Arquivo da tag: Direitos animais

O fim do consumo de carne chegou (New York Times)

Se você se preocupa com os trabalhadores pobres, com a justiça racial e com as mudanças climáticas, precisa parar de comer animais.

Por Jonathan Safran Foer – 21 de maio de 2020

Pig farming symbol vector image | Public domain vectors

Algum pânico é mais primitivo do que aquele causado pela ideia de prateleiras vazias nos supermercados? Algum alívio é mais primitivo do que o reconforto fornecido pelas comidas com que temos relação afetiva?

Neste período de pandemia, quase todo mundo está cozinhando mais, postando fotos e vídeos de culinária e pensando em comida em geral. A combinação de escassez de carne e a decisão do presidente Trump de abrir abatedouros, apesar dos protestos de trabalhadores ameaçados, inspirou muitos americanos a considerar o quão essencial é a carne.

É mais essencial que a vida dos trabalhadores pobres que trabalham para produzi-lo? Assim parece. Um número surpreendente de seis em cada 10 municípios que a própria Casa Branca identificou como hot spots do coronavírus abriga os mesmos matadouros que o presidente ordenou a abertura.

Em Sioux Falls, S.D., a fábrica de suínos Smithfield, que produz cerca de 5% da carne suína do país, é um dos maiores centros de contaminação de coronavírus do país. Uma fábrica da Tyson em Perry, Iowa, tinha 730 casos de coronavírus – quase 60% de seus funcionários. Em outra fábrica da Tyson, em Waterloo, Iowa, foram registrados 1.031 casos entre cerca de 2.800 trabalhadores.

Trabalhadores doentes significam o fechamento de fábricas, o que levou ao acúmulo de animais. Alguns criadores estão induzindo abortos em porcas grávidas. Outros são forçados a sacrificar seus animais, muitas vezes com gás ou atirando neles. A situação ficou tão ruim a ponto do senador Chuck Grassley, um republicano de Iowa, pedir ao governo Trump que forneça recursos de saúde mental para os produtores de suínos.

Apesar dessa terrível realidade – e dos efeitos amplamente divulgados das fazendas industriais nas terras, comunidades, animais e saúde humana dos Estados Unidos muito antes dessa pandemia – apenas cerca de metade dos americanos diz que está tentando reduzir o consumo de carne. A carne está incorporada em nossa cultura e histórias pessoais de maneiras muito importantes, desde o peru do Dia de Ação de Graças até o cachorro-quente. A carne vem com cheiros e gostos tão maravilhosos que a satisfação sentida quase se mistura com a sensação do próprio lar. E o que mais é essencial, se não o sentimento provocado pelo lar?

E, no entanto, um número crescente de pessoas sente a inevitabilidade de mudanças iminentes.

A agricultura animal agora é reconhecida como uma das principais causas do aquecimento global. De acordo com a revista The Economist, um quarto dos americanos entre 25 e 34 anos diz ser vegetariano ou vegano, o que talvez seja uma das razões pelas quais as vendas de “carnes” à base de plantas dispararam, com Impossible e Beyond Burgers disponíveis em todos os lugares, da Whole Foods a White Castle.

Nossa mão está se esticando em direção à maçaneta da porta das mudanças nos últimos anos. O Covid-19 acabou por arrombá-la.

No mínimo, nos forçou a encarar o problema. Quando se trata de um assunto tão inconveniente quanto a carne, é tentador fingir que ciência inequívoca é ativismo, encontrar consolo em exceções que não representam o panorama da indústria e falar sobre nosso mundo como se fosse teórico.

Algumas das pessoas mais conscientes que conheço encontram maneiras de não pensar nos problemas da pecuária, da mesma forma como eu encontro maneiras de evitar pensar em mudanças climáticas e desigualdade de renda, ou nos paradoxos dos meus próprios hábitos alimentares. Um dos efeitos colaterais inesperados desses meses de isolamento é que é difícil não pensar nas coisas que são essenciais para quem somos.

Não podemos proteger nosso meio ambiente enquanto continuamos a comer carne regularmente. Esta não é uma perspectiva refutável, mas um fato incontestável. Quer se tornem Whoppers ou bifes alimentados com capim, as vacas produzem uma quantidade enorme de gases de efeito estufa. Se as vacas fossem um país, elas seriam o terceiro maior emissor de gases de efeito estufa do mundo.

De acordo com o diretor de pesquisa do Projeto Drawdown – uma organização sem fins lucrativos dedicada a criar soluções para lidar com as mudanças climáticas – comer uma dieta baseada em vegetais é “a contribuição mais importante que todo indivíduo pode dar para reverter o aquecimento global”.

Os americanos de maneira geral aceitam a ciência das mudanças climáticas. A maioria dos republicanos e democratas diz que os Estados Unidos deveriam ter permanecido no acordo climático de Paris. Não precisamos de novas informações e não precisamos de novos valores. Nós só precisamos atravessar a porta das mudanças, que está aberta.

Não podemos afirmar que nos preocupamos com o tratamento dado aos animais enquanto continuamos a comer carne regularmente. O sistema agrícola em que confiamos é tecido com miséria. As galinhas modernas foram tão geneticamente modificadas que seus próprios corpos se tornaram prisões de dor, mesmo que as libertássemos de suas gaiolas. Os perus são criados para serem tão obesos que são incapazes de se reproduzir sem inseminação artificial. As vacas mães têm seus bezerros arrancados antes do desmame, resultando em sofrimento agudo que podemos ouvir em seus gemidos e medir empiricamente através do cortisol em seus corpos.

Nenhuma etiqueta ou certificação pode evitar esse tipo de crueldade. Não precisamos de nenhum ativista dos direitos dos animais apontando um dedo para nós. Não precisamos nos convencer de nada que já não saibamos. Precisamos ouvir a nós mesmos.

Não podemos proteger-nos contra pandemias enquanto continuamos a comer carne regularmente. Muita atenção foi dada aos mercados de animais silvestres, mas as fazendas industriais, especificamente as de aves, são um campo de geração de pandemias ainda mais importante. Além disso, o C.D.C. relata que três em cada quatro doenças infecciosas novas ou emergentes são zoonóticas – o resultado de nosso relacionamento ruim com animais.

É óbvio que queremos estar seguros. Nós sabemos como nos tornar mais seguros. Mas querer e conhecer não são suficientes.

Essas não são opiniões minhas ou de quem quer que seja, apesar da tendência de publicar essas informações nas seções de opinião. E as respostas para as questões mais comuns levantadas por qualquer questionamento sério da agricultura animal não são opiniões.

Não é fato que precisamos de proteína animal? Não.

Podemos viver uma vida mais longa e saudável sem ela. A maioria dos adultos americanos come aproximadamente o dobro da ingestão recomendada de proteínas – incluindo vegetarianos, que consomem 70% a mais do que precisam. Pessoas que comem dietas ricas em proteínas animais têm maior probabilidade de morrer de doenças cardíacas, diabetes e insuficiência renal. Obviamente, carne, como bolo, pode fazer parte de uma dieta saudável. Mas nenhum nutricionista recomendaria comer bolo com muita frequência.

Se deixarmos o sistema de fazendas industriais entrar em colapso, os agricultores não sofrerão? Não.

As empresas que falam em nome dos agricultores na verdade os exploram. Hoje há menos agricultores americanos do que durante a Guerra Civil, apesar da população americana ser quase 11 vezes maior. Isso não é um acidente, mas um modelo de negócios. O sonho final do complexo industrial de agricultura animal é que as “fazendas” sejam totalmente automatizadas. A transição para alimentos à base de plantas e práticas agrícolas sustentáveis ​​criaria muito mais empregos do que extinguiria.

Não aceite minha palavra. Pergunte a um agricultor se ele ou ela ficaria feliz em ver o fim da agricultura industrial.

O movimento vegetariano não é elitista? Não.

Um estudo de 2015 descobriu que uma dieta vegetariana é US $ 750 por ano mais barata que uma dieta à base de carne. Minorias raciais são desproporcionalmente vegetarianas, e são desproporcionalmente vítimas da brutalidade da agricultura industrial. Os funcionários do matadouro atualmente colocados em situação de risco devido à pandemia, para satisfazer nosso gosto por carne, são predominantemente negros. Sugerir que um modo de agricultura mais barato, mais saudável e menos explorador seja elitista é de fato uma propaganda da indústria.

Não podemos trabalhar com empresas agrícolas para melhorar o sistema alimentar? Não.

A menos que você acredite que aqueles que se tornaram poderosos através da exploração destruirão voluntariamente os veículos que lhes deram uma riqueza espetacular. A agricultura industrial é para a agricultura real o que são os monopólios criminais para o empreendedorismo. Se por um único ano o governo removesse seus US$ 38 bilhões em subsídios e auxílios e exigisse que as empresas de carne e laticínios seguissem as regras capitalistas normais, isso as destruiria para sempre. A indústria não poderia sobreviver no mercado livre.

Talvez mais do que qualquer outro alimento, a carne inspire conforto e desconforto. Isso pode dificultar a ação sobre o que sabemos e queremos. Podemos realmente deslocar a carne do centro de nossos pratos? Essa é a questão que nos leva ao limiar do impossível. Por outro lado, é inevitável.

Com o horror da pandemia nos pressionando, e o questionamento do que é, de fato, essencial, agora podemos ver a porta que sempre esteve lá. Como em um sonho em que nossas casas têm quartos desconhecidos para nós mesmos, podemos sentir que há uma maneira melhor de comer, uma vida mais próxima de nossos valores. Por outro lado, não há algo novo, mas algo que nos chama do próprio passado – um mundo em que os agricultores não eram mitos, corpos torturados não eram comida e o planeta não era a conta no final da refeição.

Uma refeição depois da outra, é hora de cruzar o limiar. Do outro lado estaremos, efetivamente, no nosso lar.

Jonathan Safran Foer é o autor de “Eating Animals” e “We Are the Weather”.

The End of Meat Is Here (New York Times)

If you care about the working poor, about racial justice, and about climate change, you have to stop eating animals.

By Jonathan Safran Foer – May 21, 2020

Credit: Jun Cen

Is any panic more primitive than the one prompted by the thought of empty grocery store shelves? Is any relief more primitive than the one provided by comfort food?

Most everyone has been doing more cooking these days, more documenting of the cooking, and more thinking about food in general. The combination of meat shortages and President Trump’s decision to order slaughterhouses open despite the protestations of endangered workers has inspired many Americans to consider just how essential meat is.

Is it more essential than the lives of the working poor who labor to produce it? It seems so. An astonishing six out of 10 counties that the White House itself identified as coronavirus hot spots are home to the very slaughterhouses the president ordered open.

In Sioux Falls, S.D., the Smithfield pork plant, which produces some 5 percent of the country’s pork, is one of the largest hot spots in the nation. A Tyson plant in Perry, Iowa, had 730 cases of the coronavirus — nearly 60 percent of its employees. At another Tyson plant, in Waterloo, Iowa, there were 1,031 reported cases among about 2,800 workers.

Sick workers mean plant shutdowns, which has led to a backlog of animals. Some farmers are injecting pregnant sows to cause abortions. Others are forced to euthanize their animals, often by gassing or shooting them. It’s gotten bad enough that Senator Chuck Grassley, an Iowa Republican, has asked the Trump administration to provide mental health resources to hog farmers.

Despite this grisly reality — and the widely reported effects of the factory-farm industry on America’s lands, communities, animals and human health long before this pandemic hit — only around half of Americans say they are trying to reduce their meat consumption. Meat is embedded in our culture and personal histories in ways that matter too much, from the Thanksgiving turkey to the ballpark hot dog. Meat comes with uniquely wonderful smells and tastes, with satisfactions that can almost feel like home itself. And what, if not the feeling of home, is essential?

And yet, an increasing number of people sense the inevitability of impending change.

Animal agriculture is now recognized as a leading cause of global warming. According to The Economist, a quarter of Americans between the ages of 25 and 34 say they are vegetarians or vegans, which is perhaps one reason sales of plant-based “meats” have skyrocketed, with Impossible and Beyond Burgers available everywhere from Whole Foods to White Castle.

Our hand has been reaching for the doorknob for the last few years. Covid-19 has kicked open the door.

At the very least it has forced us to look. When it comes to a subject as inconvenient as meat, it is tempting to pretend unambiguous science is advocacy, to find solace in exceptions that could never be scaled and to speak about our world as if it were theoretical.

Some of the most thoughtful people I know find ways not to give the problems of animal agriculture any thought, just as I find ways to avoid thinking about climate change and income inequality, not to mention the paradoxes in my own eating life. One of the unexpected side effects of these months of sheltering in place is that it’s hard not to think about the things that are essential to who we are.

Credit: Jun Cen

We cannot protect our environment while continuing to eat meat regularly. This is not a refutable perspective, but a banal truism. Whether they become Whoppers or boutique grass-fed steaks, cows produce an enormous amount of greenhouse gas. If cows were a country, they would be the third-largest greenhouse gas emitter in the world.

According to the research director of Project Drawdown — a nonprofit organization dedicated to modeling solutions to address climate change — eating a plant-based diet is “the most important contribution every individual can make to reversing global warming.”

Americans overwhelmingly accept the science of climate change. A majority of both Republicans and Democrats say that the United States should have remained in the Paris climate accord. We don’t need new information, and we don’t need new values. We only need to walk through the open door.

We cannot claim to care about the humane treatment of animals while continuing to eat meat regularly. The farming system we rely on is woven through with misery. Modern chickens have been so genetically modified that their very bodies have become prisons of pain even if we open their cages. Turkeys are bred to be so obese that they are incapable of reproducing without artificial insemination. Mother cows have their calves ripped from them before weaning, resulting in acute distress we can hear in their wails and empirically measure through the cortisol in their bodies.

No label or certification can avoid these kinds of cruelty. We don’t need any animal rights activist waving a finger at us. We don’t need to be convinced of anything we don’t already know. We need to listen to ourselves.

We cannot protect against pandemics while continuing to eat meat regularly. Much attention has been paid to wet markets, but factory farms, specifically poultry farms, are a more important breeding ground for pandemics. Further, the C.D.C. reports that three out of four new or emerging infectious diseases are zoonotic — the result of our broken relationship with animals.

It goes without saying that we want to be safe. We know how to make ourselves safer. But wanting and knowing are not enough.

These are not my or anyone’s opinions, despite a tendency to publish this information in opinion sections. And the answers to the most common responses raised by any serious questioning of animal agriculture aren’t opinions.

Don’t we need animal protein? No.

We can live longer, healthier lives without it. Most American adults eat roughly twice the recommended intake of protein — including vegetarians, who consume 70 percent more than they need. People who eat diets high in animal protein are more likely to die of heart disease, diabetes and kidney failure. Of course, meat, like cake, can be part of a healthy diet. But no sound nutritionist would recommend eating cake too often.

If we let the factory-farm system collapse, won’t farmers suffer? No.

The corporations that speak in their name while exploiting them will. There are fewer American farmers today than there were during the Civil War, despite America’s population being nearly 11 times greater. This is not an accident, but a business model. The ultimate dream of the animal-agriculture industrial complex is for “farms” to be fully automated. Transitioning toward plant-based foods and sustainable farming practices would create many more jobs than it would end.

Don’t take my word for it. Ask a farmer if he or she would be happy to see the end of factory farming.

Isn’t a movement away from meat elitist? No.

A 2015 study found that a vegetarian diet is $750 a year cheaper than a meat-based diet. People of color disproportionately self-identify as vegetarian and disproportionately are victims of factory farming’s brutality. The slaughterhouse employees currently being put at risk to satisfy our taste for meat are overwhelmingly brown and black. Suggesting that a cheaper, healthier, less exploitative way of farming is elitist is in fact a piece of industry propaganda.

Can’t we work with factory-farming corporations to improve the food system? No.

Well, unless you believe that those made powerful through exploitation will voluntarily destroy the vehicles that have granted them spectacular wealth. Factory farming is to actual farming what criminal monopolies are to entrepreneurship. If for a single year the government removed its $38-billion-plus in props and bailouts, and required meat and dairy corporations to play by normal capitalist rules, it would destroy them forever. The industry could not survive in the free market.

Perhaps more than any other food, meat inspires both comfort and discomfort. That can make it difficult to act on what we know and want. Can we really displace meat from the center of our plates? This is the question that brings us to the threshold of the impossible. On the other side is the inevitable.

With the horror of pandemic pressing from behind, and the new questioning of what is essential, we can now see the door that was always there. As in a dream where our homes have rooms unknown to our waking selves, we can sense there is a better way of eating, a life closer to our values. On the other side is not something new, but something that calls from the past — a world in which farmers were not myths, tortured bodies were not food and the planet was not the bill at the end of the meal.

One meal in front of the other, it’s time to cross the threshold. On the other side is home.

Jonathan Safran Foer is the author of “Eating Animals” and “We Are the Weather.”

The Value of a Gorilla vs. a Human (Huff Post Green)

 05/31/2016 05:11 pm ET

Bron Taylor

Author, ‘Dark Green Religion: Nature Spirituality and the Planetary Future’

2016-05-31-1464655672-641876-8973697544_4c3ba00731_oLowlandGorillaCreativeCommons.jpg

An individual gorilla is more valuable than an individual human being.

What is your response to that statement?

I have seen no such argument in response to the death of Harambe, the Western Lowland Gorilla who was shot on 28 May at the Cincinnati Zoo. Zookeepers understandably feared for the life of a child who entered his enclosure. The incident has created furor.

Mainstream media depicted the shooting as a tragic necessity because the child was at risk of grievous harm or death. Whether implicitly felt or explicitly stated, the assumption was that the life of this child was more valuable than the life of this gorilla.

This was the view of Jack Hannah, the well-known conservationist and former director of the Columbus Zoo. In a host of interviews he clearly stated that the decision to kill Harambe was an easy call because every human life is more valuable than any animal life.

For her part, the child’s mother, after insisting that she is a responsible parent, asserted on Facebook, “God protected my child until the authorities were able to get to him.” Then she thanked those who saved her son and “most importantly God for being the awsome (sic) God that he is.” She apparently believed that God had intervened, even at the price of the Gorilla’s life.

She did not explain why God did not elect to protect her son by more peaceful means, such as, by preventing him from climbing into the enclosure.

In contrast, a host of critics was outraged by the killing and what they considered the mother’s negligence.

Especially upset were animal rights proponents, who base the value of animals on emotional, or cognitive traits they are believed to share with us, or on their capacity to suffer. For them, the great apes, our closest biological cousins, have rights that deserve respect, foremost, the right to life.

But I could find no one making a reasoned argument that this gorilla’s life was more valuable than that of this human child.

Some environmental philosophers and scientists, however, contend that an individual member of an endangered species is more valuable than an individual human being. Or, as conservation biologist Reed Noss put it to me recently, the value of an individual decreases proportionately with the size of its population.

Such arguments are premised upon an understanding that the viability of a species is associated with the variety of genes in its population: With few exceptions, the greater its genetic diversity the greater will be a species’ resilience in the face of diseases or environmental threats. But the smaller the population is, the higher is the risk of extinction. Consequently, every individual matters.

So, if one starts from an ethical claim that humanity ought not drive other species off the planet, and add scientific understandings about the value of an individual organism to the viability of its species, an endangered animal such as Harambe could be considered more valuable than one that is not valuable in this way.

The argument is as worth pondering . . . and so are our reactions to it.

Our reactions to the value of humans and other animals are typically shaped by culturally deep religious roots.

Put simply, most large human civilizations have religious roots and strong constituencies, which either view humans as a special creation of God, or consider humans to have become the highest and most valuable life forms by leading meritorious past lives.

Whatever ground for felt ethical obligations toward non-human organisms there might be given such premises, when push comes to shove, human lives come first.

In contemporary environmental philosophy, such views are termed anthropocentrism or literally, human-centered ethics.

That is a nice way of putting it.

But it is really the ideology of human supremacy.

Harambe’s demise may not provide a perfect fit for considering the proposition with which I began my provocation. The Zoo had frozen semen taken from him because it is part an international consortium that understands the importance of genetic diversity for efforts to save endangered species. Moreover, Western Lowland Gorillas have more habitat and greater numbers than great apes that are on the very brink of extinction.

But Harambe may have a greater conservation legacy than his genes being posthumously passed on through an endangered species breeding program. Hopefully, this tragic event will increase public awareness of the accelerating extinction crisis and the importance of preserving habitat for wild Gorillas, and protecting endangered species in captive breeding programs.

And perhaps, this case will help those who are skeptical of the religious ideas that undergird human supremacy to leave them behind, once and for all.

It may be that corresponding conservation policies and efforts would follow is such a value transformation spreads.

Indeed, there are signs just such a transformation is under way. It can be seen in the work of Dian Fossey who risked her life and was killed while trying to protect endangered Gorillas, and as rangers are empowered by law to use lethal force against poachers. So, we have examples where the lives of endangered species are considered to be more valuable than at least some human lives.

I hope that zoos will soon, and universally, be on the leading edge of this transformation, rather than reinforcing ancient and self-serving human conceits.

Todo inocente é um fdp? (El País)

Como se mover num mundo em que se tornou impossível não enxergar o mal que se pratica

ELIANE BRUM

29 FEV 2016 – 14:44 BRT

O golfinho que pode ter morrido por desidratação tirando selfie com turistas na Argentina.

O golfinho que pode ter morrido por desidratação tirando selfie com turistas na Argentina.

Lembro uma cena do primeiro filme da trilogia Matrix, ícone do final do século 20. Os membros da resistência eram aqueles que, em algum momento, enxergaram que a vida cotidiana era só uma trama, um programa de computador, uma ilusão. A realidade era um deserto em que os rebeldes lutavam contra “as máquinas” num mundo sem beleza ou gosto. Fazia-se ali uma escolha: tomar a pílula azul ou a vermelha. Quem escolhesse a vermelha, deixaria de acreditar no mundo como nos é dado para ver e passaria a ser confrontado com a verdade da condição humana.

Na cena que aqui me interessa recordar, um traidor da resistência negocia os termos de sua rendição enquanto se delicia com um suculento filé. Ele sabe que o filé não existe de fato, que é um programa de computador que o faz ver, sentir o cheiro e o gosto da carne, mas se esbalda. Entregaria sua alma às máquinas em troca de voltar na melhor posição – rico e famoso – ao mundo das ilusões. Delataria os companheiros se a ele fosse devolvida a inocência sobre a realidade do real. Sacrifica a luta, os amigos e a ética em troca de um desejo: voltar a ser cego. Ou voltar a acreditar no filé.

A frase exata, pronunciada enquanto olha para um naco da carne espetada no garfo, é: “Eu sei que esse filé não existe. Sei que, quando o coloco na boca, a Matrix diz ao meu cérebro que ele é suculento e delicioso”. Faz uma pausa: “Depois de nove anos, sabe o que percebi? A ignorância é maravilhosa”.

Naquela época, véspera da virada do milênio, o filme deu ao público uma porta para o debate filosófico sobre o real. Tomar a pílula vermelha logo tornou-se uma metáfora para quem escolhe enxergar a Matrix – ou enxergar para além das aparências. Desde então, nestes últimos anos de corrosão acelerada das ilusões, penso que a escolha se tornou bem mais complicada.

A ilusão, que desempenhou um papel estrutural na constituição subjetiva da nossa espécie, pode já não estar ao nosso alcance

Talvez o mal-estar do nosso tempo seja o de que já não é possível escolher entre a pílula azul e a vermelha – ou entre continuar cego ou começar a enxergar o que está por trás da trama dos dias. O mal-estar se deve ao fato de que talvez já não exista a pílula azul – ou já não seja mais possível a ilusão, esta que desempenhou um papel estrutural na constituição subjetiva da nossa espécie ao longo dos milênios.

Se fosse um de nós o membro da resistência disposto a trair os companheiros, a negociar a rendição com as máquinas diante de um suculento filé num restaurante, aqui, agora, e não mais no final dos anos 90, o dilema poderia sofrer um deslocamento. O drama não seria enxergar o filé como filé, no sentido de poder acreditar que ele existe, assim como acreditar que o restaurante existe e que o cenário a que chamamos de mundo existe tal qual está diante dos nossos olhos.

Não. O dilema atual pode ser também este, mas só na medida em que também é outro. O drama é que acreditamos no filé, sabemos que ele existe e sabemos que é gostoso. Desejamos o filé, nos lambuzamos dele e temos prazer com ele. Ao olhar para ele, porém, não enxergamos apenas “o deserto do real”, mas algo muito mais encarnado e cada vez mais inescapável: enxergamos o boi.

É terrível enxergar o boi. E, como os mais sensíveis já descobriram, é impossível deixar de enxergá-lo. Nossa superpopulação de humanos extrapolou a lógica dos vivos, matar para comer. E impôs a escravização e a tortura cotidiana de outras espécies. Milhões de bois, galinhas e porcos nascem apenas para nos alimentar em campos de concentração aos quais damos nomes mais palatáveis. São sacrificados em holocaustos diários sem que nem mesmo tenham tido uma vida.

Animais confinados, presos, às vezes sem sequer poder se mover por uma existência inteira. Criamos profissões capazes de reconhecer em segundos se um pinto é macho ou fêmea para separar as fêmeas que viverão espremidas, muitas vezes sem conseguir sequer abrir as asas, botando ovos e depois virando bandejas no supermercado e jogar os machos para serem moídos ainda vivos no triturador de lixo. Escravidão e tortura/sacrifício e lixo, estes são os destinos que determinamos aos frangos.

Somos os nazistas das outras espécies – e produzimos holocaustos cotidianos

Somos os nazistas das outras espécies. E, se antes era possível ignorar, desqualificando a questão como algo menor ou coisa de “adoradores de alface”, a internet e a disseminação de informações tornaram impossível não enxergar o olho do boi. Ao olhar para o filé, o olho do boi nos olha de volta. O olho vidrado de quem está aterrorizado porque pressente que caminha no corredor da morte, o boi que se caga de medo enquanto é obrigado a dar o passo para o sacrifício, o boi que tenta escapar, mas não encontra saída. O olho do boi alcança até gente como eu, que pode ser colocada na categoria “adoradores de churrasco”.

A publicidade do século 20 perdeu a ressonância em tempos de internet. Porque a ilusão já não é possível. Nada era mais puro do que o leite branco tirado de uma vaquinha no pasto. Era fácil acreditar na imagem bucólica do alimento saudável. Nosso leite vinha do paraíso, de nosso passado rural perdido, da vida nos bosques de Walden. Assim como a longa série de produtos dele originados, como queijo, iogurte e manteiga.

Mas a vaca da imagem não existe. A real é a vaca que nasce em cativeiro, filha de outra escrava. A vaca que quase não se move, cuja existência consiste numa longa série de estupros por instrumentos que se enfiam pelo seu corpo para fecundá-la com o sêmen de outro escravo. Então ela engravida e engravida e engravida de bezerros que dela serão sequestrados para virar filés, para que suas tetas sigam dando leite delas tirados por outras máquinas. E, como sabemos disso, o leite que chega à nossa mesa já não pode mais ser branco, mas vermelho do horror da vaca cujo corpo virou um objeto, a vaca para quem cada dia é tortura, estupro e escravidão.

Para não beber sangue procuramos nas prateleiras leites à base de vegetais. Vegetais não gritam. Soja, apenas um dos tantos exemplos. Bifes de soja, hambúrgueres de soja, linguiças de soja, leite de soja. Mas como ignorar o desmatamento, a destruição de ecossistemas inteiros e com eles toda a vida que lá havia? Como ignorar que a soja pode ter sido plantada em terra indígena e que, enquanto ela vira mercadoria no supermercado, jovens Guarani Kaiowá se enforcam porque já não sabem como viver? Já não é possível fingir que não enxergamos isso. Assim, nem os veganos mais radicais podem se salvar do pecado original.

Os mais sensíveis sentem a textura de suas roupas e sabem que são costuradas com carne humana

Olhamos para nossas roupas e horrorizados sabemos que em algum lugar da linha globalizada de produção há nelas o sangue de crianças, homens e mulheres em regime de trabalho análogo à escravidão. Como o casal que morreu abraçado na fábrica de Bangladesh, gerando a fotografia que comoveu o mundo mas não eliminou o horror que seguiu em escala industrial. Ou mesmo de um imigrante boliviano enfiado num quarto insalubre trabalhando horas e horas por quase nada bem aqui ao lado. Mas os mais sensíveis sentem a textura de suas roupas e sabem que são costuradas com carne humana. E já não sabem como vesti-las. Nem sabem como dar brinquedos para seus filhos porque sabem que os bonecos, os carrinhos, os castelos e os dinossauros contêm neles o sangue das crianças sem infância, ou o de suas mães e pais.

Já não é possível levar crianças a zoológicos ou aquários porque sabemos que a única educação próxima da verdade que receberiam ali é a do horror a que os animais são submetidos para serem exibidos, por melhor que seja a imitação de seu habitat. Lembro uma reportagem que fui fazer num zoológico, planejada para ser divertida, e só pude contar, entre outros horrores, que o babuíno chamado Beto era mantido à custa de Valium, para evitar que arrancasse pedaços do próprio corpo. Mesmo dopado jogava-se contra as grades, atirava fezes nos visitantes e espancava a companheira. Pinky, a elefanta, vivia só. Seus dois companheiros tinham morrido ao cair no fosso tentando escapar do cativeiro. Sabemos hoje que os golfinhos e as baleias dos shows acrobáticos são escravos brutalizados para servir de entretenimento a humanos. E, desde que sabemos, aqueles que gozam com esses espetáculos de morte podem se descobrir não mais como famílias felizes num momento de lazer, como nas imagens dos folhetos publicitários, mas como hordas de sádicos.

No simples ato de acender a luz já existe a consciência de que estamos destruindo o mundo de alguém e de que nada mais será simples. Neste momento, para ficar apenas num exemplo, dezenas de milhares já perderam suas casas no rio Xingu, na Amazônia, para a operação da Hidrelétrica de Belo Monte. Povos indígenas que vivem na região atingida já não conseguem suportar o aumento exponencial de mosquitos desde que o lago da usina começou a encher, alterando o ecossistema e dizimando culturas, no que já foi denunciado pelo Ministério Público Federal como etnocídio. Os impactos mal começaram e, em menos de três meses, mais de 16 toneladas de peixes morreram. E talvez também esteja chegando ao fim o tempo em que ainda é aceitável contar vidas por toneladas, mesmo que seja a vida de peixes. Ou a morte de peixes. Um dedo no interruptor e uma cadeia de mortes. E agora também já sabemos disso.

Ao pedir um café e um pão com manteiga na padaria, nos implicamos numa cadeia de horrores

O tempo das ilusões acabou. Nenhum ato do nosso cotidiano é inocente. Ao pedir um café e um pão com manteiga na padaria, nos implicamos numa cadeia de horrores causados a animais e a humanos envolvidos na produção. Cada ato banal implica uma escolha ética – e também uma escolha política.

A descrição das atrocidades que cometemos rotineiramente pode aqui seguir por milhares de caracteres. Comemos, vestimos, nos entretemos, transportamos e nos transportamos à custa da escravidão, da tortura e do sacrifício de outras espécies e também dos mais frágeis da nossa própria espécie. Somos o que de pior aconteceu ao planeta e a todos que o habitam. A mudança climática já anuncia que não apenas tememos a catástrofe, mas nos tornamos a catástrofe. Desta vez, não só para todos os outros, mas também para nós mesmos.

Já não é possível a pílula azul – ou já não é possível à adesão às ilusões. Há várias implicações profundas numa época em que o conhecimento não liberta, mas condena. A começar, talvez, pela pergunta: quem é o inocente num mundo em que a inocência já não é possível? Seria o inocente o pior humano de todos? Seria o inocente um psicopata?

O que seremos nós, subjetivamente, agora que estamos condenados a enxergar? As redes sociais têm nos dado algumas pistas. O que a internet fez foi arrancar da humanidade as ilusões sobre si mesma. O cotidiano nas redes sociais nos mostrou a verdade que sempre esteve lá, mas era protegida – ou mediada – pelo mundo das aparências. Sobre isso já escrevi um artigo, chamado A boçalidade do mal, que pode ser lido aqui. As implicações de perder este véu tão arduamente tecido são profundas e recém começam a ser investigadas. O impacto sobre a subjetividade estrutural de nossa espécie é tremendo, exatamente porque é estrutural e desabou num espaço de tempo muito curto, quase num soluço.

Já não é mais possível pensar apenas em humanos quando se aborda o tema dos direitos

O que faremos diante da impossibilidade da pílula azul, a que garantia as ilusões? A ridicularização daqueles que levantam esse tema ainda é um caminho, mas convencem menos que no passado. Também a piada se torna anacrônica. As interrogações vêm mudando, e já não é possível afirmar, sem revelar considerável ignorância, inclusive sobre a ciência produzida, que os animais não têm vida mental nem emocional, são “irracionais”. Ou, lembrando um argumento religioso, “que não têm alma”. Toda a ideologia que um dia justificou a escravidão de humanos, até que foi questionada, derrubada e transformada numa mancha de crime e vergonha na história da humanidade, passou a ser confrontada também com relação aos animais.

Cada vez mais as outras espécies começam a ser vistas como diferentes – e não mais como inferiores. Assim, o que se coloca no campo da ética são questões fascinantes e muito mais espinhosas. Mesmo o termo “direitos humanos” passa a ser questionável, porque pensar apenas em “humanos” já não é mais possível. No momento em que nos tornamos a própria definição de catástrofe, o conceito de “espécie”, em sua expressão cultural, se desloca. Outras formas de compreender e nomear o lugar dos humanos ganham espaço no horizonte filosófico e no exercício da política.

Resta o cinismo, sempre o último reduto. Dizer que, diante de mais de 7 bilhões de seres humanos ocupando o planeta e crescendo, não há outra maneira a não ser comer e vestir exploração, escravidão e tortura é a afirmação mais óbvia. É a afirmação expandida usada para todas as desigualdades de direitos. Desde que não seja eu – ou os meus – os sacrificados, tudo bem.

Vale a pena dedicar um parágrafo aos cínicos, essa categoria que prolifera com o ímpeto de um Aedes aegypti no Brasil e no mundo. O cínico é aquele que olha com calculado enfado para todos os outros, porque ele acredita que entende o mundo como ele de fato é. Ele é o que sabe das coisas, o único esperto. Todos os outros são tolinhos com ideias irreais. O cínico é aquele que deixa o mundo como está. Mas talvez, neste momento, o cínico seja justamente o inocente. Sua inocência consiste em acreditar que a pílula azul ainda está disponível.

Como ser ético num mundo sem ilusões, em que cada ato implica na tortura e no sacrifício de um outro?

Há um preço para enxergar e, mesmo assim, assumir o extermínio cotidiano como dado, como parte intrínseca da condição de ser um humano. Nem toda a crescente gourmetização da comida, nem todas as narrativas ficcionais que contam uma história idílica sobre a origem daquele produto, nada ocultará esse preço. E nada reduzirá seu impacto subjetivo. Não é fácil viver na pele do algoz. Não é simples viver sabendo-se. Aquele que se olha no espelho e se enxerga carregará essa autoimagem consigo. E se tornará algo que já não é mais o mesmo.

Há uma imagem recente que pode dar algumas pistas sobre esse caminho. Numa praia da Argentina, um golfinho foi carregado por turistas. Alguns dizem que ainda estava vivo, outros que já estava morto. Vivo ou morto, os turistas preocuparam-se apenas com tirar selfies para postar nas redes sociais. O site de humor Sensacionalista postou: “Golfinho morre ao ser retirado do mar para turistas fazerem selfie e Deus anuncia recall do ser humano”.

Ainda assim, quem se horrorizou com a falta de horror alheia, à noite seguiu diante do olho do boi. O que fazer diante do olho do boi? Como ser ético num mundo sem ilusões, em que cada ato implica na tortura e no sacrifício de um outro, humano e não humano? Se somos os nazistas das outras espécies, quando não da mesma, aceitar que assim é não seria se tornar um Eichmann, o nazista julgado em Jerusalém que alegou apenas cumprir ordens, o homem tão banalmente ordinário que inspirou a filósofa Hannah Arendt a criar o conceito da “banalidade do mal”? Não seríamos, aos olhos do boi, todos Eichmann, justificando-nos pelo senso comum de que assim é e se faz o que é preciso para sobreviver? Se sim, o que implica viver assumidamente nesta pele?

Talvez estejamos, como espécie que se pensa, diante de um dos maiores dilemas éticos da nossa história. Sem poder optar pela pílula azul, a das ilusões, condenados à pílula vermelha, a que nos obriga a enxergar, como construir uma escolha que volte a incluir a ética? Como não paralisar diante do espelho, reduzidos ou ao horror ou ao cinismo, eliminando a possibilidade de transformação? Como nos mover?

Diante do filé que desejamos e do olho boi que nos interroga, há pelo menos uma hipótese cada vez mais forte: o inocente é um assassino.

Uma década de avanços em biotecnologia (Folha de S.Paulo)

11 de fevereiro de 2016

Lei de Biossegurança completa 10 anos dialogando com as mais recentes descobertas da ciência

Walter Colli – Instituto de Química, Universidade de São Paulo

Ao longo de 2015, uma silenciosa revolução biotecnológica aconteceu no Brasil. Neste ano a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) analisou e aprovou um número recorde de tecnologias aplicáveis à agricultura, medicina e produção de energia. O trabalho criterioso dos membros da CTNBio avaliou como seguros para a saúde humana e animal e para o ambiente 19 novos transgênicos, dentre os quais 13 plantas, três vacinas e três microrganismos ou derivados.

A CTNBio, priorizando o rigor nas análises de biossegurança e atenta às necessidades de produzir alimentos de maneira mais sustentável aprovou, no ano passado, variedades de soja, milho e algodão tolerantes a herbicidas com diferentes métodos de ação. Isso permitirá que as sementes desenvolvam todo seu potencial e que os produtores brasileiros tenham mais uma opção para a rotação de tecnologias no manejo de plantas daninhas. Sem essa ferramenta tecnológica, os agricultores ficariam reféns das limitações impostas pelas plantas invasoras. As tecnologias de resistência a insetos proporcionam benefícios semelhantes.

Na área da saúde, a revolução diz respeito aos métodos de combate a doenças que são endêmicas das regiões tropicais. Mais uma vez, mostrando-se parceira da sociedade, a CTNBio avaliou a biossegurança de duas vacinas recombinantes contra a Dengue em regime de urgência e deu parecer favorável a elas. Soma-se a estes esforços a aprovação do Aedes aegypti transgênico. O mosquito geneticamente modificado aprovado em 2014 tem se mostrado um aliado no combate ao inseto que, além de ser vetor da dengue, também está associado a casos de transmissão dos vírus Zika, Chikungunya e da febre amarela.

Nos últimos 10 anos, até o momento, o advento da nova CTNBio pela Lei 11.105 de 2005 – a Lei de Biossegurança – proporcionou a aprovação comercial de 82 Organismos Geneticamente Modificados (OGM): 52 eventos em plantas; 20 vacinas veterinárias; 7 microrganismos; 1 mosquito Aedes aegypti; e 2 vacinas para uso humano contra a Dengue. Essas liberações comerciais são a maior prova de que o Brasil lança mão da inovação para encontrar soluções para os desafios da contemporaneidade.

Entretanto, é necessário enfatizar que assuntos não relacionados com Ciência também se colocaram, como em anos anteriores, no caminho do desenvolvimento da biotecnologia em 2015. Manifestantes anti-ciência invadiram laboratórios e destruíram sete anos de pesquisas com plantas transgênicas de eucalipto e grupos anti-OGM chegaram a interromper reuniões da CTNBio, pondo abaixo portas com ações truculentas. Diversas inverdades foram publicadas na tentativa de colocar em dúvida a segurança e as contribuições que a transgenia vem dando para a sociedade. A ação desses grupos preocupa, pois, se sua ideologia for vitoriosa, tanto o progresso científico quanto o PIB brasileiros ficarão irreversivelmente prejudicados.

Hoje, a nossa Lei de Biossegurança é tida internacionalmente como um modelo de equilíbrio entre o rigor nas análises técnicas e a previsibilidade institucional necessária para haver o investimento. O reconhecimento global, o diálogo com a sociedade e a legitimidade dos critérios técnicos mostram que esses 10 anos são apenas o início de uma longa história de desenvolvimento e inovação no Brasil.

Animals, Humans, and Forms of Life (Engagement)

Ship-Of-Theseus-Hindi-MovieStill from the “Ship of Theseus” (2012)

By Maya Ratnam, Johns Hopkins University §

In what ways do we humans share lives with nonhuman animals? What are our ethical commitments towards them? What kinds of moral worlds is it possible for humans and nonhumans to cohabit? These questions have preoccupied not just moral philosophers but also anthropologists working in diverse ecological and socio-political milieus. While debates in philosophy engage in such complicated questions as our duties with respect to animals and their rights in respect to us, anthropologists have tended to focus more on actual local worlds in which humans share lives with nonhuman others—animals, plants, microorganisms and spirit beings. While an older anthropology explored our kinship with nonhuman others in the form of debates on totemism, sacrifice and animism, sub-fields such as “ecological” anthropology locate these questions in the nature-culture interface. The more recent, “ontological” turn attempts a radical unsettling of the epistemological certainties of “Western” social science by dwelling in spaces of trans-species engagements and encounters. Dreaming dogs (Kohn 2007), caribou that give themselves to their hunters (Willerslev 2007), jaguar spirit masters (Nadasdy 2007)— these all invite journeying into worlds where human uniqueness cannot be assumed. These are not merely quaint, alternative cosmologies where people “believe” certain things about nonhuman personhood, they are spaces in which humanness is not taken for granted as the property of some and denied to others (those who do not possess language or tool-use or souls); humanness is, instead, a task to be achieved in spaces of shared encounter and habitation. By no means are these spaces, often ecological niches such as forests or mountains or deserts, inhabited on equal terms. But they are frequently worlds in which the stakes of the nonhuman in sustaining or threatening the life of a human community is explicitly acknowledged.

In contrast, modern, post-industrial societies have largely invisibilized animals from everyday social worlds. Contact between animals and humans only takes place in highly regulated situations; as pets, for instance, in zoos, sanctuaries and theme parks or in laboratories and stockyards, where they are bred for human use and overuse. As spaces of real freedom for animals decline and they come more and more under human stewardship, the problem of humans’ ethical responsibilities towards them, and their rights with respect to us is named, if not resolved, by the term “animal rights.” The requirement for a new conceptual vocabulary to address the complex ethical and political implications of human-animal entanglements in diverse conditions has led to the emergence of the hybrid, boundary-crossing field of animal studies spanning disciplines as diverse as cognitive ethology, field ecology behavioral psychology, philosophy, literary studies and biological and social anthropology.

In this context, a recent set of essays, framed as philosophical responses to the writings of novelist J.M. Coetzee, addresses these issues from a rather singular vantage point. My aim in this brief essay is to bring these essays into conversation with certain Indian materials— a film, to be specific, that also deals with similar themes.

Cover art for Coetzee's "Elizabeth Costello" (2003)
Cover art for Coetzee’s “Elizabeth Costello” (2003)

In 1997, novelist J.M. Coetzee introduced his eponymous character Elizabeth Costello on the occasion of the Tanner Lectures at Princeton University; while ostensibly dealing with philosophical themes, his lectures deviated from convention in that they took the form of a fictional Australian author, Elizabeth Costello, delivering two lectures to an American university audience. The two lectures, entitled “The Lives of Animals,” were subsequently published as a volume with a set of commentaries, and also in a novel by Coetzee, titled “Elizabeth Costello.” Rather like the question of the animal itself, Costello’s is a presence that jars, haunts and discomfits. The character is that of an aging novelist who is invited to give a lecture at the liberal arts college where her son also teaches. Instead of delivering the lecture expected of her, Costello, rather like Coetzee himself, delivers a lecture on what her son calls “a hobbyhorse of hers”—the status of animals. The content and tone of the two lectures delivered by Costello are far from the works for which she is famous, and signal her own alienation from her younger self and the world around her. Costello likens herself to Kafka’s Red Peter, who performs for the academy. Almost immediately, she polarizes her listeners by likening the contemporary mass killing of animals in slaughterhouses, stockyards and laboratories to the concentration camps of Nazi Germany. In order for life to go on in areas surrounding the camps, there must have been, Costello argues, a certain willful misrecognition on the part of those living there. A sort of not-knowing that replaced a full acknowledgement of the horrors that went on around them. In order for people to live with what was being done around them, it was necessary for them not to know. We are now accustomed in our rhetoric, says Costello, “to think of Germans of a particular generation..as standing a little outside of humanity…[t]hey lost their humanity, in our eyes because of a certain willed ignorance on their part” (Coetzee 1999:20). The very normalization of brutality that now, today, makes us feel that a whole generation was tainted by it, is akin to what continues to happen in the case of our non-response to the plight of animals, says Costello. In a sense then, it is possible to go through the pleasant streets of a nice town, by agreeing to not know that possibly, quite nearby, there are abattoirs and factory farms. This not knowing is of a very specific kind and it points to an aspect of knowing that the philosopher Stanley Cavell calls “acknowledgement.” It refers to situations where knowing, as a mode of relating to the world, fails. It only reinscribes our separateness from the world and our lack of fit with the world. It is not-knowing in relation to this special sense of knowing that Costello refers to.

Costello’s words, which do not take the conventional form of prescriptions or arguments for the better treatment of animals, are jarring, and succeed in losing her audience. Her son is embarrassed, and so are her hosts. People take offense at her comparison of the situation of animals with the holocaust.

Costello declines to speak in the voice of reason. Reason, she says, is better available in the words of countless philosophers from Augustine to Aquinas, Porphyry to Plato. The audience doesn’t need her to repeat their words. Reason is also what has systematically been used to distance humans not just from other living beings but from our own organic life. Reason is what argues for an unbridgeable gap between human experience and nonhuman experience, that renders each inaccessible to the other. She prefers, she says, the voice of poetry, which allows for us to just experience in embodied form, both joy and suffering, to just be. Poetry, in the language available to Costello, is a much more likely country from which to experience animal life and our own animality. Costello’s speech does not take the form of propositional argument or of a polemic— pro or anti vegetarianism, in favor of or against laboratory testing, for instance. These arguments stem from a point where the place of the animal in our world is settled. Instead, Costello, or the figure of Costello, pressures us to be unsettled, asks us to allow the animal to mark us. She does this at various points in her speech by drawing attention to her own body: she likens herself to an animal, to Kafka’s ape, to a corpse. Therefore, when she fields sharp questions from her audience— are you saying we should give up meat?— her answers fail to convince, because she is not speaking from a place of rationality, she is speaking from a place of madness. Later, at the polite dinner given in her honor, when a guest professes “great respect,” for vegetarianism as a way of life, Costello says- “I’m wearing leather shoes…I’m carrying a leather purse. I wouldn’t have overmuch respect if I were you” (Coetzee 1999:43).

By way of this comment, Costello draws attention to the specificity of the human animals’ form of life— we can be marked by animal suffering and also not be marked by it, we can distance ourselves not just from other animals, but also from our own animality, and from other humans who are regarded as somehow “not quite human.”

It is impossible to do justice to all the nuances of Coetzee’s brilliant text in the space of this brief essay— but one further remark must be made. Coetzee, through Costello, is also making a particular kind of claim about language, particularly human language—not as something that separates us and elevates us beyond the plane of nonhuman animals, but as something that exposes us, in all our vulnerability, to the world. This point has been brilliantly explored in a set of essays titled “Philosophy and Animal Life” that try to respond, in a philosophical voice, to Coetzee’s genre-bending text (and the set of essays that accompanies “The Lives of Animals”). Of these, the response by Cora Diamond stands out for its stunning appreciation of the Costello pieces as not merely putting forth a case for animal rights in an imaginative and literary way, in which the figure of Costello is a mouthpiece for Coetzee’s views on our ethical responsibilities to animals. Instead, Diamond suggests that there are two ways to read the lectures— one is to read them as grappling with the ethical issue of how to treat animals. Another is to see them as being centrally about a wounded woman, a wounded animal. The statement about the holocaust, which so polarizes Costello’s audience, can be seen as an argument by analogy for our treatment of animals in the contemporary moment, or as the cry of “a wounded woman exhibiting herself as wounded through talk of the Holocaust that she knows will offend and not be understood” (Wolfe et al. 2008:50). It is really a cry of madness. This, argues Diamond, drops away totally in conventional readings of Coetzee’s text. Drawing from the work of philosopher Stanley Cavell (who also has a piece in the volume), she calls such conventional readings as instances of “deflection,” in which “we are moved from the appreciation, or attempt at appreciation, of a difficulty of reality to a philosophical or moral problem apparently in the vicinity” (Wolfe et al. 2008:57). “Our concepts, our ordinary life with our concepts pass by as if it were not there; the difficulty, if we try to see it, shoulders us out of life, is deadly chilling” (Wolfe et al. 2008:58). In other words, arguments about animals’ rights, or vegetarianism, or laboratory testing are really the limited response that human language can come up with to contain a horror that, if embraced in its fullness, would leave us with no home in our language. It is this domain of experience, which resists interpretation, which resists philosophy, that Diamond says is what the figure of Costello is “about.”

When I walk to my classes and to the library on campus everyday, the possible use of animals in medical and scientific research in unseen underground laboratories around me does not unhinge me. In fact, I hardly think about it. This is not the same as not knowing about it. It is a special kind of unknowing where I do not allow the knowledge to mark me. For, if it did, I would not be able to take another step. In a sense then, this dulling of our response to the pain of the other is also what marks the human form of life, enables it to carry on and protect itself. But then, is it human anymore? The response to this “difficulty of reality” cannot take the form— but, animal research is necessary for… – for then the problem has already been displaced to another register. That is what Diamond refers to as the “difficulty of philosophy,” of doing philosophy when philosophy has in a sense, become impossible. It is this potential of the everyday around us to carry horrors that throw us into skeptical doubt that has been a running theme in the work of Stanley Cavell, and which Diamond explores fully in her essay, “The Difficulty of Reality and the Difficulty of Philosophy.”

At this point, I find that my thoughts and words have, of themselves, led me to the example I was proposing to discuss to amplify this “difficulty of reality” outlined above. My example consists of a film, “Ship of Theseus,” written and directed by an Indian filmmaker, Anand Gandhi, which premiered at the 2012 Toronto International Film Festival to much critical acclaim. I discuss the film as an ethnographic vignette, that is, as a voice from a particular culture that speaks to global concerns. The title of the film is a reference to the paradox of whether an object restored with the dismembered parts of its former self is still the same object. The film itself tracks three individuals in present-day Mumbai— a young woman photographer from Egypt, an ailing monk, and a young stockbroker. All three are in need of vital organs, and only come together at the very end of the film at an event organized by the NGO that facilitates organ donation. The film has received much praise for being a somewhat unique venture within the general climate of popular Indian cinema, unabashedly dealing with weighty, cerebral themes. It has also been sneered at for the apparent pretentiousness of its “philosophy”— encapsulated in snippets of ponderous dialogue. I find the film intriguing for the simple reason that it explicitly deals with the question of animal suffering, a theme that has rarely found any place in the popular cinema of any part of the world, and offers a brief glimpse into the marginal spaces that animals occupy in the life of a bustling mega-city. The second segment of the three-part film, which is the one that this essay takes up for discussion, centers on Maitreya, a monk belonging to a sect practicing extreme nonviolence, who is portrayed as being an intelligent, scientifically-oriented, articulate man. Maitreya is actively involved with animal rights causes, but unlike Coetzee’s Costello, believes that reason and not sentiment should form the basis for animal rights campaigns. In the course of long, barefoot walks around the city, he engages a skeptical youngster who challenges him on his “extreme” views. Significantly for the film, Maitreya rejects for a long time, the medication that will prepare his body to undergo a liver transplant on the grounds that it has been tested on animals. Scenes of his progressing ailment are interspersed with montages of him attending a court case where animal rights groups are fighting a pharmaceutical company to give up animal testing. There are painful shots of rabbits in laboratories. Maitreya’s health deteriorates rapidly, and he ends up bedridden in a shelter, with other monks tending to his emaciated body and its discharges, over which he now has no control. At the point of delirium, when he finds the horror of his own mortality staring him in the face (the camera here pans directly into his ashen face), Maitreya collapses. Or rather, the entire structure of concepts with which he confronts the world, collapses. He is unable to embrace death and opts instead to take the medication.

ship
Neeraj Kabi as Maitreya in Anand Gandhi’s “Ship of Theseus” (2012)

Maitreya, as a figure, is an interesting foil to Costello. They are both unseated, or rather, choose to be unseated, by the treatment they see meted out to animals around them. While Costello rejects the voice of reason for its complicity in this violence—Maitreya embraces it as a way to sound sane, to reach out to people around him. He is also coming from a different tradition— though the sect that he belongs to is not named, it is perhaps easy to identify as belonging to the Jain tradition, of which ahimsa is a founding principle. But ahimsa, which does not quite translate into its commonly invoked English counterpart, nonviolence, also encompasses a very different view of the human in relation to the world than the Judaeo-Christian tradition which Costello claims as her inheritance. “We— even in Australia— belong to a civilization deeply rooted in Greek and Judeo-Christian religious thought. We may not, all of us, believe in pollution, we may not believe in sin, but we do believe in the psychic correlates” (Coetzee 1999:21). Maitreya, on the other hand, coming from a culture whose location we might call, following Homi Bhabha, “hybrid,” is able to try on different voices for size. Unlike Costello, who rejects the voice of reason and feels trapped by it, he speaks with the voice of reason in an effort to reach out to those around him. Costello presents her body—exposes—we might say, her body to her audience as a wounded, talking animal. Maitreya’s body is equally “unreasonable,” but it is already a body immersed in a long tradition of practicing kinship with all organic life as an ethics of the self. Maitreya takes on his body, his organic being, as a vehicle for a practice of the self, not as Costello does, as a wound and a rebuke that alienates her from her fellow humans. Costello’s state of being resonates with a comment made by Veena Das in her reading of Wittgenstein— that “claims to one’s culture rest on one’s being able to find a voice within it both as a gift and also as a rebuke.” Oddly enough, given that he is a monk, Maitreya is much less unsettled in his world than Costello is in hers. His response to the suffering of nonhuman others, as embodied as Costello’s, does not result in paralysis; he does what is possible for him to do, or rather, what is available to him from within the tools of his culture. He picks a worm up from the floor where it can be crushed underfoot and places it on a leaf. He refuses to consume medicines tested on animals. He walks to the courthouse daily, barefoot, to follow the trial. He argues his point of view in a reasoned and cogent manner. He gives us a glimpse of what it might mean to live and exist in the face of what Diamond calls “the difficulty of reality.” But, in the final reckoning, when confronted with his death, the end of his physical being, he retreats. This is not a fall from grace, or a state of grace, as Costello feels her existence undoubtedly is, but an acknowledgement of his humanness and its limits. For Costello, this means constantly living a life in which she is “shouldered out” from the acceptable speech of those around her; she can only inhabit a place of madness. Maitreya’s culture is able to absorb him.

I find the film useful for anthropological thinking. The many emerging anthropologies of trans-species encounters are, after all, concerned with the problem of the humanness of the animal other. In many non-western ontologies, personhood as a state of being is not limited to humans. This view most often finds expression in the idea that the manifest form of each species is a mere envelope (a form of “clothing”) that is variable, and houses an internal essence or substance or soul which is unvarying. It is this knowledge of possession of an unvarying soul or essence that makes trans-species communication possible at all. By donning the skin of a bear, I am able to become a bear, to inhabit its “umwelt.” There is no limit, in that sense, to my capacity to become another. That is why, when these metamorphoses betray us, or we misread the signals from another being, our whole form of life is thrown into question. Because the presumption in any case is that communication across ontological domains is possible. This is the situation Eduardo Kohn describes in his remarkable essay, “How Dogs Dream: Amazonian Natures and the Politics of Transspecies Engagements” (Kohn 2007). Costello, who finds only disappointment in the languages available to her from her culture to address these sorts of questions, turns to poetry, which offers greater possibilities for sympathetic embodiment. Like all human animals, she struggles to find a home in culture and language.

Works Cited:

Coetzee, J.M. 1999. The Lives of Animals. Ed. and intro. Amy Gutman. Princeton University Press. Princeton, N.J.
Gandhi, Anand. 2012. Ship of Theseus. See trailer here
Kohn Eduardo. 2007. How Dogs Dream: Amazonian Natures and the Politics of Transspecies Engagements. American Ethnologist. Vol. 34, No. 1, pp. 3-24.
Nadasdy, Paul. 2007. The Gift in the Animal: The Ontology of Hunting and Human-Animal Sociality. American Ethnologist, Vol. 34, No. 1, (Feb., 2007), pp. 25-43.
Willerslev, R. 2007. Soul hunters: hunting, animism and personhood among the Siberian Yukaghirs. Berkeley: University of California Press.
Wolfe, Cary, Stanley Cavell, Cora Diamond, John McDowell and Ian Hacking eds. 2008. Philosophy and Animal Life.Columbia University Press. New York.


Maya Ratnam is presently a PhD candidate at the Department of Anthropology, Johns Hopkins University. She is writing her dissertation on the poetics and politics of forest-dwelling in Central India.


This post is part of our thematic series: “Multi-Species Anthropology: Becoming Human with Others

Onças recebem colar com transmissor e são monitoradas pelo Instituto Mamirauá (MCTI/Instituto Mamirauá)

Em 2015, três onças-pintadas foram capturadas pelos pesquisadores na Reserva Mamirauá, no Amazonas, e têm sua movimentação acompanhada. Os exemplares são apelidados de Pérola, Baden e Caçulão

Iniciado o ciclo da cheia, com o aumento do nível da água, na Reserva Mamirauá, no Amazonas, os pesquisadores do Instituto Mamirauá vão a campo para a campanha de captura de onças-pintadas, realizada nos meses de dezembro, janeiro e março. Em 2015, três animais foram capturados e são agora monitorados pelos pesquisadores. Os três exemplares, apelidados de Pérola, Baden e Caçulão, são adultos: uma fêmea preta (melânica) e dois machos.

A recaptura de Baden, que já havia sido capturado e monitorado durante o ano de 2014, permite aos pesquisadores acompanharem seu comportamento por um período mais longo, gerando mais informações para o estudo. De acordo com o pesquisador Emiliano Esterci Ramalho, líder do Grupo de Pesquisa em Ecologia e Conservação de Felinos na Amazônia, desde a primeira captura, em 2008, todos os animais observados possuem bom estado de saúde.

O principal objetivo do estudo é entender a ecologia da onça-pintada nas florestas inundáveis da Amazônia, buscando conhecer como as onças se movimentam e como a alteração do ambiente pelo fluxo das águas (enchente, cheia, vazante e seca) influencia seu comportamento. As capturas também permitem aos pesquisadores avaliar o estado de saúde dos espécimes e detectar quais patógenos e parasitas estão presentes na população de onças da região.

O pesquisador citou um fato inusitado observado pelo monitoramento desse ano. “O Caçulão, que é um macho bem ousado, andou e deitou em baixo das casas de uma das comunidades da Reserva Mamirauá, comeu cachorros, galinhas e um pato no período em que estávamos na região. E vimos uma interação bem interessante dele com outro macho. Marcamos o ponto em que o outro estava e, no dia seguinte, o Caçulão esteve no mesmo local”, contou.

Leia mais.

(MCTI, via Instituto Mamirauá)

http://www.mcti.gov.br/noticias/-/asset_publisher/IqV53KMvD5rY/content/oncas-recebem-colar-com-transmissor-e-sao-monitoradas-pelo-instituto-mamiraua

Ebola Is Wiping Out the World’s Gorillas (The Daily Beast)

Finbarr O’Reilly/Reuters

01.22.15

In just four decades, Ebola has wiped out one third of the world’s chimp and gorilla populations. If it continues, the results will be devastating.

While coverage of the current Ebola epidemic in West Africa remains centered on the human populations in Guinea, Sierra Leone, and Liberia, wildlife experts’ concern is mounting over the virus’ favorite victims: great apes.

Guinea, where the epidemic originated, has the largest population of chimpanzees in all of West Africa. Liberia is close behind. Central Africa is home to western lowland gorillas, the largest and most widespread of all four species. Due to forest density, the number of those infected is unknown. But with hundreds of thousands of ape casualties from Ebola, it’s doubtful they’ve escaped unscathed.

Animal activists are ramping up efforts to find an Ebola vaccine for great apes, but with inadequate international support for human research, their mission could be seen as competing with one to save humans. Experts from the Jane Goodall Institute of Canada insist such apprehension would be misplaced. Two streams of funding—one for humans, one for apes—can coexist in this epidemic, they assert, and must.

“The media was really focusing on human beings,” Sophie Muset, project manager for JGI, says. “But it has been traumatic to [the great ape] population for many years.”

Over the course of just four decades, Ebola has wiped out one third of the world’s population of chimpanzees and gorillas, which now stand at less than 300,000 and 95,000 respectively.

The first large-scale “die-offs” due to Ebola began in the late 1990s, and haven’t stopped. Over the course of just four decades, Ebola has wiped out one third of the world’s population of chimpanzees and gorillas, which now stand at less than 300,000 and 95,000 respectively. Both species are now classified as endangered by the International Union for Conservation of Nature; western gorillas are “critically” so.

One of earliest Ebola “die-offs” of great apes came in 1994, when an Ebola outbreak in Minkébé decimated the region’s entire population—once the second largest in the world. In 2002, an outbreak in the Democratic Republic of Congo wiped out 95 percent of the region’s gorilla population. And an equally brutal attack broke out in 2006, when Ebola Zaire in Gabon (the same strain as the current outbreak) left an estimated 5,000 gorillas dead.

The dwindling population of both species, combined with outside poaching threats, means Ebola poses a very real threat to their existence. To evaluate the damage thus far, the Wild Chimpanzee Foundation is conducting population assessments in West Africa, with the goal of getting a rough estimate of how many have died. Given the combined damage that Ebola has inflicted on this population, the results are likely to be troubling.

In a way, great apes are Ebola’s perfect victims. Acutely tactile mammals, their dynamic social environments revolve around intimacy with each other. Touching hands, scratching backs, hugging, kissing, and tickling, they are near constantly intertwined—giving Ebola a free ride.

In a May 2007 study from The American Naturalist, researchers studying the interactions between chimpanzees and gorillas found evidence the Ebola can even spread between the social groups. At three different sites in northern Republic of Congo, they found bacteria from gorillas and chimps on the same fruit trees. For a virus that spreads through bodily fluids, this is an ideal scenario.

“They live in groups [and] they are very close,” says Muset, who has worked with chimps on the ground in Uganda and the DRC. “Since Ebola transmission happens through body fluids, it spreads very fast.”

For gorillas in particular, this culture proves deadly, making their mortality rate for this virus closer to  95 percent. But like humans, the corpses of chimpanzees and gorillas remain contagious with Ebola for days. While the chimps and gorillas infected with Ebola will likely die in a matter of days, the virus can live on in their corpse for days—in turn, spreading to humans who eat or touch their meat.

It is one such interaction that could result in the spread from apes to humans. But in this particular outbreak, experts have zeroed in on the fruit bat (believed to be the original carrier) as the source. The index patient, a 2-year-old in Guinea, was reportedly playing on a tree with a fruit bat colony.

Whether or not a great ape was involved in the transmission of the virus to humans during this outbreak is unknown. Such an interaction is possible. Interestingly, however, it’s not the risk that great apes with Ebola pose to humans that wildlife experts find most concerning. It’s the risk that their absence poses to the wild.

Owing to a diet consisting mostly of fruit, honey, and leaves, gorillas and chimpanzees are crucial to forest life. Inadvertently distributing seeds and pollen throughout the forest, they stimulate biodiversity within it. Without them, the biodiversity of the vegetation may plummet, endangering all of the species that relied on it—and, in turn, the people that relied on them.

“They are not the only ones who act as seed dispersers,” says Muset. “But they are the big players in that field. So when [a die-off] happens, it can decimate an entire forest.”

Wildlife experts worldwide are working to raise both awareness and funds for a vaccination process. It’s a battle that she says was gaining speed last January, when a researcher announced that he had found a vaccine that could work in chimps But as the epidemic in West Africa grew, the focus shifted.

But Muset says its time to return to the project. “There is a vaccine, but it has never been tested on chimpanzees,” she says.  “Progress has been made, and preliminary testing done, but testing in the field need to happen to make it real.”

As to the question of whether it’s ethical to be searching for a vaccine for wild animals when humans are still suffering as well, Muset is honest. “For sure there is a direct competition here. But wildlife and humans have a lot of diseases in common that they can transmit from one to the other,” she says. “And I think you can think of it as two streams of funding, one to wildlife and the other to human beings.”

While it’s great apes that wildlife experts are seeking to save, human nature as a whole, Muset argues, is at stake. “If you want a healthy ecosystem, the more you have to invest in health for wildlife and humans,” she says. “Then, the better place it will be.  Because really, it all works together.”

Projeto proíbe criação de animais em confinamento (Portal do Meio Ambiente)

PUBLICADO  28 NOVEMBRO 2014. EM ANIMAIS

9753 9753b

A Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP) aprovou o projeto de lei 714/12, de autoria do deputado Feliciano Filho (PEN), que proíbe a criação de animais em sistema de confinamento.

Confinamento é o sistema de criação em que lotes de animais são colocados em piquetes ou locais com área restrita, impossibilitando-os de expressar seu comportamento natural e o pleno atendimento de suas necessidades físicas e mentais. Esse sistema de criação visa acelerar a engorda, aumentando a produtividade e diminuindo os custos do negócio.

“Esse sistema vem se intensificando em nome do ganho de produtividade. Mas ele é perverso com os animais, provocando lesões e estresse. Muitos passam a vida sem ver o sol ou a natureza. Apenas nascem, sofrem e morrem”, explica Feliciano.

Relatório da Humane Society International aponta que “o confinamento intensivo desses sistemas de produção prejudica severamente o bem-estar dos animais, pois são incapazes de se exercitar, de esticar completamente seus membros, ou de se envolver em muitos comportamentos naturais importantes. Como resultado da restrição severa desses sistemas de alojamento monótonos, os animais podem experimentar significativa e prolongadas agressões físicas e psicológicas. Além disso, extensiva evidência científica mostra que os animais confinados intensamente são frustrados, angustiados e sofredores.”

Segundo o texto, “produtividade não é sinônimo de bem-estar, igualar um ao outro não tem respaldo científico. A produtividade é muitas vezes medida em nível de grupo, o que não reflete com exatidão o bem-estar individual.”

No Brasil, as práticas mais comuns de confinamento são as gaiolas em bateria, celas de gestação e gaiolas para bezerros, utilizados, respectivamente, para galinhas poedeiras, porcas prenhes e bezerros criados para vitela.

A União Europeia, através de processos graduais, eliminou tais práticas até 2013. Nos Estados Unidos, os estados do Colorado, Arizona, Flórida, Oregon e Califórnia também têm coibido o confinamento.

Gaiolas em Bateria – As gaiolas em bateria são pequenas enclausuras de arame, que portam de 5 a 10 aves. Cada animal se restringe a um espaço médio de 430 a 550 centímetros quadrados, algo similar a uma folha de papel carta. Dessa forma, ficam impedidas de realizar seus comportamentos naturais, tornando-se inativas, em um chão estéril de gaiola. Tais restrições severas causam, além de estresse, a má condição do pé e distúrbios metabólicos como osteoporose e danos hepáticos.

Celas de Gestação – As porcas reprodutoras passam os quatro meses de prenhez nas chamadas celas de gestação, jaulas individuais com piso de concreto que medem, em geral, 0,6 x 2,1 metros. Pouco maior que o próprio animal, é tão severamente restritiva que a impede até mesmo de se virar. Os riscos desse tipo de confinamento são infecção do trato urinário, ossos enfraquecidos, claudicação e alterações comportamentais.

Gaiolas para bezerros – O confinamento intensivo de bezerros é realizado para a produção de vitela (corte de animal jovem). O animal de raça de leite é criado até 16 a 18 semanas de idade, período em que chegam a pesar cerca de 200 quilos, e destinados à indústria de carne. Somente uma pequena porcentagem é criada até a maturidade e utilizada para reprodução. Os vitelos são mantidos em gaiolas individuais com cerca de 70 centímetros de largura, amarrados na parte da frente da gaiola com uma coleira curta. Ficam com os movimentos restritos e impedidos de se deitar da maneira mais confortável às suas necessidades. A falta de exercícios regulares leva ao comprometimento do desenvolvimento ósseo e muscular, assim como à doenças nas articulações.

Cães e gatos – Em muitos canis e gatis, oficiais e clandestinos, as matrizes são mantidas confinadas em gaiolas, por toda a vida, sem receber luz do Sol e podadas da possibilidade de se mover de acordo com as necessidades anatômicas, fisiológicas, biológicas e etológicas. Muitas desenvolvem transtornos comportamentais irreversíveis.

Penalidades – O projeto de lei determina que o descumprimento das disposições será punido com pagamento de multa de 2.000 UFESP – Unidade Fiscal do Estado de São Paulo por animal (R$ 40.280,00), valor que dobrará em caso de reincidência. Poderá ainda ser realizada a apreensão do animal ou do lote, a suspensão temporária do alvará de funcionamento, assim como sua suspensão definitiva de acordo com a progressão do caso.

O projeto autoriza o Estado a reverter os valores recolhidos para custeio das ações, publicações e conscientização da população sobre guarda responsável e direitos dos animais, para instituições, abrigos ou santuários de animais, ou para programas estaduais de controle populacional ou que visem à proteção e bem-estar dos animais.

Fonte: Proteção Animal.

Disponíveis em versão português diretrizes internacionais sobre uso de animais (Jornal da Ciência)

Uma das diretrizes é melhorar o relato da investigação feita com animais

O Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA) divulgou, versão em português, as diretrizes  elaboradas pelo Centro para Substituição, Aperfeiçoamento e Redução de Animais em Pesquisa (NC3Rs, na sigla em inglês) informando como relatar, em artigos científicos, dados relevantes sobre o uso animal para fins científicos, seguindo os parâmetros internacionais.

As diretrizes ARRIVE guidelines (Animal Research: Reporting of In Vivo Experiments) foram desenvolvidas como parte de uma iniciativa do NC3Rs para melhorar o desenho, a análise e o manuscrito de investigação com animais – maximizando a informação publicada e minimizando estudos desnecessários. As diretrizes foram publicadas na revista PLOS Biology em Junho 2010 e são atualmente endossadas por revistas científicas, agências de financiamento e sociedades científicas.

Uma das diretrizes é melhorar o relato da investigação feita com animais. Outra é melhorar a comunicação das observações científicas para toda comunidade científica.

Acesse as diretrizes ARRIVE em português.

(Jornal da Ciência)

Concea abre consulta pública para guia de uso de animais (MCTI)

Sociedade pode sugerir mudanças em propostas de manuais para pesquisa e ensino com primatas e estudos clínicos fora das instalações convencionais.

O Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea) abriu nesta quinta-feira (25), ao publicar  no Diário Oficial da União (DOU), uma consulta pública de 21 dias para dois capítulos do Guia Brasileiro de Produção e Utilização de Animais para Atividades de Ensino ou Pesquisa Científica.

Aprovado por etapas, o guia em elaboração contempla tópicos destinados a aves, cães, gatos, lagomorfos (como coelhos e lebres) e roedores, entre outros grupos taxonômicos.

Os capítulos sob consulta tratam de “primatas não humanos” e “estudos clínicos conduzidos a campo”. Sugestões de mudanças nos textos devem ser detalhadas e justificadas por meio do preenchimento de formulários disponíveis na página do conselho e, então, encaminhadas ao endereço eletrônico consultapubl.concea@mcti.gov.br.

“Essa participação da sociedade é importante porque o guia será a base para a definição dos requisitos necessários para a solicitação do licenciamento de atividades de pesquisa e ensino com animais, sem o qual o uso de determinada espécie não será permitido, conforme estabelecido na Lei Arouca”, destaca o coordenador do Concea, José Mauro Granjeiro.

Os dois capítulos devem incorporar considerações da sociedade antes da 26ª Reunião Ordinária do Concea, em 26 e 27 de novembro, quando a instância colegiada planeja apreciar o conteúdo e aprovar os documentos finais, a serem publicados no DOU. Nos meses seguintes, outros trechos do guia têm previsão de passar por consulta pública, abrangendo outros grupos taxonômicos como peixes, ruminantes, equinos, suínos, répteis e anfíbios.

Também nesta quinta, foi publicada uma lista com 17 métodos para substituir ou reduzir o uso de animais em testes toxicológicos. Divididos em sete grupos, as técnicas servem para medir o potencial de irritação e corrosão da pele e dos olhos, fototoxicidade, absorção e sensibilização cutânea, toxicidade aguda e genotoxicidade.

Primatas – Com 73 páginas, o capítulo acerca de primatas não humanos aborda a relevância desse conjunto de animais em análises sobre doenças virais e pesquisas biomédicas. O texto associa a “estreita relação filogenética com o homem” à utilização para estudos comparativos em enfermidades humanas.

O guia detalha requisitos mínimos para as instalações, da estrutura física dos alojamentos às áreas de criação e experimentação, passando por condições ambientais, além de procedimentos de manejo, como alimentação adequada, higienização de gaiolas e objetos, formas de contenção física, enriquecimento ambiental e medicina preventiva. Métodos experimentais, cuidados veterinários e princípios de bem-estar animal também compõem o capítulo sobre primatas.

“De uma forma geral, independentemente da finalidade da criação de primatas, o alojamento deve ser composto por um recinto complexo e estimulante, que promova a boa saúde e o bem-estar psicológico e que forneça plena oportunidade de interação social, exercício e manifestação a uma variedade de comportamentos e habilidades inerentes à espécie”, indica o texto. “O recinto satisfatório deve fornecer aos animais um espaço suficiente para que eles mantenham seus hábitos normais de locomoção e de comportamento”.

Estudos a campo – A intenção do outro documento sob consulta pública é orientar pesquisadores e definir requisitos mínimos necessários para a condução de “estudos clínicos conduzidos a campo” – aqueles realizados fora das instalações de uso animal –, quanto a aspectos éticos ligados ao manejo e ao bem-estar das espécies.

“Considerando que uma das missões do Concea é garantir que os animais utilizados em qualquer tipo de pesquisa científica tenham sua integridade e bem-estar preservados, a condução dos estudos fora dos ambientes controlados das instalações para utilização de animais em atividades de ensino ou pesquisa devem se adequar às regras aplicáveis”, afirma o guia.

Criado em 2008, o Concea é uma instância colegiada multidisciplinar de caráter normativo, consultivo, deliberativo e recursal. Dentre as suas competências destacam-se, além do credenciamento das instituições que desenvolvam atividades no setor, a formulação de normas relativas à utilização humanitária de animais com finalidade de ensino e pesquisa científica, bem como o estabelecimento de procedimentos para instalação e funcionamento de centros de criação, de biotérios e de laboratórios de experimentação animal.

(MCTI)

Proposta proíbe uso de animais em pesquisa de produtos cosméticos (Agência Senado)

Segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Projeto de lei do Senado aguarda a designação de relator na Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática

Pode ser aprovado ainda este ano o projeto de lei do Senado (PLS 45/2014) que proíbe o uso de animais na pesquisa e no desenvolvimento de produtos cosméticos e de higiene pessoal. A proposta, de autoria do senador licenciado Alvaro Dias (PSDB-PR), aguarda a designação de relator na Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT), onde será apreciada em decisão terminativa.

O objetivo de Alvaro Dias altera a lei que estabeleceu procedimentos para o uso científico de animais (Lei 11.794/2008) para vedar “a utilização de animais na pesquisa e no desenvolvimento de produtos cosméticos e de higiene pessoal”.

De acordo com Alvaro Dias, esse tipo de proibição é “uma tendência mundial”, visto que a União Europeia já proibiu essa prática.

“Já existem diversas alternativas para avaliações de segurança nessas pesquisas, a exemplo da modelagem biológica, da modelagem computadorizada e de métodos ‘in vitro’ baseados no cultivo de células, sem a necessidade de submeter animais a procedimentos cruéis”, afirma o senador paranaense na justificação do PLS.

O PLS 45/2014 está sendo analisado em conjunto com o PLS 438/2013, do senador Valdir Raupp (PMDB-RO), que também trata do assunto. A proposta de Raupp muda a mesma lei para determinar que os testes com animais para a produção de cosméticos não são considerados como atividades de pesquisa científica.

Ao justificar seu projeto, Raupp acrescenta que também Índia, Israel e Canadá não aceitam mais testes em cobaias animais para fins cosméticos. No Brasil, informa o senador, a empresa Natura segue as diretrizes da União Europeia e não realiza testes em animais desde 2003.

“Os cosméticos apresentam uma gama maior de métodos que torna possível, em muitos casos, evitar o uso de animais. Nesse sentido, entendemos que os testes de cosméticos em animais é uma prática desnecessária, ultrapassada e notoriamente duvidosa, já que causa sofrimento considerável nos animais”, opina o senador por Rondônia.

(Agência Senado)

Working Undercover in a Slaughterhouse: an interview with Timothy Pachirat (Medium)

Timothy Pachirat, is Assistant Professor of Political Science at the University of Massachusetts Amherst and the author of Every Twelve Seconds: Industrialized Slaughter and the Politics of Sight, an ethnographic account of his undercover job in a cattle slaughterhouse. Pachirat’s book reveals the timeless human pattern of hidden violence and reluctance to awaken to unpleasant realities that we are all implicated in by the very fact of living together in society. I interviewed him in 2012 as part of my MetaHack interview series .

 

Avi Solomon: Tell us a bit about yourself.

Timothy Pachirat: I was born and raised in northeastern Thailand in a Thai-American family. In high school, I spent a year in the high desert of rural Oregon as an exchange student where I worked on a cattle ranch, farmed alfalfa, and—improbably—became a running back for the school’s football team. Since then, I’ve lived in Illinois, Indiana, Connecticut, Alabama, Nebraska, and New York City working as a builder of housing trusses, a pizza deliverer, a behavioral therapist for children diagnosed with autism, a stay-at-home-dad, a graduate student, a slaughterhouse worker, and as an assistant professor of politics.

 

Timothy Pachirat

Avi: What alerted you to the importance of doing ethnographic fieldwork?

Timothy: Like many mixed-race, mixed-culture, and mixed-language kids, I developed something of an innate ethnographic sensibility by virtue of the complex cultural terrain I grew up in. Long before I’d ever heard the word ‘ethnography,’ for example, I spent my undergraduate fall and spring breaks sleeping alongside and getting to know unhoused men and women on Lower Wacker Drive in Chicago as a way of making some sense of the vast inequalities I perceived in American society and in the world. While pursuing a Ph.D. in political science at Yale University, it seemed natural to gravitate to a research orientation that would allow me to engage bodily—as participant and as observer—with the lived experiences of people I might not otherwise ever come into contact with. I was learning a lot of fancy theories that were thrilling on paper, and I was learning some powerful techniques of statistical analysis, but only ethnography allowed me to weigh those made-in-the-academy concepts and techniques against the situated, specific, and beautifully complex lived experiences of the actual social worlds those concepts and techniques purported to describe and explain.

 

Avi: Why did you choose to go undercover in a slaughterhouse?

Timothy: I wanted to understand how massive processes of violence become normalized in modern society, and I wanted to do so from the perspective of those who work in the slaughterhouse. My hunch was that close attention to how the work of industrialized killing is performed might illuminate not only how the realities of industrialized animal slaughter are made tolerable, but also the way distance and concealment operate in analogous social processes: war executed by volunteer armies; the subcontracting of organized terror to mercenaries; and the violence underlying the manufacturing of thousands of items and components we make contact with in our everyday lives. Like its more self-evidently political analogues—the prison, the hospital, the nursing home, the psychiatric ward, the refugee camp, the detention center, the interrogation room, and the execution chamber—the modern industrialized slaughterhouse is ‘zone of confinement,’ a ‘segregated and isolated territory,’ in the words of sociologist Zygmunt Bauman, ‘Invisible,’ and ‘on the whole inaccessible to ordinary members of society.’ I worked as an entry level worker on the kill floor of an industrialized slaughterhouse in order to understand, from the perspective of those who participate directly in them, how these zones of confinement operate.

Avi: Can you tell us about the slaughterhouse you worked in?

Timothy: Because my goal was not to write an expose of a particular place, I do not name the Nebraska slaughterhouse I worked in or use real names for the people I encountered there. The slaughterhouse employs nearly eight hundred nonunionized workers, the vast majority being immigrants from Central and South America, Southeast Asia, and East Africa. It generates over $820 million annually in sales to distributors within and outside of the United States and ranks among the top handful of cattle-slaughtering facilities worldwide in volume of production. The line speed on the kill floor is approximately three hundred cattle per hour, or one every twelve seconds. In a typical workday, between twenty-two and twenty-five hundred cattle are killed there, adding up to well over ten thousand cattle killed per five-day week, or more than half a million cattle slaughtered each year.

Avi: What jobs did you end up doing there?

Timothy: My first job was as a liver hanger in the cooler. For ten hours each day, I stood in 34 degrees cold and took freshly eviscerated livers off an overhead line and hung them on carts to be chilled for packing. I was then moved to the chutes, where I drove live cattle into the knocking box where they were shot in the head with a captive bolt gun. Finally, I was promoted to a quality-control position, a job that gave me access to every part of the kill floor and made me an intermediary between the USDA federal meat inspectors and the kill floor managers.

Avi: How did you acclimatize to the work?

Timothy: Slowly and painfully. Each job came with its own set of physical, psychological, and emotional challenges. Although it was physically demanding, my main battle hanging livers in the cooler was with the unbearable monotony. Pranks, jokes, and even physical pain became ways of negotiating that monotony. Working in the chutes took me out of the sterilized environment of the cooler and forced a confrontation with the pain and fear of each individual animal as they were driven up the serpentine line into the knocking box. Working as a quality control worker forced me to master a set of technical and bureaucratic requirements even as it made me complicit in surveillance and disciplining my former coworkers on the line. Although it’s been over seven years since I left the kill floor, I am still struck by the continued emotional and psychological impacts that come from direct participation in the routinized taking of life.

Avi: How did your coworkers treat you?

Timothy: I would never have lasted more than a few days in the slaughterhouse were it not for the kindness, acceptance, and, in some cases, friendship of my fellow line workers. They showed me how to do the work, bailed me out when I screwed up, and, more importantly, taught me how to survive the work. Still, there were divisions and tensions amongst the workers based on race, gender, and job responsibilities. In addition to showing the forms of solidarity amongst the workers, my book also details these tensions and how I navigated them.

 

“Knocking” Box

Avi: Who is a “knocker”?

Timothy: The knocker is the worker who stands at the knocking box and shoots each individual animal in the head with a captive bolt steel gun. Of 121 distinct kill floor jobs that I map and describe in the book, only the knocker both sees the cattle while sentient and delivers the blow that is supposed to render them insensible. On an average day, this lone worker shoots 2,500 individual animals at a rate of one every twelve seconds.

Avi: Who else is directly involved in killing each cow?

Timothy: After the knocker shoots the cattle, they fall onto a conveyor belt where they are shackled and hoisted onto an overhead line. Hanging upside down by their hind legs, they travel through a series of ninety degree turns that take them out of the knocker’s line of sight. There, a presticker and sticker sever the carotid arteries and jugular veins. The animals then bleed out as they travel further down the overhead chain to the tail ripper, who begins the process of removing their body parts and hides. Of over 800 workers on the kill floor, only four are directly involved in the killing of the cattle and less than 20 have a line of sight to the killing.

Avi: Were you able to interview any knockers?

Timothy: I was not able to directly interview the knocker, but I spoke with many other workers about their perceptions of the knocker. There is a kind of collective mythology built up around this particular worker, a mythology that allows for an implicit moral exchange in which the knocker alone performs the work of killing, while the work of the other 800 slaughterhouse workers is morally unrelated to that killing. It is a fiction, but a convincing one: of all the workers in the slaughterhouse, only the knocker delivers the blow that begins the irreversible process of transforming the live creatures into dead ones. If you listen carefully enough to the hundreds of workers performing the 120 other jobs on the kill floor, this might be the refrain you hear: ‘Only the knocker.’ It is simple moral math: the kill floor operates with 120+1 jobs. And as long as the 1 exists, as long as there is some plausible narrative that concentrates the heaviest weight of the dirtiest work on this 1, then the other 120 kill floor workers can say, and believe it, ‘I’m not going to take part in this.’

Avi: What are the main strategies used to hide violence in the slaughterhouse?

Timothy: The first and most obvious is that the violence of industrialized killing is hidden from society at large. Over 8.5 billion animals are killed for food each year in the United States, but this killing is carried out by a small minority of largely immigrant workers who labor behind opaque walls, most often in rural, isolated locations far from urban centers. Furthermore, laws supported by the meat and livestock industries are currently under consideration in six states that criminalize the publicizing of what happens in slaughterhouses and other animal facilities without the consent of the slaughterhouse owners. Iowa’s House of Representatives, for example, forwarded a bill to the Iowa Senate last year that would make it a felony to distribute or possess video, audio, or printed material gleaned through unauthorized access to a slaughterhouse or animal facility.

Second, the slaughterhouse as a whole is divided into compartmentalized departments. The front office is isolated from the fabrication department, which is in turn isolated from the cooler, which is in turn isolated from the kill floor. It is entirely possible to spend years working in the front office, fabrication department, or cooler of an industrialized slaughterhouse that slaughters over half a million cattle per year without ever once encountering a live animal much less witnessing one being killed.

 

Cattle Kill Floor Plan

But third and most importantly, the work of killing is hidden even at the site where one might expect it to be most visible: the kill floor itself. The complex division of labor and space acts to compartmentalize and neutralize the experience of “killing work” for each of the workers on the kill floor. I’ve already mentioned the division of labor in which only a handful of workers, out of a total workforce of over 800, are directly involved in or even have a line of sight to the killing of the animals. To give another example, the kill floor is divided spatially into a clean side and a dirty side. The dirty side refers to everything that happens while the cattle’s hides are still on them and the clean side to everything that happens after the hides have been removed. Workers from the clean side are segregated from workers on the dirty side, even during food and bathroom breaks. This translates into a kind of phenomenological compartmentalization where the minority of workers who deal with the “animals” while their hides are still on are kept separate from the majority of workers who deal with the *carcasses* after their hides have been removed. In this way, the violence of turning animal into carcass is quarantined amongst the dirty side workers, and even there it is further confined by finer divisions of labor and space.

In addition to spatial and labor divisions, the use of language is another way of concealing the violence of killing. From the moment cattle are unloaded from transport trucks into the slaughterhouse’s holding pens, managers and kill floor supervisors refer to them as ‘beef.’ Although they are living, breathing, sentient beings, they have already linguistically been reduced to inanimate flesh, to use-objects. Similarly, there is a slew of acronyms and technical language around the food safety inspection system that reduces the quality control worker’s job to a bureaucratic, technical regime rather than one that is forced to confront the truly massive taking of life. Although the quality control worker has full physical movement throughout the kill floor and sees every aspect of the killing, her interpretive frame is interdicted by the technical and bureaucratic requirements of the job. Temperatures, hydraulic pressures, acid concentrations, bacterial counts, and knife sanitization become the primary focus, rather than the massive, unceasing taking of life.

Avi: Is anyone working in the slaughterhouse consciously aware of these strategies?

Timothy: I don’t think anyone sat down and said, ‘Let’s design a slaughtering process that creates a maximal distance between each worker and the violence of killing and allows each worker to contribute without having to confront the violence directly.’ The division between clean and dirty side on the kill floor mentioned earlier, for example, is overtly motivated by a food-safety logic. The cattle come into the slaughterhouse caked in feces and vomit, and from a food-safety perspective the challenge is to remove the hides while minimizing the transfer of these contaminants to the flesh underneath. But what’s fascinating is that the effects of these organizations of space and labor are not just increased ‘efficiency’ or increased ‘food-safety’ but also the distancing and concealment of violent processes even from those participating directly in them. From a political point of view, from a point of view interested in understanding how relations of violent domination and exploitation are reproduced, it is precisely these effects that matter most.

 

Auschwitz Death Factory Plan by Sonderkommando survivor David Olere

Avi: Did the death factories of Auschwitz have the same mechanisms at work?

Timothy: I recommend Zygmunt Bauman’s superb book, Modernity and the Holocaust, for those interested in how parallel mechanisms of distance, concealment, and surveillance worked to neutralize the killing work taking place in Auschwitz and other concentration camps. The lesson here, of course, is not that slaughterhouses and genocides are morally or functionally equivalent, but rather that large-scale, routinized, and systematic violence is entirely consistent with the kinds of bureaucratic structures and mechanisms we typically associate with modern civilization. The French sociologist Norbert Elias argues—convincingly, in my view—that it is the “concealment” and “displacement” of violence, rather than its elimination or reduction, that is the hallmark of civilization. In my view, the contemporary industrialized slaughterhouse provides an exemplary case that highlights some of the most salient features of this phenomenon.

Avi: Violence is found hidden in even the most “normal” of lives. How can we spot this pervading presence in our daily life?

Timothy: We—the ‘we’ of the relatively affluent and powerful—live in a time and a spatial order in which the ‘normalcy’ of our lives requires our active complicity in forms of exploitation and violence that we would decry and disavow were the physical, social, and linguistic distances that separate us from them ever to be collapsed. This is true of the brutal and entirely unnecessary confinement and killing of billions of animals each year for food, of the exploitation and suffering of workers in Shenzhen, China who produce our iPads and cell phones, of the ‘enhanced interrogation techniques’ deployed in the name of our security, and of the ‘collateral damage’ created by the unmanned-aerial-vehicles that our taxes fund. Our complicity lies not in a direct infliction of violence but rather in our tacit agreement to look away and not to ask some very, very simple questions: Where does this meat come from and how did it get here? Who assembled the latest gadget that just arrived in the mail? What does it mean to create categories of torturable human beings? The mechanisms of distancing and concealment inherent in our divisions of space and labor and in our unthinking use of euphemistic language make it seductively easy to avoid pursuing the complex answers to these simple questions with any sort of determination.

Months after I left the slaughterhouse, I got in an argument with a brilliant friend over who was more morally responsible for the killing of the animals: those who ate meat or the 121 workers who did the killing. She maintained, passionately and with conviction, that the people who did the killing were more responsible because they were the ones performing the physical actions that took the animal’s lives. Meat eaters, she claimed, were only indirectly responsible. At the time, I took the opposite position, holding that those who benefited at a distance, delegating this terrible work to others while disclaiming responsibility for it, bore more moral responsibility, particularly in contexts like the slaughterhouse, where those with the fewest opportunities in society performed the dirty work.

I am now more inclined to think that it is the preoccupation with moral responsibility itself that serves as a deflection. In the words of philosopher John Lachs, ‘The responsibility for an act can be passed on, but its experience cannot.’ I’m keenly interested in asking what it might mean for those who benefit from physically and morally dirty work not only to assume some share of responsibility for it but also to directly experience it. What might it mean, in other words, to collapse some of the mechanisms of physical, social, and linguistic distances that separate our ‘normal’ lives from the violence and exploitation required to sustain and reproduce them? I explore some of these questions at greater length in the final chapter of my book.

 

Avi: Who was Cinci Freedom? What mythologizing purpose does she serve?

Timothy: I open the book with the story of a cow that escaped from a slaughterhouse up the street from the one I was working in. Omaha police chased the cow and cornered it in an alleyway that bordered my slaughterhouse. It happened to be during our ten minute afternoon break and many of the slaughterhouse workers witnessed the police opening fire on the animal with shotguns. The next day in the lunchroom, the anger, disgust, and horror at the police killing of the animal was palpable, as was the strong sense of identification with the animal’s treatment at the hands of the police. And yet, at the end of lunch break, workers returned to work on a kill floor that killed 2,500 animals each day.

Cinci Freedom was another Charolais cow that escaped from a Cincinnati slaughterhouse in 2002. She was recaptured after several days only with the help of thermal imaging equipment deployed from a police helicopter. Unlike the anoymous Omaha cow that was gunned down by the police, Cinci Freedom became an instant celebrity. The mayor gave her a key to the city and she was provided passage to The Farm Sanctuary in Watkins Glen, NY, where she lived until 2008.

Although at first glance the fates of the Omaha cow and of Cinci Freedom are very different, I think both responses are equally effective ways of neutralizing the threat posed by these animals. Their escapes from the slaughterhouse were not just physical escapes but also conceptual escapes, moments of rupture in an otherwise routine and normalized system of industrialized killing. Extermination and elevation to celebrity status (not unlike the ritual presidential pardoning of the Thanksgiving turkey) are both ways of containing the dangers posed by these moments of conceptual rupture. They also point to the promises and limitations of rupture as a political tactic, for example the digital ruptures that occur with the release of shocking undercover footage from slaughterhouses and other zones of confinement where the work of violence is routinely carried out on our behalf.

Edição especial da Science alerta para 6º Grande Extinção (Carbono Brasil)

28/7/2014 – 11h10

por Fernanda B. Müller, do CarbonoBrasil

Vanishing Fauna Edição especial da Science alerta para 6º Grande Extinção

Em uma coletânea de estudos sobre a crise e os desafios do imenso número de extinções causadas pelos humanos, revista ressalta as implicações da ‘defaunação’ dos ecossistemas.

A triste conclusão de que as nossas florestas, além de estarem em um processo contínuo de desmatamento, estão vazias, cada vez mais depauperadas da vida que as constitui, é o foco de uma série especial da revista Science.

A publicação chama a atenção para um termo que deve se tornar cada vez mais conhecido, a ‘defaunação’: a atual biodiversidade animal, produto de 3,5 bilhões de anos de evolução, apesar da extrema riqueza, está decaindo em níveis que podem estar alcançando um ponto sem volta.

Segundo cientistas, tal perda parece estar contribuindo com o que classificam como o início do sexto evento de extinção biológica em massa – ao contrário dos outros, que tiveram causas naturais, nós seríamos os culpados, devido às chamadas atividades antrópicas.

“Muito permanece desconhecido sobre a ‘defaunação do antropoceno’; essas brechas no conhecimento prejudicam a nossa capacidade de prever e limitar os seus impactos. Porém, claramente, a defaunação é tanto um componente perverso da sexta extinção em massa do planeta quanto uma grande causadora da mudança ecológica global”, concluíram pesquisadores no artigo ‘Defaunação no Antropoceno‘.

Na abertura da revista, um dos editores, Sacha Vignieri, lembra que, há alguns milhares de anos, o planeta servia de lar para espetaculares animais de grande porte, como mamutes, tartarugas gigantes, tigres-dente-de-sabre, entre outros.

Porém, evidências apontam o ser humano como o grande culpado pelo desaparecimento desses animais, afirma o editor.

E infelizmente, a tendência parece longe de mudar, e com ela, toda uma série de funções dos ecossistemas, das quais depende a nossa vida, são alteradas de formas dramáticas.

Como mostram os artigos na Science, os impactos da perda da fauna vão desde o empobrecimento da cobertura vegetal até a redução na produção agrícola devido à falta de polinizadores, passando pelo aumento de doenças, a erosão do solo, os impactos na qualidade da água, entre outros. Ou seja, os efeitos da perda de uma única espécie são sistêmicos.

MacacoCR Edição especial da Science alerta para 6º Grande ExtinçãoNúmeros

De acordo com o estudo ‘Defaunação no Antropoceno‘, as populações de vertebrados declinaram em uma média de mais de um quarto nos últimos quarenta anos. Isso fica extremamente evidente quando qualquer um de nós caminha nos remanescentes de Mata Atlântica: é realmente muito difícil encontrar animais de médio e grande portes.

Pelo menos 322 espécies de vertebrados foram extintas desde 1500, e esse número só não é maior porque não conhecemos todas as espécies que já habitaram ou ainda residem em nossas florestas.

Se a situação é complicada para os vertebrados, que são muito mais conhecidos, é angustiante imaginar o tamanho da crise para os invertebrados, como os insetos, muito menos estudados.

“Apesar de menos de 1% das 1,4 milhão de espécies de invertebrados descritas terem sido avaliadas quanto à ameaça pela IUCN, das analisadas, cerca de 40% são consideradas ameaçadas”, afirma o estudo.

Solução?

Certamente, a resolução dessa crise do Antropoceno não é simples.

As causas dessas perdas são bem conhecidas – caça, fragmentação dos habitats, uso de agrotóxicos, poluição, etc. –, e as tentativas para reverter essas tendências estão aumentando, como a reintrodução da fauna.

araraFACostaR Edição especial da Science alerta para 6º Grande ExtinçãoNo artigo ‘Revertendo a defaunação: restaurando espécies em um mundo mutante’, pesquisadores revisam uma série de translocações conservacionistas, como o reforço, a reintrodução e métodos mais controversos que buscam restaurar populações fora do seu habitat natural ou substituir espécies extintas.

Os autores escrevem que a meta mais tradicional, de ter populações selvagens autosustentadas em paisagens pristinas intocadas pela influência humana, é “cada vez mais inalcançável”. Assim, eles sugerem que criar a “selva”, em vez de restaurá-la, é o caminho mais prático para avançar.

Entretanto, os desafios para reverter as extinções estão se mostrando muito desafiadores, e as pesquisas atuais mostram que, “se não conseguirmos acabar ou reverter as taxas dessas perdas, significará mais para o nosso futuro do apenas que corações desiludidos ou uma floresta vazia”, disse Vignieri, o editor do especial na Science.

Rodolfo Dirzo, professor da Universidade de Stanford – um dos autores de Defaunação no Antropoceno –, argumenta que reduzir imediatamente as taxas de alteração dos habitats e a sobre-exploração ajudaria, mas que isso precisaria ser feito de acordo com as características de cada região e situação.

Ele espera que a sensibilização sobre a atual extinção em massa e suas consequências ajude a desencadear mudanças.

“Os animais importam para as pessoas, mas no equilíbrio, eles importam menos do que a alimentação, emprego, energia, dinheiro e desenvolvimento. Enquanto continuarmos a enxergar os animais nos ecossistemas como tão irrelevantes para essas necessidades básicas, os animais perderão”, disseram Joshua Tewksbury e Haldre Rogers no artigo “Um futuro rico em animais”.

* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.

(CarbonoBrasil)

*   *   *

Pesquisadores alertam para riscos da defaunação promovida pelo homem (Fapesp)

28/07/2014

Agência FAPESP – A revista científica norte-americana Scienceacaba de publicar uma edição especial sobre as consequências do desaparecimento de espécies animais para a biodiversidade do planeta e para o próprio futuro da humanidade.

“Durante o Pleistoceno, apenas dezenas de milhares de anos atrás, nosso planeta sustentava animais grandes e espetaculares. Mamutes, ‘aves do terror’, tartarugas gigantes e tigres-dentes-de-sabre, bem como espécies muito menos conhecidas, como preguiças gigantes (algumas das quais chegavam a 7 metros de altura) e gliptodontes (que pareciam tatus do tamanho de automóveis), vagavam livremente”, diz a introdução do especial.

“Desde então, no entanto, o número e a diversidade de espécies animais na Terra têm declinado consistente e firmemente. Hoje, ficamos com uma fauna relativamente depauperada e continuamos a ver a rápida extinção de espécies animais. Embora algum debate persista, a maioria das evidências sugere que os seres humanos foram responsáveis pela extinção dessa fauna do Pleistoceno, e continuamos a induzir extinções de animais por meio da destruição de terras selvagens, da caça para consumo ou como luxo e da perseguição de espécies que vemos como ameaças ou concorrentes”, destaca o texto.

O especial traz artigos em que pesquisadores de diversos países citam espécies animais que estão desaparecendo, os complexos fatores por trás do processo de defaunação e as dificuldades para colocar em prática alternativas eficazes de conservação.

Um dos artigos do especial, Defaunation in the Anthropocene, tem entre seus autores o professor Mauro Galetti, do Departamento de Ecologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Rio Claro, responsável por projetos de pesquisa que integram o programa BIOTA-FAPESP.

O artigo de Galetti, produzido em colaboração com pesquisadores dos Estados Unidos, do México e do Reino Unido, ressalta que o mundo está passando por uma das maiores extinções de animais em sua história.

De acordo com os autores, a onda global de perda de biodiversidade tem a ação humana como principal causadora. Mas os impactos humanos sobre a biodiversidade animal representam uma forma ainda não reconhecida de mudanças ambientais globais.

“Dos vertebrados terrestres, 322 espécies se tornaram extintas desde 1500, e populações das espécies restantes mostram declínio médio de 25% em abundância”, dizem os autores.

“Tais declínios animais impactarão o funcionamento de ecossistemas e o bem-estar humano. Muito permanece desconhecido sobre a ‘defaunação antropocênica’. Essas lacunas de conhecimento dificultam a nossa capacidade de prever e limitar os impactos da defaunação. Claramente, no entanto, a defaunação é tanto um componente pervasivo da sexta extinção em massa do planeta como também um grande condutor de mudança ecológica global”, destacam.

Segundo Galetti e colegas, de todas as espécies animais atuais – estimadas entre 5 milhões e 9 milhões –, o mundo perde anualmente entre 11 mil e 58 mil espécies. E isso não inclui os declínios de abundância animal entre populações, ou seja, de espécies que agonizam lentamente.

“A ciência tem se preocupado com o impacto das extinções das espécies, mas o problema também envolve a extinção local de populações. Algumas espécies podem não estar globalmente ameaçadas mas podem estar extintas localmente. Essa extinção local de animais afeta o funcionamento dos ecossistemas naturais vitais ao homem. Nesse trabalho agora publicado, compilamos dados populacionais de grandes mamíferos, como rinocerontes, gorilas e leões, e também de invertebrados, como borboletas. Uma em cada quatro espécies de vertebrados tem suas populações reduzidas”, disse Galetti, em entrevista ao site da Unesp.

“A maioria dos pesquisadores analisa os efeitos humanos sobre a extinção das espécies e, nesse trabalho, nós enfocamos a extinção local de populações. A extinção de uma espécie tem um grande impacto, e a redução das populações animais causa um impacto maior ainda nos ecossistemas”, disse.

Animais: ciência em benefício da vida (O Globo)

JC e-mail 4993, de 21 de julho de 2014

Artigo de Paulo Gadelha e Wilson Savino publicado em O Globo

A percepção pública sobre as ciências e a capacidade de influenciar as políticas para seu desenvolvimento são condições essenciais da cidadania no mundo contemporâneo. Em especial, é no campo das implicações éticas que esse desafio se torna imperativo. A experimentação animal é, nesse sentido, um caso exemplar.

Nos anos recentes, temos convivido com rejeição de algumas parcelas da sociedade ao uso de animais na ciência. Muitas vezes, estes movimentos encontram ressonância também no ambiente jurídico. Existem grandes expectativas por um mundo em que o uso de animais para a experimentação científica não seja mais necessário. A comunidade científica também compartilha deste desejo. No entanto, nos argumentos que circulam, muita desinformação ainda vigora. Esclarecer o que é verdade e o que é mito se torna fundamental para que a sociedade possa se posicionar sobre o assunto.

No atual estágio da ciência mundial, e em particular no campo da saúde humana, o uso de animais permanece imprescindível para a elucidação de processos biológicos, a descoberta de novos medicamentos, vacinas e tratamentos para doenças. O aumento na expectativa e a melhoria na qualidade de vida que vemos na população se devem, em muito, às inovações médicas que dependeram e ainda dependem, em grande parte, do uso de animais.

Para o futuro, é impossível elucidar o funcionamento do cérebro , os mecanismos das doenças neurodegenerativas, a exemplo do Alzheimer, e garantir a eficácia e segurança de novos tratamentos para essas doenças que estarão cada vez mais presentes com o envelhecimento da população, sem a utilização de animais. O mesmo se aplica a uma multiplicidade de casos, entre os quais o Ebola e outras doenças emergentes.

Um mito muito comum é a ideia de que todas as pesquisas poderiam abrir mão do uso de animais. Apesar dos grandes esforços neste sentido, esta afirmativa não é verdade. A ciência tem investido no desenvolvimento de métodos alternativos, como o cultivo de células e tecidos e os modelos virtuais que recorrem à bioinformática para prever as reações dos organismos.

No entanto, ainda estamos longe de uma solução que reproduza de forma precisa as complexas interações do organismo: estes métodos são aplicáveis apenas em determinadas etapas da pesquisa e em situações específicas. A ciência brasileira também integra este empenho. Um exemplo disso é a criação do Centro Brasileiro de Validação de Métodos Alternativos (BraCVAM), que a Fiocruz lidera em parceria com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Outro mito comum é a ideia de que os cientistas utilizam animais de forma indiscriminada. Além do imperativo ético, o uso responsável e o foco no bem-estar dos animais é uma exigência legal. A ciência está submetida a diversas instâncias de regulamentação e a rigoroso controle das atividades de pesquisa. A redução do sofrimento por meio do uso de anestésicos e analgésicos, a escolha de técnicas adequadas e a necessidade de acompanhamento por veterinários são protocolos obrigatórios. Com foco na tríade substituição-redução-refinamento, o uso só é permitido quando não há alternativa conhecida, autorizando-se o menor número de animais necessário para resultados válidos e buscando-se, sempre que possível, o refinamento de técnicas e procedimentos para resultados mais precisos.

A sociedade tem protagonismo fundamental em cobrar que as instituições científicas pautem sua atuação na ética no uso de animais e é saudável para a democracia que esta vigilância atenta seja exercida. No entanto, parar a experimentação animal em pesquisas, hoje, significaria um retrocesso para a ciência e uma perda para a saúde da população e para o próprio campo da veterinária. Cabe aos pesquisadores e às instituições manterem seu compromisso de responsabilidade e ética com os animais, firmes no propósito de beneficiar a sociedade.

Paulo Gadelha é presidente da Fiocruz e Wilson Savino é diretor do Instituto Oswaldo Cruz.

(O Globo)

Artigo_OGLOBO14-07-2014

Rotas alternativas (Fapesp)

Esforço de pesquisa para substituir o uso de animais em testes começa a mostrar resultados

FABRÍCIO MARQUES | Edição 220 – Junho de 2014

Pele cultivada artificialmente por pesquisadores da USP : objetivo é criar kit comercial para testes de cosméticos

Ganha musculatura no país uma articulação entre laboratórios públicos, grupos de pesquisa e órgãos governamentais para reduzir ou substituir o uso de animais em testes de segurança e eficácia de produtos. O esforço foi deflagrado em 2012, com a criação pelo governo federal da Rede Nacional de Métodos Alternativos (Renama) e o lançamento de uma chamada de projetos pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que contemplou 10 projetos de pesquisa no âmbito da Renama. Todos estão em andamento e têm focos diversos, como a produção de kits de pele artificial para testes de sensibilidade de cosméticos, estudos com larvas capazes de substituir mamíferos em exames de toxicidade ou a redução do número de roedores no controle de qualidade de vacinas. Três laboratórios fazem parte do núcleo central da Renama. Um deles é o Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), em Campinas. Os outros ficam no Rio de Janeiro: o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), vinculado à Fundação Oswaldo Cruz, e o  Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).

Em março, essa estrutura ainda em fase de consolidação foi desafiada a cumprir uma meta ambiciosa: dar suporte para a substituição progressiva, nos próximos cinco anos, do uso de animais em testes, sempre que existir uma alternativa validada. Para novos métodos ainda não validados, esse processo envolverá o Centro Brasileiro de Validação de Métodos Alternativos (Bracvam) e toda a estrutura da Renama. A substituição foi decidida pelo Conselho Nacional de Controle da Experimentação Animal (Concea), instituição colegiada vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), responsável desde 2009 por estabelecer normas para a experimentação animal no Brasil e substituir animais para propósitos científicos e didáticos quando existirem recursos alternativos. Em maio, o Concea recebeu do Bracvam a primeira recomendação de métodos alternativos já validados e aceitos internacionalmente. São 17 técnicas, que envolvem sensibilidade cutânea, potencial de irritação e corrosão ocular e toxicidade. “A resolução permitirá que o país efetivamente adote métodos alternativos em testes de agrotóxicos, cosméticos e medicamentos”, diz o coordenador do Concea, José Mauro Granjeiro.

O maior potencial para a substituição de animais por métodos alternativos não está nas pesquisas científicas de cunho acadêmico, mas sim nos testes exigidos pelas agências regulatórias para garantir a segurança e a eficácia de produtos. “Os experimentos com animais feitos para averiguar hipóteses científicas são idealizados de forma independente pelos pesquisadores: cada um tem a sua pergunta específica e idealiza um conjunto peculiar de experimentos para respondê-la. Portanto, é muito mais difícil padronizá-los”, explica Eduardo Pagani, pesquisador e gerente de desenvolvimento de fármacos do LNBio. “Já os testes exigidos por agências do mundo inteiro para cosméticos e outros produtos são sempre feitos de acordo com métodos padronizados. Neles, há mais espaço para propor alternativas que não usem animais”, observa. A exigência dos testes in vivo para registro de medicamentos e cosméticos começou na década de 1960, após o conhecido acidente com a substância talidomida. O medicamento foi vendido no mundo todo com a indicação de combater o enjoo em grávidas. Milhares de mães que usaram o remédio tiveram filhos com deformações. Já o movimento para substituir os modelos animais por métodos alternativos ganhou força em 2003, quando a Europa propôs o banimento do uso em testes de cosméticos, e demorou duas décadas para ser implementado.

Produção de pele artificial pelo grupo da professora Silvya Stuchi-Maria Engler, da USP

Os projetos sobre métodos alternativos apoiados pelo MCTI em 2012 foram divididos em duas vertentes. Numa delas, a meta foi identificar grupos que já trabalhavam com métodos alternativos e apoiar estudos realizados por eles. Nove projetos de grupos de São Paulo, Bahia, Goiás, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul foram selecionados. Uma segunda vertente tinha foco específico: desenvolver competência no Brasil para produzir em escala industrialkits de pele humana cultivada, utilizados pela indústria de cosméticos para testes de segurança de seus produtos, mas cuja importação se tornou um problema no Brasil. Acontece que os kits com células vivas deterioram em poucos dias e a demora nos trâmites alfandegários frequentemente inviabiliza sua aquisição – o que leva as indústrias a realizar tais testes no exterior.

O projeto contemplado foi o de um grupo da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, liderado por Silvya Stuchi-Maria Engler, que começou a produzir pele artificial em meados dos anos 2000, com apoio da FAPESP (ver Pesquisa FAPESP nº 166). Produzida a partir de células retiradas de doadores, a pele reproduz os mesmos tecidos biológicos da humana e pode ser utilizada para avaliar a toxicidade e a eficácia de novos compostos para fármacos e produtos cosméticos. Originalmente, a pesquisa sobre pele cultivada buscava dar suporte a outra linha de investigação em que Silvya está envolvida: o estudo de moléculas capazes de deter o melanoma, tumor de pele muito agressivo. “Logo percebemos que a pele poderia ajudar as empresas”, afirma. “Oskits são uma alternativa para testes de cosméticos, mas é bom lembrar que o uso de animais segue imprescindível, por exemplo, em testes para o desenvolvimento de medicamentos”, observa Silvya.

O Instituto Butantan, com sua vocação para desenvolver e produzir soros e vacinas, vem diminuindo a quantidade de animais, como camundongos e cobaias, utilizados para o controle de qualidade. Esse esforço já levou, entre outros avanços, à redução em mais de 60% do uso de camundongos em testes de qualidade da vacina recombinante contra a hepatite B, graças à criação de um teste imunoenzimático com funções equivalentes. O trabalho do instituto habilitou-o a apresentar um projeto no edital da Renama, envolvendo vários métodos alternativos para controle de qualidade de vacinas e soros. Numa das frentes de pesquisa, o objetivo é reduzir o número de animais nos testes em lotes da vacina de difteria e tétano, com a adoção de um ensaio in vitro para detectar a atividade imunogênica. Em outra, a meta é substituir ensaios em cobaias por ensaios em células no controle da anatoxina diftérica – toxina da difteria que mantém atividade imunogênica, embora não seja mais tóxica. Um terceiro foco é a adaptação para vacinas produzidas pelo instituto de um kit que substitui o uso de coelhos em testes de pirogênios, contaminantes que causam febre e podem ser oriundos de microrganismos ou aglomerados proteicos. Em quarto lugar, procura-se reduzir o uso de camundongos na sorologia para vacina de coqueluche – a ideia é utilizar para a doença os mesmos animais usados para dosar anticorpos contra difteria e tétano. A redução do número é sensível: de 170 animais por lote de vacina para apenas seis cobaias.

Por fim, o Butantan já está obtendo êxito em uma técnica com potencial para substituir o uso de camundongos por um ensaio imunoenzimático numa etapa da produção da vacina contra a raiva. “A redução e a substituição de animais é um caminho sem volta”, diz o químico Wagner Quintilio, pesquisador do Butantan responsável pelo projeto. “Existe a pressão da sociedade e dos comitês de ética em pesquisa, que não permitem o uso exagerado de animais. Há também a pressão econômica. Criar os animais em condições adequadas custa caro e ocupa muito espaço”, afirma.

Pele artificial

Já o projeto do grupo liderado pela micologista Maria José Giannini, professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), prevê a criação do Centro para o Desenvolvimento e Validação de Métodos Alternativos (Cedevam), a fim de criar e testar técnicas que reduzam o uso de animais. Maria José é supervisora da pós-doutoranda Liliana Scorzoni, responsável por uma pesquisa sobre modelos capazes de substituir mamíferos por outros organismos em testes de virulência de micróbios e a eficácia de drogas. O front mais adiantado é o do Galleria mellonella, espécie de inseto lepidóptero, cuja larva é útil para verificar a atividade de determinadas substâncias. “É de fácil manuseio e pode minimizar o uso de animais”, diz Maria José, que também é membro do Conselho Superior da FAPESP. “A larva tem células semelhantes às do sistema imunológico. Quando se injeta uma substância tóxica, ela reage e escurece”, afirma. A expectativa é de que o Galleria substitua outros animais, como ratos e camundongos, em pelo menos alguma etapa dos testes de toxicidade e virulência.

Outro modelo alternativo na mira do grupo da Unesp é o C. elegans, nematódeo de um milímetro de comprimento sensível à infecção por bactérias e fungos patógenos. “Tem um sistema imune para o reconhecimento e a eliminação de patógenos com alta semelhança ao dos vertebrados. Além disso, seu genoma foi completamente sequenciado, o que ainda não é o caso do Galleria”, afirma Maria José. Os dois modelos estão sendo testados para avaliar a virulência de fungos Paracoccidioides, endêmicos na América Latina. Outros modelos, como o do peixe zebrafish, serão testados. Em 2010, a Pró-reitoria de Pesquisa da Unesp, cuja titular é a professora Maria José, organizou em São Paulo um fórum internacional para discutir alternativas a testes de toxicidade com animais, que trouxe autoridades como Thomas Hartung, diretor do Centro de Alternativas aos Testes em Animais, da Universidade Johns Hopkins. “A busca de modelos alternativos é importante também para desenvolver métodos mais eficientes. Modelos animais têm limitações e, às vezes, não são suficientes para garantir a segurança, como se pode ver com medicamentos aprovados que acabam retirados do mercado”, diz Maria José.

A decisão do Concea de impulsionar o reconhecimento de métodos alternativos validados foi uma resposta a uma petição da organização não governamental Humane Society International, que reivindicava o banimento de ensaios em animais para cosméticos. No estado de São Paulo, ensaios em animais para cosméticos estão proibidos por uma lei estadual sancionada em janeiro de 2014. O Concea, que não aceitou o pedido, entendeu que acelerar a implantação de técnicas alternativas promoverá maior redução no uso de animais que apenas a proibição exclusiva do uso de animais para análise de cosméticos, já que praticamente não se usam mais animais para este fim. “O banimento completo colocaria em xeque a segurança da população”, diz o médico e biofísico Marcelo Morales, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ex-coordenador do Concea. “Ele pode inviabilizar o desenvolvimento de cosméticos com ingredientes novos ou moléculas descobertas na nossa biodiversidade que contenham contaminantes desconhecidos”, afirma. Luiz Henrique do Canto Pereira, coordenador-geral de biotecnologia e saúde do MCTI, afirma que o banimento poderia prejudicar a estratégia definida pelo MCTI de substituir, reduzir e refinar o uso de animais em testes sempre que isso for possível. “A campanha pelo banimento atropela o esforço que estamos fazendo desde 2011, quando começamos a conceber essa iniciativa, para organizar no país uma rede estruturada, capaz de validar e disseminar de forma mais ampla os métodos alternativos, incluindo não apenas cosméticos mas também fármacos e agrotóxicos”, afirma. “Mesmo na Europa há salvaguardas que permitem a realização de testes se houver riscos à saúde da população.”

Zebrafish e Galleria mellonella, cuja larva pode substituir animais em testes de toxicidade: modelos alternativos

Há quem veja certo açodamento no prazo de cinco anos para a substituição estipulado pelo Concea. “Começamos recentemente a investir no desenvolvimento de métodos alternativos aqui no Brasil e agora corremos o risco de morrer na praia se não tivermos resultados imediatos”, diz Maria José Giannini, da Unesp. “As empresas, pressionadas pelo prazo, poderão importar técnicas em vez de usar aexpertise nacional. Isso já acontece hoje. Empresas de cosméticos afirmam que não fazem testes com animais no Brasil. Mas fazem em outros países, para garantir a segurança dos produtos”, explica.

A expectativa de Octavio Presgrave, coordenador do Bracvam, é de que práticas aceitas internacionalmente tenham aprovação rápida. “Para a validação interna será necessário demonstrar que os registros já obtidos no exterior se reproduzem em testes feitos nos nossos laboratórios”, afirma Presgrave, que é pesquisador do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS). Segundo ele, o prazo de cinco anos é factível. “É tempo suficiente para que as empresas e laboratórios se adaptem”, diz. Em outros casos, o trabalho do Bracvam será mais demorado. É o caso, por exemplo, do protocolo Het-Cam, que busca substituir o uso de coelhos por uma membrana do ovo de galinha na identificação de compostos corrosivos ou muito irritantes. O método, criado na Europa em 1985, é aceito apenas como pré-teste na França e na Alemanha. O processo do Het-Cam será o primeiro estudo de validação no Brasil seguindo preceitos internacionais, afirma Presgrave. “Quando deixamos de usar animal num teste, há um ganho ético importante. Mas um novo método também significa criar conhecimento. Desenvolvemos inovações na busca de métodos mais fidedignos e sensíveis”, afirma.

Em outra frente para reduzir o uso de animais em testes de laboratório, o LNBio recebeu recursos do MCTI para criar um núcleo de testes in silico, para reduzir o uso de animais na pesquisa de medicamentos. In silico refere-se ao silício utilizado em circuitos integrados e significa “em computador”. Essa expressão foi criada em analogia às expressões in vivo e in vitro, utilizadas há bastante tempo. Testes in silicoenvolvem simulações em computador para avaliar, por exemplo, se moléculas candidatas a novos medicamentos têm realmente essa vocação. “O computador pode comparar a estrutura da molécula candidata com a de outras já testadas e cujas características estão armazenadas em bancos de dados para definir se vale a pena prosseguir com seu desenvolvimento”, diz Eduardo Pagani, do LNBio. Estes testes também podem ajudar a avaliar se uma determinada molécula, mesmo com potencial, tem mesmo chances de ser absorvida pelo organismo se administrada, por via oral. Estimativas clássicas dão conta de que de 5 mil a 10 mil moléculas são inicialmente avaliadas para potencial atividade em um alvo; 250 são sintetizadas e iniciam testes em animais; cinco iniciam os testes clínicos em humanos e apenas uma chega ao mercado como medicamento. “A ideia dos testes in silico é diminuir ainda mais o número de substâncias que são submetidas a testes em animais pela eliminação rápida daquelas que se mostrarem inviáveis. Trata-se de um filtro que evita o desperdício de tempo, recursos financeiros e principalmente o uso injustificável de animal em projetos previsivelmente destinados ao fracasso.”

Cultura de células para o ensaio de citotoxicidade para anatoxina diftérica que substitui o uso de cobaias no controle de qualidade da vacina contra difteria

O LNBio divulgou no mês passado os resultados de um edital que franqueou a empresas, institutos de pesquisa e universidades a possibilidade de realizar testes in silico no laboratório. Foram recebidas 19 propostas de sete empresas. “Todas foram aprovadas e, nos próximos meses, vamos iniciar os testes”, diz Tiago Sobreira, pesquisador de bioinformática do LNBio responsável pela parte operacional dos testes in silico. As empresas manifestaram o interesse de participar da chamada e agora negociarão os termos dessa participação, que inclui a proteção de segredos industriais. Entre os contemplados estão laboratórios, como Farmanguinhos, Cristália e Eurofarma, e indústrias de cosméticos, como Boticário e Natura. “Quem desenvolve fármacos diz que demora 15 anos e custa R$ 1 bilhão para colocar um produto no mercado. O Brasil tem um déficit comercial farmacêutico de R$ 6 bilhões por ano. Precisamos gerar um esforço público para os brasileiros desenvolverem remédios aqui”, diz Pagani.

A implementação de métodos alternativos depende da existência de laboratórios reconhecidos nas chamadas boas práticas de laboratório (BPL), mas eles ainda são poucos no Brasil. “As boas práticas contribuem para a rastreabilidade e, portanto, para a confiança no estudo realizado. A confiabilidade dos métodos alternativos também será garantida pela realização de comparações entre os laboratórios da Renama”, diz o coordenador do Concea, José Mauro Granjeiro, responsável por essa área no Inmetro. Recentemente, o Inmetro coordenou uma comparação entre cinco laboratórios da rede, com apoio de uma consultoria internacional com experiência – Centro Europeu para Validação de Métodos Alternativos (Ecvam, na sigla em inglês) –, cujos resultados estão sendo analisados.

A ampliação dos estudos sobre métodos alternativos dependerá de um reforço no financiamento aos grupos de pesquisa envolvidos, observa Luiz Henrique Canto, do MCTI. “Conseguimos desenhar uma estrutura e começamos a avançar e o MCTI vem envidando todos os esforços, inclusive buscando apoio no Congresso por meio de emendas parlamentares, para o fortalecimento da Renama. Acreditamos que essa iniciativa poderá beneficiar em muito o desenvolvimento científico e tecnológico do país na área das ciências da vida”, afirma.

Brazil plans to stop the killing of pink dolphins (Washington Post)

FILE – In this Nov. 2005 FILE photo released by Instituto Nacional de Pesquisas da Amazonia (INPA), an Amazon river dolphin swims in the Airao River in Amazonas state, Brazil. Brazil will temporarily ban the catch of a type of catfish in an effort to halt the killing of the Amazon pink dolphin, whose flesh is used as bait, the Fishing and Aquaculture Ministry said Tuesday, June, 3, 2014. (Sefora Antela Violante, INPA, File/Associated Press)

 June 3

SAO PAULO — Brazil will temporarily ban the catch of a type of catfish in an effort to halt the killing of the Amazon pink dolphin, whose flesh is used as bait, the Fishing and Aquaculture Ministry said Tuesday.

Ministry spokesman Ultimo Valadares said the government is working out the details of a five-year moratorium on fishing of the species called piracatinga that is expected to go into effect early next year.

“That should give us enough time to find an alternative bait for the piracatinga,” Valadares said by phone.

Nivia do Campo, president of an environmental activist group in the northern jungle state of Amazonas, welcomed the news because more than 1,500 freshwater dolphins are killed annually in the Mamiraua Reserve where she studies the mammals.

She said that since 2000, when fishermen started slaughtering them for bait, the number of dolphins living on the reserve has been dropping by about 10 percent a year. The reserve currently has a population of about 13,000 dolphins.

Poor fishermen are encouraged to use dolphin flesh as bait by merchants from neighboring Colombia, a big market for that species, de Campo said.

Known as the “water vulture” because it thrives on decomposing matter in rivers, the piracatinga is not consumed by people living along the rivers of the Amazon region.

The pink dolphin is under threat, “and if nothing is done to stop the killing it will become extinct,” de Campo added. “That is why the moratorium is excellent news. It will allow us to discover other baits fishermen can and continue earning money selling piracatinga she said.

The moratorium will also help stop the killing of the Amazon caiman, whose flesh is also used as bait to catch piracatinga.

For centuries, the pink dolphins have been revered by locals and protected by myth. According to one tale, the dolphins transform into handsome men and leave the water at night, seducing local women before returning to the river. Many consider it bad luck to kill them.

Copyright 2014 The Associated Press. All rights reserved. This material may not be published, broadcast, rewritten or redistributed.

Câmara aprova projeto que restringe uso de animais em testes de cosméticos (Agência Câmara)

JC e-mail 4967, de 05 de junho de 2014

Os testes só serão admitidos em produtos com ingredientes que tenham efeitos desconhecidos no ser humano e caso não haja outra técnica capaz de comprovar a segurança das substâncias

O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (4) a restrição ao uso de animais em testes na indústria de cosméticos, higiene pessoal e perfume. Os testes só serão admitidos em produtos com ingredientes que tenham efeitos desconhecidos no ser humano e caso não haja outra técnica capaz de comprovar a segurança das substâncias. A proposta segue para análise do Senado Federal.

Os parlamentares aprovaram o parecer do deputado Weverton Rocha (PDT-MA) ao Projeto de Lei 6602/13, do deputado Ricardo Izar (PSD-SP). O texto aprovado é menos severo que o projeto original, que bania qualquer uso de animal na indústria cosmética, mas incluiu na proibição os produtos de higiene pessoal e perfumes.

Pelo texto aprovado, a pesquisa em animais será banida quando os ingredientes utilizados em cosméticos, perfumes, ou produtos de higiene pessoal forem comprovadamente seguros para uso humano ou quando se tratar de produto cosmético acabado, a ser definido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Quando houver produto com efeito desconhecido, a proibição de uso de animais só será aplicada em até cinco anos contados do reconhecimento de uma técnica alternativa capaz de comprovar a segurança para uso humano.

Weverton Rocha destacou que o texto não é o ideal, mas inicia o debate para acabar de vez com o uso de animais nas pesquisas para cosméticos. “Ainda não é o que individualmente gostaríamos, mas é uma boa saída entre governo e oposição para levar ao Senado um marco zero para abolir o uso de animais em testes em cosméticos, como já ocorre na União Europeia”, disse.

Rocha afirmou que o Brasil deixa de exportar cerca de R$ 900 milhões em cosméticos para a Europa pelo fato de usar animais nos testes.

Instituto Royal
O debate sobre o uso de animais em testes e pesquisas de cosméticos ganhou força após o caso do Instituto Royal. Em outubro de 2013, 178 cães da raça beagle e sete coelhos usados em pesquisas foram retirados por ativistas e moradores de São Roque, no interior paulista, de uma das sedes do instituto.

Deputados criaram uma comissão externa para investigar o caso e recomendaram a votação da proposta. Ativistas também passaram a cobrar a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) na Câmara para investigar os maus-tratos em animais.

Multas
O projeto também aumenta o teto das multas para quem violar as regras para o uso de animais em ensino, testes e pesquisa, que poderão chegar a até R$ 500 mil.

A multa para instituições que violem as regras será elevada de R$ 5 mil a R$ 20 mil para R$ 5 mil a R$ 500 mil; e a penalidade para pessoas que descumpram as regras será aumentada de R$ 1 mil a R$ 5 mil para R$ 1 mil a R$ 50 mil.

Empresas estrangeiras
O deputado Domingos Sávio (PSDB-MG) apresentou uma emenda para impedir a importação de cosmético que tenha ingrediente testado em animais sem cumprir os requisitos da lei brasileira, mas a emenda foi rejeitada, o que gerou protestos do deputado.

“Sabemos que outros países permitem o teste, assim as empresas fazem a pesquisa com animais lá fora e importam o produto. Além de criar concorrência desleal, continuam sacrificando animais”, disse.

(Agência Câmara)

Outras matérias sobre o assunto:

Folha de S.Paulo
Câmara aprova lei que proíbe animais em testes de cosméticos
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saudeciencia/169458-camara-aprova-lei-que-proibe-animais-em-testes-de-cosmeticos.shtml

O Globo
Câmara aprova projeto que restringe o uso de animais em testes de produtos cosméticos
http://oglobo.globo.com/brasil/camara-aprova-projeto-que-restringe-uso-de-animais-em-testes-de-produtos-cosmeticos-12726240#ixzz33mCQIOWc

Concea aprova resolução sobre reconhecimento de métodos alternativos (MCTI)

JC e-mail 4958, de 23 de maio de 2014

A intenção é reduzir, substituir e refinar o uso de animais em atividades de pesquisa

O Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea) aprovou em sua 24ª Reunião Ordinária, na quarta (21) e nesta quinta-feira (22), a resolução normativa que define o processo de reconhecimento de métodos alternativos validados para substituição progressiva e segura de ensaios toxicológicos.

Segundo o coordenador do Concea, José Mauro Granjeiro, a resolução permite, de forma efetiva, que o país adote métodos alternativos, independentemente do tipo de produto ou composto – ou seja, a mudança abrange agrotóxicos, cosméticos e medicamentos, por exemplo. A intenção é reduzir, substituir e refinar o uso de animais em atividades de pesquisa.

Em março, a instância acatou recomendação de câmara temporária interna para o reconhecimento de práticas validadas por entidades como o Centro Brasileiro de Validação de Métodos Alternativos (Bracvam) ou por estudos colaborativos internacionais publicados em compêndios oficiais.

Já nesta semana, o Concea recebeu, do Bracvam, a primeira recomendação de métodos alternativos validados e internacionalmente aceitos. Ontem, o conselho deliberou que a câmara permanente temática analise a proposta e convide para discussão representantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e dos ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e do Meio Ambiente (MMA). A carta do centro sugere o reconhecimento de 17 técnicas, que envolvem sensibilização cutânea, potencial de irritação e corrosão ocular, fototoxicidade e genotoxicidade, dentre outros testes.

A expectativa do Concea é aprovar, em curto prazo, um conjunto de práticas validadas e aceitas internacionalmente. Na visão de Granjeiro, é fundamental ao país destinar recursos para o desenvolvimento de novos métodos que aumentem a capacidade preditiva dos ensaios toxicológicos, a fim de proteger o meio ambiente e diminuir o risco para a saúde de seres humanos e animais.

Com a decisão de março, a partir do reconhecimento pelo Concea do método alternativo validado, as instituições têm prazo de cinco anos para substituição obrigatória da técnica original. Para calcular o período, a instância projetou o tempo necessário para a adequação de infraestrutura laboratorial e a capacitação de recursos humanos demandadas pelos ensaios substitutivos.

Fiscalização
O Concea estabeleceu, no início de maio, um novo processo de credenciamento de instituições que produzem, mantém e utilizam animais em atividades didáticas ou científicas. Nesta quarta (21), o conselho discutiu e aprovou proposta de portaria interministerial que institui o Regulamento de Fiscalização do Uso de Animais para Atividades de Ensino ou Pesquisa.

A proposta de texto ainda recebe contribuições de áreas técnicas dos órgãos fiscalizadores estabelecidos pela Lei 11.794/2008. A lista inclui Mapa, MMA e os ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) – pasta à qual o Concea é vinculado -, da Educação (MEC) e da Saúde (MS). Esse grupo deve determinar estratégias de atuação para monitorar as instituições de pesquisa.

(Rodrigo PdGuerra / Ascom do MCTI)

Manifestantes protestam contra experiências com animais (G1)

27/04/2014 14h39 – Atualizado em 28/04/2014 11h38

Grupo com quase 200 pessoas está em frente ao laboratório Tecam.

Polícia monta esquema de segurança para impedir invasão em São Roque.

Jéssica Pimentel e Pedro CraveiroDo G1 Sorocaba e Jundiaí

Manifestantes estão reunidos em frente ao laboratório (Foto: Jéssica Pereira/ Arquivo Pessoal)

Manifestantes estão reunidos em frente ao laboratório (Foto: Jéssica Pereira/ Arquivo Pessoal)

Um grupo com quase 200 ativistas está em frente ao laboratório Tecam em São Roque (SP), 59 km de São Paulo, para um protesto contra os testes farmacêuticos que estariam sendo realizados na unidade, que funciona na cidade. O movimento chamado de “Comboio Pela Vida”, foi organizado por meio da redes sociais.

Policiais estão na frente do laboratório Tecam (Foto: Jéssica Pereira/ Arquivo Pessoal)

Policiais estão na frente do laboratório Tecam (Foto: Jéssica Pereira/ Arquivo Pessoal)

Para garantir a segurança no local, pelo menos cinco viaturas com dez policiais estão posicionadas na entrada da área onde fica o laboratório. Seguranças particulares também estão presentes.

A maioria dos manifestantes saiu da capital paulista. Um comboio saiu do Masp, em São Paulo, por volta das 10h com destino a São Roque e se juntou a outros ativistas que vieram de outras regiões do Brasil. A assessora parlamentar Kátia Dietrich, que já participou do resgate de mais de 500 cachorros, veio de Curitiba (PR) com o marido para participar do ato. “Estamos lutando pela causa de não usarem animais como cobaias. Eles precisam de amor, casa e comida”, afirma.

O deputado federal Ricardo Izar (PSD) também participa do ato.  “Queremos tornar pública a luta em favor dos animais”, ressalta.

Manifestante usa máscara (Foto: Jéssica Pereira/ Arquivo Pessoal)

Manifestante usa máscara (Foto: Jéssica Pereira/Arquivo Pessoal)

Os ativistas afirmam ainda que não são contra a ciência, mas sim contra o teste em animais. Uma solução, segundo eles, seria os laboratórios utilizarem os produtos com o uso de computadores. Eles afirmam haver tecnologia para isso.

Os manifestantes saíram juntos da Praça da República, em São Roque. Eles seguiram em carros, ônibus com faixas e cartazes e em um trio elétrico ameaçando: “Se o Tecam não fechar, a gente vai entrar”.

De acordo com uma das organizadoras do ato Adriana Greco, os ativistas querem a libertação dos animais. “Queremos o fim dos testes e vamos fazer isso em outros laboratórios”, explica.

Uma equipe de televisão, que está cobrindo a manifestação, teria sido ameaçada por manifestantes encapuzados. Eles teriam sido impedidos de gravar e ofendidos com palavras de baixo calão e gestos obscenos.

Caso Royal

Essa não é a primeira vez que São Roque é alvo de manifestações a favor dos animais. No dia 18 de outubro de 2013, 178 beagles, sete coelhos e mais de 200 camundongos foram levados durante uma invasão ao Instituto Royal.

O laboratório era acusado de maltratar animais durante experimentos de produtos farmacêuticos. Além de levar os cachorros, os manifestantes também destruíram arquivos de pesquisas que estavam sendo realizadas.

Em novembro do mesmo ano, o instituto fechou, segundo nota oficial, por ‘perdas irreparáveis’.

Com mato alto e portões trancados, o prédio que servia de sede do laboratório em São Roque foi encontrado totalmente abandonado neste mês de abril pela reportagem do G1. A diretoria da entidade foi procurada para comentar as atividades do laboratório seis meses após a invasão, mas ninguém quis se pronunciar alegando questões de segurança.

Investigação policial

A Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Sorocaba (SP) está responsável por cuidar de dois inquéritos que foram instaurados para apurar o caso do Instituto Royal: um sobre a invasão e o outro, em conjunto com o Ministério Público, sobre as denúncias de maus-tratos.

De acordo com o delegado da DIG, José Urban Filho, os dois inquéritos devem ser concluídos em um prazo de 60 dias. Com relação aos crimes que cada uma das pessoas identificadas que participaram da invasão vai responder, o delegado explica que cada caso será avaliado individualmente, já que as pessoas tiveram participações diferentes, mas podem ser considerados os crimes de invasão de propriedade, depredação de patrimônio privado, receptação e furto dos animais.

Veja as imagens do protesto em São Roque. Clique aqui.

Grupo se reúne para protestar (Foto: Jéssica Pereira/ Arquivo Pessoal)

Grupo se reúne para protestar (Foto: Jéssica Pereira/ Arquivo Pessoal)

Saiba mais:

Proposed California Law Would Free SeaWorld’s Orcas (WIRED)

BY BRANDON KEIM
03.07.14

Orcas performing at SeaWorld San Diego. Image: z2amiller/Flickr

Orcas performing at SeaWorld San Diego. Image: z2amiller/Flickr

A California lawmaker has proposed a ban on keeping killer whales in captivity for purposes of human entertainment.

Announced today by Assemblyman Richard Bloom, D-Santa Monica, the Orca Welfare and Safety Act would outlaw SeaWorld-style shows, as well as captive breeding of the creatures. Violations would be punished by $100,000 in fines, six months in jail, or both.

No hearing has yet been scheduled on the proposal, which will require a majority vote to pass through legislature. It’s also unclear how much support the bill will have, though California has passed progressive animal legislation in the recent past, including bans on shark fin soup and hunting bears with dogs.

“There is no justification for the continued captive display of orcas for entertainment purposes,” Bloom said in a public statement. “These beautiful creatures are much too large and far too intelligent to be confined in small, concrete tanks for their entire lives. It is time to end the practice of keeping orcas captive for human amusement.”

Bloom’s proposed law isn’t the first of its kind: South Carolina banned the public display of dolphins in 1992, as did Maui County, Hawaii in 2002. In February of this year, New York state senator Greg Ball introduced a bill that would ban orca confinement in sea parks and aquariums.

Unlike those states, however, California is home to SeaWorld San Diego, where 10 orcas — roughly one-fifth of all captive orcas — are used in performances. “This is a huge state in which to have that ban,” said Lori Marino, a neurobiologist and founder of the Kimmela Center for Animal Advocacy.

In recent years, the experience of captive orcas has come under scrutiny by animal advocates and some scientists, who say that aquarium conditions are simply inappropriate for animals as big, intelligent and highly social as orcas.

As evidence, advocates point to the physical and mental problems of orcas in captivity: They’re short-lived, prone to disease, have difficulty breeding, display extreme aggression and in some cases appear to be emotionally disturbed.

Such was the case with Tillikum, an orca at SeaWorld Orlando who killed three people, including SeaWorld trainer Dawn Brancheau. Her death and SeaWorld’s orcas were the subject of Blackfish, a 2013 documentary that inspired Bloom’s measure, which was written with assistance from Blackfishdirector Gabriela Cowperthwaite and Naomi Rose of the Animal Welfare Institute.

SeaWorld San Diego did not reply to requests for comment, but in a statement, spokesman David Koontz criticized Bloom for “associating with extreme animal rights activists.”

Koontz said the bill reflected the “the same sort of out-of-the-mainstream thinking” as an infamous lawsuit, filed by People for the Ethical Treatment of Animals and dismissed in 2012, which invoked the United States Constitution’s slavery-abolishing 13th amendment as grounds for freeing SeaWorld’s orcas.

“We engage in business practices that are responsible, sustainable and reflective of the balanced values all Americans share,” wrote Koontz.

Andrew Trites, head of the University of British Columbia’s Marine Mammal Research Unit, said that misgivings about keeping whales and dolphins in captivity are not restricted to activists and extremists. They’re something many scientists grapple with.

“We think about this a lot,” he said, “I do understand the strong feelings of those who think it’s entirely wrong. I also understand the value of keeping them in captivity.”

Studying captive orcas can provide information about health and physiology that’s otherwise difficult to obtain, and can be used to benefit wild orcas, said Trites. “But it has to be about more than just entertainment,” he said. “They have to be serving some greater good.”

Marino noted that the bill allows research on orcas held for rehabilitation after being rescued from injury or stranding. Those orcas couldn’t be kept in aquariums, though, but rather in enclosed, shallow-water sea pens that are open to the public — a compromise, perhaps, between greater-good benefits and individual well-being.

Orcas now kept at SeaWorld would be returned to the wild or, if that’s not possible, also kept in sea pens.

If Bloom’s bill passes, it could inspire other such measures, said Marino. “The science is so overwhelming that members of the legislature are convinced, and are putting this out there,” she said. “This is historic.”

Veterinária espanhola denuncia tráfico de orangotangos para prostituição (Brasília em Pauta)

Postado por Simone de Moraes 05:54:00 27/02/2014 

Crédito : Reprodução

A prostituição de orangotangos é uma prática comum em alguns países asiáticos, sendo que muitos destes animais são enclausurados e sofrem abusos sexuais contínuos de várias pessoas, de acordo com a veterinária espanhola Karmele Llano, que trabalha na Borneo Orangutan Survival (BOS).

Llano, que há oito anos denunciou os abusos sofridos, no Bornéu, de um orangotango de 12 anos, chamada Pony, diz que a prostituição de orangotangos é comum em locais com a Tailândia, por exemplo.

“O caso de Pony não é isolado. Sabemos que na Tailândia é frequente ver bordéis a usarem fêmeas de orangotango como diversão sexual para os clientes”, explicou Llano à revista Taringa.

De acordo com a associação Orangutan Conservancy, há apenas 20 mil orangotangos no mundo. A ONG explica que estes se poderão extinguir em apenas 10 anos, caso continuem a ocorrer casos como estes – ou, por exemplo, combates de boxe entre estes animais.

No caso de Pony, ela foi descoberta completamente depilada, perfumada e com os lábios pintados. O animal estava acorrentado a uma cama, para que os clientes do bordel, na vila de Keremgpangi, pudessem abusar dela – de acordo com Llano, tratam-se sobretudo de trabalhadores da indústria madeireira e extracção de óleo de palma.

Porém, estes casos não ocorrem apenas na Ásia. Segundo noticia o La Gaceta, este tipo de práticas são também recorrentes em países onde a legislação em matéria de protecção dos direitos dos animais é inexistente. Inclusive na Europa.

Segundo o espanhol diariomascota, na Alemanha a legislação não comtempla como ilegal a prática de sexo com animais. Existem, por isso, pequenos bordéis, na sua maioria clandestinos, que se dedicam a este tipo de clientes com inclinações zoófilas

Prostituição e extincão

Orangotangos são encontrados apenas na Ásia , Sumatra e Bornéu. De acordo com a Associação Americana de orangotango Conservancy, 20.000 é o número estimado no momento e eles podem estar extintos em 10 anos . 

De acordo com um relatório da Fundação Orangotango, esta é uma das mais graves ameaças à sua sobrevivência , junto com a sua venda como animais de estimação, o que alimenta ainda mais o grande contrabando desses animais . Um tráfego que vem , apesar dos controles , para a Europa, a partir de uma rota através do Oriente Médio. Orangotangos são importados de outros países da Ásia , especialmente Taiwan , onde são utilizados principalmente como animais de estimação por famílias ricas.

Acontece também na Europa

Apesar de entender essas práticas como incivilizado ou característica de países com menor desenvolvimento e legislação para a protecção dos direitos, tanto humanos como animais ou ambientais , em muitos casos, elas são inexistente. O fato é que estas práticas também são comuns na Europa, como denuncia a diariomascota web na Alemanha, “a legislação não cobre sexo ilegal com os animais, não se destina a violar qualquer lei ou que envolve os ataque contra eles. Não sendo punido , nenhuma pessoa pode enfrentar consequências legais para isso, então você poderia dizer que a manutenção e relações com os animais é permitida”.

Há também pequenos bordéis clandestino envolvidos em tais práticas. Os bordéis são centros “especializados” em clientes que têm tendências zoofílicas.

Projeto de lei veda uso de animal vivo para aula de medicina em SP (Folha de SP)

JC e-mail 4891, de 10 de fevereiro de 2014

Proibição afetaria formação de novos cirurgiões e prejudicaria pacientes, afirmam faculdades

Um projeto de lei pode afetar o ensino de medicina no Estado de São Paulo. Se a nova regra for aprovada, faculdades ficariam impedidas de usar animais vivos para treinamento de cirurgiões.

A proposta é do mesmo deputado autor da lei estadual que veda o uso de animais em testes de cosméticos, sancionada no mês passado. O projeto que afeta o ensino de medicina tramita desde 2012, mas só atraiu atenção no fim do ano passado, com a invasão do Instituto Royal –centro de pesquisa que usava cães em testes de drogas.

O autor do projeto, Feliciano Filho (PEN), diz que pretende aproveitar o súbito aumento do interesse político por questões de direitos dos animais para reavivá-lo.

A ideia de banir o uso de animais vivos no ensino médico encontra resistência.

“Se essa proibição for adotada, o prejudicado não vai ser o cirurgião, e sim o doente”, afirma Paulo Roberto Corsi, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Para ele, não é possível ainda substituir o uso de animais por manequins e simulações de computador, conforme propõe autor do projeto.

“Estão começando a surgir alguns simuladores, a maioria para cirurgia videolaparoscópica [com incisões pequenas]”, diz Corsi que também é vice-presidente do Colégio Brasileiro de Cirurgiões. “Para cirurgia convencional, porém, que requer o corte aberto, não existe modelo adequado que substitua o animal de experimentação.”

A espécie mais usada para aulas dessa disciplina em faculdades de medicina é o porco, com abdome de tamanho similar ao humano. Faculdades de medicina afirmam que evitam causar sofrimento nos suínos, pois todos eles são anestesiados durante os procedimentos cirúrgicos e abatidos antes de recobrar os sentidos para que não sintam nenhuma dor.

“O procedimento é feito com ética, com respeito ao animal, na presença de um professor e com acompanhamento de um veterinário”, afirma Antônio Carlos Lopes, diretor da Escola Paulista de Medicina (Unifesp). “Mas o aluno precisa entrar em contato com sangue, com pinçamento de vasos e com suturas em tecido vivo, que é diferente de tecido morto e de qualquer outro material.”

Segundo o médico, as boas faculdades de São Paulo já aboliram o uso de animais em aulas de anatomia e fisiologia nas quais não eram estritamente necessários.

INVASÃO
No curso de medicina da PUC-Campinas usa-se manequins de anatomia em aulas mais elementares, software para simular efeito de drogas e preparados em tubo de ensaio para demonstrar algumas reações metabólicas.

Mesmo buscando reduzir o uso de animais, a universidade teve uma aula invadida no ano passado por ativistas que filmaram porcos em cirurgia. Gustavo Henrique da Silva, coordenador de cursos na PUC-Campinas, se disse surpreso por a universidade ter virado alvo do ativismo.

“O procedimento feito ali tinha sido aprovado pelo comitê de ética da universidade, que é bem atuante, e estava sendo realizado com todo o rigor possível”, diz.

O projeto de lei, porém, alega que mesmo esse tipo de aula já caiu em desuso nos EUA. A ONG Humane Society lista apenas quatro escolas médicas que ainda usam animais vivos no país. Universidades americanas têm cursos mais longos, nos quais alunos acompanham cirurgiões experientes e só mexem em tecido vivo aos poucos.

Para Lopes, da Unifesp, porém, adotar o modelo dos EUA é inviável no Brasil. “Aqui não podemos nos dar ao luxo de fazer tudo isso, quando temos que colocar o médico rapidamente na linha de frente para trabalhar”, diz.

(Rafael Garcia/Folha de SP)
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saudeciencia/151359-projeto-de-lei-veda-uso-de-animal-vivo-para-aula-de-medicina-em-sp.shtml