência corporativa; para barrar danosos acordos de livre-comércio e reescrever os anteriores; para investir na depauperada infraestrutura pública de transporte coletivo e habitação social; para retomar a propriedade de serviços essenciais como água e energia; para reconstruir o sistema agrícola doente de modo muito mais saudável; para abrir as fronteiras a migrantes cujo deslocamento está ligado aos impactos do clima; para enfim respeitar os direitos de indígenas à terra –tudo isso ajudaria a acabar com os grotescos níveis de desigualdade em nossas nações e entre elas.”

REFORMA Como assinala a resenhista Kolbert, é um programa ambicioso –se não irreal, caberia acrescentar. Klein não chega a provar que a solução para o clima exija uma reviravolta anticapitalista. Baseia sua fé nos movimentos sociais redentores só em si própria –ou seja, em pensamento positivo.

Com essa viseira, não consegue enxergar que o capitalismo não é um monólito, mas um sistema flexível e cambiante. Entre outras coisas, capaz de criar nichos de mercado para energias limpas (como a eólica, recentemente, no Brasil) mesmo em meio às ideias fixas na hidreletricidade e petróleo.

Até os mais céticos quanto ao processo internacional de negociações sobre clima, como o cientista político Eduardo Viola, da UnB, se distanciam dessa perspectiva: “O capital tende a estar cada vez mais dividido entre forças inerciais, conservadoras, e forças que apontam para a descarbonização”.

“Mesmo dentro de cada empresa há essa divisão”, afirma Viola. “[O impasse] na política internacional é derivado disso.” Como Klein, o professor da UnB vê num imposto sobre o carbono o meio mais eficiente para promover a transformação necessária –mas numa moldura capitalista: “As forças reformistas estão procurando regras para precificar o carbono”.

Naomi Oreskes tampouco acompanha Klein. “Reconhecer a mudança do clima como uma falha de mercado não obriga ninguém a concluir que a falha não possa ser corrigida”, diz a historiadora de Harvard. Na sua avaliação, a xará acaba por confirmar o preconceito dos céticos de que a defesa do clima não passa de ataque sub-reptício contra a liberdade do capital.

“Klein pode estar certa, mas espero que não esteja, porque reformar o capitalismo parece uma tarefa mais difícil que reformar nossos sistemas de energia e infraestrutura. Ambas as coisas parecem quase impossíveis, mas a segunda eu ao menos consigo imaginar.”

Andrew Revkin segue na linha de Viola e Oreskes. “Podemos evitar a perigosa mudança climática de origem humana (e os impactos do clima) sem desfazer o capitalismo”, afirma o jornalista.

“Existem modelos pós-extrativistas para construir negócios bem-sucedidos. No fim das contas, é um misto de pesquisa básica com operação do setor privado (capitalista) que está reduzindo os cursos da energia alternativa e levando a ganhos de eficiência.”

REGENERAÇÃO A receita reformista favorita aposta na combinação de energia fotovoltaica e eólica, talvez algumas usinas térmicas nucleares, para substituir carvão, óleo e gás natural na geração de eletricidade, que seria distribuída por redes inteligentes (“smart grids”) com desperdício reduzido.

Só a radiação solar tem potencial para fornecer pelo menos seis vezes mais energia que os 15 trilhões de watts hoje obtidos de combustíveis fósseis. Boa parte dessa energia poderia ser usada para massificar a dessalinização de água do mar e, quem sabe, para recapturar carbono da atmosfera.

Em vez da sentimental “regeneração” do planeta defendida por Klein no fim do livro, essa perspectiva implicaria redobrar a aposta prometeica no Antropoceno. Se não há volta nos ponteiros do relógio geológico, resta continuar mudando o mundo –para melhor.

Seria a única saída para evitar uma ração impalatável de 2.000 watts por pessoa que a matriz fóssil atual exigiria para baixar as emissões de carbono ao nível necessário. Um americano consome hoje 12.000 watts e jamais se contentaria com menos; o restante do mundo vê como um direito a chance de chegar a esse patamar.

Nem por isso se pode dar Klein por nocauteada. A janela para conter a mudança do clima está se fechando, e a trajetória que governos, ONGs, ONU, empresas verdes e líderes idem –Al Gore à frente como sacerdote-mor do termoevangelismo– até aqui fracassou.

E fracassou, entre outras razões, como aponta “This Changes Everything”, porque a mudança do clima se tornou um meio de vida para muita gente. O livro é impiedoso ao desvendar a teia de relações e doações que une as ONGs ambientais mais famosas a empresas e empresários convertidos à causa ambiental que, no frigir dos ovos da rentabilidade, seguem investindo no bom e velho carbono.

PORVIR Para uns, como Ricardo Abramovay, professor de economia da USP, esse estado de coisas deixa margem para algum otimismo, ainda que tisnado pela dúvida: “Algum dia essa conta terá de ser paga; resta saber se será com catástrofe ou não”.

Para outros, como a professora de filosofia Déborah Danowski (PUC-Rio) e o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro (Museu Nacional), autores do livro “Há Mundo Por Vir? Ensaio sobre os Medos e os Fins” [Instituto Socioambiental, R$ 35, 175 págs.], há sérias razões para inquietar-se.

“Nosso presente é o Antropoceno; este é o nosso tempo”, escrevem. “Mas este tempo presente vai se revelando um presente sem porvir, um presente passivo, portador de um carma geofísico que está inteiramente fora de nosso alcance anular –o que torna tanto mais urgente e imperativa a tarefa de sua mitigação.”

Brasil terá Plano Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas (Envolverde)

10/12/2014 – 10h16

por Redação da Envolverde

mudancasclimaticas1 Brasil terá Plano Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas

Sociedade civil participa da elaboração do plano enviando documento com contribuições ao Ministério do Meio Ambiente (MMA).

Em meio à 20ª Conferência das Partes (COP 20) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (Convenção do Clima), um acontecimento marcou a agenda climática do Brasil. A sociedade civil entregou um documento de contribuições ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) para que seja levado em consideração na elaboração do Plano Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas (PNA).

Esse plano, que está em fase de finalização, tem por objetivo reunir as diretrizes para promover medidas de adaptação às mudanças climáticas no Brasil, abordando custos, efetividade e benefícios das medidas sugeridas. A previsão é que ele seja divulgado em 2015 e o prazo para a entrega das sugestões da sociedade civil à chamada pública é 15 de dezembro de 2014.

O estudo para contribuir com o PNA tem como título ”Adaptação Baseada em Ecossistemas (AbE): oportunidades para políticas públicas em mudanças climáticas” e foi encomendado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, com apoio do Observatório do Clima – rede de ONGs que atuam na agenda climática brasileira. Desde a elaboração do Termo de Referência para orientação do estudo, a Fundação Grupo Boticário contou com o apoio do Observatório do Clima, e interagiu com o MMA. O estudo contempla recomendações práticas direcionadas a tomadores de decisão, considerando aspectos ambientais e econômicos, para a inserção de uma estratégia de Adaptação baseada em Ecossistemas no PNA e em outras políticas públicas pertinentes. O gerente de Estratégias de Conservação da Fundação Grupo Boticário, André Ferretti, ressalta a importância dessa abertura do governo. “A participação do terceiro setor na criação de políticas públicas que preconizem a adaptação às mudanças climáticas de forma adequada é muito importante, pois mostra que estamos atentos às necessidades do país”.

Segundo ele, a sociedade civil possui um olhar diferente e complementar ao do governo e essa proximidade entre as duas partes é essencial. “Assim, conseguimos cobrar mais intensamente uma posição arrojada e assertiva no que diz respeito às mudanças do clima”, diz Ferretti. O documento de sugestões abordará principalmente a Adaptação baseada em Ecossistemas (AbE), que considera a gestão da biodiversidade e dos serviços ambientais como parte de uma estratégia completa para ajudar pessoas a se prepararem para os efeitos adversos das mudanças climáticas, a exemplo das secas e enchentes extremas.

“Acreditamos que um documento orientador nacional terá um papel fundamental no apoio e divulgação a práticas de AbE no Brasil, ampliando a possibilidade de financiamentos dessas iniciativas, incluindo essas práticas nas políticas estaduais e municipais”, afirma Ferretti. Para ele, as soluções naturais baseadas em ecossistemas geram benefícios adicionais para a sociedade, como a captura e armazenamento de carbono, a conservação da biodiversidade, a infiltração da água da chuva e regularização da vazão dos rios, ou a produção de alimentos, sendo muitas vezes mais eficientes em termos de custos do que outras formas de adaptação baseadas em grandes obras de engenharia. O gerente cita como exemplo um caso no Vietnã, em que se constatou que a plantação e a manutenção de manguezais podem agir como quebra-mares e proteger a zona costeira com custos muito mais baixos do que a reparação mecânica da erosão de diques induzida por ondas, segundo dados da publicação “A Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade”, de 2009.

Para debater as mudanças climáticas e mensurar seus efeitos sobre a biodiversidade da Mata Atlântica, a Fundação Grupo Boticário apoia, desde 2011, projetos voltados para o estudo dessa temática por meio do edital Bio&Clima Lagamar, cuja área de abrangência engloba o Mosaico de Áreas Protegidas do Lagamar (litoral paranaense e o litoral sul de São Paulo). Além disso, com o objetivo de ampliar a pesquisa sobre o tema nesta região, a Fundação Grupo Boticário firmou uma parceria com a FAPESP, que resultou em uma chamada conjunta para apoio a projetos, com o valor total de R$ 5 milhões.

Sobre a Fundação Grupo Boticário: a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza é uma organização sem fins lucrativos cuja missão é promover e realizar ações de conservação da natureza. Criada em 1990 por iniciativa do fundador de O Boticário, Miguel Krigsner, a atuação da Fundação Grupo Boticário é nacional e suas ações incluem proteção de áreas naturais, apoio a projetos de outras instituições e disseminação de conhecimento. Desde a sua criação, a Fundação Grupo Boticário já apoiou 1.417 projetos de 481 instituições em todo o Brasil. A instituição mantém duas reservas naturais, a Reserva Natural Salto Morato, na Mata Atlântica; e a Reserva Natural Serra do Tombador, no Cerrado, os dois biomas mais ameaçados do país.  Outra iniciativa é um projeto pioneiro de pagamento por serviços ambientais em regiões de manancial, o Oásis. Na internet, no Twitter  e no Facebook.

Sobre o Grupo Boticário: constituído em 2010, o Grupo Boticário é uma referência internacional no varejo de beleza. Controla quatro unidades de negócio: O Boticário; Eudora; quem disse, berenice?; e The Beauty Box, e é mantenedor da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Está presente em sete países e conta com uma força de trabalho composta por sete mil colaboradores diretos que acreditam que beleza não é o que a gente sonha, imagina ou quer. Beleza é o que a gente faz.

(Fundação Grupo Boticário)

USP lança projeto “Chuva Online” (IAG)

Com mini radares meteorológicos, Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) testa tecnologia de baixo custo para pequenas e grandes cidades

A apenas alguns dias do início do verão, a USP está lançando o projeto Chuva Online, que conta com dois mini radares meteorológicos instalados em prédios da Universidade de São Paulo. O projeto é encabeçado pelo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, sob a coordenação do professor Carlos Morales.

A cerimônia de lançamento do projeto acontece dia 16 de dezembro, às 10:00, na Escola de Artes, Ciências e Humanidades  (EACH) da USP, onde um dos mini radares foi instalado na caixa d’água da Escola. O outro equipamento foi instalado no topo da torre do Pelletron, no Instituto de Física (IF), na Cidade Universitária.

Um dos objetivos do projeto é testar uma nova tecnologia de monitoramento meteorológico capaz de monitorar a chuva com alta resolução espacial e temporal, muito útil para cidades de pequeno e médio porte. Os mini radares foram configurados para terem um alcance de 21 quilômetros com uma resolução de 90 metros e varreduras a cada 5 minutos.

“É uma tecnologia simples que poderá ser adotada por várias cidades  e por empresas que precisam saber onde está chovendo e se existe probabilidade de ocorrer alagamentos em ruas e bairros, por exemplo”, explica o professor Carlos Morales (IAG). Cada equipamento tem custo de cerca de 350 mil reais, enquanto um radar meteorológico convencional pode custar até 5 milhões de reais. Outra vantagem é que o equipamento, com peso de 100 kg, é bastante portátil e pode ser alimentado pela rede elétrica comum.

Juntos, os dois mini radares coletarão informações meteorológicas da Região Metropolitana de São Paulo. Os dados estarão disponíveis em tempo real e online, no portal do projeto que será apresentado durante a inauguração. Na EACH, dois monitores de alta definição exibirão as informações obtidas pelo radar, enquanto no IAG esses dados serão mostrados em um videowall.

O Chuva Online é um dos projetos que compõem o Sistema Integrado de Gestão da Infraestrutura Urbana (SIGINURB) da Prefeitura do Campus da Capital da USP (PUSP-C). Coordenado pelo professor Sidnei Martini (Escola Politécnica da USP), o SIGINURB busca aperfeiçoar a operação da infraestrutura urbana. Com o Chuva Online, a Prefeitura do Campus da Capital testará tecnologias que subsidiam o gerenciamento de pequenas cidades.

Ambos os projetos interagem com ações do Centro de Estudos e Pesquisas em Desastres da USP (CEPED/USP).  Com a aprovação do projeto PRÓ-ALERTA do CEPED USP pela Coordenadoria de Aperfeiçoamento em Pessoal de Nível Superior (CAPES), coordenado pelos professores Carlos Morales e Hugo Yoshizaki, a rede do Chuva Online também será utilizada na capacitação de especialistas do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e da Defesa Civil do Estado de São Paulo. Com esses radares e essa tecnologia, os cursos de graduação e pós-graduação da USP passam a contar com ferramental importante para capacitar alunos na área de meteorologia por radar, além de viabilizar o desenvolvimento de aplicativos e fazer previsão de tempo de curtíssimo prazo.

O mini radar no IF/USP foi instalado por meio de projeto do IAG com a PUSP-C. Na EACH, foi feita uma parceria do IAG com a empresa Climatempo e a Fundespa. Essa rede de mini radares também passará a receber dados de um terceiro radar meteorológico, a ser instalado no Parque da Água Funda, onde o IAG mantém sua Estação Meteorológica. Esse terceiro radar será operado pela Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica (FCTH), com apoio do governo francês, e está previsto para ser instalado em fevereiro de 2015.

Durante o evento de inauguração será apresentado ao público o portal Chuva Online e suas funcionalidades em mapas geo-referenciados com alta resolução, além de detalhes sobre os projetos Chuva Online, SIGINURB e CEPED da USP e da Climatempo.

Para mais informações, os interessados podem entrar em contato com o professor Carlos Morales no e-mail: carlos.morales@iag.usp.br e telefone (11) 3091-4713.

(IAG)

Código florestal de SP é atacado por especialistas (Estado de S.Paulo)

Para eles, falta base científica em projeto da Assembleia; compensação de desmate é polêmica

Em meio à pior crise hídrica da história, deputados da base do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), na Assembleia Legislativa tentam aprovar um projeto que, para integrantes do próprio governo, “trará prejuízos irreversíveis à proteção e conservação da água, da fauna e da flora” do Estado.

Veja o texto na íntegra em: http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,codigo-florestal-de-sao-paulo-e-atacado-por-especialistas,1604639

(Fábio Leite/Estado de S.Paulo)

Warmer Pacific Ocean could release millions of tons of seafloor methane (Science Daily)

Date: December 9, 2014

Source: University of Washington

Summary: Water off Washington’s coast is warming a third of a mile down, where seafloor methane shifts from a frozen solid to a gas. Calculations suggest ocean warming is already releasing significant methane offshore of Alaska to Northern California.


Sonar image of bubbles rising from the seafloor off the Washington coast. The base of the column is 1/3 of a mile (515 meters) deep and the top of the plume is at 1/10 of a mile (180 meters) depth. Credit: B. Philip / Univ. of Washington

Off the West Coast of the United States, methane gas is trapped in frozen layers below the seafloor. New research from the University of Washington shows that water at intermediate depths is warming enough to cause these carbon deposits to melt, releasing methane into the sediments and surrounding water.

Researchers found that water off the coast of Washington is gradually warming at a depth of 500 meters, about a third of a mile down. That is the same depth where methane transforms from a solid to a gas. The research suggests that ocean warming could be triggering the release of a powerful greenhouse gas.

“We calculate that methane equivalent in volume to the Deepwater Horizon oil spill is released every year off the Washington coast,” said Evan Solomon, a UW assistant professor of oceanography. He is co-author of a paper to appear in Geophysical Research Letters.

While scientists believe that global warming will release methane from gas hydrates worldwide, most of the current focus has been on deposits in the Arctic. This paper estimates that from 1970 to 2013, some 4 million metric tons of methane has been released from hydrate decomposition off Washington. That’s an amount each year equal to the methane from natural gas released in the 2010 Deepwater Horizon blowout off the coast of Louisiana, and 500 times the rate at which methane is naturally released from the seafloor.

“Methane hydrates are a very large and fragile reservoir of carbon that can be released if temperatures change,” Solomon said. “I was skeptical at first, but when we looked at the amounts, it’s significant.”

Methane is the main component of natural gas. At cold temperatures and high ocean pressure, it combines with water into a crystal called methane hydrate. The Pacific Northwest has unusually large deposits of methane hydrates because of its biologically productive waters and strong geologic activity. But coastlines around the world hold deposits that could be similarly vulnerable to warming.

“This is one of the first studies to look at the lower-latitude margin,” Solomon said. “We’re showing that intermediate-depth warming could be enhancing methane release.”

Co-author Una Miller, a UW oceanography undergraduate, first collected thousands of historic temperature measurements in a region off the Washington coast as part of a separate research project in the lab of co-author Paul Johnson, a UW professor of oceanography. The data revealed the unexpected sub-surface ocean warming signal.

“Even though the data was raw and pretty messy, we could see a trend,” Miller said. “It just popped out.”

The four decades of data show deeper water has, perhaps surprisingly, been warming the most due to climate change.

“A lot of the earlier studies focused on the surface because most of the data is there,” said co-author Susan Hautala, a UW associate professor of oceanography. “This depth turns out to be a sweet spot for detecting this trend.” The reason, she added, is that it lies below water nearer the surface that is influenced by long-term atmospheric cycles.

The warming water probably comes from the Sea of Okhotsk, between Russia and Japan, where surface water becomes very dense and then spreads east across the Pacific. The Sea of Okhotsk is known to have warmed over the past 50 years, and other studies have shown that the water takes a decade or two to cross the Pacific and reach the Washington coast.

“We began the collaboration when we realized this is also the most sensitive depth for methane hydrate deposits,” Hautala said. She believes the same ocean currents could be warming intermediate-depth waters from Northern California to Alaska, where frozen methane deposits are also known to exist.

Warming water causes the frozen edge of methane hydrate to move into deeper water. On land, as the air temperature warms on a frozen hillside, the snowline moves uphill. In a warming ocean, the boundary between frozen and gaseous methane would move deeper and farther offshore. Calculations in the paper show that since 1970 the Washington boundary has moved about 1 kilometer — a little more than a half-mile — farther offshore. By 2100, the boundary for solid methane would move another 1 to 3 kilometers out to sea.

Estimates for the future amount of gas released from hydrate dissociation this century are as high as 0.4 million metric tons per year off the Washington coast, or about quadruple the amount of methane from the Deepwater Horizon blowout each year.

Still unknown is where any released methane gas would end up. It could be consumed by bacteria in the seafloor sediment or in the water, where it could cause seawater in that area to become more acidic and oxygen-deprived. Some methane might also rise to the surface, where it would release into the atmosphere as a greenhouse gas, compounding the effects of climate change.

Researchers now hope to verify the calculations with new measurements. For the past few years, curious fishermen have sent UW oceanographers sonar images showing mysterious columns of bubbles. Solomon and Johnson just returned from a cruise to check out some of those sites at depths where Solomon believes they could be caused by warming water.

“Those images the fishermen sent were 100 percent accurate,” Johnson said. “Without them we would have been shooting in the dark.”

Johnson and Solomon are analyzing data from that cruise to pinpoint what’s triggering this seepage, and the fate of any released methane. The recent sightings of methane bubbles rising to the sea surface, the authors note, suggests that at least some of the seafloor gas may reach the surface and vent to the atmosphere.


Journal Reference:

  1. Susan L. Hautala, Evan A. Solomon, H. Paul Johnson, Robert N. Harris, Una K. Miller. Dissociation of Cascadia margin gas hydrates in response to contemporary ocean warmingGeophysical Research Letters, 2014; DOI: 10.1002/2014GL061606

How pace of climate change will challenge ectotherms (Science Daily)

Date: December 9, 2014

Source: University of Sydney

Summary: Scientists have analyzed 40 years of data to outline climate change challenge for ectotherms (animals who rely on external sources of heat to control body temperature). The research showed that many groups of ectotherms, which make up more than 90 percent of all animals, are able to change their physiological function to cope with an altered environment, but the rapid pace and fluctuations of human-induced climate change present serious challenges.

Turtles sunning themselves (stock image). Turtles are ectotherms, one of many that will be threatened by climate change, researchers say. Credit: © xoanon / Fotolia

Animals that regulate their body temperature through the external environment may be resilient to some climate change but not keep pace with rapid change, leading to potentially disastrous outcomes for biodiversity.

A study by the University of Sydney and University of Queensland showed many animals can modify the function of their cells and organs to compensate for changes in the climate and have done so in the past, but the researchers warn that the current rate of climate change will outpace animals’ capacity for compensation (or acclimation).

The research has just been published in Nature Climate Change (Letters), written by Professor Frank Seebacher School of Biological Sciences and Professor Craig Franklin and Associate Professor Craig White from the University of Queensland.

Adapting to climate change will not just require animals to cope with higher temperatures. The predicted increase to fluctuations in temperature as well as to overall temperature would require animals to function across a broader range of conditions. This is particularly important for ectotherms, animals that rely on external sources of heat to control body temperature, and are therefore more influenced by environmental temperatures.

The research showed that many groups of ectotherms, which make up more than 90 percent of all animals, are able to change their physiological function to cope with an altered environment, but the rapid pace and fluctuations of human-induced climate change present serious challenges.

The researchers studied 40 years of published data to assess how biological functions change in response to a sudden fluctuations in environmental temperatures. They found that the physiological rates of ectothermic animals, such as heart rate, metabolism and locomotion, had already increased over the past 20 years with increasing average temperatures.

“It is important that animals maintain the right balance between the large number of physiological functions despite environmental fluctuations. An increase in temperature that leads to changed reaction rates can upset that balance and cause the decline of individuals and species,” said Professor Seebacher. “For example, movement requires energy and oxygen to be delivered to muscles. However, if metabolism or the cardiovascular system can’t cope with increased temperatures, animals can no longer move to forage, migrate or interact with each other.

“The overall trend in the last 20 years has been to increased physiological rates, and we predict that this would continue to increase with increasing temperature. “Even if animals are able to maintain the balance of their physiological functions in a warmer climate, increased metabolism leads to increases in the food resources needed and could upset the balance in ecosystems, particularly if predator and prey populations respond very differently to the environmental temperature change.”


Journal Reference:

  1. Frank Seebacher, Craig R. White, Craig E. Franklin. Physiological plasticity increases resilience of ectothermic animals to climate changeNature Climate Change, 2014; DOI: 10.1038/nclimate2457

New ‘science of climate diversity’ (Science Daily)

Date: December 8, 2014

Source: Cornell University

Summary: There is cloud hanging over climate science, but one expert on communication and environmental issues says he knows how to help clear the air. He argues that only by creating a “science of climate diversity” can climate science and the larger climate change movement overcome a crippling lack of ethnic and racial diversity.


There is cloud hanging over climate science, but one Cornell University expert on communication and environmental issues says he knows how to help clear the air.

In the December issue of Nature Climate Change, Jonathon Schuldt, assistant professor of communication, argues that only by creating a “science of climate diversity” can climate science and the larger climate change movement overcome a crippling lack of ethnic and racial diversity.

“There is an invisible, but very real barrier to climate engagement,” Schuldt said. “We need to engage with all kinds of diverse folks if we’re going to face this challenge. It will be a problem if the perception, and the reality, is that it’s a bunch of white male scientists at the table.”

The commentary, “Facing the diversity crisis on climate science,” was born when Schuldt and co-author Adam Pearson, an assistant professor of psychology at Pomona College, began talking about University of Michigan Professor Dorceta Taylor report, “The State of Diversity in Environmental Organizations.” In the report, Taylor examined non-profits, government agencies and grant-making foundations and found that non-white minorities comprised no more than 16 percent of staff in these institutions, in spite of constituting 29 percent of the U.S. science and engineering workforce and 38 percent of the American population. The report found that this “white Green Insiders club” narrows research and limits public engagement.

Schuldt agrees, but thinks more than just institutional changes are needed.

“What is missing is science-based solutions that focus on the fundamentally social nature of this problem,” the authors state. “Research from social psychology offers insight into factors that can powerfully influence participation.”

Schuldt and Pearson argue that early successes in diversifying other STEM research fields, and expanding the role women play in the environmental movement, point to three immediate and essential steps for climate research and outreach organizations.

First, boosting racial and ethnic diversity in climate research and outreach leadership can have an instant impact — provided this leadership is represented in how institutions present themselves. Put simply, Schuldt said, climate science “needs to present a more diverse face.”

Next, the authors urge all those who communicate around climate science to confront lingering stereotypes about environmentalism and minority engagement. Schuldt said one of the most pernicious fallacies needs to quickly be dismantled: that concern for climate issues is lacking in America’s non-white population. He notes recent work by social science researchers has shown this “underrepresentation by choice” idea to be false, and said climate leaders need to highlight the reality of deep minority community concern.

Lastly, the authors insist organizational messages can help bridge this gap. Among the most destructive ideas that needs to be abandoned, Schuldt said, is that communication around climate science should be “color blind.”

“Color-blind communications are, paradoxically, ineffective,” Schuldt said. “What it implies to minority individuals is that their unique perspectives and experiences don’t matter.”

Instead, Schuldt suggested, messages that highlight diversity while pointing toward a common goal are key: “We are all different, but we’re all in this together.” The long-range goal, Schuldt and Pearson state, needs to be the creation of a new science of climate diversity. Climate scientists must collaborate with psychology and the social sciences, and these research partnerships need to be supported by academic, public and private institutions alike. Once that is done and a “new nexus of research” begins to form around how climate science and the climate change movement can increase racial and ethnic diversity, those fact-based findings can be used to guide public climate advocacy and policy reform efforts. That, Schuldt said, is the only way a problem as complex and far-reaching as climate change can effectively, and equitably, be addressed.

“Diverse teams are better at solving complex problems, and there’s every reason to believe this is the same, if not more important, when facing climate change,” Schuldt said.


Journal Reference:

  1. Adam R. Pearson, Jonathon P. Schuldt. Facing the diversity crisis in climate scienceNature Climate Change, 2014; 4 (12): 1039 DOI: 10.1038/nclimate2415

New insights into predicting future droughts in California: Natural cycles, sea surface temperatures found to be main drivers in ongoing event (Science Daily)

Date: December 8, 2014

Source: National Oceanic and Atmospheric Administration

Summary: Natural oceanic and atmospheric patterns are the primary drivers behind California’s ongoing drought. A high pressure ridge off the West Coast (typical of historic droughts) prevailed for three winters, blocking important wet season storms, with ocean surface temperature patterns making such a ridge much more likely.


Folsom Lake. Top photo taken in 2011, bottom taken in 2014. Credit: CA Dept. of Water Resources

According to a new NOAA-sponsored study, natural oceanic and atmospheric patterns are the primary drivers behind California’s ongoing drought. A high pressure ridge off the West Coast (typical of historic droughts) prevailed for three winters, blocking important wet season storms, with ocean surface temperature patterns making such a ridge much more likely. Typically, the winter season in California provides the state with a majority of its annual snow and rainfall that replenish water supplies for communities and ecosystems.

Further studies on these oceanic conditions and their effect on California’s climate may lead to advances in drought early warning that can help water managers and major industries better prepare for lengthy dry spells in the future.

“It’s important to note that California’s drought, while extreme, is not an uncommon occurrence for the state. In fact, multi-year droughts appear regularly in the state’s climate record, and it’s a safe bet that a similar event will happen again. Thus, preparedness is key,” said Richard Seager, report lead author and professor with Columbia University’s Lamont Doherty Earth Observatory.

This report builds on earlier studies, published in September in the Bulletin of the American Meteorological Society, which found no conclusive evidence linking human-caused climate change and the California drought. The current study notes that the atmospheric ridge over the North Pacific, which has resulted in decreased rain and snowfall since 2011, is almost opposite to what models project to result from human-induced climate change. The report illustrates that mid-winter precipitation is actually projected to increase due to human-induced climate change over most of the state, though warming temperatures may sap much of those benefits for water resources overall, while only spring precipitation is projected to decrease.

The report makes clear that to provide improved drought forecasts for California, scientists will need to fully understand the links between sea surface temperature variations and winter precipitation over the state, discover how these ocean variations are generated, and better characterize their predictability.

This report contributes to a growing field of science-climate attribution-where teams of scientists aim to identify the sources of observed climate and weather patterns.

“There is immense value in examining the causes of this drought from multiple scientific viewpoints,” said Marty Hoerling, report co-author and researcher with NOAA’s Earth System Research Laboratory. “It’s paramount that we use our collective ability to provide communities and businesses with the environmental intelligence they need to make decisions concerning water resources, which are becoming increasingly strained.”

To view the report, visit: http://cpo.noaa.gov/MAPP/californiadroughtreport.

Early warning signals of abrupt climate change (Science Daily)

Date: December 8, 2014

Source: University of Exeter

Summary: A new study has found early warning signals of a reorganization of the Atlantic ocean’s circulation which could have a profound impact on the global climate system.


Drought (stock image). Credit: © carloscastilla / Fotolia

A new study by researchers at the University of Exeter has found early warning signals of a reorganisation of the Atlantic ocean’s circulation which could have a profound impact on the global climate system.

The research, published today in the journal Nature Communications, used a simulation from a highly complex model to analyse the Atlantic Meridional Overturning Circulation (AMOC), an important component of the Earth’s climate system.

It showed that early warning signals are present up to 250 years before it collapses, suggesting that scientists could monitor the real world overturning circulation for the same signals.

The AMOC is like a conveyor belt in the ocean, driven by the salinity and temperature of the water. The system transports heat energy from the tropics and Southern Hemisphere to the North Atlantic, where it is transferred to the atmosphere.

Experiments suggest that if the AMOC is ‘switched off’ by extra freshwater entering the North Atlantic, surface air temperature in the North Atlantic region would cool by around 1-3°C, with enhanced cooling of up to 8°C in the worst affected regions.

The collapse would also encourage drought in the Sahel — the area just south of the Sahara desert — and dynamic changes in sea level of up to 80cm along the coasts of Europe and North America.

“We found that natural fluctuations in the circulation were getting longer-lived as the collapse was approached, a phenomenon known as critical slowing down,” said lead author Chris Boulton.

“We don’t know how close we are to a collapse of the circulation, but a real world early warning could help us prevent it, or at least prepare for the consequences” adds co-author Professor Tim Lenton.

The study is the most realistic simulation of the climate system in which this type of early warning signal has been tested.

“The best early warning signals in the model world are in places where major efforts are going into monitoring the circulation in the real world — so these efforts could have unexpected added value’ adds Professor Lenton.


Journal Reference:

  1. Chris A. Boulton, Lesley C. Allison, Timothy M. Lenton. Early warning signals of Atlantic Meridional Overturning Circulation collapse in a fully coupled climate modelNature Communications, 2014; 5: 5752 DOI: 10.1038/ncomms6752

Jovens ‘biohackers’ instalam chips na mão para abrir a porta de casa (Folha de S.Paulo)

LETÍCIA MORI

DE SÃO PAULO

07/12/2014 02h00

Paulo Cesar Saito, 27, não usa mais chave para entrar em seu apartamento, em Pinheiros. Desde o mês passado, a porta “reconhece” quando ele chega. Basta espalmar a mão na frente da fechadura e ela se abre.

A mágica está no chip que ele próprio (com a ajuda de uma amiga que estuda medicina) implantou na mão. Pouco maior que um grão de arroz, o chip tem tecnologia de reconhecimento por radiofrequência. Quando está próximo, uma base na porta desencadeia uma ação pré-programada. No caso, abrir a fechadura.

Instalar modificações tecnológicas no próprio corpo é uma das atividades de um movimento que surgiu em 2008 nos EUA e é chamado mundo afora de biohacking: se envolver com experimentos em biologia fora de grandes laboratórios.

São basicamente os mesmos nerds que desenvolvem geringonças eletrônicas na garagem e se aprofundam no conhecimento de sistemas de informática. Só que agora eles se aventuram no campo da biotecnologia.

Os grupos de DIYBio (do-it-yourself biology, ou “biologia faça-você-mesmo”) importam conceitos do movimento hacker: acesso à informação, divulgação do conhecimento e soluções simples e baratas para melhorar a vida. E são abertos para cientistas amadores —jovens na graduação ou pessoas não necessariamente formadas em biologia.

Saito, por exemplo, começou a cursar física e meteorologia na USP, mas agora se dedica somente à sua start-up na área de tecnologia. O seu envolvimento com o biohacking se resume a modificações corporais –ele também vai instalar um pequeno ímã no dedo. “Como trabalho com equipamentos eletrônicos, tomo muitos choques. O ímã faz você sentir campos magnéticos, evitando o choque”, diz.

Já seu sócio, Erico Perrella, 23, graduando em química ambiental na USP, é um dos principais entusiastas da DIYBio em São Paulo. Ele também tem uma microcicatriz do chip que instalou junto com o amigo. O aparelhinho tem 12 mm de comprimento e uma cobertura biocompatível para que não seja rejeitado pelo corpo. A proteção impede que o chip se mova de lugar e, por não grudar no tecido interno, é de fácil remoção. Perrella também é um dos organizadores de um grupo de DIYBio que se encontra toda segunda-feira.

O movimento está começando na capital paulista, mas mundialmente já chama a atenção —há laboratórios em cerca de 50 cidades, a maioria nos EUA e na Europa. O grupo de Perrella trabalha para montar em São Paulo o primeiro “wetlab” de DIYBio: um espaço estéril, com equipamentos específicos para materiais biológicos.

Eles se reúnem no Garoa Hacker Clube, espaço para entusiastas em tecnologia. O local, no entanto, tem infraestrutura voltada para projetos com hardware, eletrônica etc. “Para um wetlab’ é preciso uma área limpa, que parece mais uma cozinha do que uma oficina”, diz o estudante de química Otto Werner Heringer, 24, integrante do grupo. “O Garoa já tem uma área assim, nossa ideia é levar e deixar mais equipamentos [no local]”

Aproveitar espaços “geeks” é comum no movimento. O Open Wetlab de Amsterdam, por exemplo, começou como parte da Waag Society, um instituto sem fins lucrativos que promove arte, ciência e tecnologia.

Certos experimentos exigem equipamentos complexos, que podem custar milhares de dólares. “A solução é montar algumas coisas e consertar equipamentos velhos que a universidade iria jogar fora”, explica Heringer.

Grande parte dos biohackers se dedica mais à montagem dos equipamentos do que a experimentos. Heringer já fez uma centrífuga usando uma peça impressa em 3D encaixada em uma furadeira. Agora está montando um contador de células. Ajudado por amigos, Perrella criou biorreatores com material reciclado de uma mineradora.

Para esses jovens entusiasmados, são grandes as vantagens de fazer ciência fora da academia ou da indústria.

Longe do controle minucioso da universidade, é possível desenvolver projetos sem a aprovação de diversos comitês e conselhos. “O ambiente [acadêmico] é muito engessado. Você fica desestimulado”, diz Heringer.

O trabalho dos amadores acaba até contribuindo para a ciência “formal”. Heringer está criando com amigos uma pipetadora automática no InovaLab da Escola Politécnica da USP baseada em um projeto de DIYBio e financiada por um fundo de ex-alunos. “A gente nunca conseguiria financiamento pelos meios normais da USP. E, se conseguisse, ia demorar!”, diz ele.

SEGURANÇA

O amplo acesso gera preocupações: laboratórios amadores não poderiam criar organismos nocivos? Defensores dizem que, para quem pratica DIYBio, interessa manter tudo dentro dos padrões de segurança –se algo der errado, o controle vai aumentar e tornar a vida mais difícil.

Não existe no Brasil uma regulação para laboratórios amadores. Nos EUA, o FBI monitora o movimento e há restrições ao uso de alguns materiais, porém não há regulação específica.

O cientista francês Thomas Landrain, que estuda o movimento, argumenta em sua pesquisa que os espaços ainda não têm sofisticação suficiente para gerar problemas.

Mas, apesar da limitação técnica, os laboratórios permitem inúmeras possibilidades. “Quem se dedica tem uma crença profunda no potencial transformador dessas novas tecnologias”, explica Perrella, que tem um projeto de mineração com uso de bactérias. Há grupos que focam a saúde, criando sensores de contaminação em alimentos ou “mapas biológicos” que podem monitorar a evolução de doenças.

É possível trabalhar com DNA Barcode, método que identifica a qual espécie pertence um tecido. “Daria para checar qual é a carne da esfirra do Habib’s”, diz Perrella, citando um experimentocom análise de carne que já está sendo feito no OpenWetlab, em Amsterdam. Dá até para descobrir qual é o vizinho que não recolhe o cocô do cachorro. Foi o que fez o alemão Sascha Karberg, comparando pelo de cães da vizinhança com o “presente” à sua porta. O método usado em projetos como esse pode ser encontrado por outros “biohackers”. O risco é aumentar as brigas entre vizinhos.

Seca de São Paulo na mídia

JC 5078, 4 de dezembro de 2014

Sabesp vai bombear menos água do Cantareira em dezembro (Agência Brasil)

Medida será tomada independentemente do volume de chuva que possa se acumular ao longo do período

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) terá de reduzir, ao longo deste mês, a retirada de água do Sistema Cantareira, o principal manancial para o abastecimento da região metropolitana de São Paulo, independentemente do volume de chuva que possa se acumular ao longo do período.

Segundo definição conjunta da Agência Nacional de Águas (ANA) e do Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee), o volume de retirada baixou de 39 milhões de metros cúbicos (m³) para 30 milhões de m³, o equivalente a 30 bilhões de litros.

A medida faz parte de um acordo fechado no dia 17 de novembro, pelo qual os dois órgãos avaliarão mensalmente o uso da segunda cota do chamado volume morto ou reserva técnica, que é a água bombeada abaixo da captação por gravidade.

O mesmo critério é seguido no caso das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. A determinação encaminhada ao presidente do Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, Gabriel dos Santos, informa que a ANA e o Daee concordaram diminuir de quatro para três metros cúbicos por segundo a liberação de água dos reservatórios para os rios da região.

(Marli Moreira / Agência Brasil)

http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2014-12/sabesp-vai-bombear-menos-agua-do-cantareira-em-dezembro

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JC 5079, 5 de dezembro de 2014

Mesmo com chuva, Cantareira continua em queda e registra 8,2% (Agência Brasil)

Os dados são da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo

As chuvas sobre São Paulo não interromperam a sequência de quedas do Sistema Cantareira. Hoje (5), o nível dos reservatórios registrou 8,2%, uma redução de 0,1 ponto percentual em relação a ontem (4), segundo medição da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).

Ontem, uma leve precipitação de 1,9 milímetro atingiu as cabeceiras do sistema. A pluviometria esperada para o mês é alta, 220,9 milímetros. No mês passado, a média histórica indicava precipitações acumuladas no patamar de 161,2 milímetros, mas as chuvas acumularam 135 milímetros.

Outros sistemas de abastecimento de São Paulo também sofreram perdas. O Alto Tietê baixou de 5,2% ontem para 5,1% hoje, mesmo diante da precipitação de 9,1 milímetros que atingiu o reservatório.

Guarapiranga, localizado na zona sul da capital, apresentou leve melhora. O sistema passou de 32,2% ontem para 33,3% hoje. A chuva que ajudou a elevar o sistema e atingiu a cidade de São Paulo acumulou 10,8 milímetros.

Hoje, o tempo nublado e chuvas isolados predominam na capital paulista. De acordo com o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), a nebulosidade ocorre pela passagem de um sistema frontal, que se afasta rapidamente para o oceano. Chuvas mais consistentes estão previstas para o norte paulista e o sul de Minas Gerais, na área do Sistema Cantareira.

No fim de semana, o tempo abre, as temperaturas sobem e a probabilidade de chuva diminui. O sábado (6) terá sol entre nuvens e temperatura média de 18ºC. A umidade relativa do ar fica entre 45% e 85%.

(Fernanda Cruz / Agência Brasil)

http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2014-12/mesmo-com-chuva-cantareira-segue-em-queda-e-registra-82

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JC 5079, 5 de dezembro de 2014

São Paulo receberá R$ 2,6 bilhões para novo sistema de abastecimento de água (Agência Brasil)

A água do novo sistema, que virá do Rio São Lourenço, será captada a 83 quilômetros da capital e armazenada na Represa do França

A presidenta Dilma Rousseff e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, assinaram hoje (4) contrato para construção de um novo sistema de abastecimento de água para a região metropolitana da capital paulista.

O Sistema Produtor São Lourenço está orçado em R$ 2,6 bilhões e será financiado por meio de uma parceria público-privada, com parte dos recursos oriunda do Fundo de Garantia do Tempo do Serviço, gerido pela Caixa Econômica Federal. A obra vai beneficiar 1,5 milhão de pessoas em sete municípios da parte oeste da região metropolitana de São Paulo e deve reduzir a dependência dos outros sistemas, entre eles o Cantareira, que está em colapso devido à  falta de chuva. A obra está em andamento e deverá ser concluída em meados de 2017.

A água do novo sistema, que virá do Rio São Lourenço, será captada a 83 quilômetros da capital e armazenada na Represa do França.

Alckmin, do PSDB, agradeceu a parceria com a União para a construção do novo sistema de abastecimento de água e disse que a relação entre o governo federal e o estado “é um exemplo de cooperação federativa”.

Dilma também destacou a união entre os governos federal e estadual para enfrentar a crise hídrica na maior cidade do país. “Vou dar sequência à forma de relacionamento que construímos ao longo de quatro anos do meu governo e do governador Alckmin em São Paulo”, ponderou.

“Não é possível o Brasil ter uma situação ameaçando a capital do maior estado do país e a maior cidade da América Latina. Por isso estamos aqui fazendo esta parceria, em beneficio não só da população da cidade, do estado de São Paulo, mas de toda a população brasileira, uma vez que temos um processo no Brasil em que cada estado depende do crescimento dos outros para ter mercado interno, uma política industrial, um desenvolvimento agrícola compatível com a prosperidade do país”, disse  Dilma.

A presidenta explicou que as diferenças partidárias entre o governo federal e administração de São Paulo, comandados pelo PT e o PSDB respectivamente, ficaram para trás com o fim da eleição. “Durante a campanha, é natural divergir, criticar e disputar e mesmo, em alguns momentos, é compreensível que as temperaturas se elevem. Mas temos que respeitar as escolhas legitimas da população brasileira, estamos em um país que preza a democracia”.

Segundo Dilma, os dois governos já estão discutindo um novo conjunto de investimentos na área de segurança hídrica em São Paulo, que serão anunciados no começo do próximo ano.

Dilma e Alckmin também assinaram um contrato de R$ 630 milhões para a ampliação da Linha 9 da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos. O trecho compreende 4,4 quilômetros e duas novas estações entre Grajaú e Varginha, na zona sul de São Paulo. Serão R$ 500 milhões do Orçamento Geral da União e R$133 milhões de contrapartida do governo estadual. A obra será entregue até o primeiro trimestre de 2016.

(Luana Lourenço / Agência Brasil)

http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2014-12/sao-paulo-recebera-r-26-bilhoes-para-novo-sistema-de-abastecimento-de-agua

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JC 5079, 5 de dezembro de 2014

Escassez de água pode afetar 55% dos municípios em 2015, diz ANA (Agência Câmara Notícias)

Representantes de organizações e do governo apontaram para a necessidade de um plano de segurança hídrica

Apesar de o problema da crise hídrica ser mais evidente em São Paulo, dados da Agência Nacional de Águas (ANA) indicam que 55% dos municípios brasileiros podem sofrer deficit de abastecimento até 2015. O alerta foi feito nesta quinta-feira (4), em audiência sobre a crise da água no Brasil, na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados. Os participantes chamaram atenção para outras bacias do País, como a do São Francisco.

De acordo com a ANA, o Brasil já está trabalhando em um plano nacional de segurança hídrica. O documento está sendo elaborado pela Agência de Águas e pelo Ministério da Integração Nacional a partir de conversas com os estados e deverá ficar pronto entre 2015 e 2016.

A expectativa do superintendente da ANA Joaquim Guedes Corrêa Gondim Filho é que as ações comecem ser implementadas ainda no decorrer do processo, à medida que os problemas forem sendo identificados.

O deputado Sarney Filho (PV-MA), que solicitou o debate, anunciou que vai trabalhar pela criação, na Câmara dos Deputados, de um comitê de crise hídrica. Ele pretende retomar o assunto no início da próxima legislatura, em fevereiro. “É preciso que se tomem medidas urgentes, porque sem água não tem como viver”, afirmou o deputado.

São Paulo
No caso dos problemas de abastecimento de água em São Paulo, situação mais comentada no debate, a percepção dos especialistas é que a crise pode ficar ainda pior se não chover nos próximos meses. E o problema será agravado se o estado não contar com um plano de contingência dos recursos hídricos.

“Se o período chuvoso deste ano se configurar como o do ano passado, essa água não será suficiente para o ano que vem. Independentemente de chover mais ou menos, nós estamos em uma situação bastante crítica”, observou a especialista em gestão de Recursos Hídricos e Meio Ambiente do Instituto Socioambiental (ISA), Marussia Whately.

Segundo ela, os sistemas que produzem água para a região metropolitana de São Paulo, como o Cantareira, encontram-se com níveis de armazenamento muito baixos. “O Cantareira está hoje em torno de 8%, isso já considerando duas cotas do volume morto. Ou seja, ele está em um volume negativo, algo em torno de 20% negativo”, complementou a especialista.

A coordenadora do Programa Rede das Águas da SOS Mata Atlântica, Maria Luísa Ribeiro, relatou que, em Itu, as pessoas ficaram de fevereiro até agora com racionamento de 100%, “sem nenhuma água na torneira, vivendo uma realidade de caminhões-pipa com água sabe-se lá de onde”.

Sarney Filho lamentou a ausência de representantes do governo de São Paulo na reunião.

Oferta e demanda
Especialistas apontaram a política de gestão dos recursos hídricos como um dis principais problemas no processo. Como observou Marussia Whately, a gestão hoje se baseia na oferta de água, sem o devido cuidado com mananciais. Além disso, é preciso lidar com a falta de chuvas e de transparência no sistema. “Enquanto isso, o Brasil vem aumentando o consumo e isso é uma tendência que deve ser levada em consideração”, observou Marussia.

À demanda crescente os governos respondem de uma forma: com a tentativa de aumentar a oferta. “Tenta-se resolver o problema com o aumento da oferta, sempre procurando novas fontes, mas isso tem limitações. Hoje a questão que se coloca é que, antes de procurar novas fontes, você atue na gestão da demanda, no controle de perdas, nessas ações mais fáceis e mais baratas”, defendeu Joaquim Gondim Filho.

Maria Luísa Ribeiro pediu aos parlamentares que coloquem a água em uma agenda estratégica. Ela defendeu ações integradas entre os estados e mais voz para os comitês de bacias hidrográficas e chamou a atenção para a necessidade de combater o desmatamento, que tem forte influência nas secas.

(Noéli Nobre / Agência Câmara Notícias)

http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/MEIO-AMBIENTE/478860-ANA-ALERTA-PARA-AGRAVAMENTO-DA-FALTA-DE-AGUA.html

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JC 5080, 8 de dezembro de 2014

Sem chuva, cai nível dos reservatórios em São Paulo (Agência Brasil)

O nível do Sistema Cantareira, que atende a 6,5 milhões de pessoas, passou de 8,1% para 8%

Sem chuva, o nível de todas as represas que abastecem a região metropolitana de São Paulo caiu hoje (7), informou a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Segundo a companhia, o nível do Sistema Cantareira, que atende a 6,5 milhões de pessoas, registrava ontem 8,1% e hoje passou a 8%.

O Alto Tietê, segundo maior sistema de São Paulo, também apresentou queda, passando de 5% para 4,8%. O Guarapiranga, que atende a 4,9 milhões de pessoas, está operando com 32% de sua capacidade. Os sistemas Alto Cotia e Rio Claro operavam com 29,7% e 29,4% de suas capacidades, respectivamente. O Sistema Rio Grande opera com 62,5% da capacidade.

Segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), não há previsão de chuvas para a capital paulista hoje. Amanhã (8), entre o final da tarde e início da noite, a chegada de uma brisa marítima aumentará a nebulosidade e pode favorecer a ocorrência de chuva na forma de pancadas isoladas.

(Elaine Patricia Cruz / Agência Brasil)

http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2014-12/sem-chuva-cai-o-nivel-dos-reservatorios-de-sp

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2014 set to be world’s hottest year ever (The Guardian)

Record average temperatures highlight the urgent need to agree a deal on emissions at the UN climate change talks in Lima

2014 hottest year on record : 134-Foot-High Thermometer in Baker, California
 Vehicles drive by a 134ft-high thermometer in Baker, California. Average land and sea surface temperatures have reached record levels in 2014. Photograph: Ethan Miller/Getty Images

The world is on course for the hottest year ever in 2014, the United Nations weather agency said on Wednesday, heightening the sense of urgency around climate change negotiations underway in Lima.

Preliminary estimates from the World Meteorological Organisation (WMO) found global average land and sea surface temperatures for the first 10 months of 2014 had soared higher than ever recorded.

The findings – broadly in line with those of the US National Oceanic and Atmospheric Administration (Noaa) and other scientific agencies – indicate that by year-end 2014 will break all previous high temperature records.

The steady escalation of greenhouse gas emissions, caused by the burning of fossil fuels, have seen a succession of record-breaking years for temperature since the dawning of the 21st century and 2014 promises to be no exception, the WMO said.

“Fourteen of the 15 warmest years on record have all occurred in the 21st century,” said the WMO’s secretary-general Michel Jarraud. “What we saw in 2014 is consistent with what we expect from a changing climate.

“Record-breaking heat combined with torrential rainfall and floods destroyed livelihoods and ruined lives. What is particularly unusual and alarming this year are the high temperatures of vast areas of the ocean surface, including in the northern hemisphere,” he said.

The new evidence provided by the WMO report of the gathering risks of climate change undercut the optimism expressed by negotiators from industrialised countries at the opening of the Lima talks.

Christiana Figueres, the UN’s top climate official, said the findings drove home the urgency of reaching a deal. Negotiations have been grinding on for more than 20 years.

“Our climate is changing and every year the risks of extreme weather events and impacts on humanity rise,” she said.

Ed Davey, the UK climate secretary, said the UN climate talks were critical to stop temperatures rising to dangerous levels. “More record warm temperatures in the UK and across the world are yet more evidence that we need to act urgently to prevent dangerous climate change,” he said.

Officials from nearly 200 countries will spend the next two weeks in Lima working to agree on a plan to cut global greenhouse gas emissions fast enough and deeply enough to limit warming to 2C above pre-industrial times, the official objective of the UN talks.

But even that goal – which scientists say may not go far enough to prevent low-lying island states from drowning in rising seas – may be moving beyond reach.

“When confronted with numbers like these, the challenge to stablise global warming below dangerous levels can seem daunting indeed,” Michael Mann, the climate scientist, said. “The globe is warming, ice is melting, and our climate is changing, as a result. And the damage is being felt – in the forms of more destructive weather extremes, more devastating wildfires, and unprecedented threats to the survival of endangered animal species.”

He said the Lima climate talks – and a summit scheduled for Paris at the end of next year – were “perhaps our last real opportunity to stave off truly dangerous and irreversible world-wide changes in our climate.”

Bill McKibben, leader of the 350.org campaign group, saw the findings as a call to arms to climate activists. “If you thought 2014 was hot, wait ‘til you see 2015. This means we need to turn up the flame even higher under the fossil fuel companies that are frying our planet,” he said.

A runner passes people sitting on a bench in the sunshine in Green Park on October 31, 2014 in London, England.  Temperatures in London are forecasted to exceed 20 degrees making today the hottest Halloween on record.
 Londoners enjoying record temperatures at Halloween. Photograph: Rob Stothard/Getty Images

The WMO report found the global average air temperature over land and sea surface for January to October was about 0.57C above the average of 14C for the 1961-1990 reference period, and 0.09C above the average for the past 10 years (2004-2013).

The most striking evidence of warming was probably in the oceans, however. Most of the excess heat trapped in the atmosphere by greenhouse gas emissions ends up in the oceans.

The WMO said global sea surface temperatures were 0.45C higher than the average over the last 50 years.

If November and December continue on the same course, then 2014 will edge out 2010, 2005 and 1998 as the hottest years ever known – but only by a few hundredths of a degree. Different data sets also show slightly different rankings, the WMO said.

In any event, the trend line is clear. The world is getting warmer, especially the oceans. Those higher temperatures were already exacting a toll, in terms of heavy rainfall and flooding in some countries, and extreme drought in others, the WMO said.

The agency dismissed outright the notion posed by some climate deniers of a pause in the warming trend.

“There is no standstill in global warming,” Jarraud said.

The world’s big three emitters – the US, China, and the EU – have pledged new targets for cutting their use of fossil fuels, injecting optimism into the Lima talks.

But scientists say even those targets are not enough to limit warming to 2C, and other big carbon polluters such as India, Russia, and Australia have yet to come on board.

Meanwhile, there were early signs of tension between the US and EU over the legal structure of the agreement that is due to be adopted in Paris next year.

Campaign groups monitoring the talks called on negotiators to take the new WMO findings to heart.

“The fact that we’re tracking towards the hottest year on record should send chills through anyone who says they care about climate change – especially negotiators at the UN climate talks here in Lima,” said Samantha Smith, who heads WWF’s climate and energy initiative. “This is more scientific evidence of the real impact climate change is having on our world. The changes will be felt the most by the most vulnerable people, whose lives and livelihoods are already being affected.”

This picture taken on July 30, 2014 shows a girl and her father collecting water from an almost dried up resevoir, two kilometers from their home, in Pingdingshan, central China's Henan province. Severe drought and scorching heat has damaged over a million hectares of farmland in China's Henan and Inner Mongolia provinces, with no immediate relief in sight, a state news agency reported.
 An almost dried up reservoir in Pingdingshan, central China’s Henan province, where severe drought damaged vast areas of farmland. Photograph: STR/AFP/Getty Images

The WMO found western North America, Europe, eastern Eurasia, much of Africa, large areas of South America and southern and western Australia were especially warm. South Africa, Australia, and Argentina started the year with blistering heat waves.

However, the US and Canada ushered in 2014 with the chill Arctic winds of the polar vortex. Central Russia also recorded cooler than average conditions for the year.

Europe also experienced extreme weather, with the UK buffetted by storms. A separate temperature data set, the world’s longest continuous record, showed England was on track for the hottest year in over three centuries. Higher temperatures cause more evaporation and more rain, and 2014 began with England’s wettest winter in over 250 years, leading to widespread flooding.

In Serbia, Bosnia-Herzegovina and Croatia, more than two million people were caught up in severe flooding. Parts of Turkey saw five times the normal amount of rain, and France experienced its wettest summer since 1959.

South Asia also experienced heavy rains, with severe flooding in northern Bangladesh, northern Pakistan and India, affecting millions of people in August and September.

For other parts of the world, however, 2014 brought drought. Rainfall in parts of the Yellow River basin in China were less than half of the summer average. A large swathe of the western US continued under drought. New South Wales and southeast Queensland in Australia also went without rain.

COP20 Lima na mídia – primeira semana

Ministros terão pouco a mudar sobre rascunho, diz presidente da COP 20 (G1)

PUBLICADO  08 DEZEMBRO 2014

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Participante da Conferência do Clima da ONU, a COP 20, observa mapa em telão que mostra a temperatura dos oceanos na Terra. As cores mais alaranjadas representam temperaturas maiores (Foto: UNFCCC)

Proposta do Brasil para acalmar ‘rixa entre ricos e pobres’ foi aceita pela ONU. Conferência das Nações Unidas acontece até o dia 12, em Lima, no Peru.

O ministro do Meio Ambiente do Peru, Manuel Pulgar Vidal, presidente da Conferência do Clima da ONU, a COP 20, sabe que é grande o desafio que tem nas mãos: coordenar mais de 190 países reunidos em Lima para obter o “rascunho zero” de um acordo para cortar emissões de gases e reduzir os impactos da mudança climática no planeta.

A primeira semana de discussões entre diplomatas e cientistas chegou ao fim no sábado (6) sem que uma prévia desse rascunho estivesse pronta, o que não significa a inexistência de avanços, segundo Vidal.

Em entrevista o ministro limita-se a dizer que “os documentos vão estar oportunamente finalizados e concluídos para serem apreciados pelo setor ministerial”, parte do encontro que reúne os ministros do Meio Ambiente e que terá início na terça (9).

pan style=”font-family: arial, helvetica, sans-serif;”>Segundo Vidal, “sobrarão poucas arestas a serem aparadas por ministros de Estado nos próximos dias”. “Estamos monitorando, esperamos que o rascunho feche de tal maneira que o segmento de Alto Nível tenha poucas resistências políticas finais”, disse.

Decisões na mesa

O novo tratado, que deverá ser obrigatório, mas não punitivo, tem que ser assinado em 2015, na COP 21, em Paris, e entrar em vigor em 2020.

Quanto cada país terá que cortar de emissões? Que governos precisarão receber ajuda por danos sofridos em desastres naturais ou para a prevenção deles? Quanto de dinheiro será doado? De onde virá o investimento? Como será o desenvolvimento ou a transferência de tecnologias voltadas à redução das emissões? Como as nações vão se adaptar a uma possível nova realidade climática?

As respostas para essas perguntas tentam ser definidas desde 2012, quando ficou determinada a criação de um novo protocolo do clima – chamada Plataforma de Durban.

O ministro do Meio Ambiente peruano diz que articula com representantes de outros governos e não cita que resistências políticas seriam essas.

Por se tratar de possíveis impactos econômicos que os cortes de gases provocariam, os governos ficam reticentes em tomar quaisquer decisões referentes ao tema. Por isso a dificuldade em se obter um acordo rapidamente — já são 20 anos negociando o tema.

Mas ele ressalta que “as consequências das mudanças climáticas já estão sendo sentidas e vamos continuar sofrendo o impacto por mais tempo (…) se não tomarmos uma decisão desde essa COP e, obviamente, não chegarmos ao acordo no ano que vem, as cosias vão ficar cada vez mais severas”.

Adaptação

Segundo o presidente da COP 20, ainda é preciso avançar em uma agenda que tenha a capacidade de ser atendida adequadamente pelos países.

Metas Nacionais

02O ministro do Meio Ambiente e presidente da COP 20, Manuel Pulgar Vidal (Foto: Eduardo Carvalho/G1)Ainda é preciso definir quais serão as metodologias a serem seguidas pelos países quando apresentarem as Contribuições Intencionais Nacionais Determinadas (INDCs, na sigla em inglês). Nelas estarão englobadas quanto cada país vai cortar de emissões a partir de 2020.

“Os países concordam que as condições contidas nos INDCs são essenciais para que o processo continue sendo bem sucedido até o próximo ano. Se isso não for aprovado agora, não será possível apresentar as contribuições em 2015. Estamos avançando bem nessa questão”, disse. As INDCs têm que ser apresentadas até o fim de março de 2015.

Perdas e danos

Os desdobramentos sobre como vai funcionar esse instrumento ainda são lentos. “Estão conforme o programado”, diz o presidente da COP 20. Criado na COP 19, na Polônia, o mecanismo sobre perdas e danos tem o objetivo de compensar nações que não conseguem se adaptar à mudança climática e já sofrem atualmente com seus efeitos. Isso beneficiaria, principalmente, os Estados-ilha, países insulares ameaçados pelo aumento do nível do mar.

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Segundo período do Protocolo de Kyoto

Um segundo período para Kyoto foi aprovado em 2012, mas sua negociação ficou enfraquecida depois que grandes nações poluidoras como Japão, Canadá, Austrália e Rússia saíram do bloco chamado Anexo 1.

O nome refere-se ao grupo de nações ricas obrigadas pelo protocolo a cortarem emissões entre 2008 e 2012, menos o principal rico e atual segundo maior poluidor, os Estados Unidos. A China, maior emissor de gases, é considerado ainda como país em desenvolvimento.

“Estamos trabalhando nessa COP para eliminar qualquer dificuldade e, finalmente, alcançar um Segundo Compromisso”, disse o ministro. Isso é essencial para que as emissões sejam controladas nos anos que antecedem a vigência do novo acordo.

Princípio da Convenção

Outro ponto discutido no encontro refere-se ao princípio das “Responsabilidades Comuns, porém diferenciadas”. Grandes potências, que historicamente responsáveis pela maior parte das emissões, querem mudá-lo, alegando nações em desenvolvimento (Brasil, China, Índia e África do Sul), grandes emissoras de gases-estufa também têm que seguir regras rígidas para diminuir o lançamento de poluentes à atmosfera.

O embate se dá porque o bloco “mais pobre” não quer frear seu desenvolvimento, o que poderia acontecer ao realizar cortes de gases (ação exigida pelo bloco “mais rico”).

Mas uma proposta apresentada pelo Brasil, que vai estar no “rascunho zero”, pode acalmar os ânimos. Chamada de diferenciação concêntrica, ela divide as nações em três níveis e cria conjuntos de critérios, um tipo de “menu”, que cada país poderá escolher para diminuir suas emissões. A proposta faz com que nações vulneráveis, como os Estados-ilha, não empreendam grandes ações. Ainda não foram definidos quais são esses critérios.

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10/12/2014 – 03h36

COP-20: tensão de interesses marca a Conferência do Clima (IHU On-Line)

por Redação do IHU On-Line

shutterstock 130863860 380x253 COP 20: tensão de interesses marca a Conferência do Clima

“As maiores notícias da COP vieram antes e, nesse sentido, o acordo entre Estados Unidos e China foi a grande notícia, mas que dificilmente será debatida aqui”, avalia o coordenador de Clima e Energia do Greenpeace Brasil, Ricardo Baitelo.

A principal tensão entre os 190 países que participam da COP-20 é chegar a um acordo acerca do ano em que as nações irão se comprometer com as metas de redução de CO², diz Ricardo Baitelo, que representa o Greenpeace na Conferência do Clima, em Lima, à IHU On-Line, por telefone.

“Um ponto bastante relevante é a divisão de grupos de países que querem jogar o começo do compromisso para 2030 e grupos de países que já assumem o começo dessas novas metas para 2025”, pontua. Segundo ele, a tensão para se chegar a um consenso para o cumprimento de metas demonstra que será difícil estabelecer um acordo para o próximo ano, em Paris. “Com isso dá para dizer que será bem difícil chegar a um consenso, porque, por um lado, só o Brasil e os Estados Unidos querem 2025 como o prazo limite, enquanto a Europa quer o prazo para 2030 e a China e a Índia querem um prazo maior ainda. Então este ponto deve ser negociado”.

Baitelo informa que, entre as notícias que podem ser comemoradas na COP-20, estão a de que a Alemanha já anunciou a data de quando deixará de utilizar usinas nucleares, a de que a União Europeia reduzirá suas emissões em 40% até 2030 e a de que a Índia, apesar de insistir no uso de carvão, vai instalar 100 mil MW de energia solar até o fim da década.

De acordo com ele, ao longo das negociações da primeira semana, o Itamaraty fez uma proposta metodológica de situar as responsabilidades de cada país a partir da ideia de círculos concêntricos, ou seja, cada nação poderá assumir metas mais ambiciosas ao longo do tempo. Contudo, adverte, “o Brasil se liberou da responsabilidade, por enquanto, de dizer onde se situaria nesse círculo concêntrico. O nosso papel enquanto Greenpeace é realmente pressionar e dizer que o Brasil tem todas as condições e também a responsabilidade de estar no grupo do centro, já que somos um dos seis maiores emissores do mundo e estamos entre o sétimo e oitavo maior PIB do mundo. Então, devemos assumir essa responsabilidade”.

Ricardo Baitelo é coordenador de Clima e Energia do Greenpeace Brasil e doutor em Planejamento Integrado de Recursos pela Poli-USP.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Como estão as negociações na COP-20 até o momento? Pode nos dar um panorama geral da primeira semana de negociações?

Ricardo Baitelo – Na primeira semana, as negociações foram lentas, sendo que nos primeiros três dias foram basicamente plenárias de apresentação, com todas as delegações falando, discutindo o texto rascunho, que será trabalhado aqui e depois em Paris. Então, diria que ainda é muito cedo para traçar um diagnóstico. Entre alguns pontos que podem ser colocados, um deles é a discussão do Brasil com relação à contabilização de carbono; essa é uma discussão dentro do subgrupo de florestas.

Em um panorama mais geral, posso dizer que as maiores notícias da COP vieram antes e, nesse sentido, o acordo entre Estados Unidos e China foi a grande notícia, mas que dificilmente será debatida aqui. Esses dois países finalmente se comprometeram com metas para 2030. Da parte do Brasil, o Itamaraty fez uma proposta de metodologia de como outros países devem se situar em termos de responsabilidade no futuro, já que propuseram essa nova divisão de círculos concêntricos, onde, ao longo do tempo, cada país vai se comprometendo com metas mais ambiciosas — obviamente, de acordo com o número de riqueza e de possibilidades.

A única crítica que fazemos é ao fato de que o Brasil se liberou da responsabilidade, por enquanto, de dizer onde se situaria nesse círculo concêntrico. O nosso papel enquanto Greenpeace é realmente pressionar e dizer que o Brasil tem todas as condições e também a responsabilidade de estar no grupo do centro, já que somos um dos seis maiores emissores do mundo e estamos entre o sétimo e oitavo maior PIB do mundo. Então, devemos assumir essa responsabilidade.

IHU On-Line – Quais são as críticas em relação ao rascunho do acordo de Paris feitas pelas delegações?

Ricardo Baitelo – Ainda é cedo para traçarmos um comentário sobre esse assunto. Um ponto bastante relevante é a divisão de grupos de países que querem jogar o começo do compromisso para 2030 e grupos de países que já assumem o começo dessas novas metas para 2025. Com isso dá para dizer que será bem difícil chegar a um consenso, porque, por um lado, só o Brasil e os Estados Unidos querem 2025 como o prazo limite, enquanto a Europa quer o prazo para 2030 e a China e a Índia querem um prazo maior ainda. Então, este ponto deve ser negociado.

IHU On-Line – O acordo entre China e EUA foi bem visto na COP-20, apesar de os comprometimentos serem também para 2030?

Ricardo Baitelo – Eu ainda não tenho um panorama dos demais países. Posso dizer, informalmente, que, segundo o Brasil, as metas em Copenhague eram mais ambiciosas. A delegação brasileira diz que a meta que se tinha em 2009, de uma redução de 36 a 39%, é mais avançada do que as metas que os Estados Unidos estão propondo. É claro que se tem essa confusão, se cada um coloca uma porcentagem e coloca um ano de referência diferente, fica uma grande salada de frutas. O Brasil argumenta que a proposta dos Estados Unidos, se tomada pela base da brasileira, é menor, porque é só de 19% de redução, e a China, por sua vez, também não disse em que ano vai atingir o pico das emissões. Os chineses mencionam 2030, mas seria, obviamente, mais importante que isso acontecesse antes, considerando que eles são os maiores emissores do mundo.

Outro fator relevante é que a Alemanha anunciou uma data de quando deve deixar de usar energia nuclear internamente. Essa é outra notícia bastante importante. A Alemanha, como uma das maiores potências, deve não só deixar de utilizar usinas nucleares, mas, em relação ao carvão, esperamos que ela dê o exemplo para o resto da Europa também.

IHU On-Line – Além da Alemanha, algum outro país já se manifestou sobre quais propostas domésticas irá adotar para enfrentar as mudanças climáticas?

Ricardo Baitelo – A União Europeia quer reduzir em 40% o número de emissões até 2030. Esse é um número, sem dúvida, mais ousado do que o proposto pela China e pelos Estados Unidos, mas, considerando a responsabilidade histórica, o número poderia ser maior, ou se poderia chegar antes a essa redução de 40%.

De qualquer maneira, é alguma coisa. Dentro das grandes potências, o que é digno de nota é a Índia: parte da proposta deles é muito boa, e outra parte é muito ruim. Os indianos querem instalar 100 mil MW de energia solar até o fim da década — isso é basicamente o tamanho da matriz brasileira inteira. O problema é o outro lado da moeda, relacionado à emissão de carvão, porque eles não querem tocar as fontes de carvão. Nesse sentido, a pressão que estamos colocando para que os países digam quando vão atingir o pico de emissão não está chegando à Índia. A Índia diz que não se deve colocar esse limite imediatamente e que as metas devem ser a partir de 2040 ou 2045, o que é um absurdo.

IHU On-Line – Quais têm sido as atividades da Cúpula dos povos frente à COP-20?

Ricardo Baitelo – Posso responder pelo Greenpeace. Tivemos uma grande atividade antes do começo da COP, em Machu Picchu, pedindo para que as grandes economias ajam em função da energia solar.

O Greenpeace Brasil desenvolveu algumas atividades, entre os dias 6 e 9, com os Munduruku, os quais trouxemos para o evento, e indígenas locais do Peru. Devemos fazer essa ponte entre os indígenas daqui, especialmente com a etnia que conseguiu interromper a construção de uma hidrelétrica no Peru. Então os colocamos em contato com os indígenas que devem ser impactados pelo projeto de Belo Monte.

A nossa meta internacional é pedir que os países tenham 100% de energias renováveis no mundo até 2050. No dia 10 de dezembro deve ocorrer a Marcha dos Povos, porque, por mais que se tenha essa discussão importante dos textos do novo acordo, que é uma discussão muito fechada, difícil de acompanhar, temos essa característica positiva da COP no Peru, que é de ser uma COP muito mais atrelada aos movimentos sociais, uma COP dos indígenas. Considerando que ultimamente, no governo Dilma, os direitos indígenas foram totalmente negligenciados, essa é outra pauta que estamos trazendo para discutir aqui.

* Publicado originalmente no site IHU On-Line.

(IHU On-Line)

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08/12/2014 – 12h02

Neutralidade climática, a balsa de sobrevivência lançada em Lima (IPS)

por Diego Arguedas Ortiz, da IPS
CHICA 629x419 Neutralidade climática, a balsa de sobrevivência lançada em Lima

 

Lima, Peru, 8/12/2014 – Encerrados em salões sufocados pelo sol da capital peruana, delegados de 195 países buscam o caminho que permita ao planeta chegar à neutralidade climática durante a segunda metade deste século, o único mecanismo para evitar mudanças irreversíveis na dinâmica planetária, segundo instituições científicas e especialistas.

A neutralidade climática implica a redução das emissões anuais de gases causadores do efeito estufa a um ponto em que se possa capturar ou fixar a totalidade desses gases liberados. Para isso é fundamental acelerar a transição de uma economia baseada em combustíveis fósseis para outra fundamentada em energias renováveis.

Quando a 20ª Conferência das Partes (COP 20) da Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática chega ao seu equador, aumentam os países do Sul em desenvolvimento que assumem a proposta de fixar a meta até 2050 de neutralidade climática, também conhecida como carbono zero.

“Os dados científicos são cada vez mais alarmantes”, disse à IPS a costarriquenha Giovanna Valverde, presidente pró tempore da Associação Independente da América Latina e do Caribe (Ailac), um grupo de governos regionais de renda média que negociam como bloco na conferência, que começou no dia 1º e  termina no dia 12.

“O coordenador do Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre a Mudança Climática (IPCC) nos mostrou, na sessão plenária, os dados que demonstram a urgência em que nos encontramos. Se colocamos o prazo de 2050 é para que todos possam aderir, mas os números são alarmantes e é bom se antecipar”, ressaltou Valverde.

Informes do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), da Agência Internacional da Energia e do IPCC coincidem sobre como alcançar a neutralidade: investir mais em energias limpas, reduzir o consumo de combustíveis fósseis, melhorar as práticas agrícolas, reflorestar e potencializar a eficiência energética.

A iniciativa de avançar nesse caminho mediante a neutralidade climática se converteu em um debate-estrela da primeira semana da conferência anual da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática (CMNUCC), mas falta muito para que se cristalize em um compromisso dos países para garantir a transição para uma economia limpa.

Um informe do britânico Overseas Development Institute conclui que as potências industrializadas e emergentes do Grupo dos 20 continuam investindo cerca de US$ 88 bilhões anuais em subsídios aos combustíveis fósseis, em lugar de usar esse capital para impulsionar energias renováveis. Além disso, nos espaços da COP 20, o poder e o lobby da indústria dos hidrocarbonos é palpável e não faltam na agenda encontros organizados por corporações transnacionais do setor, como o da anglo-holandesa Shell, pautada para hoje.

COP20 Neutralidade climática, a balsa de sobrevivência lançada em Lima

 

Valverde assegurou que a chave é “os países se comprometerem seriamente com a informação nas contribuições para redução de emissões, permitindo aos cientistas terem tempo entre 2015 e 2020 para comparar metodologias de países, fazer a somatória matemática e definir quanto falta reduzir”.

A Associação de Pequenos Estados Insulares (Aosis) divulgou um comunicado exortando os países industrializados a tornarem “mais ambiciosas” essas contribuições, reduzindo a dependência das energias sujas. Também pediu que o planeta alcance o nível de zero emissões em 2100, o que implica uma total eliminação do uso de combustíveis fósseis, tal como recomendou o IPCC em seu último informe, apresentado no dia 2 deste mês.

Países como a Polônia, uma potência na produção de carvão, anunciaram sua rejeição à medida. A oposição polonesa e de outros países dependentes de combustíveis fósseis entorpecem o avanço das energias limpas. A União Europeia (UE), por exemplo, não concorda com uma meta de longo prazo dentro do bloco e tampouco está segura se apoiará a neutralidade climática apresentada pela CMNUCC e impulsionada pelos países em desenvolvimento.

“A meta é parte das mitigações, é parte da discussão”, pontuou à IPS uma das condutoras das negociações pela UE, Elina Bardram, acrescentando que “é importante chegarmos a Paris com uma visão compartilhada”, referindo-se à COP 21, que acontecerá na capital francesa em novembro de 2015. “Isso nos dirá qual será a ambição para um futuro baixo em carbono. Não temos clara ainda a meta de longo prazo, mas naturalmente que levaremos em conta a visão do IPCC e de outros organismos científicos”, assegurou.

Em Paris deverá ser estabelecido um novo tratado climático, global e vinculante, que a partir de 2020 substitua o Protocolo de Kyoto. Mas antes, em Lima, deve ser definida a forma que terá o que muitos consideram o coração do novo acordo: as contribuições nacionais. Nessas contribuições está incluída a quantidade de redução com que cada nação se compromete, e em quanto tempo. A somatória dessas contribuições deve ser suficiente para evitar os efeitos irreversíveis na dinâmica planetária da Terra.

Para conseguir isso, os países em desenvolvimento e a sociedade tanto do Sul quanto do Norte propõem uma mescla de redução dos incentivos às energias fósseis, reflorestamento, melhorias agrícolas e investimento em energias renováveis. Embora essas contribuições devam ser informadas oficialmente entre março e junho de 2015, alguns países já fizeram anúncios a respeito.

No dia 12 de novembro, em um anúncio conjunto em Pequim, os Estados Unidos prometeram reduzir, até 2025, entre 26% e 28% de suas emissões em relação aos níveis de 2005, enquanto a China se comprometeu a colocar um teto às suas emissões em 2030 e depois reduzi-las. Porém, os estudos científicos alertam que são necessários passos mais ambiciosos e mais rápidos.

As ações devem ser tomadas antes de 2020, segundo o Informe Sobre a Disparidade nas Emissões 2014, publicado em 19 de novembro pelo Pnuma, que analisa anualmente a diferença entre as ações atuais dos países e as necessárias para não haver graves consequências nas dinâmicas planetárias. “Esse documento deixa claro que, em certo ponto da segunda metade do século 21, teremos que ter alcançado a neutralidade climática, ou, como alguns chamam, zero total, em termos de emissões globais”, explicou a secretária-executiva da CMNUCC, Christiana Figueres.

Segundo esse estudo, o pico das emissões mundiais deverá ocorrer nos próximos dez anos, seguido por ações para implementar mais energias limpas e reduzir o uso de combustíveis fósseis. Isso é conhecido como a “agenda de redução prévia a 2020” e a entrada em vigor do novo tratado. Até agora, em Lima, os delegados adiam a revisão dessas reduções pré-2020, envolvidos em lutas de procedimentos.

Agora, os países correm o risco de não acordarem as ações necessárias para reduzir as emissões de forma que a elevação da temperatura não ultrapasse os dois graus centígrados, e inclusive há vozes alertando que o aumento máximo deve ser menor, antes que ocorram efeitos irreversíveis no planeta.

“Nossa posição é que o aumento da temperatura não pode ser maior do que 1,5 grau centígrado, porque mais do que isso será extremamente nocivo”, destacou à IPS o nepalês Ram Prasad, coordenador do grupo de Países Mais Vulneráveis (LCD). A ação climática é urgente, pois cada ano que passa complica mais a situação para os países mais vulneráveis, que usualmente são as nações mais pobres do planeta, tornando a mudança climática um problema profundo de desigualdade, enfatizou.

O informe do Pnuma conclui que para adaptar-se ao clima variável o mundo necessitará de aproximadamente três vezes mais do que os entre US$ 70 milhões e US$ 100 bilhões anuais estimados até agora. Envolverde/IPS

(IPS)

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08/12/2014 – 03h03

A natureza não negocia: a catástrofe climática está acontecendo agora! (Greenpeace)

por Kumi Naidoo*
tufao A natureza não negocia: a catástrofe climática está acontecendo agora!

 

Enquanto o tufão Hagupit atinge as Filipinas, uma das maiores operações de evacuação em tempos de paz da história foi lançada para prevenir uma repetição das enormes perdas de vidas ocorridas quando o super tufão Haiyan atingiu a mesma área há apenas um ano.

“Uma das maiores evacuações em tempos de paz” é o que tem sido dito sobre esse fato. Mas pergunto: é tempo de paz ou estamos em guerra com a natureza?

Eu estava prestes a ir para Lima, no Peru, quando recebi um telefonema para vir para as Filipinas para apoiar o nosso escritório e seu trabalho em torno do tufão Hagupit (cujo nome significa chicote). Em Lima está em andamento a COP 20, mais uma rodada de reuniões da ONU sobre o clima, com o objetivo de negociar um tratado global para evitar uma mudança climática catastrófica.

Mas essas negociações já acontecem há muito tempo, com urgência insuficiente e nos bastidores. E, não tanto nos bastidores, também ocorre a influência do lobby dos combustíveis fósseis.

Este ano, como no ano passado e no ano anterior, essas negociações ocorrem em um cenário devastador de um chamado “evento climático extremo”, sobre o qual os cientistas do clima há tempos vêm alertando.

Tragicamente, não estamos tomando medidas urgentes. Mas a natureza não negocia, ela responde à nossa intransigência. Para o povo das Filipinas, e em muitas outras partes do mundo, a mudança climática já é uma catástrofe.

Hagupit tmo 2014338 lrg 784x1024 A natureza não negocia: a catástrofe climática está acontecendo agora!

Há apenas um ano, o super tufão Haiyan matou milhares de pessoas nas Filipinas, deixou as comunidades destruídas e causou bilhões de dólares em danos. Agora, muitos sobreviventes que ainda estão deslocados tiveram que novamente evacuar as tendas onde vivem enquanto o tufão Hagupit esculpe um caminho por todo o país.

É muito cedo para avaliar o impacto até agora – estamos todos esperando que ele poupará as Filipinas da mesma dor que foi vivida após Haiyan.

Aqui em Manila, nos preparamos para viajar para as áreas impactadas, na esteira do tufão Hagupit, ou Ruby, como tem sido chamado. Vamos oferecer a assistência que pudermos e vamos prestar solidariedade ao povo filipino. Queremos chamar a atenção daqueles que são responsáveis pelas mudanças climáticas, aqueles que são responsáveis pela devastação e que deveriam estar ajudando a pagar pela limpeza e pela a adaptação a um mundo em que o nosso clima está se tornando uma fonte crescente de destruição em massa.

É com o coração pesado que nos preparamos para esse testemunho. Nós desafiamos aqueles em Lima a voltar sua atenção da letargia do processo das negociações e prestar atenção ao que está acontecendo no mundo real.

Os chamamos para entender que a mudança climática não é uma ameaça futura a ser negociada, mas um perigo claro e presente que requer ação urgente agora!

Todos os anos, o povo das Filipinas aprende da maneira mais difícil o que a inação sobre as emissões quer dizer. Eles podem estar um pouco mais bem preparados e mais resistentes, mas eles também estão mais horrorizados com o fato de que, a cada ano – ao mesmo tempo -, as reuniões sobre o clima parecem continuar no vácuo. Não estão preparados para tomar medidas significativas, não são capazes de responder à urgência do nosso tempo e não responsabilizam os grandes poluidores que estão causando a mudança do clima com ritmo feroz.

Antes de sair para Manila também recebi uma mensagem do Yeb Sano, comissário do clima para as Filipinas: “Eu espero que você possa se juntar a nós quando dermos o testemunho sobre o impacto deste novo super-tufão. Sua ajuda seria muito valiosa para entregar uma mensagem clara e em bom som para Lima.”

Yeb foi o negociador-chefe Filipino por três anos nas negociações climáticas da ONU e recentemente visitou o Ártico em um navio do Greenpeace para testemunhar o degelo do mar. Dois anos atrás, em Doha, quando o tufão Pablo tirou a vida de muitos, ele rompeu o protocolo normalmente reservado e desapaixonado da diplomacia que domina as negociações do tratado do clima da ONU falando:

“Por favor, deixem que 2012 seja lembrado como o ano em que o mundo encontrou a coragem de assumir a responsabilidade para o futuro que queremos. Eu peço a todos nós aqui, se não formos nós, quem? Se não for agora, então quando? Se não aqui, então onde? ”

Estou reunindo o Greenpeace Filipinas e Yeb para visitar as áreas mais atingidas, documentar a devastação e enviar uma mensagem clara de mudança climática para Lima e o resto do mundo. Os que são responsáveis pela maioria das emissões serão responsabilizados pelas comunidades que estão sofrendo os impactos de eventos climáticos extremos associados às mudanças climáticas.

Vamos chamar os chefes das companhias de combustíveis fósseis que são culpados pela tragédia que se desenrola para que realizem um exame de consciência e aceitem a sua responsabilidade histórica. Diz-se que a verdade é a primeira vítima da guerra e, nesta guerra contra a natureza, a verdade da ciência do clima é inquestionável.

Kumi Naidoo é diretor-executivo do Greenpeace Internacional.

** Publicado originalmente no site Greenpeace.

(Greenpeace)

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Manifesto “No REDD” na COP-20 (Portal do Meio Ambiente)

PUBLICADO  09 DEZEMBRO 2014.

9842No Brasil, é num ambiente de vitória eleitoral duramente conquistada e a formação de um tipo de ‘coabitação governamental’ inédita em que o governo de esquerda, com vontade reformista e transformadora expressada, nomeia ministros dentre as pessoas mais conservadoras e à direita do país, que vai se abrir a 20ª Conferência das Partes, a COP-20, em Lima-Peru, de 1º a 12 de dezembro. Para muitos especuladores, esta conferência prepara as bases de um novo acordo que deveria ser assinado o próximo ano em Paris.

Por Lucas Matheron, AgoraVox (Bruxelas)

Assim como já comentei em artigos anteriores [1] [2] [3], um dos pontos mais polêmicos dentre as soluções de luta contra o aquecimento global são os mecanismos de compensação das emissões, entre os quais, notadamente, os chamados REDD e REDD+. E nesta questão, o Brasil está especialmente interessado. Com efeito, longe de resolver os problemas, esses mecanismos os reforçam e os amplificam, pois ao lado das questões puramente ambientais, explodem problemas sociais, como do direito à terra e das comunidades indígenas. E isso, legalmente. Em resumo, é mais uma estratégia para sustentar um capitalismo agonizante (?), como o pensa David Harvey, que, desta vez, se ataca “ao que resta” a explorar, a natureza, antes de colocar, provavelmente daqui a pouco, um relógio no sol!

No entanto, observa-se um forte lobby favorável à introdução desses programas no nível dos Estados; seria, de fato, um sinal forte a favor da legitimação desse capitalismo desenfreado, e da espoliação dos bens vitais à humanidade no seu conjunto. Já o vemos com a indústria das sementes que, aos poucos, consegue impor seus OGMs em toda parte do mundo, nos deixando reféns do seu bem-querer.

Dá para se perguntar o que leva organizações internacionais famosas, tal como a UICN [4] ou o WWF [5], a defender a implantação de tais mecanismos, haja vista que seus efeitos perversos já foram demonstrados pelas muitas experiências negativas em diversas regiões do planeta. Certamente, essas organizações se satisfazem da entrega de algumas zonas para proteger, criar parques e preservá-los, no intuito de conservá-los para mostrar às futuras gerações o que de fato existiu… Um novo tipo de museus! Talvez seja também uma forma de se financiar, junto ao capital privado, já que o público está cada vez mais escasso.

Enfim! Embora essas manobras se deem na mais completa indiferença da imprensa “oficial”, alguns grupos se mobilizam para denunciar esse lobby pró-destruição do homem e da natureza. É o caso do World Rainforest Movement que alavancou uma petição mundial [6] para levar a voz “dos 99%” na assembleia da COP-20 e, logo mais, na Conferência de Paris. Aqui se encontra o documento de base [7] dessas reivindicações. Aliás, é importante que os Franceses também se mobilizem sobre essas questões, pois através da Guiana, a França é “um país amazônico”, é bom lembrar.

Aqui está o link para assinar a petição “No REDD” por e-mail:

“Para apoiar o chamado à ação, pedimos que você envie um e-mail para [NoREDDCop20@wrm.org.uy] com o nome de seu grupo, país ou região de trabalho e contato antes de 05 de dezembro.”

E então, é para fazer alguma coisa? Sim, claro. Mas provavelmente uma solução (se não é A solução) é de seguir um caminho mais radical e afastar-se do modelo “político-ecologicamente correto” que visa sempre a favorecer os mesmos, ou seja, aqueles que têm dinheiro, ou seja, o poder. É preciso parar, sim, de apostar no lucro, sempre o lucro, e pensar no ser humano que já não come mais alimentos sadios, não respira mais um ar limpo, possui um ritmo de vida deplorável, e em breve nem terá mais água para satisfazer suas necessidades essenciais. E falo apenas dos “privilegiados”!

Por gentileza, faça com que esta mensagem circule, pois se nem sempre é possível “fazer alguma coisa”, é importante saber o que está acontecendo.

[1] O Brasil da cobiça: Financeirização da natureza [http://port.pravda.ru/busines/31-12-2013/35940-natureza-0/]

[2] Amazônia brasileira: Dossiê Acre [http://port.pravda.ru/news/cplp/14-12-2013/35832-dossie_acre-0/]

[3] Os pontos nos “i” na Amazônia [http://lindomarpadilha.blogspot.com.br/2014/10/lucas-matheron-os-pontos-nos-i-na.html]

[4] http://cmsdata.iucn.org/downloads/uicn_document_de_position_unfccc_cop_20_lima.pdf

[5] http://www.portaldomeioambiente.org.br/comunicacao-ambiental/9671-wwf-brasil-leva-para-australia-experiencia-brasileira-com-os-parques-nacionais

[6] http://wrm.org.uy/actions-and-campaigns/to-reject-redd-and-extractive-industries-to-confront-capitalism-and-defend-life-and-territories/

[7] http://wrm.org.uy/pt/files/2014/11/Chamado-COP-Lima_NoREDD.pdf

<<<<

Fonte: PRAVDA.ru

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‘Temos que agir já’, diz Ban Ki-moon na abertura ministerial da COP 20 (G1)

PUBLICADO  09 DEZEMBRO 2014.

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O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, discursa na COP 20, em Lima (Foto: Reprodução/UNFCCC)

Secretário-geral da ONU discursou na Cúpula sobre mudanças climáticas. Objetivo é obter prévia de acordo global para conter temperatura maior.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, pediu que os países desenvolvidos e outros mais ricos se apressem para apresentar metas de redução de gases-estufa e outros planos voltados à adaptação à mudança climática no primeiro trimestre de 2015.

O pedido foi feito na abertura do Segmento de Alto Nível da Conferência do Clima da ONU, a COP 20, que segue até a próxima sexta (12) em Lima, no Peru.

Segundo ele, a “janela de oportunidade está se fechando rapidamente e todos os países têm que fazer parte dessa questão”. “Temos que agir já. Não é um momento de dúvidas, mas de transformação”, complementou.

O fim de março já era previsto como data final para a entrega das Contribuições Intencionais Nacionais Determinadas (INDCs, na sigla em inglês), mas a própria comissária da ONU para o clima, Christiana Figueres, já trabalha em um possível adiamento.

O governo brasileiro deve entregar suas metas nacionais após o prazo previsto. Segundo negociadores do país, ainda estão em andamento consultas à sociedade civil e aos setores da economia sobre os cortes de emissões a serem realizados pós-2020. O ano é quando o novo acordo climático entrará em vigor, obrigando a todos os governos a reduzir suas emissões. O não cumprimento da exigência das Nações Unidas pelo Brasil é criticado por organizações não governamentais.

Ainda na abertura, a secretária-executiva da ONU para o Clima, Christiana Figueres, alertou sobre qual é o legado que a população atual quer deixar. “A história não nos julgará apenas pelas toneladas de gases que lançamos na atmosfera, mas vão nos julgar também se fomos capazes de nos adaptar e criar um futuro melhor para todos. Vocês [delegados] devem criar esse futuro”, disse.

Novo encontro em junho de 2015

Durante a cerimônia foi anunciado que no fim de junho do ano que vem haverá um novo encontro de alto nível em Nova York, sede da ONU, para finalizar os últimos detalhes antes da conferência de Paris, quando será assinado o documento que criará o acordo do clima.

Em Lima, entre os principais temas que serão discutidos pelos ministros de Estado estão a questão da responsabilidade histórica das emissões (quem tem mais culpa por ter lançado os gases-estufa), a formulação de parâmetros para que os países apresentem suas metas de redução de emissões (as chamadas INDCs) e o que será feito entre 2015 e 2020 para frear lançamento de poluentes atmosféricos (Segundo Protocolo de Kyoto).

Os primeiros rascunhos dos elementos que farão parte do acordo do clima foram publicados na manhã desta segunda-feira (8).

A primeira versão não agradou muito, principalmente a parte que trata das Contribuições Intencionais Nacionais Determinadas (INDCs, na sigla em inglês). União Europeia e Estados Unidos querem que para o acordo esteja vinculada apenas a quantificação de gases a ser cortada a partir de 2020 e os planos referentes ao tema a longo prazo. A intenção vai na contramão do pedido de nações em desenvolvimento, incluindo o Brasil.

Por que tudo isso?

Segundo um painel internacional de cientistas ligado à ONU, o IPCC, é preciso diminuir entre 40% e 70% do total de gases lançados até 2050 e zerar essa taxa até 2100. Somente assim é que será possível conter o aumento da temperatura global em 2ºC até o final deste século.

Gases-estufa como o dióxido de carbono (CO2) são liberados principalmente na queima de combustíveis fósseis, mas também com o desmatamento e outras atividades humanas.

Caso isso não seja reduzido, segundo o IPCC, fenômenos extremos como secas, enchentes, degelo dos polos e aumento do nível dos mares serão mais frequentes. A temperatura média da Terra já subiu 0,85ºC com relação à era pré-industrial.

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08/12/2014 – 10h37

Observatório do Clima apresenta dados sobre emissões brasileiras na COP 20 (Observatório do Clima)

por Bruno Toledo, do Observatório do Clima

COP20 0010 1024x682 Observatório do Clima apresenta dados sobre emissões brasileiras na COP 20

Side event oficial da Conferência de Lima reúne organizações do OC para apontar trajetória histórica das emissões brasileiras, a partir das informações do Sistema de Estimativas de Emissões (SEEG). Evento também apresentou projeto para aplicar metodologia do SEEG no Peru.

Uma das principais preocupações dos negociadores presentes na Conferência do Clima de Lima, a COP 20, é garantir as condições para construir um novo regime climático que efetivamente diminua as emissões de gases do efeito estufa (GEE) em todo o mundo nas próximas décadas. O desafio não é banal: mesmo com os esforços de redução nos últimos anos, continuamos firmes numa trajetória que pode elevar a temperatura média global muito acima dos 2ºC considerados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima (IPCC) como limite para que as alterações climáticas não sejam tão profundas.

Por isso, mais importante do que ter políticas públicas em si é ter informações confiáveis e atualizadas que permitam a esses instrumentos ter a efetividade necessária na redução das emissões. Esse é o propósito do Sistema de Estimativa de Emissões de GEE (SEEG), desenvolvido pelo Observatório do Clima em 2013 para produzir estimativas anuais das emissões brasileiras em cinco setores econômicos estratégicos – mudança de uso do solo, agropecuária, energia, processos industriais, e resíduos – a partir de dados e informações confiáveis. Neste ano, além das estimativas referentes a 2013, o OC também se debruçou em mensurar as emissões desses cinco setores a partir de 1970. (Saiba mais sobre os dados apresentados pelo SEEG neste ano)

Tasso Azevedo apresenta principais dados do SEEG 2014 em side event na COP 20 Da esq. para dir.: André Ferretti, Tasso Azevedo, Loyola Escamilo, Carlos Rittl, Marina Piatto e Amintas Brandão
Para apresentar a experiência do SEEG e apresentar os dados referentes a 2013 e aos anos anteriores, o OC promoveu um side event na programação oficial da COP 20 no dia 06 de dezembro, com a participação de André Ferretti (Fundação Grupo Boticário), coordenador do OC; Carlos Rittl, secretário executivo do OC; Marina Piatto, do Imaflora; Amintas Brandão, do Imazon; Loyola Escamilo, da ONG Pronaturaleza; e Tasso Azevedo, coordenador do SEEG.

Além de apontar os resultados de 2013 e apontar a trajetória das emissões brasileiras desde 1970, o evento também serviu para lançar uma parceria importante com a Pronaturaleza, que está adaptando a metodologia do SEEG para monitorar as emissões peruanas de GEE a partir desse ano. “Nossa proposta é que outros países também encontrem no SEEG uma ferramenta para acompanhar suas próprias emissões, o que apoiará seus governos no esforço global para redução das emissões de GEE”, explica Tasso.

Os dados do SEEG peruano deverão ser publicado ainda em 2014 no portal http://www.seeg.eco/.

* Publicado originalmente no site Observatório do Clima.

(Observatório do Clima)

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08/12/2014 – 12h00

Clamor na COP 20: “Os povos indígenas somos a terra” (IPS)

por Milagros Salazar, da IPS

chica dos 629x353 Clamor na COP 20: “Os povos indígenas somos a terra”

 

Lima, Peru, 8/12/2014 – O clamor dos povos indígenas pelo reconhecimento de suas terras ancestrais ecoou entre as reuniões dos delegados de 195 países na 20ª Conferência das Partes (COP 20) da Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática. “Quero meu território ali vivo, ali como, ali estão meus santos avós”, gritou cheia de raiva a asháninka Diana Ríos.

A jovem de 21 anos é filha de Jorge Ríos, um líder indígena que foi assassinado em setembro por defender as florestas de sua comunidade Alto Tamaya-Saweto, na região Ucayali da selva peruana. Sua morte e a de outros três dirigentes da região são atribuídas por seus familiares aos cortadores ilegais de árvores. Por isso exigiram, no dia 5, nas instalações da COP 20, a titulação de suas terras.

Como os asháninkas, a demanda indígena global na conferência anual da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática (CMNUCC) se centra no reconhecimento de seus territórios, e com isso na proteção das florestas e no respeito aos conhecimentos ancestrais e direitos coletivos dos povos indígenas.

Falta entregar títulos de posse de cerca de cem milhões de hectares nos oito países da Amazônia sul-americana, segundo dados da Coordenadoria de Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (Coica). No Peru, de onde clamam sua dor as viúvas da comunidade Alto Tamaya-Saweto, ainda há 663 comunidades nativas sem títulos de propriedade, de acordo com o não governamental Instituto do Bem Comum.

A demanda pela titulação de terras está relacionada com a implantação dos projetos e programas do mecanismo de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação das Florestas (REDD) para países do Sul em desenvolvimento. Nos acordos adotados na COP 16, realizada no balneário mexicano de Cancún, em 2010, precisamente foram incluídas salvaguardas para evitar danos sociais ou ambientais nos territórios indígenas onde se desenvolve a REDD.

Na COP 20, que acontece em Lima, no Peru, as organizações indígenas exigem que os Estados parte incluam nos informes sobre as salvaguardas, que devem apresentar perante a CMNUCC, indicadores sobre biodiversidade, saúde dos povos, titulação de terras e conhecimentos ancestrais, entre outros aspectos, destacou Grace Balawag, do povo kankanaey, das Filipinas.

Esses e outros indicadores permitirão medir a participação plena dos povos originários na mitigação do aquecimento global, disse à IPS a Balawag, vice-presidente da Aliança Global dos Povos Indígenas sobre a Mudança Climática e o Desenvolvimento Sustentável. Ela pediu, junto a outros companheiros nativos, que os povos indígenas sejam incorporados nos sistemas nacionais de monitoramento florestal, já que demonstraram ser capazes de conservar suas terras graças aos seus conhecimentos ancestrais.

A Aliança participa desde 2009 das conferências internacionais sobre o tema e inclui 17 organizações indígenas de 13 países da África, América Latina e Ásia, que enfrentam diversas ameaças a seus territórios.

Em alguns casos, as comunidades indígenas sofrem o impacto das atividades extrativistas, como mineração ou petróleo, apontou à IPS Tarcila Rivera porta-voz do Enlace Continental de Mulheres Indígenas das Américas e também presidente do Centro de Culturas Indígenas do Peru (Chirapaq). Os povos originários devem enfrentar atividades ilícitas que colocam em risco a vida de suas populações, ressaltou à IPS.

Mais de 93% das atividades de mineração, petróleo, gás, exploração florestal e agricultura estão em territórios habitados por povos indígenas e comunidades locais em oito países com florestas tropicais, de acordo com a pesquisa da consultoria Projeto Muden para a Iniciativa Direitos e Recursos. Os países estudados foram Brasil, Camboja, Colômbia, Filipinas, Indonésia, Libéria, Moçambique e Peru, segundo o estudo publicado em outubro.

Tais ameaças estão relacionadas com o número de assassinatos no mundo de líderes indígenas, que lutaram pela proteção do ambiente e da terra. Entre 2002 e 2013, houve 908 assassinatos de ativistas no mundo, segundo o informe Deadly Environment (Ambiente Mortal). O Brasil é o lugar mais perigoso, com 448 do total, seguido de Honduras com 109 e Filipinas com 67.

Embora o reconhecimento dos territórios indígenas seja uma demanda global, existem diversas modalidades e estratégias cobradas por esses povos, pontuou Balawag. Em alguns países se pede a titulação de terras, como no caso peruano, em outros a delimitação das áreas ancestralmente reconhecidas, como nas Filipinas, e também há casos nos quais se exige o cumprimento de acordos assinados com os Estados por disputas territoriais, como acontece em Bangladesh.

“Se a terra não é titulada e se chega a implantar um programa de REDD, como podemos receber os benefícios? Isso está relacionado com os benefícios, mas também com nossa sobrevivência. Inclusive podemos ser desalojados pelos governos e pelas corporações privadas”, afirmou Mrinal Tripura, da organização Maleya Foundation, de Bangladesh. Ele disse à IPS que o governo de seu país não reconhece o sistema tradicional dos indígenas, e que não se sentem representados nas negociações da COP 20.

As reclamações também chegam da África. “Os povos indígenas são a terra, mas o Estado não respeita a forma tradicional como a manejamos. Por isso a titulação é a única estratégia que nos resta para que nossos territórios sejam respeitados”, afirmou à IPS o maasai Stanley Kimaren Riamit, diretor-executivo da organização Indegenous Livelihoods Enhancement Partners, do Quênia.

“Os investidores do carbono estão interessados em que, antes de investirem na REDD, haja clareza sobre a propriedade dos territórios, porque as árvores crescem na terra e a terra pertence a alguém, acrescentou Riamit. É um argumento que parece simples, mas que resulta ser uma verdade incômoda para vários Estados nas negociações da COP 20, que acontece em instalações removíveis levantadas em uma área militar do sul da capital peruana. Envolverde/IPS

(IPS)

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09/12/2014 – 04h23

Incertezas nas discussões climáticas (Greenpeace)

por Redação do Greenpeace

COP20Greenpeace Incertezas nas discussões climáticas

 

Ao final da primeira semana da COP20 é hora de fazer um balanço das negociações e avaliar o que se pode esperar dos próximos dias em que negociadores estarão reunidos.

A primeira semana da COP20 – a 20a Conferência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas – que acontece em Lima, no Peru, chegou ao fim. É hora de fazer um balanço das negociações e analisar o que ainda pode vir nos próximos quatro dias que reúnem líderes de mais de 190 países. Os textos publicados que trazem um rascunho sobre os elementos para o acordo final que deve ser assinado em Paris, em 2015, contem incertezas alarmantes em temas fundamentais como a data final para que cada país apresente suas contribuições nacionais.

Além disso, o formato destas contribuições ainda não foi definido, o que significa que não está claro como estas promessas serão feitas, de quanto em quanto tempo serão revisadas e como serão cumpridas. Ou seja, ainda haverá muitas discussões para que seja possível encontrar consenso em um acordo que de fato fará com que o mundo combata as mudanças climáticas e seus impactos.

Um exemplo é a discussão sobre florestas, onde não houve acordo sobre quais garantias países como o Brasil devem apresentar para poder ter acesso a possíveis recursos que poderiam ser usados para combater o desmatamento. A conclusão foi simples: sem acordo não há recurso disponível e, pior, o assunto pode ficar para ser discutido apenas em 2016.

“Debate-se qual o melhor termo ou palavra para entrar nos textos, ou quem tem mais razão e menos culpa, enquanto as florestas vão sendo derrubadas, aumentando a concentração de gases de efeito estufa e levando devastação e morte à biodiversidade e às pessoas que delas dependem para viver”, disse Márcio Astrini, coordenador de políticas públicas do Greenpeace Brasil.

As negociações se arrastam e eventos climáticos como o tufão Hagupit, que atinge as Filipinas e já levou à evacuação de mais de 1 milhão de pessoas, mostram que a natureza não negocia. “Os cientistas são bem claros: temos que agir com urgência, ou pagaremos um preço alto”, continuou Astrini. Os impactos das mudanças climáticas já são uma realidade, trazendo dificuldades para a produção de alimentos, acesso à água e agravamento de doenças, o que afetará principalmente populações mais pobres.

Nesta semana final, são esperados ministros e líderes de Estado para que as negociações avancem em ritmo mais acelerado. “Precisamos que os pontos nos quais ainda existem incertezas sejam clarificados. Uma das prioridades é sobre a meta de redução de emissões de carbono a zero até 2050”, disse Astrini, “é necessário acabar com o desmatamento e ter uma transição justa de energias renováveis, com o fim do uso de combustíveis fósseis. Já temos as informações do que precisamos fazer e as ferramentas necessárias, mas falta a vontade política. Vamos pressionar os países para que eles deem a resposta que o mundo precisa.”

* Publicado originalmente no site Greenpeace.

(Greenpeace)

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09/12/2014 – 05h04

Poucos avanços na primeira semana de negociações em Lima (WWF Brasil)

por Redação do WWF Brasil

abertura cop20 lima Poucos avanços na primeira semana de negociações em Lima

 

Durante a primeira semana da 20ª edição da Conferência das Partes (COP20) das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, pouco se avançou nas discussões para a elaboração do Acordo Climático Global. O evento, que teve início no dia 1º de dezembro, em Lima, reúne os representantes dos mais de 190 governos que integram a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) para discutir o papel dos países na redução das emissões dos gases de efeito estufa.

De acordo com André Nahur, coordenador do Programa de Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil, “o começo desta conferência teve sinais políticos positivos, como as metas anunciadas pelos Estados Unidos, China e União Europeia, que podem ser o primeiro passo de que é possível chegar ao final de 2015 com alvos globais estabelecidos rumo a um futuro de baixo carbono. Apesar deste sinal, a discussão sobre o caminho das ações dos países antes de 2020 ainda possui extrema relevância, pois há uma lacuna de emissões que deve ser eliminada urgentemente”.

O Brasil foi destaque nesta semana por quase ganhar o prêmio “Fóssil do Dia” na última quarta-feira (03). A premiação é realizada diariamente pelas organizações não governamentais aos países com posicionamentos não favoráveis às negociações climáticas. O país foi o segundo colocado devido a uma declaração sobre Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL), pela qual ele negou que haja dupla contagem da redução de emissões. O MDL foi criado pelo Protocolo de Kyoto para ajudar financeiramente países em desenvolvimento a cumprir seus compromissos de redução de gases do efeito estufa (GEE), por meio da implementação de projetos sustentáveis, com os quais as emissões evitadas geram créditos.

Apesar disso, Nahur afirma que o Brasil tem avançado na proposta de uma nova metodologia para o próximo acordo climático global, que pretende esfriar os ânimos na discussão que ocorre desde a assinatura do Protocolo. Chamada de Diferenciação Concêntrica, a proposta brasileira foi apresentada na quinta-feira (04) e teve boa aceitação entre as delegações, servindo como um pontapé inicial para um processo mais focado para a negociação do texto. De acordo com o documento, os países seriam divididos em três níveis, com critérios diferentes de redução de emissões. A principal dúvida gira em torno dos indicadores para a escolha da categoria de cada país.

Com a chegada dos ministros para o Segmento de Alto Nível, que ocorrerá a partir de hoje (9), a expectativa é que o ritmo das discussões acelere. Até o final desta semana, deve-se chegar ao desenho inicial de um acordo climático global – a ser finalizado em 2015 e assinado na COP21, em Paris – que obrigue as nações a cortar as emissões de gases de efeito estufa a partir de 2020. Para Nahur, “é necessário que os países avancem nesta discussão aqui em Lima, para que tenhamos claros avanços na discussão de ações efetivas antes de 2020 e de financiamento de ações de mitigação e adaptação”.

* Publicado originalmente no site WWF Brasil.

(WWF Brasil)

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09/12/2014 – 03h52

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo está em uma encruzilhada em Lima (IPS)

por Wambi Michael, da IPS

COP20 4 Mecanismo de Desenvolvimento Limpo está em uma encruzilhada em Lima

 

Lima, Peru, 9/12/2014 – O instrumento da Organização das Nações Unidas (ONU) para apoiar projetos de emissões de carbono nos países em desenvolvimento, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), está em crise devido à queda dos preços que se paga por créditos de carbono.

O MDL, encarregado das reduções certificadas de emissões (RCE), poderia colapsar porque nos últimos anos caiu a demanda dos principais compradores, países obrigados a reduzir suas emissões contaminantes no contexto do Protocolo de Kyoto, já que os objetivos de redução não aumentaram significativamente e porque houve um crescimento econômico mais lento.

Na 20ª Conferência das Partes (COP 20) da Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática  (CMNUCC), que acontece até o dia 12 em Lima, a junta executiva do MDL tenta convencer os negociadores a renovarem seus compromissos com o mecanismo, que já tem dez anos. Em entrevista à IPS, Hugh Sealy, presidente do MDL, explica porque o instrumento se complicou e quais desafios há pela frente.

IPS: Pode nos dar um panorama geral da situação do MDL?

HUGH SEALY: A perspectiva geral é que o MDL se encontra em uma encruzilhada. Os mercados colapsaram. O preço das RCE caiu para US$ 0,30, comparado com os mais de US$ 30 há cinco anos.

IPS: O que se conseguiu até o momento?

HG: O mecanismo permitiu o registro de 7.800 projetos e programas em 107 países em desenvolvimento com centenas de milhares de milhões de dólares em investimentos, que significaram 1,5 bilhão de toneladas de gases-estufa a menos liberados na atmosfera.

IPS: Qual foi o problema do MDL?

HG: A origem do problema, e é minha opinião pessoal, foi a decisão da União Europeia (UE) de 2009 (de restringir a possibilidade dos créditos internacionais e de proibi-los totalmente a partir de 2020), que entrou em vigor em 1º de janeiro de 2013. O Japão decidiu criar seu próprio sistema, a Austrália seguiu seu próprio caminho, como o Canadá, e os Estados Unidos nunca se interessaram. Se existe um sistema em que a União Europeia, como nosso maior comprador, vai excluir todas as outras unidades, então o mercado não tomará muitas delas. Foi aí que os preços começaram a cair.

IPS: Acredita que deveria ter existido um mercado regulado para as RCE?

HG: Um mercado como esse, que não é de qualquer mercadoria, teria que ter um piso, como têm outros. Mas agora o Banco Mundial diz que deveríamos criar um fundo de reserva do mercado que possa absorver o excesso de créditos. Dizem que precisariam de “US$ 3 bilhões para absorver todo o excesso, não vejo que o excesso seja um problema, mas falta de demanda. Veja todas as RCE que geramos. Temos 1,5 gigatonelada de emissões reduzidas. A diferença de emissões é de dez gigatoneladas por ano. Para mim continua havendo uma demanda radical e essencial de um sistema de mercado.

IPS: A junta executiva do MDL enfrenta o cancelamento voluntário como opção para criar demanda da RCE. Qual é a ideia por trás disso?

HG: A ideia é que qualquer um, você como meio de comunicação, eu como pessoa, uma companhia ou um governo possam comprar e cancelar RCE de imediato. Mas não sabemos que demanda teremos para o cancelamento voluntário. Mas, como junta diretora, acreditamos que é o correto. Colocar RCE à disposição para quem quiser reduzir sua pegada de carbono.

IPS: Qual seria a solução duradoura?

HG: Necessitamos uma decisão clara em Lima, e em particular em Paris (na COP 21, de 2015) sobre qual papel cabe a um mecanismo internacional sob um novo regime climático. Precisamos que as partes, em especial os países ricos, elevem sua ambição e criem mais demanda de RCE.

IPS: Quais são as consequências desse desenvolvimento para os países menos adiantados e os pequenos Estados insulares em desenvolvimento?

HG: Se fosse responsável pelo desenvolvimento de um desses países, reservaria minhas RCE. Não buscaria concretizar um acordo para comprar nesse momento. Não a US$ 0,30. Sou otimista e creio que o preço das RCE subirá. Trabalho em uma aritmética fundamental, na qual a diferença de emissões é de aproximadamente dez gigatoneladas ao ano e aumenta cada vez mais. Se os países decidirem que os mercados serão um componente vital do acordo de Paris, não vejo como o preço das RCE poderá continuar a US$ 0,30. É muito frustrante para países, como a Jamaica, que já se registraram em projetos RCE, ou da África.

IPS: Se o MDL acabasse hoje, o que perderíamos?

HG: Perderíamos dez anos de experiência e de aprender fazendo. Levou muito tempo para criar o MDL e levá-lo à etapa em que estamos agora. Não posso lhe dar um número ou um valor em dólares, mas há mais de 4.500 organizações envolvidas com ele.

IPS: O que os países podem fazer a respeito nessas negociações de Lima?

HG: Podem aumentar sua demanda de RCE antes de 2020, reconhecer o valor que o MDL agrega aos sistemas de comércio de emissões emergentes e reconhecer o valor óbvio do mecanismo para a resposta internacional à mudança climática, depois da entrada em vigor do novo acordo em 2020. É um dos instrumentos mais efetivos já criados pelos governos no contexto da CMNUCC. Impulsiona e fomenta a redução de emissões, os fundos climáticos, a transferência de tecnologia, a construção de capacidades, o desenvolvimento sustentável e a adaptação, tudo o que os próprios países pedem do novo acordo de Paris. Envolverde/IPS

(IPS)

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08/12/2014 – 02h54

A maior delegação de jovens brasileiros em COPs questiona negociadora do Itamaraty (Engajamundo)

por Dari Santos, do Engajamundo

 

LimaEngajamuno A maior delegação de jovens brasileiros em COPs questiona negociadora do Itamaraty

Começou na segunda-feira, dia 01/12/2014, em Lima – Peru a 20ª Conferência das Partes (COP20), conferência que reúne todos os países e territórios do mundo membros da ONU para discutir qual será o papel de cada um deles frente aos desafios globais para combater às Mudanças Climáticas.

Esse ano a delegação do Brasil, que é uma das maiores da conferência com mais de 300 delegados, conta com um número expressivo de jovens brasileiros. O Engajamundo possui 12 jovens acreditados para conferência e marca a história da participação da juventude em conferências internacionais de mudanças climáticas. Vale frisar que o governo brasileiro é um pioneiro no quesito inclusão da sociedade civil, já que oferece credenciamento da sociedade como parte da delegação do governo (o que garante acesso completo as salas de negociação).

A maior delegação de jovens brasileiros na história das COPs (United Nations Climate Change Conference) tem uma missão: contar as entrelinhas das negociações que decidem o futuro de todos nós, já que as mudanças climáticas é uma realidade sentida por todos, seja ela em maior ou em menor escala.

Após a primeira reunião convocada pelo Itamaraty com a delegação brasileira na COP20, os engajamunders de “primeira viagem”, ou seja, que participam da sua primeira COP vivenciaram a importância das entrelinhas. Em uma conversa informal com a negociadora brasileira Thelma Krug (a única mulher entre todos os negociadores brasileiros), pudemos perceber qual é a percepção da negociadora em assuntos essenciais no combate a mudanças climáticas.

Logo no começo da conversa questionamos sobre os acordos sobre reflorestamento que estão sendo discutidos dentro do seu âmbito de negociação, e a negociadora deixou claro que considera plantações de eucalipto transgênico como “reflorestamento”. Segunda ela, há uma dificuldade em plantar mata nativa, já que essas não resistem como os “eucaliptos clonados” as mudanças climáticas.

Não precisa ser um cientista para saber que somente plantações de eucalipto nunca assegurariam a biodiversidade que as florestas de mata nativa possuem, e quando questionada sobre isso Thelma se limitou a responder que a biodiversidade possui uma conferência específica e deve ser tratada nela. O questionamento que ficou para todos nós é: realmente temos negociado acordos que visem combater o aquecimento global de forma total e transversal ou somente estamos cumprindo o protocolo diplomático tentando maquiar ações que nada resolvem o problema como se fossem ações positivas?

Esperamos que o lado social seja colocado na mesa, que cada país lembre que muito mais do que uma negociação entre países, trata-se de um acordo que garante um futuro sustentável para todos nós, cidadãos. Que se lembrem que existe sim uma forma de conservar e garantir a existência das matas nativas, garantindo que os povos tradicionais dessa área conservem o que nós por tantos anos destruímos.

Esperamos ansiosamente por uma negociação menos técnica e mais humana.

* Publicado originalmente no site Engajamundo.

(Engajamundo)

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Lima climate change talks best chance for a generation, say upbeat diplomats (The Guardian)

Hopes rise for global warming deal after US-China carbon commitments inject much-needed momentum into Peru talks
Oxfam banner in Lima, Peru
 An Oxfam banner in Lima on Saturday before the climate change talks. Photograph: Sebastian Casta Eda/AFP/Getty Images

UN climate negotiations opening in Lima on Monday have the best chance in a generation of striking a deal on global warming, diplomats say.

After a 20-year standoff, diplomats and longtime observers of the talks say there is rising optimism that negotiators will be able to secure a deal that will commit all countries to take action against climate change.

The two weeks of talks in Peru are intended to deliver a draft text to be adopted in Paris next year that will commit countries to reduce their greenhouse gas emissions without compromising the economic development of poor countries.

Diplomats and observers of the UN climate negotiations said recent actions by the US and China had injected much-needed momentum.

“I have never felt as optimistic as I have now,” said Tony de Brum, the foreign minister of the Marshall Islands, which are sinking as sea levels rise in the Pacific. “There is an upbeat feeling on the part of everyone that first of all there is an opportunity here and that secondly, we cannot miss it.”

Beyond Lima, there is growing evidence of the dangers of climate change, and of countries’ failure to act.

The UN environment programme warned earlier this month that industrialised countries were falling short of the emissions reductions needed to prevent warming of 2C above pre-industrial levels, the goal set by world leaders. Carbon dioxide emissions are expected to reach a record high of 40bn tonnes in 2014. Meanwhile, 2014 is shaping up to be the hottest on record.

Observers, however, said there was fresh optimism surrounding the Lima talks after the US and China declared on 12 November that they would work together to cut carbon pollution.

Under the deal, China committed to cap its output of carbon pollution by 2030 or earlier and to increase its use of zero emission energy to 20% by 2030. The US agreed to reduce its emissions by between 26% and 28% from their 2005 levels by 2025.

The EU, the next biggest polluter after the US and China, earlier pledged to cut emissions by 40% from their 1990 levels by 2030.

Christiana Figueres, the UN’s top climate official, said the commitments, which have been made well in advance of a March 2015 deadline, had given the talks a boost.

“It is hugely encouraging that well ahead of next year’s first-quarter deadline, countries have already been outlining what they intend to contribute to the Paris agreement. This is also a clear sign that countries are determined to find common ground,” she said in a statement.

Todd Stern, the US state department’s climate change envoy, said the US-China deal could push other big polluters such as India, Japan, Brazil and Russia to come forward with their own post-2020 targets. That in turn boosted prospects for a good outcome in Paris.

“I think it will spur countries to come forward with their own targets,” he said. “Generally if you are holding stock in the Paris negotiations your stock went up.”

Andrew Steer, the president of the World Resources Institute, an environmental thinktank in Washington, said the US-China deal had changed the atmosphere surrounding the talks.

“There is in the air a sense of momentum,” he said. “You’ve already got commitments of about half of all the greenhouse gas emissions that need to be reduced.”

The deal likely to be done in Paris will likely be a hotchpotch of targets such as those announced by the three top carbon polluters, according to an analysis by Bloomberg New Energy Finance.

The test for Lima will be the degree to which negotiators can corral those separate action plans from up to 190 countries into a single agreement.

If the talks are to succeed, they will have to come up with a draft text that outlines the structure of that agreement – how to ensure countries commit to deep enough cuts to limit warming to the 2C goal, and how to verify their actions.

The US is pushing for a deal that would avoid setting emissions reduction targets that are legally binding under international law, because that would set up a clash with congress.

Many developing countries, however, insist on legally binding targets. They also argue that only the industrialised countries should have to cut emissions.

The negotiators will also try to ramp up pledges for the Green Climate Fund, which was set up to help developing countries deal with climate change. So far, the fund has raised $9.7bn (£6.2bn) from 22 countries, just short of its initial $10bn target.

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JC 5079, 5 de dezembro de 2014

Dever de casa para o acordo do clima (Valor Econômico)

Artigo de Sergio Margulis e Natalie Unterstell publicado no Valor Econômico

Das trajetórias projetadas até o fim deste século, o mundo já caminha naquelas mais extremas quanto ao aumento de temperatura, o que coloca pessoas, ecossistemas e economias sob séria ameaça.

A Conferência das Partes (CoP) que está sendo realizada em Lima, no Peru, vai oferecer as bases para um novo acordo climático global, a ser adotado em Paris, em 2015. O que os cidadãos comuns querem saber é: como é que esse acordo os protegerá dos impactos da mudança climática?

Veja o texto na íntegra em: http://www.valor.com.br/opiniao/3805596/dever-de-casa-para-o-acordo-do-clima#ixzz3L23yI0GP

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JC 5079, 5 de dezembro de 2014

Acordo do clima poderá encampar proposta do Brasil (Folha de S.Paulo)

Na divisão de obrigações sugerida pelo país, grandes nações emergentes assumem maior redução de emissões

O esboço de um acordo global de reduções de emissões de gases-estufa que está em negociação na 20ª Conferência do Clima da ONU, a COP 20, no Peru, incluiu um conceito criado por diplomatas brasileiros: dividir os países em desenvolvimento em diferentes graus de responsabilidade pelo aquecimento.

Veja o texto na íntegra em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cienciasaude/198652-acordo-do-clima-podera-encampar-proposta-do-brasil.shtml

(Rafael Garcia/ Folha de S.Paulo)

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JC 5080, 8 de dezembro de 2014

COP-20 coloca foco em adaptação à mudança climática e nas verbas (Valor Econômico)

A segunda semana da conferência do clima da ONU começa com muitas pontas abertas e ainda vaga sobre o resultado final

O céu amanhece cinza todos os dias em Lima, mas quase nunca chove. Os bairros ricos da capital peruana, como San Isidro e San Borja, são muito verdes, com jardins e parques bem cuidados que se beneficiam da umidade do inverno e da irrigação automática no fim da tarde. Mas algumas estimativas dizem que a cidade pode ficar sem água em 30 anos, por conta da retração dos glaciares andinos. Como todas as partes, o Peru sofre os impactos da mudança do clima e terá que se adaptar – só que a conta está ficando cada vez mais cara.

Veja o texto na íntegra em: http://www.valor.com.br/internacional/3807634/cop-20-coloca-foco-em-adaptacao-mudanca-climatica-e-nas-verbas

(Daniela Chiaretti/Valor Econômico)

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JC 5081, 9 de dezembro de 2014

Transformação na política do clima (Valor Econômico)

Artigo de Adilson de Oliveira publicado no Valor Econômico

Após meses de negociações sigilosas, a China e os Estados Unidos anunciaram em Pequim que adotarão metas para a redução das emissões de gases para evitar os riscos de mudanças climáticas. A China comprometeu-se em elevar para 20% a parcela não poluente de sua matriz energética até 2030. Os EUA prometeram reduzir suas emissões entre 26% e 28% até 2025, substituindo fontes fósseis por fontes renováveis e acelerando a substituição do carvão por gás natural na geração de eletricidade.

Leia mais em: http://www.valor.com.br/opiniao/3809014/transformacao-na-politica-do-clima#ixzz3LPS7h6HR

(Valor Econômico)

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5081, 9 de dezembro de 2014

Economista pede acordo do clima sem sanções (Folha de S.Paulo)

Punição em caso de descumprimento inibe metas ambiciosas, afirma Nicholas Stern

Para o autor do mais importante trabalho já realizado sobre os impactos econômicos do aquecimento global, o próximo acordo para reduzir emissões de gases -estufa não precisa ter força de lei.

Veja o texto na íntegra em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cienciasaude/199228-economista-pede-acordo-do-clima-sem-sancoes.shtml

(Rafael Garcia/Folha de S.Paulo)

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JC 5082, 10 de dezembro de 2014

Avaliação de risco em obras tem de incluir clima, alerta a ONU (Valor Econômico)

Para Christiana Figueres, condições ambientais têm que determinar os investimentos em infraestrutura

A costarriquenha Christiana Figueres, a mais alta autoridade das Nações Unidas nas negociações sobre mudança do clima, acredita que a China é o país que mais está fazendo esforços no combate ao aquecimento global em comparação com EUA e União Europeia.

Veja o texto na íntegra em: http://www.valor.com.br/internacional/3810448/avaliacao-de-risco-em-obras-tem-de-incluir-clima-alerta-onu

(Daniela Chiaretti / Valor Econômico)

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JC 5082, 10 de dezembro de 2014

Brasil está ‘no fundo do poço’ em políticas para o clima (O Globo)

Entre os 58 países avaliados em relatório, país ficou na 49ª posição

Enquanto as discussões da Conferência do Clima em Lima (COP 20) começam a se acalorar, uma ducha de água fria atingiu os delegados reunidos na capital peruana. O banho veio na forma de um novo relatório, divulgado pelas ONGs Germanwatch e Climate Action Network Europe e realizado por 300 especialistas, que concluiu: nenhum país elaborou políticas públicas satisfatórias contra as mudanças climáticas. O Brasil teve um desempenho particularmente vergonhoso. Caiu 14 posições, entre as 58 nações avaliadas, atingindo o “fundo do poço”, segundo o relatório. Em 2007, chegou a figurar entre os dez melhores.

Leia mais sobre esse assunto em: http://oglobo.globo.com/sociedade/sustentabilidade/brasil-esta-no-fundo-do-poco-em-politicas-para-clima-14786238#ixzz3LUsFq36v

(Renato Grandelle / O Globo)

The fund is woefully behind its goal of mobilising $100bn a year in public and private finance by 2020.

Climate change in the news (DISCCRS)

DISCCRS News – December 9, 2014 (Nancy Rose)

NEWS

‘Green Revolution’ changes breathing of the biosphere – Science Codex – November 19, 2014 – http://www.sciencecodex.com/green_revolution_changes_breathing_of_the_biosphere-145973

Increasing greenhouse gases linked to rains over Africa thousands of years ago – NSF Press Release 14-165 – December 4, 2014 – http://www.nsf.gov/news/news_summ.jsp?cntn_id=133514&WT.mc_id=USNSF_51&WT.mc_ev=click

Only 60 years of farming left if soil degradation continues – Thomson Reuters Foundation – December 5, 2014 – http://www.trust.org/item/20141205165214-tj9dz/?source=fiOtherNews3

Lima climate talks: EU and US at odds over legally binding emissions targets – Guardian – December 2, 2014 – http://www.theguardian.com/environment/2014/dec/02/lima-climate-talks-eu-and-us-at-odds-over-legally-binding-emissions-targets

This year may be hottest on record; adds urgency to climate talks-UN – Reuters – December 3, 2014 – http://www.reuters.com/article/2014/12/03/climatechange-lima-temperatures-update-idUSL2N0

Adapting to a warmer climate could cost almost three times as much as thought, says UN report – Guardian – December 5, 2014 – http://www.theguardian.com/environment/2014/dec/05/adapting-to-a-warmer-climate-could-cost-almost-three-times-as-much-as-thought-says-un-report

China says climate aid inadequate, especially Australia – Reuters – December 4, 2014 – http://www.reuters.com/article/2014/12/04/us-climatechange-lima-china-idUSKCN0JI29A20141204

Better policy, finance needed to balance forests and farming – experts – Thomson Reuters Foundation – December 7, 2014 – http://www.trust.org/item/20141207134326-v1b7a/?source=fiOtherNews3

Climate adaptation costs soaring, funding to fall short – UN – Thomson Reuters Foundation – December 5, 2014 – http://www.trust.org/item/20141205190231-37s41/?source=fiOtherNews3

UN: climate change costs to poor underestimated – Associated Press – December 5, 2014 – http://bigstory.ap.org/article/49a444ed2b1646509f29a1f632d2e1c0/un-climate-change-costs-poor-underestimated

Rift widens among greens over burying carbon as climate fix – Reuters – December 5, 2014 – http://www.reuters.com/article/2014/12/05/us-climatechange-lima-greens-idUSKCN0JJ21R20141205

Australia named worst-performing industrial country on climate change – Guardian – December 8, 2014 – http://www.theguardian.com/environment/2014/dec/08/australia-named-worst-performing-industrial-country-on-climate-change

Green Climate Fund plans to turn on money tap in 2015 – director – Thomson Reuters Foundation – December 4, 2014 – http://www.trust.org/item/20141204232229-6wev7/?source=fiOtherNews3

Green groups urge climate fund to exclude fossils – Associated Press – December 3, 2014 ?
http://bigstory.ap.org/article/7eeaa0970a2b4adea736bc31ebed99b0/green-groups-urge-climate-fund-exclude-fossilsTN16T20141203

Liquid Light finds use for polluting CO2 gas – Guardian – December 8, 2014 – http://www.theguardian.com/technology/2014/dec/08/liquid-light-co2-greenhouse-gas-plastics-pet

Not long to wait till released CO2 turns up temperature – Climate News Network – December 7, 2014 – http://www.climatenewsnetwork.net/not-long-to-wait-till-released-co2-turns-up-temperature/

Warming reaches maximum 10 years after carbon dioxide emission – Carnegie Institution for Science Press Release (via AAAS EurekAlert) – December 2, 2014 – http://www.eurekalert.org/pub_releases/2014-12/ci-wrm120114.php

Study finds early warning signals of abrupt climate change – University of Exeter Press Release (via AAAS EurekAlert) – December 8, 2014 – http://www.eurekalert.org/pub_releases/2014-12/uoe-sfe120514.php

Warmer seas could cause faster melting of Antarctic ice leading to rising sea levels, says study – Guardian – December 5, 2014 – http://www.theguardian.com/environment/2014/dec/05/warmer-seas-could-cause-faster-melting-polar-ice-rising-sea-levels

How Scientists Unraveled the El Nino Mystery – Climate Central – December 7, 2014 – http://www.climatecentral.org/news/how-scientists-unraveled-the-el-nino-mystery-18412

The End and Beginning of the Arctic – Climate Central – December 6, 2014 – http://www.climatecentral.org/news/the-end-and-beginning-of-the-arctic-18407

Warm Water Invasion Is Fueling Striking Antarctic Ice Melt – Climate Central – December 4, 2014 – http://www.climatecentral.org/news/warm-water-invasion-fueling-striking-antarctic-ice-melt-18401

Antarctica: Heat comes from the deep – Helmholtz Centre for Ocean Research Kiel Press Release (via AAAS EurekAlert) – December 4, 2014 – http://www.eurekalert.org/pub_releases/2014-12/hcfo-ahc120114.php

Warm water undermining Antarctica’s ice shelves – New Scientist – December 4, 2014 – http://www.newscientist.com/article/dn26657-warm-water-undermining-antarcticas-ice-shelves.html#.VIY-4iiv1sQ

Hotter, weirder: How climate has changed Earth – Associated Press – December 2, 2014 – http://bigstory.ap.org/article/0ec806f3702b4b61b65f7d3de3867729/hotter-weirder-how-climate-has-changed-earth