Fusão de imagem de microscópio mostra o novo coronavírus em paciente infectado com foto de altar com diversas referências religiosas (National Institutes of Health / AFP)
“As dores humanas podem ter sentido, mesmo quando não têm solução”, pontuou o professor João Décio Passos, do programa de pós-graduação de ciência da religião da PUC-SP. Diante dos desafios transbordantes, pessoas católicas, evangélicas, esotéricas e das religiões de matrizes africanas têm mobilizado tanto recursos simbólicos de suas crenças como bússolas para navegar no amplo emaranhado de incertezas quanto se informado por fontes científicas para definir suas ações.
As singularidades
De um lado, uma parte da classe média urbana escolarizada – não necessariamente adepta de uma igreja em particular – tem apelado para uma noção ampla de “espiritualidade”, destaca Rodrigo Toniol, professor de antropologia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Há o imaginário de que a quarentena é um momento propício para olhar para si mesmo e suas idiossincrasias. Nesse caso, pondera o antropólogo, o próprio sujeito produziria a relação com o sagrado, descartando qualquer mediador (sacerdotal ou institucional). Abundam as “tecnologias da espiritualidade” – os aplicativos de meditação, de mindfulness, de yoga – imersas num referencial de terapias alternativas.
Por sinal, Toniol recebeu recentemente a informação de que, em um hospital de referência em São Paulo, uma paciente diagnosticada com Covid-19 foi orientada por uma terapeuta a desenhar mandalas como estratégia para cura. Após aderir à proposta, a paciente teria sentido melhoras físicas e aumentado o índice de saturação de oxigênio em seu corpo.
Há de se notar, em paralelo, a emergência de leituras esotéricas sobre a pandemia. Segundo essas narrativas, a espécie humana estaria passando por uma “purificação natural e necessária”, constata Passos. As respostas defendem uma lógica de crises predeterminadas, como uma crise sanitária a cada 100 anos. Nesses casos, a pandemia teria uma origem fora da História (do contexto biológico e social) e adviria de forças externas ou sobrenaturais. A solução dependeria de unções com óleo, colocação de crucifixo nas portas, correntes de oração etc. “A religião teria uma solução ritual (mágica) para a pandemia. Deus é quem estaria no comando, e não as ciências”, comenta o professor da PUC.
Desde a virada do milênio, os discursos sobre o apocalipse andavam desaparecidos no vocabulário evangélico, relembra Jacqueline Moraes Teixeira, pesquisadora e professora da USP. Nos anos 1980 e 1990, o fim dos tempos era dado como certo, com abundantes sinais de calamidade: a ausência de carne na mesa, as altas taxa de desemprego, a queda do muro de Berlim. Entretanto, recentemente, período que coincide com a produção da novela “Apocalipse”, que foi ao ar na Record entre 2017 e 2018 (e que será reprisada pela mesma emissora durante a quarentena), a narrativa voltou a ganhar fôlego, destaca a antropóloga. Nesse sentido, o Sars-CoV-2 emergiu como um novo sinal do apocalipse.
Para devotos do candomblé ou da umbanda, tal postura não faz sentido, pondera Vagner Gonçalves da Silva, do departamento de antropologia da USP. Isso porque, nessas religiões, as divindades podem trazer a doença com o objetivo de punição e, simultaneamente, de purificação. Isto é, a doença não é entendida como algo somente negativo, afinal, ao adoecer se aprende a cura e se valoriza a saúde. Nesse sentido, o vírus não é entendido na chave do demoníaco, mas como uma oportunidade para pensar no equilíbrio com a natureza, uma forma de valorizar o axé dos lugares e na força do sagrado. Ao contrário das cosmologias cristãs de expiação, no caso das religiões de matrizes africanas, as divindades não são aprisionadas no binômio maniqueísta de bem e mal.
De toda forma, parece haver um elemento comum de partilha no cenário contemporâneo, apesar das diferentes respostas religiosas.
A gramática científica
“Até o século 17 e 18, os agentes biológicos globais que matavam muita gente eram chamados de praga, afinal, o que organizava a experiência era a Igreja e a religião”, explicou Rodrigo Toniol. Com as revoluções científicas e a ascensão do Estado como princípios organizadores da vida social, os modelos explicativos se alteraram e fenômenos antes denominados como “pragas” passaram a ser compreendidos como “pandemias”.
No debate público recente, termos como “cloroquina”, “achatar a curva”, “isolamento” e “quarentena” tornaram-se comuns no vocabulário da população brasileira. “Por mais variadas que estejam sendo as experiências e interpretações sobre o que está acontecendo agora, a gramática tornou-se científica-estatal”, analisa Toniol.
O papa Francisco, por exemplo, adotou o isolamento social e, em seus discursos, demonstrou estar em sintonia com as orientações dos especialistas e entidades de saúde, conforme explica João Décio Passos. As fundamentações científicas orientaram o pontífice a adotar uma postura inédita: a suspensão das atividades religiosas, inclusive aquelas relacionadas à Semana Santa, essenciais na tradição católica. Ainda nesse sentido, pondera Passos, Francisco “não expressou em nenhum momento qualquer explicação religiosa sobre a origem da doença, bem como ofereceu rituais de cura para a mesma. Suas atitudes respeitaram a distinção entre o que é da ciência e o que é da fé”.
No caso de religiões de matrizes africanas, “houve uma transformação muito grande em relação ao que foi a epidemia da Aids no começo dos anos 1980”, comenta Vagner Gonçalves. Na época, uma parcela de pais e mães de santo defendia que a doença não iria afetar as pessoas em seu terreiro pela proteção do Orixá Obaluaiê. Décadas depois, a postura, ao menos entre os terreiros nos quais o pesquisador tem contato, mudou: terreiros suspenderam as festividades religiosas em consonância com as orientações da OMS e do Ministério da Saúde.
Mesmo quem deseja negar o conhecimento epidemiológico e as posturas de entidades governamentais parece mobilizar a gramática científica e estatal para vociferar suas convicções, afirma Toniol. A Igreja Universal do Reino de Deus, por exemplo, tem recorrido ao vocabulário científico para defender suas posições, salienta Jacqueline Moraes Teixeira. Logo após o governo estadual paulista decretar a quarentena e impedir as igrejas de várias orientações a realizar cultos com aglomeração de pessoas, Renato Cardoso – genro de Edir Macedo e bispo principal da IURD – fez uma live reclamando a necessidade de procurar outras bases científicas para garantir que, de um lado, o vírus não se espalhasse e, de outro, a produtividade econômica fosse mantida.
Nas redes sociais evangélicas, “há uma disputa acirrada sobre o conhecimento científico”, descreve Teixeira. Mesmo o que é fake news se traduz em formato que emula a ciência. Além disso, a antropóloga nota entre fiéis uma tentativa de procurar um conhecimento “puro”, “despido de um discurso político”. Segundo o diagnóstico dessas pessoas, “a esquerda defenderia o isolamento social, a direita defenderia o fim do isolamento” e, por isso, seria necessário acessar uma ciência pura que estaria despida de qualquer política ou posicionamento.
A política
Apesar dessa vontade, é notável como interesses políticos calculam os passos munidos de referenciais científicos e como o campo religioso municia as ações públicas para as decisões sanitárias.
O papa Francisco tem assumido, por exemplo, um papel de global player, avalia Toniol: “Ele tem produzido uma estética da política ao apresentar o Vaticano vazio e com uma iluminação calculada para que ele caminhasse no meio da chuva. Isso resultou na foto do início do século 21”. A imagem, desse modo, fazia uma defesa do isolamento endossado pelo Vaticano.
Decisões científicas também afetam as práticas religiosas. Nos terreiros com os quais mantém contato, Vagner Gonçalves relata o impacto do isolamento nas festividades. Afinal, nessas religiões, o contato é mediado pelo corpo: “quando o Orixá incorpora uma pessoa, ele abraça outras e faz transferência do axé nesse contato corpo a corpo. As ‘emanações’ do corpo como saliva, suor, sopro são fontes de axé…”. Para atender as orientações governamentais e, simultaneamente, manter viva a relação com o sagrado, os terreiros não deixaram de fazer os rituais privadamente. Por exemplo, as oferendas a Obaluaiê – a divindade associada às epidemias – passaram a ser fotografadas e enviadas nas listas dos terreiros. Mesmo assim, o isolamento tem impactado a sobrevivência material das pessoas, “são comunidades, no geral, de poucos recursos financeiros. O sacerdote vive do jogo de búzios, dos ebós (oferendas), dos rituais de limpeza espiritual e tudo isso cessou”, relata Gonçalves. Como alternativa, as comunidades têm pedido contribuição de seus filhos para manutenção e sustento das pessoas.
Posições políticas e religiosas também disputam os significados da ciência. Segundo pesquisa do Datafolha, houve uma divisão significativa na base de apoio ao presidente Bolsonaro, sobretudo entre católicos e evangélicos. Jacqueline Moraes Teixeira pondera que, mesmo nos segmentos protestantes no Brasil, notou-se uma divisão entre aqueles que desacreditaram inicialmente o vírus e aqueles que adotaram prontamente o isolamento social – como algumas denominações batistas que, em 2018, apoiaram o então candidato Bolsonaro.
Diante desse impasse, o presidente e líderes evangélicos ligados ao governo procuraram uma estratégia religiosa capaz de fazer frente à orientação científica do isolamento. O jejum emergiu como uma alternativa. Isso porque, afirma Teixeira, no imaginário cristão, o jejum é um momento de sacrifício individual em que se intensifica a relação com Deus. “Ninguém faz jejum em aglomeração, em templo”, destaca Teixeira, “Esse jejum foi uma tentativa de trazer para perto do governo essa gama de evangélicos que defendem as políticas de isolamento social”. Dessa maneira, o jejum produziria uma nova narrativa, lastreada em uma política teológica, para o governo se conectar com uma base política que se desfazia e acenar para um tipo de isolamento religioso.
Simultaneamente, nas redes de fiéis começaram a circular as imagens dos templos evangélicos com as portas fechadas e as pessoas ajoelhadas do lado de fora. “Isso traz um peso histórico. Essas igrejas quase nunca estão fechadas, desde as 6h da manhã até a madrugada elas ficam abertas”, relembra Teixeira. Essa foi uma postura política adotada por igrejas como a IURD para se contrapor ao decreto do governo estadual paulista que impede aglomerações. Na regra, os edifícios poderiam manter as portas abertas para prestar atendimentos individuais, por isso a decisão de trancar as igrejas produziu um efeito simbólico e político. Afinal, templos cerrados sugerem o caos e a proximidade com o apocalipse.
Sob essa imagem, a articulação entre política e religião ganhou novas dimensões, afinal, essa narrativa “consegue colocar a gestão do governo Bolsonaro numa posição que faz sentido para algumas pessoas – embora não seja unânime”, comenta Teixeira. “O governo passa a ser lido por segmentos evangélicos como um governo do fim do mundo. Ele não vai ser coerente – não precisa ser coerente –, não vai resolver os problemas, ele não vai tirar as pessoas do seu sofrimento… ele é um governo apocalíptico”. Por esse motivo, para alguns segmentos da população, a forma de administração da doença não geraria incômodo ou preocupação, afinal, estaria afinada com essa leitura cosmológica cristã.
Nesse universo de referências intrincadas e emaranhadas, o que se pode inferir é a articulação entre religião, ciência e política. Apesar de imaginarmos essas esferas como campos separados, nota-se, na prática, universos mutuamente constituídos e repletos de interpelações.
Praticantes de diversas religiões relatam sua rotina e líderes refletem sobre a pandemia
Há os que estão rezando sozinhos, em pequenos altares em casa. E os que vão até as janelas fazer orações em voz alta, para si e para a vizinhança. Missas e reuniões online também ajudam, assim como mensagens de fé que chegam em grupos de WhatsApp. Em tempos difíceis, ter uma crença é ainda mais importante, garantem pessoas de diferentes religiões.
E como os líderes religiosos estão avaliando esse momento de pandemia? Ouvimos nove deles, que falam que essa época ensina a valorizar o que há de mais imprescindível: o amor e a solidariedade. Abaixo, você encontra depoimentos de Dom Odilo Scherer, do rabino Michel Schlesinger e do lama Segyu Choepel Rinpoche, entre outros.
Na sacada de casa ou em reuniões virtuais, o estímulo da fé
Morador da Vila Mariana, por exemplo, faz orações que chegam a vários condomínios da vizinhança
Maria Fernanda Rodrigues
Tem sido assim todos os dias desde o fim de fevereiro, quando o coronavírus se tornou uma ameaça mais real aos brasileiros: ao meio-dia e às 21 horas, o desembargador aposentado Luiz Sabbato, de 76 anos, sai na sacada de seu apartamento na Rua Maestro Callia, na Vila Mariana, para fazer uma oração. Ele começou sendo acompanhado apenas pelos vizinhos de condomínio, que convidou pelo grupo de WhatsApp. Com o silêncio das ruas desertas, no entanto, sua voz foi se espalhando pelas redondezas.
Claudia Lopes mora no prédio ao lado e consegue ouvir bem o Pai Nosso e a Ave-Maria. Quando Sabbato faz algum outro comentário, fica mais difícil de entender. “Tenho vontade de ir para a rua, assistir à oração mais de perto, mas é hora de ficar em casa e rezar junto a distância”, diz a fonoaudióloga que faz, com o marido, também todos os dias, o Evangelho no Lar. “É reconfortante essa rotina: todos os dias depois do panelaço vem um silêncio e, então, as orações. No fim, ouvimos os vizinhos se despedindo uns dos outros e voltamos todos para o silência das nossas casas.”
Moradores da Rua Pelotas também querem poder acompanhar mais de perto e mandaram um apelo para Sabbato. “Eu bem gostaria de poder atender e comprar um megafone, mas com todas as lojas fechadas fica difícil. O que tenho feito é treinar a minha voz para eu poder falar mais alto”, disse.
Luiz Sabbato é um dos elos de uma corrente que tem levado mensagem de esperança para as pessoas que estão vivendo sob o medo do coronavírus e estão isoladas em suas casas. Diariamente, ele recebe de um amigo um vídeo ou um áudio com alguma mensagem de fé, enviada por um padre. Ele, então, começou a repassar esse conteúdo aos seus contatos, não sem antes deixar um comentário próprio. O grupo foi crescendo e o desembargador aposentado do Superior Tribunal de Justiça de São Paulo calcula que suas palavras estejam chegando, por meio dessas mensagens ou da oração compartilhada na sacada, a cerca de 30 condomínios da região.
Para que mais vizinhos consigam ouvir as orações, desembargador treina a voz para falar mais alto: “Eu bem gostaria de poder atender e comprar um megafone”Nilton Fukuda/Estadão
“Nós passamos por diversas crises e sempre houve uma esperança de vencer. Coisas como essa que estamos vivendo são sinais que vêm mostrar para a humanidade que é preciso ter mais solidariedade e compaixão. E você acredita em alguma coisa e tem um consolo ou não acredita em nada e vive em desespero”, comentou Sabbato.
Um pouco distante dali, no Jardim Paulista, Lucy de Araújo também se apoia na fé, que ela sempre teve, para superar este momento. Às vésperas de completar 79 anos e muito ativa, ela não parava em casa antes do confinamento. Era coral, clube, ginástica, trabalho voluntário e missa aos domingos. Se dava certo de estar casa às 18 horas, na hora do terço da Rede Vida, ela fazia. Agora, ela reza o terço todos os dias com o padre Lúcio.
“A religiosidade não ficou mais forte para mim neste momento porque ela sempre foi assim, mas ela está mais presente. O fato de ter uma fé, uma religião, algo em que acreditar, nos fortalece e isso está sendo muito importante para mim neste momento de crise, de quarentena, quando estou sozinha resolvendo as minhas coisas”, diz a aposentada, diante de seu pequeno altar, enquanto se acostuma com as novidades: a missa de Páscoa na TV, o banco no celular e o cafezinho com as amigas pelo Skype.
“O fato de ter uma fé está sendo muito importante para mim neste momento de crise, de quarentena”, diz LucyArquivo pessoal
Na casa de Amanda Castro, no Jardim Guedala, o momento é desafiador. A designer de 34 anos tinha acabado de voltar ao mercado de trabalho agora que seu filho mais novo – são quatro crianças entre 3 e 11 anos – havia entrado na escola. Há dois meses ela iniciou o novo trabalho, fazendo home office desde o começo. No primeiro mês tudo correu bem, porque os filhos estavam indo ao colégio. Mas a situação complicou muito com a interrupção das aulas.
“Tem sido muito difícil. São quatro crianças num apartamento, que virou também a escola. Um desafio que nunca pensei que fosse passar. Além de tudo o que desempenhamos no dia-a-dia, estamos sendo obrigados a fazer coisas que não sabíamos fazer antes”, disse Amanda. “Um dia desses, minha filha se estressou porque não conseguia realizar a tarefa e pedi ajuda ao Pai para que ela e os irmãos consigam entender o que está acontecendo.”
A família de Amanda é muito religiosa e frequentar a Igreja de Jesus Cristo dos Últimos Dias fazia parte da rotina de todos. Era como se a igreja fosse a continuação de suas vidas, segundo ela. “A igreja fechou por causa do coronavírus, mas está aberta em nossa casa.”
E não falta criatividade para ensinar a religião para as crianças. Dia desses, enquanto ela contava a história do rei Benjamim, do Livro do Mórmon, os filhos construíam uma montanha de palitos e uma coroa de E.V.A. para ele. Na Páscoa, Amanda recortou figuras e colou no pufe da sala para explicar a ressurreição. “Tento fazer com que cada história que conto fique interessante. As crianças aprendem brincando.”
Isso tudo deixou a designer ainda mais perto de sua fé? Ela diz que sim. “Tenho me aproximado mais de Deus sim. Sinto que preciso mais da ajuda dele porque sozinha eu não conseguiria.”
Amanda conta ainda que a família fez os dois jejuns sugeridos pelo líder da igreja como forma de pedir pela “cura física e espiritual”, neste momento em que a humanidade enfrenta o coronavírus. “Eu tenho visto o caos no mundo, as previsões, e acredito do fundo do meu coração que as pessoas não estão contando com um milagre. Tenho certeza que vai haver um milagre e vamos sair disso.”
Espírita, a jornalista Ivani Cardoso também tem fé e todos os dias, ao acordar, ela faz o autopasse de proteção e, uma vez por semana, o Evangelho no Lar. “São ferramentas que trazem mais tranquilidade e você se sente mais protegida e integrada a um grupo que está vibrando pela saúde, pela humanidade, pela paz”, disse Ivani. “A palavra do momento é confiança. Confiança que há um plano espiritual fazendo o melhor.”
Ela costumava frequentar um centro espírita em Pinheiros. Hoje, as reuniões estão sendo feitas pelo aplicativo Zoom. Na terça-feira, 14 de abril, nada menos do que 80 pessoas participaram virtualmente. Mas seu ritual não para por aí. Todas as noites, ela faz uma mediação de futuro: inspira e expira, imagina cenas alegres do futuro, pensa nas netas, nos amigos e em coisas boas. “Tem me feito um bem enorme me imaginar fazendo as coisas que são importantes no futuro.” Ela conclui dizendo que ouviu uma frase na reunião do centro desta semana que, em sua opinião, devia ser o nosso mantra: “O medo e a esperança não podem conviver no mesmo espaço.”
Para Bernardo Tanis, presidente da Sociedade Brasileira de Psicanálise, um momento como o que estamos vivendo, evoca situações vividas quando éramos pequenos: o desamparo. “Nós chegamos no mundo com muita fragilidade e precisamos de alguém que nos proteja. Quando crescemos, percebemos que isso não ficou no passado e que somos frágeis diante da natureza e dos nossos desejos e conflitos”, explica Tanis. “Mas vamos criando recursos, de personalidade, de ego, nos vínculo com os outros, que nos dão o sentimento de segurança e, com isso, vamos enfrentando a vida.”
Tudo muda quando acontecem situações com um potencial traumático muito grande e nos encontramos face a face com esse desamparo, de acordo com o especialista. “E o que fazer nesses momentos? Cada indivíduo tem um repertório muito próprio. Alguns podem pintar, escrever, procurar outras pessoas e dialogar”, diz Tanis. “Outras se reencontram com coisas mais voltadas à ideia de transcendência, com a crença de que existem outras forças desconhecidas e buscam nisso uma proteção e uma sensação de segurança ante a incerteza.”
O psicanalista vai além em sua análise. “Nós também precisamos poder confiar não só em Deus, na transcendência, mas nas autoridades que estão conduzindo a situação. Se elas nos mostrarem, com atos concretos, que estão cuidando de tudo e se importando com as pessoas, nos sentiremos bem mais amparados e confiantes”, acredita. “Se isso não acontecer, o sentimento de desamparo aumenta e buscamos na salvação, na religião, em algum lugar, a possibilidade de nos sentirmos mais cuidados.”
O momento atual, na palavra e na visão de nove líderes religiosos
Uma das mensagens comuns é a necessidade de cuidar e si e dos outros; entrevistados também ressaltam a oportunidade para promover mudanças
Giovanna Wolf e Maria Fernanda Rodrigues
Como as diversas religiões estão vendo este momento de pandemia? Quais são as grandes mensagens trazidas pela crise global provocada pelo coronavírus – e os aprendizados que devemos ter a partir dela? Ouvimos nove líderes religiosos sobre esses temas. Em comum, eles falam da necessidade de amor e solidariedade, e dos cuidados que precisamos ter conosco e com os outros. Também ressaltam que este período é uma oportunidade de refletir e promover mudanças. Confira, abaixo, o que eles disseram:
DEPOIMENTOS
Dom Odilo Pedro Scherer Cardeal-Arcebispo de São Paulo
“Como vamos sair dessa pandemia? Antes de tudo, espero sairmos vivos e com muitas lições aprendidas”, diz Dom Odilo Scherer – JF Diorio/Estadão
‘A pandemia nos dá a ocasião de revermos valores e prioridades na vida’
“Já tive a ocasião de me manifestar sobre a pandemia do novo coronavírus num artigo publicado no Estado, em 11 de abril passado. Esse artigo, de alguma maneira, já responde às questões levantadas no pedido recebido para esta manifestação.
As reflexões feitas em nome da Igreja Católica são numerosas e aquelas do papa Francisco são as mais expressivas e representativas. Ele fala pela Igreja Católica como um todo.
Pessoalmente, vivo como a maioria das pessoas a apreensão diante dos riscos de contágio com o vírus e me preocupo com a saúde de todo o povo. Faço votos e rezo para que os pesquisadores e cientistas encontrem o quanto antes uma vacina para a prevenção contra o vírus e uma medicação eficaz para combater os efeitos dessa virose. Enquanto isso não acontece, uno minha voz à das autoridades sanitárias que recomendam medidas e comportamentos que ajudem a evitar o contágio.
Em relação às ações da própria Igreja, nós suspendemos temporariamente as celebrações da liturgia católica e outros encontros e reuniões das nossas comunidades e paróquias, para evitar aglomerações e o risco do contágio. Enquanto isso, fazemos as celebrações religiosas com um mínimo indispensável de pessoas presentes e as transmitimos aos fiéis pelos meios de comunicação e das mais variadas mídias sociais. Mantemos também uma rede de organizações de ajuda solidária às pessoas doentes ou necessitadas de alimento e outras ajudas, como aos pobres, de maneira geral. Muitas iniciativas estão sendo organizadas pelos meios virtuais.
Nossa preocupação também é alimentar a fé religiosa das pessoas, pois ela tem grande importância nessas horas difíceis. Quando experimentamos e reconhecemos nosso limite, nós damos espaço para que Deus possa agir em nós e através de nós. A fé religiosa não é mera resignação diante dos fatos e situações, mas uma luz que dá um sentido mais profundo às realidades que vivemos.
Como refleti no citado artigo, a pandemia do coronavírus nos traz muitos questionamentos. Antes de tudo, devemos reconhecer que, apesar de todos os recursos de segurança pessoal e coletiva que possamos ter (dinheiro, poder, boa organização econômica e social), continuamos frágeis e expostos a riscos imprevisíveis e, aparentemente, insignificantes, como no caso de um vírus. Isso nos deve levar a ser humildes e a renunciar a qualquer delírio de onipotência ou superioridade.
Penso que a pandemia nos dá a ocasião de revermos valores e prioridades na vida e nossas atitudes diante desses valores e prioridades. A vida e a saúde, a família, cada pessoa e a companhia das pessoas, a sensibilidade diante do sofrimento alheio e a solidariedade, o afeto, o amor gratuito e a ternura, a natureza, nossa ‘casa comum’, a arte e a cultura, como construção de nosso convívio… Todos esses valores ajudam a expressar o melhor que trazemos dentro de nós: nossa humanidade.
Por outro lado, a pandemia nos obriga a rever os modos de vida muito acelerados que levamos, arrastados por uma economia que visa ao acúmulo mais que à satisfação das necessidades básicas. A pandemia oferece uma boa ocasião para refletirmos juntos sobre questões cruciais que movem imensas somas de dinheiro e, ao mesmo tempo, causam imensos sofrimentos pelo mundo: as guerras, as ideologias que semeiam o ódio e a divisão, o consumo desenfreado e o acúmulo de riquezas, que colocam em risco até mesmo a sustentabilidade da vida no nosso planeta. Existe algo de muito errado em tudo isso! Em vez de investir em armamentos, bens supérfluos e consumo de vaidades, por que não investir mais em saúde, educação, moradia, saneamento básico e bem-estar essencial para todos? Por que não sentar em torno de uma mesa e tomar decisões eficazes para erradicar doenças endêmicas, miséria e fome, que ainda existem e matam milhões de pessoas no mundo a cada ano? Por que duvidar em fazer isso, quando existem os recursos para fazê-lo?
Como vamos sair dessa pandemia? Antes de tudo, espero sairmos vivos e com muitas lições aprendidas. E que essas lições não sejam logo esquecidas. Sinceramente, espero sairmos mais solidários e atenciosos uns para com os outros; mais humildes e gratos por tantos bens da natureza e da cultura, que temos à nossa disposição. E que também saiamos com a fé religiosa reencontrada, ou renovada, dando graças a Deus todos os dias por termos a oportunidade de participar do banquete da vida, que é a coisa mais importante desta vida!”
Roberto Watanabe Presidente da Federação Espírita do Estado de São Paulo
“Muito já progredimos em matéria de solidariedade e fraternidade. Mas ainda há muito o que fazer”, afirma Watanabe – Arquivo Pessoal
‘Que neste momento possamos refletir sobre o que é perene e que nos traz paz’
“A Doutrina Espírita revela-nos Deus como a inteligência suprema do Universo, que atua como nosso Pai, infinitamente justo, misericordioso e bom. Um Pai que não pune e não castiga, mas que submete toda a Criação às Leis da Natureza, divinas, perfeitas e imutáveis, e que se sobrepõem à vontade e à ação do homem. Uma dessas leis é justamente a Lei do Progresso, que proporciona a todos os seres da natureza evoluir, progredir e alcançar a perfeição intelectual e moral que estas leis possibilitam.
Temos em Jesus o modelo, o guia seguro para esta conquista e que, quando de sua presença entre nós, revelou e viveu as atitudes e os comportamentos que asseguram a conquista deste progresso.
Diante destes conceitos, as dores e dificuldades que nos alcançam precisam ser analisadas por meio de uma visão transcendente da vida, pois em nossa condição de espíritos imortais, que já vivemos várias vidas e viveremos outras, infelizmente, ainda necessitamos do auxílio das dores para despertar para a conquista de valores morais que vão proporcionar a convivência fraterna, o respeito, a paz e a solidariedade entre toda a humanidade, exterminando os conflitos e a acentuada desigualdade social que existe em nosso planeta.
Muito já progredimos em matéria de solidariedade e fraternidade. Mas ainda há muito o que fazer. Grande parte de nós ainda não vê a todos como irmãos, criando barreiras e levantando muros de discórdia e separação.
Periodicamente, a Terra vivencia grandes desafios, sejam os provocados pelo homem ou aqueles que independem de nossa vontade, como as epidemias e os flagelos naturais. E que sem dúvida trazem muita dor. Pandemias como esta, deste momento, revelam a fragilidade do homem diante da própria natureza, servem de doloroso auxílio para o despertamento consciencial e o consequente exercício da solidariedade, da oração, da busca de Deus e da revisão de nossa escala de valores.
Diante da nossa impotência, temporária, no controle e combate deste vírus, façamos o possível para ser úteis na construção de uma atmosfera psíquica mais saudável no planeta, utilizando os recursos poderosos da prece, que nos coloca em sintonia com Deus e nos proporciona sustentação, coragem e esperança, orarmos pelos nossos irmãos que partem para a Pátria Espiritual e seus familiares, pelas equipes médicas e pesquisadores que se empenham na busca de soluções para este inimigo invisível, valorizarmos a convivência fraterna dentro do lar, o exercício dos bons pensamentos, da confiança de que tudo está sob absoluto controle de Deus e das Leis Divinas e da certeza de dias melhores, que sempre chegam.
Que saibamos aproveitar o momento para rever nossos conceitos sobre a vida, sobre as pessoas, auxiliar nossos irmãos em necessidade, dentro de nossas possibilidades, respeitando as orientações da ciência e das autoridades sanitárias, ter contato com bons livros e atividades que nos estimulem na elevação de nossos pensamentos, enfim, refletir sobre aquilo que realmente é perene e que nos traz a tão almejada paz.”
Michel Schlesinger Rabino da Congregação Israelita Paulista e representante da Confederação Israelita do Brasil para o diálogo inter-religioso
“Se conseguirmos identificar essa oportunidade de amadurecimento e crescimento, sairemos da crise mais rápido e melhor”, diz Schlesinger – Daniel Teixeira/Estadão
‘Único caminho para superar essa crise é darmos as mãos uns aos outros’
“Vivemos um momento de inflexão, muito especial, repleto de desafios e com oportunidades proporcionais a esses desafios. Minha esperança como religioso é que possamos identificar as oportunidades que existem em meio a esses desafios e nos fortalecermos como indivíduo e como sociedade. Se existe uma coisa que o coronavírus ensinou de forma inequívoca é que estamos todos no mesmo barco. O coronavírus não escolheu nacionalidade, idioma, religião, cor de pele, preferência sexual. O coronavírus ameaça a todos da mesma forma. Isso significa que a solução também deverá ser coletiva e a partir da cooperação entre todos. Não existe outro caminho para superar essa crise que não seja darmos as mãos uns aos outros e fazermos juntos essa travessia.
Falo de travessia porque estamos justamente na festa da nossa travessia do Mar Vermelho, o Pessach, quando os judeus lembram o momento de terem saído do Egito e da escravidão, atravessado o Mar Vermelho e conquistado a liberdade. Penso que essa liberdade ainda não é absoluta. A liberdade absoluta só vai acontecer quando ela for para todo mundo, universal, para todos os homens e mulheres. Os que se sentem mais livres estão equivocados. Eles precisam olhar para trás e ver que a travessia ainda não foi realizada por todos e estender a mão para que todos possam fazer essa travessia. E o coronavírus acentua esse sentimento de que estamos todos no mesmo barco, de que somos afetados da mesma forma e que, portanto, temos de buscar coletivamente uma solução.
Se apenas esse aprendizado for conquistado, já vejo uma enorme evolução. Quando olho por uma perspectiva histórica mais recente, depois da Segunda Guerra Mundial, quando 6 milhões de judeus e tantos outros milhões de não judeus foram assassinados, o mundo parecia ter aprendido alguma lição. Foi criada a Organização das Nações Unidas, foi feita a Declaração Universal dos Direitos do Homem. Havia um sentimento de que nossos destinos estão interligados e que nós temos de cooperar e trabalhar em conjunto. Nos últimos anos, eu identifico um retrocesso nesse processo. Voltou a existir no mundo um discurso ultranacionalista e xenófobo, e o coronavírus é a oportunidade de interrompermos esse processo e voltarmos a entender o quanto somos parte da mesma raça, que é a raça humana, antes de qualquer coisa – antes de religião, de nacionalidade -, e como humanos temos de defender uns aos outros, respeitar uns aos outros, e temos de ver na nossa diversidade a oportunidade de aprendizado e de crescimento. Essa lição é muito poderosa e muito importante. Se no meio dessa crise conseguirmos identificar essa oportunidade de amadurecimento e crescimento, sairemos dela mais rápido e melhor.”
Pastor Marcos Botelho Igreja Presbiteriana Comunidade da Vila
“Deus ensinou os filhos a serem corajosos e a enfrentarem as situações”, explica o pastor – Marcos BotelhoArquivo Pessoal
‘Aproveite o momento para olhar para onde estamos caminhando’
“A pandemia é um tempo para a humanidade dar dois passos para trás e repensar atitudes em relação ao consumismo desenfreado, à religião e à família. É uma oportunidade para olharmos para a sociedade doentia em que vivemos e para onde estamos caminhando. Também para os pais e as mães darem mais atenção aos filhos e para os cônjuges estarem mais juntos.
Do ponto de vista bíblico, Deus não perde o controle de nada. Mas isso não quer dizer que Ele mandou fazer a pandemia. É uma consequência do que a gente está fazendo na natureza nos últimos anos. As coisas erradas vão ter consequências, o que a gente planta, a gente colhe. Porém, Deus ensinou os filhos a serem corajosos e a enfrentarem as situações.
É uma chance para agirmos de forma diferente, mas isso não significa que realmente as pessoas vão mudar. Muitas vezes, os seres humanos não aprendem: estamos vendo por aí lutas por máscaras e respiradores, que evidenciam o egoísmo. Mas há sempre a opção também de agir pensando no próximo, com amor e solidariedade.
É um momento em que Deus nos colocou para pensar obrigatoriamente. É hora de mudar. O que você quer da sua vida? É um xeque-mate.
Não se isole. Fique em casa, mas não isole a alma. Aproveite o momento para olhar para sua casa, para a família, para a sociedade e para onde estamos encaminhando.”
Pai Guimarães de Ogum Diretor da Associação Brasileira dos Templos de Umbanda e Candomblé (Abratu)
“As pessoas estão ficando mais próximas da família, estão sentindo falta umas das outras e sendo solidárias”, acredita Pai Guimarães de Ogum – Arquivo Pessoal
‘Espiritualmente, é um momento de recolhimento para acolhimento’
“A humanidade sempre vai colher os resultados das suas escolhas. Não tem sagrado e fé que mude aquilo que é uma escolha da humanidade. A humanidade não respeita a natureza, não toma os cuidados necessários e não respeita limites. As escolhas do homem fazem com que de tempos em tempos vivenciemos essa realidade de tristeza e perda de vida.
Não há uma explicação teológica. É um castigo, mas não é proveniente de Deus, é um castigo da própria conduta que o homem escolheu. É até contraditório Deus, que me abençoa e quer o melhor para mim, resolver castigar pessoas no planeta e punir a humanidade na figura de pessoas inocentes.
Que esse momento possa servir de aprendizado, para que a gente aprenda a cuidar de si e do próximo. A pandemia já está deixando uma mensagem: as pessoas estão ficando mais próximas da família, estão sentindo falta umas das outras e sendo solidárias. Que possamos manter tudo isso quando a doença acabar, e que não precisemos mais de uma pandemia para ser solidário, ser amigo e se preocupar.
Talvez a humanidade aprenda a valorizar coisas a que não está atenta mais. Talvez haja a reflexão de que existe algo maior e mais valioso que o materialismo.
É uma situação oportuna para quem está em família, para cada um dentro da sua fé fazer uma oração, para as pessoas conversarem. Espiritualmente, é um momento de recolhimento para acolhimento, para se aproximar dos parentes. Perdeu-se o costume do almoço em família. As pessoas estão interiorizadas em seus mundos e em suas interligações. Tem muito filho que não conhece a história do próprio pai.
Não podemos perder a crença de que o ser humano quer evoluir. Precisamos dar um jeito de ficar em casa e cuidar da família. Vamos nos amar. E para amar não precisa estar próximo, tem de respeitar.”
Babalaô Ronaldo Antonio Linares Sacerdote Umbandista, criador do Santuário Nacional da Umbanda
“Nós, umbandistas, acreditamos em um Deus de amor, que ama, compreende e não pune todos por alguns”, explica o babalaôMaria Aparecida Linares/Santuário Nacional da Umbanda
‘Vivemos tempos em que a fé e a ciência precisam andar de mãos dadas’
“A pandemia é um recado à humanidade, qualquer que seja o credo, se o Deus é de amor. Devemos parar de discutir o que Ele disse e fazer o que Ele mandou: ‘Amai-vos uns aos outros’.
Vivemos tempos em que a fé e a ciência precisam andar de mãos dadas. Portanto, a melhor postura agora é fazer o que diz a ciência, como ficar em casa, evitar contato físico e manter a higiene. Tudo isso sem deixar de lado a fé, porque é sempre um desafio fazer uma coisa com que não estamos habituados, que está além de nossos conhecimentos.
Nessas ocasiões, mais do que nunca, aqueles que creem recorrem a Deus para o conforto que só a religião proporciona. É quando então nos socorremos na fé.
As pandemias são cíclicas e parece que a cada século enfrentamos uma. Há uma grande tendência de culpar alguém nessas ocasiões e quase sempre culpa-se a humanidade, alegando que é um castigo de Deus. Nós umbandistas acreditamos em um Deus de amor, que ama, compreende e não pune todos por alguns.
Rogo a Oxalá que mantenha acesa no coração dos homens a chama da espiritualidade, que afasta as trevas da incerteza.”
Monge Sato Regente do Templo Shin-Budista de Brasília
“As pessoas estão ficando irritadas e ansiosas, mas é um momento importante de reflexão”, diz o Monge Sato – Valdegran Oliveira Rodrigues
‘Não devemos voltar à realidade da mesma forma que saímos’
“A crise é um perigo mas também uma oportunidade. Se mal tratada, pode nos levar ao buraco. Porém, pode ser um ensejo para sermos melhores. É um momento de aprendizagem, de pensar em quem somos nós como humanidade. Somos a humanidade que cria desigualdades e que trata a natureza como inimiga? Será que é esse tipo de vida que queremos?
Não devemos voltar à realidade normal, depois da pandemia, da mesma forma que saímos. É o momento de pensar o que é uma vida humanitária normal. É competição ou solidariedade? Se nós podemos ser solidários nesta crise, por que não podemos ser solidários em tempos normais?
Essa crise é muito especial. Normalmente, em outras crises, as pessoas que tinham posses se sentiam defendidas. Nesta pandemia ninguém está imune. É hora de rever o privilégio. A terra pertence a todos, mas no sistema que estamos vivendo algumas camadas têm privilégios. Será que todo esse avanço científico e tecnológico está beneficiando todos ou apenas os poderosos?
Será preciso muita serenidade e calma. As pessoas estão ficando irritadas e ansiosas, mas é um momento importante de reflexão, para refletirmos quem nós somos. Essa irritação é porque nós não estamos acostumados a entrar fundo em nós próprios.
É um tempo de autoconhecimento, de prestar atenção não só em si, mas nas relações com as pessoas. Queremos sempre mais, e talvez possa ser um aviso de que o planeta tem seus limites. O grande avanço científico e tecnológico nos promete abundância material mas não o amor, a solidariedade e a equidade.
De repente percebemos a importância do ar. As pessoas ficam sem ar com essa doença, elas morrem porque falta ar. Colocamo-nos todos iguais perante ao ar, que é um bem-comum e universal. E a espiritualidade é tão valiosa quanto o ar.”
Lama Segyu Choepel Rinpoche Brasileiro, fundador da Fundação Juniper, centro de meditação localizado na Califórnia, nos Estados Unidos
“Nesta hora é preciso ter um sistema que me conduz a ter uma paz interior,” afirma Rinpoche – Galen Stolee/Fundação Juniper
‘Momento atual é uma tragédia, mas também grande oportunidade para transformação interior’
“O mundo está passando por uma transformação e existe muita dor pela perda. É um momento em que a morte está na nossa casa, está na nossa visão o tempo todo. É uma tragédia, sim, mas também uma grande oportunidade para transformação interior.
Um dos ensinamentos do Budismo é que a morte é certa: todos nós vamos morrer, só não sabemos quando. E a morte chega sem aviso. Muitas pessoas vivem como se nunca pensassem que fossem morrer, e morrem como se nunca tivessem vivido. Quando a morte chegar e eu tiver um minuto ou um segundo para fazer um panorama da minha vida, como é que eu vivi? Como é que foi minha vivência? A vida em certo ponto é respirar, comer, beber, defecar e urinar. Mas a vivência depende da mente.
A vida tem problemas, eles estão aí. Ela é como se fosse uma bolha d’água: a morte chega sem aviso em uma situação como essa que estamos vivendo. Mas como eu reajo a esses problemas? Como eu posso aproveitar esse momento para fortalecer meu pensamento e para mudar os meus padrões internos negativos em padrões que sejam de felicidade, alegria e bem-estar? É por isso que nesta hora é preciso ter um sistema que me conduz a ter uma paz interior, uma serenidade interior, uma harmonia interior. Isso vai ajudar nesses momentos difíceis.
É como diz um provérbio budista: ‘A felicidade e o sofrimento dependem da nossa mente e da nossa interpretação. Ela não vem de fora, nem tampouco dos outros. Toda felicidade e todo sofrimento são criados por nós mesmos, pela nossa própria mente’. Já parou para pensar por que tem gente que tem ojeriza a barata? Muitas pessoas dizem que é nojento, mas quantos animais são nojentos e a gente gosta? Então de onde vem o nojento, da barata ou da cabeça? A barata pode remeter a enfermidades por causa de onde ela anda, mas não é preciso ter pânico dela. A barata não é o problema, o problema é meu estado mental: a barata simplesmente é um gatilho para esse estado mental que eu tenho.
A pandemia nos alerta que precisamos trabalhar nossa mente para situações como essa. Esse vírus não tem uma explicação, tudo acontece, as coisas estão aí. Tem muita teoria em volta disso, mas é uma coisa que acontece no mundo como muitas outras coisas já aconteceram. Perdemos muito tempo criando histórias. Não gosto de dogmas. É um grande momento para a humanidade porque afetou a todos: não é só um país, é o planeta Terra. O mundo todo está afetado e condicionado ao tratamento dessa enfermidade. Se a humanidade encarar esses dois meses em casa não como sacrifício mas como oportunidade de crescimento, acredito que muitas pessoas vão mudar. Não sei se será uma medicina mental para todos, mas acredito que muitas pessoas vão começar a ter uma visão melhor da própria vivência.
É o momento ideal para essa transformação, porque as pessoas estão em reclusão, não têm para onde ir, não há desculpas. Estou em casa há sete semanas aqui na Califórnia, nos Estados Unidos. Para mim é normal ficar recluso, porque eu faço muito retiro. Aqui está lindo, não tem barulho de carro, os passarinhos estão falando melhor. Isso não é maravilhoso? A humanidade poderia aproveitar esse tempo de silêncio não só como um silêncio externo, mas como um silêncio interior. Desse silêncio interior você vai trazer mais amor, mais carinho, mais tranquilidade e mais compaixão para você e para os outros.
Quatro meditações são importantes para as pessoas aproveitarem neste momento: a de acalmar a mente, a de pensamentos positivos, a de cura (fortalecimento do sistema imunológico), e a de compaixão (comigo e com os demais). Toda as sexta-feiras, às 19 horas, estou disponibilizando meditações online para os brasileiros, transmitindo também algumas mensagens.”
Ali Zoghbi Vice-presidente da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil
“A pandemia demonstrou o quanto somos insignificantes, é uma lição de humildade”, acredita Ali Zoghbi – Adriano Cardos/FAMBRAS
‘‘Essa doença uniformizou a diferença de classe: todos estamos sofrendo’
“Neste momento devemos agir para preservar a vida, porque ela é essencial e prioritária. O Islã é uma religião que acredita e aceita a ciência, e sempre a teve como um suporte e um sinal da misericórdia divina.
A visão do Islã é de que Deus é onisciente: nenhuma folha cai de uma árvore sem a ciência do criador. Acreditamos no livre arbítrio, e também que a sociedade cria suas próprias armadilhas no decorrer da história. Como muçulmano, entendo que nós somos responsáveis por esse tipo de epidemia que está nos assolando, por conta da maneira como estamos lidando com o alimento, com o meio ambiente, com uma série de fatores da nossa trajetória.
Entendemos essa pandemia com súplicas de que esse momento, tão difícil e delicado, que tem provocado mortes de seres humanos, possa ser um prenúncio de uma sociedade mais adequada, mais harmoniosa e mais justa no futuro. A pandemia vem no sentido de demonstrar que os caminhos que estão sendo adotados estão provocando sofrimento e morte e, portanto, precisam ser revistos.
Em tudo na história, quando estamos no meio do processo, não conseguimos fazer uma avaliação precisa, nem do que está acontecendo nem do que está por vir. O tempo vai mostrar para nós com mais clareza quais serão os resultados. Imagino que nada será como antes. Teremos reflexões muito profundas em diversos setores, desde o sistema econômico até o de relacionamento humano. Essa doença praticamente uniformizou a diferença de classe: todos somos seres humanos que estão sofrendo com a situação.
A pandemia demonstrou o quanto somos insignificantes, é uma lição de humildade. Existe uma arrogância do ser humano em entender que talvez ele poderia suplantar as coisas da natureza e suplantar um pequeno vírus como esse. Mas essa doença deixou os seres humanos de joelhos.”
Worshippers are suspending rites hitherto regarded as vital
Editor’s note: The Economist is making some of its most important coverage of the covid-19 pandemic freely available to readers of The Economist Today, our daily newsletter. To receive it, register here. For our coronavirus tracker and more coverage, see our hub
IN THE 2,000 years since the story of Jesus was first told in Rome, his followers have never seen an Easter like this. In Catholicism’s home, the most poignant moment in the Paschal drama comes on Good Friday when the pope leads worshippers on a walk, with 14 stops, enacting the progress of Jesus towards his execution.
This year that has proved impossible. It was announced that instead, Pope Francis would move about in an empty St Peter’s square. Two days later, on April 12th, instead of proclaiming the resurrection of Jesus to a multitude, he would officiate almost alone in its vast basilica. Millions could observe, but only electronically.
Past emergencies, from recessions to wars, have galvanised people to find new meaning in old rituals. But nothing prepared believers for the world of covid-19, in which those rituals, the gestures and gatherings at the heart of their identity, have become a public danger. For innovative religious types who already use technology with confidence (see article), the crisis will accelerate a trend. But for more established faiths, reactions have ranged from meek compliance to truculent defiance.
Covid-19 has not generally widened fissures between faiths. Rather, it has widened those within the ranks of all great religions. They were already squabbling over how far old beliefs could live with modern views of Earth’s origin. The pandemic exacerbates the rift between science-defiers and those who respect the laboratory.
For some, the bafflement is palpable. Russian Orthodoxy’s Patriarch Kirill declared on March 29th: “I have been preaching for 51 years…I hope you understand how difficult it is for me to say today, refrain from visiting churches.” Among eastern Christianity’s followers, many will not: clerics in Georgia, for example, continued to offer the faithful consecrated bread and wine, by which it is impossible, they insist, to be harmed.
Pope Francis has sounded surer: “Thick darkness has gathered over our squares, our streets and our cities; it has taken over our lives, filling everything with a deafening silence and a distressing void.” But the broader response of Western faith has been unimpressive, argues Marco Ventura of Siena University. “Even for many believers, medical officers are the new prophets.”
Not all Christians agree. Some American evangelicals, including vocal supporters of Donald Trump, have been reckless denialists of covid-19. A preacher in Florida, Rodney Howard-Browne, was briefly arrested on March 30th after busing people to worship, insisting he could neutralise the virus. Some politicians seem half-sympathetic. Two days later the state’s governor, Ron DeSantis, listed religious activities among “essential services” that could continue (without crowds) despite a lockdown. In at least a dozen other states, such activities were left unimpeded.
Secularist rage has been rising since early surges in the epidemic were traced to religious recklessness. In South Korea hundreds of members of the secretive Shincheonji Church of Jesus contracted the virus at packed services and spread it. The government complained that the church was not co-operating in tracing them. Its leader later apologised. An Islamic gathering in Malaysia in February helped spread the virus to neighbouring countries.
Elsewhere, liberal clergymen, rabbis and imams have heeded calls to suspend gatherings. But among ordinary people, the order to stop their cherished rituals feels like a dark conspiracy. “Not even the communists completely forbade Easter services” is a refrain in eastern Europe.
Within Judaism, many have reacted creatively, accepting, for instance, that a minyan, the ten-strong quorum for worship, might assemble electronically. The ultra-Orthodox, or Haredim, however, have dug their heels in. In Israel the Haredi stronghold of Bnei Brak has been a covid-19 hotspot. People have insisted on gathering for prayers, weddings and funerals, defying a lockdown and exacerbating chronic tensions between the Haredim and the state.
Elsewhere zealots already at odds with the state or with established religious powers have found in the virus a fresh battleground. In Iraq Muqtada al-Sadr, a fiery cleric, has challenged Grand Ayatollah Ali al-Sistani, a Shia leader who has denounced those who spread the virus as murderers. On March 5th Mr Sadr prayed at the entrance to the Imam Ali shrine in Najaf until caretakers opened the teak doors. It remained open, and mourners carry their dead around the shrine in coffins. The radical preacher has called coronavirus a punishment for gay marriage, as have some fundamentalist Christians.
Where the state broadly controls Islam, as it does in the Gulf monarchies, orders to suspend Friday prayers have been obeyed. The Saudis have told pilgrims to defer any plans to make the haj in July. But when Ramadan begins around April 23rd, authorities in all Islamic lands will struggle to restrain communal meals to break the fast.
In Iran, one of the first- and worst-hit countries, the religious authorities wield ultimate power. Their decision on March 16th to suspend pilgrimages to holy places, including those in the city of Qom from which infection had spread to other countries, was criticised as too late by secular liberals, too harsh by the ultra-devout.
India is one of many places where politicians must collaborate with religious forces. In Ayodhya, claimed as the birthplace of Rama, officials tried with mixed results to limit celebrations of the Hindu god. It was left up to the Hindu organisers to encourage restraint; they obeyed reluctantly.
On the spectrum of reactions, the Catholic one stands out as respectful of science. Today’s Holy See differs from the one which in centuries past persecuted astronomers. But some critics, including conservative American Catholics, see in its meek response the church’s broader weakness.
The contrast between cautious Catholics and gung-ho evangelicals has been sharp in Brazil. Catholic bishops and politicians have co-operated with the suspension of services, while President Jair Bolsonaro, an evangelical who has called the virus “just a sniffle”, has joined co-religionists in legal battles to keep churches open.
In the end, the survival of religions may depend on their finding a way of explaining to followers, in their own terms, why their spiritual duty now lies in suspending rites hitherto regarded as vital. As Shadi Hamid of the Brookings Institution, a think-tank, notes, Muslim jurisprudence has accepted that human survival can trump other norms: a Muslim can eat forbidden pork rather than starve. For liberal-minded Jews, the ideal of tikkun olam, or repairing the world, is higher than rules governing prayer or diet.
Communion, during which Christians consume bread and wine which some believe to have been transformed into the body and blood of Jesus, throws up particular challenges. Rule-minded Christians find an electronic Eucharist untenable: the ritual has to be physical.
And yet traditional Christian teaching may also have hygienically helpful things to say. It affirms that the entire world is mysteriously blessed every time bread and wine are sanctified, regardless of how many are present. That helps explain the determination of Greece’s bishops to celebrate “behind closed doors” this month the services leading to Orthodox Easter.
James Alison, a radical Catholic priest, proposes a solution both revolutionary and traditionalist. He is encouraging households to practise “Eucharistic worship” at home: to bless bread and wine and invoke the presence of Jesus. His approach, he says, affirms the intimacy and mystery of classical worship but challenges the idea of a caste of celebrants. As he points out, a lack of manpower in some parts of Christendom is already prompting a rethink of the role of priests: the virus could be the coup de grâce. Pope Francis has called the pandemic “a time to separate that which is necessary from that which is not”. Some may take him at his word.
Nos dois mil anos desde que a história de Jesus começou a ser contada em Roma, os seus seguidores nunca viram uma Páscoa como esta. Na sede do catolicismo, o momento mais pungente do drama pascoal ocorre na Sexta-feira Santa, quando o papa conduz os fiéis em uma caminhada, com 14 estações, que representa o caminho percorrido por Jesus até a sua execução.
Este ano, isto se tornou impossível. Foi anunciado que em vez disso, o Papa Francisco andaria pela Praça de São Pedro vazia. Dois dias depois, no dia 12 de abril, em lugar de proclamar a ressurreição de Jesus a uma multidão, ele oficiará praticamente só em sua vasta basílica. Milhões de pessoas poderão observá-lo, mas apenas eletronicamente.
Emergências passadas, desde recessões até guerras, estimularam as pessoas a encontrar um novo significado em antigos rituais. Mas nada preparou os fiéis para o mundo do coronavírus, em que esses rituais, os gestos, a reunião que fazem parte de sua identidade, se tornaram um perigo público. Para as religiões inovadoras que já usam a tecnologia com segurança, a crise simplesmente vai acelerar uma tendência. Mas para os credos mais antigos, as reações variaram do dócil cumprimento ao desafio truculento.
A covid-19 não ampliou em geral as fraturas existentes entre os credos. Mas ampliou as que existem entre os seguidores de todas as grandes religiões. Eles já discutiam até quando durariam as antigas crenças com as modernas visões da origem da Terra. A pandemia exacerba a fratura entre os que desafiam a ciência e os que respeitam o laboratório.
Para alguns, a perplexidade é palpável. O Patriarca Kirilli da Ortodoxia russa, declarou no dia 29 de março: “Rezo há 51 anos… Espero que vocês compreendam como é difícil para mim dizer hoje: não visitem as igrejas”. Entre os seguidores do cristianismo oriental, muitos não o farão: os clérigos da Georgia, por exemplo, continuaram a oferecer aos fiéis o pão e o vinho consagrados, pelos quais, insistem é impossível sermos prejudicados.
O Papa Francisco se mostrou mais seguro: “Uma escuridão profunda se adensou sobre as nossas praças, as nossas ruas, as nossas cidades; levou as nossas vidas, preenchendo tudo de um silêncio ensurdecedor e de um vazio angustiante”. Mas a resposta da fé ocidental como um todo não chegou a impressionar, afirma Marco Ventura, da Universidade de Siena. “Até mesmo para muitos fiéis, os médicos são os novos profetas”.
Nem todos os cristãos concordam. Alguns evangélicos americanos, como os ruidosos seguidores de Donald Trump, negaram temerariamente a covid-19. Um pregador da Flórida, Rodney Howard-Browne, foi preso por pouco tempo no dia 30 de março por levar pessoas de ônibus para a igreja, insistindo que ele neutralizaria o vírus. Alguns políticos aparentemente mostram até simpatizar com esta atitude. Dois dias mais tarde, o governador do estado, Ron DeSantis, incluiu as atividades religiosas entre “os serviços essenciais” que poderiam continuar (sem multidões) apesar do fechamento. Em pelo menos dez estados, estas atividades foram liberadas.
A revolta dos secularistas aumenta desde que as primeiras ondas da epidemia foram atribuídas à imprudência religiosa, Na Coreia do Sul, centenas de membros da Igreja secreta Shincheonji de Jesus contraíram o vírus em serviços celebrados com multidões de presentes, o espalharam. O governo lamentou que a igreja não tenha cooperado procurando-os. O seu líder posteriormente pediu desculpas. Uma reunião islâmica na Malásia, em fevereiro, ajudou a espalhar o vírus para os países vizinhos.
Em outras partes, clérigos, rabinos e imãs liberais atenderam aos apelos pela suspensão das reuniões. Mas as pessoas comuns, veem a ordem de pararem os seus rituais prediletos como uma obscura conspiração. “Nem os comunistas proibiram os serviços da Páscoa” é o refrão na Europa Oriental.
No judaísmo, muitos reagiram de maneira criativa, aceitando, por exemplo, que um minyan, o quorum de dez pessoas para as orações, possa reunir-se eletronicamente. Os ultra ortodoxos, ou Haredim, entretanto, bateram o pé. Em Israel, a fortaleza haredi de Bnei Brak é um dos pontos chave do covid-19. As pessoas insistiram em reunir-se para as orações, os casamentos e os funerais, desafiando o fechamento e exacerbando as tensões crônicas entre os haredim e o Estado.
Em outros países, os ortodoxos que costumam discordar do Estado ou dos poderes religiosos encontraram no vírus um novo motivo de enfrentamento. No Iraque, Muqtada al-Sadr, um clérigo inflamado, desafiou o Grande Ayatollah Ali al-Sistami, o líder xiita que denunciou os que espalharam o vírus como assassinos. No dia 5 de março, Sadr orou na entrada do santuário do Imã Ali, em Najaf, até que os zeladores abriram o portão de teca. Ele permaneceu aberta, e os pranteadores carregam os seus mortos em torno do santuário nos caixões. O pregador radical definiu o coronavírus um castigo por causa do casamento gay, assim como fizeram cristãos fundamentalistas.
Onde o Estado controla amplamente o Islã, como nas monarquias do Golfo, as ordens para suspender as orações da sexta-feira foram obedecidas. Os sauditas disseram aos peregrinos que adiassem os planos de fazer a haj em julho. Mas quando o Ramadan começar, por volta de 23 de abril, as autoridades em todos os países islâmicos terão dificuldade para proibir as refeições comuns para quebrar o jejum.
No Irã, um dos primeiros países e o mais atingido, as autoridades religiosas detêm o poder último. Sua decisão, no dia 16 de março de suspender as peregrinações aos lugares sagrados, inclusive para a cidade de Qom da qual o contágio se espalhou para outros países, foi criticada como excessivamente tardia pelos liberais saculares, e demasiado rigorosa pelos ultra devotos.
A Índia é um dos vários países em que os políticos precisam colaborar com as forças religiosas. Em Ayodhhya, supostamente o lugar de nascimento de Rama, as autoridades tentaram, com resultados desiguais, limitar as celebrações do deus hindu. Os organizadores hindus foram encarregados de encorajar as restrições; mas eles obedeceram com relutância.
Quanto às reações, o católico se destaca pelo respeito à ciência. A Santa Sé dos dias atuais é diferente daquela que nos séculos passados perseguiu os astrônomos. Mas alguns críticos, como os católicos americanos conservadores, consideram sua resposta submissa a grande fraqueza da igreja.
Negação
O contraste entre os cautelosos católicos e os evangélicos entusiastas é agudo no Brasil. Os bispos católicos e os políticos cooperaram com a suspensão dos serviços, enquanto o presidente Jair Bolsonaro, evangélico, que chamou o vírus “uma gripezinha”, se uniu aos seus correligionários em batalhas legais para manter as igrejas abertas.
No final, a sobrevivência das religiões poderá depender de descobrirem uma maneira de explicar aos seus seguidores, em seus próprios termos, por que o dever espiritual agora é suspender ritos até agora considerados vitais. Como observa Shadi Hamid da Brookings Institution, um grupo de pesquisadores, a jurisprudência muçulmana aceitou que a sobrevivência humana pode se sobrepor a outras normas: um muçulmano pode comer a carne de porco, que é proibida, para não morrer de fome. Para os judeus liberais, o ideal do tikkun olam, ou reparação do mundo, é superior às normas que governam a oração ou a dieta.
A comunhão, durante a qual os cristãos consomem o pão e o vinho que alguns acreditam tenha se transformado no corpo e no sangue de Jesus, introduz desafios particulares. Os cristãos que respeitam as regras consideram a eucaristia eletrônica indefensável: o ritual deve ser físico.
E no entanto, o ensinamento cristão tradicional pode também ter coisas úteis para dizer do ponto de vista da higiene: Ele afirma que misteriosamente o mundo todo é abençoado toda vez em que o pão e o vinho são consagrados, independentemente o número de pessoas presentes. Isto ajuda em parte a explicar a determinação dos bispos da Grécia de, este mês, celebrar “a portas fechadas” os serviços que antecedem a Páscoa Ortodoxa.
James Alison, um sacerdote católico radical, propõe uma solução ao mesmo tempo revolucionária e tradicionalista. Ele encoraja as famílias a praticarem “a adoração eucarística” em casa, abençoando o pão e o vinho e invocando a presença de Jesus.
Segundo ele, a sua abordagem afirma a intimidade e o mistério da adoração clássica, mas desafia a ideia de uma casta de celebrantes. Como ele ressalta, a falta de mão de obra em algumas partes da cristandade já está levando a reconsiderar o papel dos sacerdotes: o vírus poderia ser o golpe de graça. O Papa Francisco definiu a pandemia “uma época para separarmos o que é necessário do que não é”. É possível que alguns creiam plenamente em suas palavras. /TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA
When Rep. Jared Huffman (D-Calif.) found out that a Trump administration rule that restricts research using fetal tissue from elective abortions was hampering scientists seeking treatments for the novel coronavirus, he had a coterie of like-minded members of Congress ready to help him protest.
The group is called the Congressional Freethought Caucus — the first caucus for nonreligious members of Congress and those who advocate for keeping religion out of government. Huffman, the only avowed non-theist in Congress, and Rep. Jamie B. Raskin (D-Md.) founded the group in 2018.
The coronavirus struck just as the caucus’s dozen members were having discussions early this year about how they could play a more active role in policymaking. The crisis has provided an opportunity for them to loudly proclaim the importance of science as the grounding for laws.
“We urge you to prioritize science during an unprecedented global health emergency and remove all barriers to lifesaving research,” Huffman wrote in a public letter to Health and Human Services Secretary Alex Azar, asking HHS to remove its ban on government scientists using fetal tissue that women choose to donate to research after an abortion. Four fellow members of the Freethought Caucus added their names to the letter, and they got eight colleagues outside the caucus to sign on.
While the small band of lawmakers in the Freethought Caucus comes nowhere close to the powerful heft of the religious right, they say they hope to be a counterweight, pushing the balance back toward secularism.
These lawmakers are agitating for secularism within a legislature that has long been comfortable with some level of mixing faith with government — every session starts with a prayer from a congressional chaplain or an invited religious guest — and that skews far more religious than the country it represents. More than a quarter of Americans say they identify with no religious tradition, and almost 1 in 10 say they don’t believe in God or aren’t sure God exists. Huffman is the only one out of 535 members of Congress who says the same.
As the caucus members discussed ramping up their efforts in the early months of the year, they listed many goals: Passing a bill condemning the blasphemy laws that target nonbelievers and dissident believers in foreign countries. Securing government funding for secular sobriety programs that compete with the higher-power-focused Alcoholics Anonymous. Passing legislation that would make it harder for the president to disband scientific advisory committees.
In early March, before the coronavirus took precedence, Huffman said one of his main goals for the caucus was getting behind the No Ban Act, a bill that would put an end to President Trump’s travel ban (the one that started at the beginning of his presidency, not the new coronavirus-inspired bans). Huffman and many other Democratic lawmakers view the president’s ban as targeting Muslims specifically.
“It’s one of a zillion ways this administration is weaponizing religion in insidious ways,” he said. He said the Freethought Caucus was also working on a letter urging the House Appropriations Committee to defund many of the groups Trump has set up that bring religion into government: a religious liberty task force in the Justice Department that focuses on the rights of Christians; Trump’s White House Faith and Opportunity Initiative; the State Department’s controversial new Commission on Unalienable Rights.
Though a few well-known congressional caucuses have significant legislative clout, most caucuses exist simply as a way for members to sign up and show affiliation with a cause, not as active advocacy groups. Huffman and Raskin are trying to turn their two-year-old affiliate group into more of a mover and shaker.
Recently, Huffman set up a meeting on Capitol Hill on behalf of former Muslims from countries where being a nonbeliever might expose them to violence or prosecution. These former Muslims said that they had been conversing in secret Facebook groups, but that Facebook’s policies could allow their identities to be potentially exposed. Huffman got three Facebook employees to attend a meeting to discuss remedies to the problem.
When Dan Barker, the president of the Freedom From Religion Foundation, sued the House chaplain in an attempt to get permission to deliver a nonreligious invocation before the House like clergymen do, the Freethought Caucus filed a friend-of-the-court brief.
Barker said the caucus invited him and other leaders of secular organizations to a meeting in February, where they asked for ideas of issues to work on. The idea of supporting secular addiction recovery programs was a popular one.
“We’ve always known not all members of Congress are religious. … They thought it was politically dangerous. Now we’re learning that it’s not so dangerous anymore, especially with the demographics. The fastest-growing religious idea right now in the country is nonreligious,” Barker said. “It was really fun to sit around the table with our representatives talking about real secular values.”
The caucus’s dozen members are all Democrats. Three are Jewish — Raskin, Steve Cohen (Tenn.) and Susan Wild (Pa.); two are Catholic — Daniel Kildee (Mich.) and Jerry McNerney (Calif.); Zoe Lofgren (Calif.) is Lutheran; and Del. Eleanor Holmes Norton (D.C.) is Episcopalian. One of the two Buddhists in Congress, Hank Johnson (Ga.), is a member. Three members have not answered CQ Roll Call’s questionnaire asking every U.S. lawmaker’s religion — Sean Casten (Ill.), Pramila Jayapal (Wash.) and Mark Pocan (Wis.) — but have never identified themselves as nonreligious like Huffman.
In early March, Huffman went to a meeting of the far larger and more influential Progressive Caucus and made a pitch for members to join the Freethought Caucus. Some are thinking about it, he said.
The nation is growing increasingly nonreligious. Last year, the Pew Research Center reported that 26 percent of Americans now say they are not affiliated with any religious tradition, compared with 17 percent in 2009.
Many of those unaffiliated Americans still believe in God and incorporate spiritual practices into their lives. But the share of atheists has doubled, from 2 percent of Americans in 2009 to 4 percent in 2019. An additional 5 percent now call themselves agnostics, compared with 3 percent a decade earlier.
Nonreligious people are far less organized than religious groups, which have the advantage of gathering their believers together every week. But secular groups like the Secular Coalition for America and the American Humanist Association have lobby days where they take like-minded citizens to petition their members of Congress, and Huffman said his colleagues have taken notice.
“Their numbers are beginning to surprise people,” Huffman said. “This caucus is probably going to be more and more relevant. People are going to start demanding this kind of work in Congress.”
Jason Lemieux, who leads lobbying efforts for the secular Center for Inquiry, said it’s important for Americans to simply see this group exists in Congress.
“They consider it a very important goal to even have this place at all, where you can be a member of Congress and not believe in God, or explicitly support the rights of those who don’t believe in God,” he said.
Raskin said his advocacy for secularism sneaks into his unrelated work as a congressman. In his recent time in the spotlight as a member of the House Judiciary Committee during the impeachment hearings, Raskin said he tried to quote as often as possible from Thomas Paine — the pamphleteer of the American Revolution, who was outspokenly skeptical of religion.
House Speaker Nancy Pelosi (D-Calif.) asked him to change Paine’s most famous sentence, he said, in a nod to gender equality: “These are the times that try men’s and women’s souls.”
Raskin wants to get a statue of Paine put up somewhere in or near the Capitol. When he and Huffman first founded the Freethought Caucus, he suggested a different name for it: the Thomas Paine Caucus.
But the people they consulted told them that Paine’s ideas were still too radical, more than two centuries later.
Colunista desde 2001 da edição norte-americana da revista Scientific American, o californiano Michael Shermer, 63 anos, dedica-se a divulgar explicações científicas que refutam a existência de fenômenos supostamente extraordinários ou sobrenaturais, como a possibilidade de ressurreição, e a combater ideias pseudocientíficas. Formado em psicologia, com doutorado em história da ciência, é autor de livros sobre ciência, moral e religião e editor da revista Skeptic. Também leciona um curso básico sobre ceticismo na Universidade Chapman, uma instituição regional de ensino superior do sul da Califórnia mantida pela denominação protestante Discípulos de Cristo. Shermer, que já foi religioso e hoje é ateu, esteve em São Paulo no início de outubro para participar de um evento sobre divulgação da ciência.
O senhor acredita que ser religioso e fazer ciência é incompatível?
Muitos cientistas profissionais são pessoas religiosas. Então, aparentemente, isso é possível. Mas é lógico proceder assim? Acho que na maioria das vezes não. Os cientistas que são religiosos adotam uma estratégia para lidar com ciência e religião: colocam esses temas em diferentes categorias mentais e não os deixam se sobrepor. A maioria das afirmações religiosas pode ser testada pela ciência. Se os religiosos dizem que a Terra tem 10 mil anos de idade e os geólogos, que ela tem 4,5 bilhões de anos, não se pode somar essas duas idades e dividir por dois para encontrar a verdade. Uma dessas afirmações está simplesmente errada. No caso, a dos religiosos. Mas, quando se trata de determinar valores morais, a espiritualidade, o sentido da vida, o que é certo e o que é errado, a maioria das pessoas acha que isso só pode ser obtido por meio da religião. Não concordo com isso. Acho que podemos usar o método científico para abordar esses temas. Devemos trabalhar e nos esforçar mais para proceder assim.
Como o método científico pode ajudar nesse tipo de questão?
Vou dar um exemplo. Podemos usar a ciência para determinar qual é o melhor sistema político para se viver. Há muitos dados sobre isso, acumulados ao longo de uns 500 anos. A democracia é melhor do que teocracias, ditaduras, monarquias e estados comunistas. Estes últimos são estados falidos. É possível medir as consequências dos sistemas políticos em termos dos níveis de sobrevivência da população e do desenvolvimento. Esse é um argumento utilitário. As sociedades em que foram implantados esses sistemas políticos são experimentos naturais que foram conduzidos pelo homem. Quando houve o desmembramento da Coreia em dois países [em 1948], o norte e o sul eram iguais. Hoje os dois países não são nem remotamente parecidos. Cada um tem um sistema político, legal e econômico diferente. Por que a antiga Alemanha Ocidental era mais desenvolvida do que a Oriental? Essas perguntas podem e devem ser respondidas por cientistas políticos e econômicos. Isso é ciência.
O senhor acha que a ciência social deve ser encarada da mesma forma que as chamadas ciências duras? Não é mais difícil fazer previsões no campo da ciência social do que em química ou na matemática?
Sim. Mas, na verdade, acho que as ciências duras, no sentido de que são mais difíceis de fazer, são as sociais. Nelas, há muito mais variáveis envolvidas. Átomos, moléculas, gases, rochas, planetas e estrelas, todos esses objetos de estudo apresentam um número limitado de variáveis. São sistemas mais previsíveis. Como disse, o comportamento dos seres humanos, da economia, envolve muito mais variáveis. Mas essa ciência pode ser feita. Aliás, tem sido feita há séculos. Adam Smith [1723-1790] fez isso no seu livro Uma investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações. Ele é o Newton [1643-1727] da economia. Mas essa minha posição é minoritária entre os cientistas. Eles não sabem nada das “ciências moles”.
Por que as pessoas acreditam em poderes sobrenaturais e explicações religiosas para fenômenos naturais?
O cérebro humano está biologicamente preparado para acreditar nessas coisas. As pessoas podem encontrar padrões em certos eventos e tentam estabelecer causas e conexões entre eles. As pessoas acham que esses padrões não são aleatórios, inanimados. Os eventos ocorreriam por uma razão. Elas acreditam que há uma entidade por trás deles, um espírito, uma força, alguém manipulando as cordinhas. Daí é um passo para chamar essa força de Deus, espírito, fantasma, alienígena, anjo ou demônio. O mundo sempre viveu assim até o momento em que a ciência desbancou essas ideias. Não é que as pessoas sejam ignorantes ou pouco instruídas. Apenas é mais fácil seguir esse caminho. As teorias sobre conspirações modernas também se alimentam dessa lógica.
Por que o criacionismo é tão forte nos Estados Unidos?
Vejo duas razões. Somos, de longe, a nação mais religiosa entre as industrializadas do Ocidente. Nenhum país da Europa chega nem mesmo perto. E não se trata de qualquer tipo de religião. Os Estados Unidos são protestantes, batistas. A maioria dos católicos, até o papa, fez as pazes com Darwin [1809-1882] e a teoria da evolução. Para eles, a evolução foi a forma que Deus encontrou para criar as espécies. Newton também achava que a gravidade era o jeito de Deus criar planetas. Já os protestantes, sobretudo os fundamentalistas, precisam crer que a Bíblia está certa. Eles fazem uma leitura literal, não de forma metafórica, da Bíblia. Se a Bíblia fala em dias, entendem que se trata literalmente de dias – não de uma figura de linguagem que se refere a uma noção de tempo. Outra razão diz respeito a uma tensão entre religião e política na arena pública, a despeito da existência da divisão entre Igreja e Estado. Não há, por exemplo, um conselho geral que dite o currículo para todas as escolas públicas do país. Cada estado, cada condado, às vezes cada distrito, tem os seus próprios conselhos. Às vezes, há uma maioria de religiosos fundamentalistas nesses conselhos e eles decidem ensinar criacionismo ao lado da teoria da evolução, ou até no lugar dela.
La Unión, a small rural community in Honduras, where residents report an annual “rain fish” and where, four days before, locals recovered silver sardines that had supposedly fallen from the sky. Credit: Adriana Zehbrauskas for The New York Times
YORO, Honduras — Things don’t come easy in La Unión, a small community on the periphery of Yoro, a farming town in north-central Honduras.
Poverty is universal, jobs are scarce, large families are crammed into mud-brick homes and meals often are constituted of little more than the subsistence crops residents grow — mainly corn and beans.
But every once in a while an amazing thing happens, something that makes the residents of La Unión feel pretty special.
The skies, they say, rain fish.
It happens every year — at least once and often more, residents say — during the late spring and early summer. And only under specific conditions: a torrential downpour, thunder and lightning, conditions so intense that nobody dares to go outside.
Once the storm clears, the villagers grab buckets and baskets and head down the road to a sunken pasture where the ground will be covered in hundreds of small, silver-colored fish.
Residents of La Unión say that every year during the months of May through August, a heavy storm will form, and the following day fish are found scattered over a field.Credit: Adriana Zehbrauskas for The New York Times
For some, it is the only time of the year they will have a chance to eat seafood.
“It’s a miracle,” explained Lucio Pérez, 45, a farmer who has lived in the La Unión community for 17 years. “We see it as a blessing from God.”
Mr. Pérez has heard the various scientific theories for the phenomenon. Each, he says, is riddled with uncertainty.
“No, no, there’s no explanation,” he asserted, shaking his head. “What we say here in Yoro is that these fish are sent by the hand of God.”
The phenomenon has happened in and around the town for generations, residents say, from time to time shifting locations. It migrated to La Unión about a decade ago.
“Nobody elsewhere thinks it rains fish,” said Catalina Garay, 75, who, with her husband, Esteban Lázaro, 77, raised nine children in their adobe home in La Unión. “But it rains fish.”
Some residents attribute the occurrence to the prayers of Manuel de Jesús Subirana, a Catholic missionary from Spain who in the mid-1800s, asked God to help ease the Yoro region’s hunger and poverty. Soon after he issued his plea, the legend goes, the fish rain began.
Mr. Subirana’s remains are buried in the city’s main Catholic church, on Yoro’s central square.
“The people loved him a lot,” said José Rigoberto Urbina Velásquez, Yoro’s municipal manager. “There are so many stories about him that you’d be surprised.”
Scientifically inclined residents posit that the fish may dwell in subterranean streams or caverns. These habitats overflow during big rainstorms, and the rising water flushes the fish to ground level. Once the rain stops and the flooding recedes, the fish are left stranded.
Another theory is that water spouts suck the fish from nearby bodies of water — perhaps even the Atlantic Ocean, about 45 miles away — and deposit them in Yoro. (In that way, fish would indeed fall from the sky, but the hypothesis does not explain how the spouts score direct hits on the same patches of turf year after year.)
If anyone has done a scientific study of the phenomenon, it is not widely known here. And anyway, a fair number of townspeople probably would not want one.
For them, religion provides the necessary explanation.
“The people have an intense faith,” said Mr. Urbina, who embraces the more scientific explanations for the phenomenon. “You can’t tell them ‘no’ because it will anger them.”
Esteban Lozaro and Catalina Garay in their home in La Unión.Credit: Adriana Zehbrauskas for The New York Times
Nobody has actually seen a fish fall from the sky, but residents say that is only because nobody dares leave home during the kinds of powerful storms that bring the fish.
“It’s a secret that only our Lord knows,” said Audelia Hernández Gonzalez, the pastor at one of four evangelical churches in La Unión. “It’s a great blessing because this comes from the heavens.”
“Look,” she continued, “people who are least able to eat fish can now eat fish.”
The harvest becomes a communal affair for La Union’s 200 or so homes, and everyone shares in the bounty. Those who collect the most redistribute their fish to families who are unable to get to the field in time to collect their share, the pastor said.
Peddling the catch is prohibited. “You can’t sell the blessing of the Lord,” she explained.
The phenomenon has become intricately woven into the identity of Yoro and its population of about 93,000.
“For us it’s a source of pride,” said Luis Antonio Varela Murillo, 65, who has lived his entire life in the town. “When we identify ourselves, we say, ‘I’m from the fish rain place.’”
“What we don’t like is that a lot of people don’t believe it,” he added. “They say it’s pure superstition.”
Catalina Garay held bones from fish that supposedly fell during the storm a few days earlier and were cooked and eaten by the family.CreditAdriana Zehbrauskas for The New York Times
For about two decades, the occurrence has been celebrated in an annual festival that features a parade and a street carnival. Young women compete to be elected Señorita Lluvia de Peces — Miss Fish Rain; the winner of the pageant rides a parade float dressed like a mermaid.
Yet, beyond the festival, there are no indicators in town of the phenomena’s central importance: no monuments, no plaques, no fish-shaped souvenirs on sale at shops around town.
Mr. Urbina said that the previous municipal administration had a golden opportunity to do something meaningful. Planners had drawn up a design for a fountain that would be illuminated at night.
But in place of a fountain, officials erected a sculpture of a mushroom — perplexing many.
“I don’t know what happened, but a mushroom appeared,” Mr. Urbina said.
Even if the municipality has underplayed the marketing potential of the fish rain, however, the Catholic Church has not.
In 2007, an office of the Jesuits in St. Louis conducted a fund-raising campaign that included a solicitation letter evoking the fish rain.
Storm clouds gather over La Unión.Credit: Adriana Zehbrauskas for The New York Times
“Each gift, each prayer, is like one of the ‘peces’ found during each year’s ‘Rain of Fish,’” the letter said, using the Spanish word for fish. “And every one of these blessings, no matter how large or small, will bring much-needed relief to someone in need.”
The Jesuits have maintained a longstanding mission in Yoro.
The Rev. John Willmering, one of the mission’s current priests, is an American from St. Louis who has been living in Honduras for 49 years, much of that time in Yoro.
When he first moved to the Yoro region, he said, the population was majority Catholic. But since then, he said, the Catholic Church has “lost some ground.” The population is now about a third Catholic, he estimated, with the rest split roughly between evangelicals and those who adhere to no religion.
He is coy on the subject of the fish rain, allowing plenty of room for the townspeople’s religious explanations.
“I think most people who would investigate it would say there is a scientific explanation for it,” he said, choosing his words carefully.
But in the absence of such investigations, he continued, faith can fill the gap.
“It works with natural phenomenon when you need it,” he said, the suggestion of a smile tugging at the corner of his mouth. “I mean, God is behind everything.”
A version of this article appears in print on July 17, 2017, on Page A7 of the New York edition with the headline: Every Year, the Sky ‘Rains Fish.’ Explanations Vary.
O casal na Olimpíada do Rio, em 2016 (Arquivo Pessoal/Veja SP)
Na tarde do último dia 6 de abril, o empresário Osmar Santos, de 53 anos, e a médium e corretora de imóveis Adelaide Scritori, 55, receberam por e-mail uma preocupante previsão. Uma grande tempestade estava se aproximando da cidade. Poucas horas depois, os dois se instalaram no escritório do apartamento onde moram, nos Jardins.
É um cômodo branco, que abriga apenas uma escrivaninha, na qual um tampo de vidro protege um mapa-múndi com os continentes delineados em preto. Na parede, um desenho a lápis retrata um índio. A mulher começou a se concentrar, fechou os olhos e, em um minuto, sua voz ficou baixa, rouca e ganhou um timbre masculino.
Santos com o retrato do índio na sede da empresa: “Reduzimos os estragos” (Antonio Milena/Veja SP)
Segundo o casal, ela havia acabado de incorporar o cacique Cobra Coral. O marido, que acompanhava a cena de perto, ditou as condições climáticas. Ela o ouviu e, com giz de cera, desenhou símbolos meteorológicos sobre a mesa para redirecionar as nuvens a outros cantos. Naquela madrugada, a chuva caiu sobre a capital, mas, de acordo com eles, com menos intensidade que a prevista. “Somos como um airbag”, compara Santos. “Não eliminamos os desastres naturais, mas reduzimos os estragos.”
Essa é a descrição de uma típica cerimônia da Fundação Cacique Cobra Coral. Embora a dupla de criadores viva na metrópole, a organização umbandista é sediada em Guarulhos. Sua missão: controlar o clima por meio dos poderes de um índio. Segundo os fiéis, o espírito reencarnou em vários personagens da história, como o cientista Galileu Galilei e o presidente americano Abraham Lincoln.
Ninguém sabe ao certo de onde teria vindo seu poder de controlar o clima. “O povo indígena sempre teve uma relação estreita com o tempo”, arrisca Santos. Adelaide diz ter recebido a entidade pela primeira vez aos 7 anos, em um centro espírita. À época, seu pai, Ângelo Scritori, a ajudava nas sessões. A partir da década de 80, o marido se tornou o escudeiro.
Os alegados poderes do cacique levaram o casal a ser procurado por órgãos públicos e empresas particulares. Em 2005, durante a gestão de José Serra na prefeitura, um contrato firmado com a dupla chegou a ser publicado no Diário Oficial, segundo o qual Santos e Adelaide se comprometiam a colaborar para reduzir as enchentes na capital. Na ocasião, o secretário das subprefeituras, Andrea Matarazzo, justificava a parceria pela ausência de custos para os cofres públicos. “O convênio é inodoro, sem valor financeiro”, defendia.
Se em alguns locais há excesso de água, em outros o desafio é a falta dela. No início deste ano, o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, convocou a fundação para combater a seca. As águas ainda não rolaram da forma como se esperava, mas a fé continua inabalável. “Como católico, tenho rezado muito para que chova bastante no Distrito Federal, e a fundação é mais uma energia que se junta a esse esforço”, afirmou Rollemberg nas redes sociais.
Na esfera privada, o Rock in Rio era um de seus clientes mais antigos. A parceria começou em 2008 e se estendeu nas edições seguintes do festival. Executivos da empresa organizadora não quiseram comentar o contrato, mas uma pessoa ligada à produção afirmou que o trabalho foi interrompido.
A gota d’água para o divórcio teria sido a tempestade que caiu em um show de Katy Perry em 2015. “O motorista estava sem a credencial e chegamos ao espaço após a entrada da frente fria”, diz Santos. “Mas, depois, continuamos sendo chamados por eles”, garante. No ano passado, durante a Olimpíada, ele e Adelaide circularam pelo Rio com credenciais.
A atuação do espírito se estende a outros países. Entre abril e maio, o casal esteve em Angola e na China para dar conta das forças naturais fora de controle.
Em seu celular, Santos carrega fotografias em que eles aparecem ao lado de personalidades como o prefeito João Doria e o escritor Paulo Coelho. O autor, inclusive, ajudou a popularizar a Cobra Coral ao ocupar o cargo de vice-presidente da fundação entre 2004 e 2006. Há até mesmo membros da comunidade científica entre os admiradores. “Verifiquei uma mudança no clima logo após presenciar um ritual, em 2000”, diz Rubens Villela, professor aposentado do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP.
Adelaide ao lado de Paulo Coelho (à dir.), ex-vice-presidente da fundação: grandes eventos e celebridades (Arquivo Pessoal/Veja SP)
Apesar de firmar contratos, o cacique não permite ser remunerado pelo trabalho. Santos e Adelaide mantêm-se com as atividades de suas empresas, como a Nostradamus Corretora de Seguros, a TWX Capas de Chuva e a OAS Empreendimentos Imobiliários, que negocia imóveis acima de 5 milhões de reais.
Caseiros, os dois só costumam deixar o apartamento de 120 metros quadrados próximo à Avenida Paulista para frequentar salas de cinema. “Gostamos de filmes-catástrofe”, diz Santos. Juntos desde 1977, eles têm dois filhos — o coach Jorge, de 38 anos, e a terapeuta floral Barbara, de 22. A caçula, inclusive, pode levar os dotes da Cobra Coral à próxima geração. “Percebemos nela um talento para a tarefa”, afirma o pai.
Mr. Sutter during his Advanced Placement environmental science class. He was hired from a program that recruits science professionals into teaching.Credit: Maddie McGarvey for The New York Times
For his part, Mr. Sutter occasionally fell short of his goal of providing Gwen — the most vocal of a raft of student climate skeptics — with calm, evidence-based responses. “Why would I lie to you?” he demanded one morning. “It’s not like I’m making a lot of money here.”
She was, he knew, a straight-A student. She would have had no trouble comprehending the evidence, embedded in ancient tree rings, ice, leaves and shells, as well as sophisticated computer models, that atmospheric carbon dioxide is the chief culprit when it comes to warming the world. Or the graph he showed of how sharply it has spiked since the Industrial Revolution, when humans began pumping vast quantities of it into the air.
Thinking it a useful soothing device, Mr. Sutter assented to Gwen’s request that she be allowed to sand the bark off the sections of wood he used to illustrate tree rings during class. When she did so with an energy that, classmates said, increased during discussion points with which she disagreed, he let it go.
When she insisted that teachers “are supposed to be open to opinions,” however, Mr. Sutter held his ground.
“It’s not about opinions,” he told her. “It’s about the evidence.”
“It’s like you can’t disagree with a scientist or you’re ‘denying science,”’ she sniffed to her friends.
Gwen, 17, could not put her finger on why she found Mr. Sutter, whose biology class she had enjoyed, suddenly so insufferable. Mr. Sutter, sensing that his facts and figures were not helping, was at a loss. And the day she grew so agitated by a documentary he was showing that she bolted out of the school left them both shaken.
“I have a runner,” Mr. Sutter called down to the office, switching off the video.
He had chosen the video, an episode from an Emmy-winning series that featured a Christian climate activist and high production values, as a counterpoint to another of Gwen’s objections, that a belief in climate change does not jibe with Christianity.
“It was just so biased toward saying climate change is real,” she said later, trying to explain her flight. “And that all these people that I pretty much am like are wrong and stupid.”
Classroom Culture Wars
As more of the nation’s teachers seek to integrate climate science into the curriculum, many of them are reckoning with students for whom suspicion of the subject is deeply rooted.
In rural Wellston, a former coal and manufacturing town seeking its next act, rejecting the key findings of climate science can seem like a matter of loyalty to a way of life already under siege. Originally tied, perhaps, to economic self-interest, climate skepticism has itself become a proxy for conservative ideals of hard work, small government and what people here call “self-sustainability.”
A tractor near Wellston, an area where coal and manufacturing were once the primary employment opportunities.Credit: Maddie McGarvey for The New York Times
Assiduously promoted by fossil fuel interests, that powerful link to a collective worldview largely explains why just 22 percent of Mr. Trump’s supporters in a 2016 poll said they believed that human activity is warming the planet, compared with half of all registered voters. And the prevailing outlook among his base may in turn have facilitated the president’s move to withdraw from the global agreement to battle rising temperatures.
“What people ‘believe’ about global warming doesn’t reflect what they know,” Dan Kahan, a Yale researcher who studies political polarization, has stressed in talks, papers and blog posts. “It expresses who they are.”
But public-school science classrooms are also proving to be a rare place where views on climate change may shift, research has found. There, in contrast with much of adult life, it can be hard to entirely tune out new information.
“Adolescents are still heavily influenced by their parents, but they’re also figuring themselves out,” said Kathryn Stevenson, a researcher at North Carolina State University who studies climate literacy.
Gwen’s father died when she was young, and her mother and uncle, both Trump supporters, doubt climate change as much as she does.
“If she was in math class and teacher told her two plus two equals four and she argued with him about that, I would say she’s wrong,” said her uncle, Mark Beatty. “But no one knows if she’s wrong.”
As Gwen clashed with her teacher over the notion of human-caused climate change, one of her best friends, Jacynda Patton, was still circling the taboo subject. “I learned some stuff, that’s all,’’ Jacynda told Gwen, on whom she often relied to supply the $2.40 for school lunch that she could not otherwise afford.
Jacynda Patton, right, during Mr. Sutter’s class. “I thought it would be an easy A,” she said. “It wasn’t.”Credit: Maddie McGarvey for The New York Times
Hired a year earlier, Mr. Sutter was the first science teacher at Wellston to emphasize climate science. He happened to do so at a time when the mounting evidence of the toll that global warming is likely to take, and the Trump administration’s considerable efforts to discredit those findings, are drawing new attention to the classroom from both sides of the nation’s culture war.
The Alliance for Climate Education, which runs assemblies based on the consensus science for high schools across the country, received new funding from a donor who sees teenagers as the best means of reaching and influencing their parents.
Idaho, however, this year joined several other states that have declined to adopt new science standards that emphasize the role human activities play in climate change.
At Wellston, where most students live below the poverty line and the needle-strewn bike path that abuts the marching band’s practice field is known as “heroin highway,” climate change is not regarded as the most pressing issue. And since most Wellston graduates typically do not go on to obtain a four-year college degree, this may be the only chance many of them have to study the impact of global warming.
But Mr. Sutter’s classroom shows how curriculum can sometimes influence culture on a subject that stands to have a more profound impact on today’s high schoolers than their parents.
“I thought it would be an easy A,” said Jacynda, 16, an outspoken Trump supporter. “It wasn’t.”
God’s Gift to Wellston?
Mr. Sutter, who grew up three hours north of Wellston in the largely Democratic city of Akron, applied for the job at Wellston High straight from a program to recruit science professionals into teaching, a kind of science-focused Teach for America.
He already had a graduate-level certificate in environmental science from the University of Akron and a private sector job assessing environmental risk for corporations. But a series of personal crises that included his sister’s suicide, he said, had compelled him to look for a way to channel his knowledge to more meaningful use.
The fellowship gave him a degree in science education in exchange for a three-year commitment to teach in a high-needs Ohio school district. Megan Sowers, the principal, had been looking for someone qualified to teach an Advanced Placement course, which could help improve her financially challenged school’s poor performance ranking. She hired him on the spot.
Mr. Sutter walking with his students on a nature trail near the high school, where he pointed out evidence of climate change.Credit: Maddie McGarvey for The New York Times
But at a school where most teachers were raised in the same southeastern corner of Appalachian Ohio as their students, Mr. Sutter’s credentials themselves could raise hackles.
“He says, ‘I left a higher-paying job to come teach in an area like this,’” Jacynda recalled. “We’re like, ‘What is that supposed to mean?”’
“He acts,” Gwen said with her patented eye roll, “like he’s God’s gift to Wellston.”
In truth, he was largely winging it.
Some 20 states, including a handful of red ones, have recently begun requiring students to learn that human activity is a major cause of climate change, but few, if any, have provided a road map for how to teach it, and most science teachers, according to one recent survey, spend at most two hours on the subject.
Chagrined to learn that none of his students could recall a school visit by a scientist, Mr. Sutter hosted several graduate students from nearby Ohio University.
On a field trip to a biology laboratory there, many of his students took their first ride on an escalator. To illustrate why some scientists in the 1970s believed the world was cooling rather than warming (“So why should we believe them now?” students sometimes asked), he brought in a 1968 push-button phone and a 1980s Nintendo game cartridge.
“Our data and our ability to process it is just so much better now,” he said.
In the A.P. class, Mr. Sutter took an informal poll midway through: In all, 14 of 17 students said their parents thought he was, at best, wasting their time. “My stepdad says they’re brainwashing me,” one said.
Jacynda’s father, for one, did not raise an eyebrow when his daughter stopped attending Mr. Sutter’s class for a period in the early winter. A former coal miner who had endured two years of unemployment before taking a construction job, he declined a request to talk about it.
“I think it’s that it’s taken a lot from him,” Jacynda said. “He sees it as the environmental people have taken his job.”
And having listened to Mr. Sutter reiterate the overwhelming agreement among scientists regarding humanity’s role in global warming in answer to another classmate’s questions — “What if we’re not the cause of it? What if this is something that’s natural?” — Jacynda texted the classmate one night using an expletive to refer to Mr. Sutter’s teaching approach.
But even the staunchest climate-change skeptics could not ignore the dearth of snow days last winter, the cap to a year that turned out to be the warmest Earth has experienced since 1880, according to NASA. The high mark eclipsed the record set just the year before, which had eclipsed the year before that.
In woods behind the school, where Mr. Sutter had his students scout out a nature trail, he showed them the preponderance of emerald ash borers, an invasive insect that, because of the warm weather, had not experienced the usual die-off that winter. There was flooding, too: Once, more than 5.5 inches of rain fell in 48 hours.
The field trip to a local stream where the water runs neon orange also made an impression. Mr. Sutter had the class collect water samples: The pH levels were as acidic as “the white vinegar you buy at a grocery store,” he told them. And the drainage, they could see, was from the mine.
It was the realization that she had failed to grasp the damage done to her immediate environment, Jacynda said, that made her begin to pay more attention. She did some reading. She also began thinking that she might enjoy a job working for the Environmental Protection Agency — until she learned that, under Mr. Trump, the agency would undergo huge layoffs.
“O.K., I’m not going to lie. I did a 180,” she said that afternoon in the library with Gwen, casting a guilty look at her friend. “This is happening, and we have to fix it.”
After fleeing Mr. Sutter’s classroom that day, Gwen never returned, a pragmatic decision about which he has regrets. “That’s one student I feel I failed a little bit,” he said.
As an alternative, Gwen took an online class for environmental science credit, which she does not recall ever mentioning climate change. She and Jacynda had other things to talk about, like planning a bonfire after prom.
As they tried on dresses last month, Jacynda mentioned that others in their circle, including the boys they had invited to prom, believed the world was dangerously warming, and that humans were to blame. By the last days of school, most of Mr. Sutter’s doubters, in fact, had come to that conclusion.
“I know,” Gwen said, pausing for a moment. “Now help me zip this up.”
2.jun.2017 – Post da Fundação Cacique Cobra Coral no Instagram. Instagram/Reprodução
Em nota publicada no Instagram nesta sexta-feira (2), a Fundação Cacique Cobra Coral afirmou que deixará de prestar atendimentos climáticos aos EUA. A medida será mantida “enquanto perdurar a falta de bom senso do presidente Donald Trump com relação a retirada dos EUA do Acordo de Paris, rompendo o acordo global firmado em dezembro de 2015 com mais de 190 países para reduzir a emissão de gases que produzem o efeito estufa”.
A entidade esotérica diz, em seu site, que sua missão é “minimizar catástrofes que podem ocorrer em razão dos desequilíbrios provocados pelo homem na natureza”. Também diz ser orientada pelo Cacique Cobra Coral, “espírito que teria sido de Galileu Galilei e Abraham Lincoln”.
O presidente americano afirmou que pacto climático internacional é injusto, representa um enorme fardo econômico para os EUA e não seria eficaz o suficiente. Em seu discurso, a expressão “mudança climática” não foi mencionada sequer uma vez. Trump preferiu falar de mais dinheiro e empregos.
“O Acordo de Paris sobre o clima é simplesmente o mais recente exemplo de que Washington cedeu a uma resolução que penaliza os Estados Unidos para beneficiar outros países. Deixa os trabalhadores americanos, que eu amo, e o contribuintes absorverem o custo, em termos de perda de empregos, menores salários, fechamento de fábricas e enorme redução na produção econômica”, disse Trump.
Governador do DF afirmou, em rede social, que relação não prevê contrato ou pagamento; entidade contesta. Fundação diz ter montado ‘QG’ no Entorno para estender temporada de chuvas.
Por Mateus Rodrigues, G1 DF01/04/2017 15h19 Atualizado 01/04/2017 15h20
Postagem do governador Rodrigo Rollemberg em rede social, com referência à Fundação Cacique Cobra Coral (Foto: Facebook/Reprodução)
O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, afirmou nas redes sociais que tem “mantido contatos informais” com a Fundação Cacique Cobra Coral – entidade esotérica que teria o poder de controlar o clima –, em busca de soluções para a crise hídrica que atinge a capital. Segundo Rollemberg, as conversas não incluem contrato ou pagamento, mas “toda ajuda é bem-vinda”.
A publicação foi ao ar nesta sexta-feira (31). Na quinta (30), reportagem do G1 mostrou que a fundação tinha montado um “quartel-general” em Luziânia, no Entorno, para adiar a chegada da estiagem ao Planalto Central. A informação foi confirmada pelo porta-voz da entidade, Osmar Santos, mas, naquele momento, a Caesb e o Palácio do Buriti informavam “desconhecer” o convênio.
Na postagem, Rollemberg diz que, “como católico”, tem “rezado muito para que chova bastante no DF”. As atividades da Fundação Cacique Cobra Coral estão relacionadas a contatos com o plano astral e com o espírito do cacique que nomeia a entidade – e que já passou pela terra como Abraham Lincoln e Galileu Galilei, segundo o grupo.
Questionado pelo G1, Santos disse que a fundação se define como “entidade esotérica científica, ou espiritualista”. Segundo ele, toda operação tem apoio técnico de dois cientistas voluntários – um da Universidade de São Paulo (USP), e um do Centro de Previsões e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/Inpe).
Ao contrário do que afirma o governo, a Fundação Cacique Cobra Coral diz que um contrato será fechado, e terá de ser publicado em Diário Oficial. O acordo não prevê repasse de dinheiro público – as atividades são custeadas por empresários e mantenedores, afirma a entidade.
Fotografia de longa exposição de raios e tempestade no Distrito Federal (Foto: Felipe Bastos/Arquivo pessoal)
Fé contra a crise
Segundo o porta-voz, a operação será similar à que foi empregada em São Paulo e no Rio de Janeiro, em 2015, para conter a crise hídrica que secou os reservatórios daquela região.
Em fevereiro, o blog “Gente Boa”, do jornal “O Globo”, informou que o prefeito João Doria tinha fechado nova parceria com a fundação. “Quem nos indicou para o governo de Brasília foi o governador [do Rio], Luiz Fernando Pezão, que tocava essa operação por lá”, diz Santos.
“Começamos há uns 20 dias. [A intervenção] Consiste em prolongar esse período chuvoso por mais uns dias, para tornar o outono e o inverno mais úmidos. Também queremos antecipar o período chuvoso já para setembro.”
Em anos “normais”, a temporada de chuvas no DF começa em meados de outubro, e se estende até o mês de março. Se o clamor ao cacique for atendido, as nuvens devem continuar sobre a capital federal por, pelo menos, mais dez dias.
“É um processo gradual, porque você não pode mexer com a natureza de qualquer jeito, causando efeito colateral. Mas vão ser as águas de abril, e não de março, que vão fechar o verão.”
Além do socorro às crises hídricas, a fundação já foi acionada pelos governos estaduais, pela União e até por outros países para garantir o céu limpo em grandes eventos – Rock in Rio, festas de réveillon e Olimpíadas, por exemplo.
37 COMENTÁRIOS (3 de abril de 2017, 13h57)
Lazaro Castro
HÁ UM DIA
honrar compromisso que é bom nada né governador lamentável
130
Saulo Weslei
HÁ 5 HORAS
Quando um governo é extremamente incompetente recorre a estas coisas.
40
José Rodrigues
HÁ 2 HORAS
kkkkkkkk……….é cada piada esse governo imprestável!!!!!
20
Jose
HÁ 15 HORAS
Ma che bello administrador ! kkkk
10
Bruno Silva
HÁ 16 HORAS
Por que nunca resolveram o problema do sertão nordestino? Precisava transpor o velho Chico com uma “solução” prática dessa?
30
George Rocha
HÁ 19 HORAS
Só pode estar desdenhando!
50
Ivam Silva
HÁ 24 HORAS
Me recuso a acreditar nessas asneiras. So mesmo nesse Brasilzinho.
110
Laechelndfuchs
HÁ UM DIA
Os surdos correm grande risco de serem picados pela cobra coral…
100
Carlos Leonel
HÁ UM DIA
kkkkkkkkk
101
Cleanto Sena
HÁ UM DIA
ouvi dizer que a tal entidade vai também atuar na saúde ,segurança ,transporte, e economia do DF pois os últimos governantes não deram conta
152
Marcio L.
HÁ UM DIA
sera que pra trazer chuva os caras vão fazer a dança da chuva kkkkkkkkkkkkkkkk
171
Renato Abreu
HÁ 2 DIAS
Caique coral é uma entidade da bruxaria. Governador, não amaldiçoe ainda mais nossa terra. Vc não faz idéia do mal que vc está se fazendo e a toda população do DF. Vai procurar Deus, vai orar, pede a Jesus Cristo, pq ele sim é quem faz chover para pecadores e justos.
7441
Galega
HÁ UM DIA
rindo até 2050 kkkkkkkkkkkkkkk
263
Cesar Schmitt
HÁ UM DIA
Te informa direito, antes de dizer besteira,
312
Ricardo Cardoso
HÁ UM DIA
Aqui a mallandragem não tem por onde.
120
Milton Oliveira
HÁ UM DIA
Governador do DF Rodrigo Rollemberg … é um exemplo do baixo nível dos gestores do nosso dinheiro no Brasil …Energia esotérica contra a crise hídrica ??? Só para um incompetente sair com essa … Vamos varrer essa gente da vida pública
314
Francisco Rocha
HÁ 2 DIAS
Parece piada do Sensacionalista.
432
Leandro
HÁ UM DIA
pois é, por um momento até achei que tava no portal errado.
121
Andre Ramos
HÁ UM DIA
Saravá!!
74
Vicente
HÁ UM DIA
Agora, o Brasil inaugurará a CORRUPÇÃO espiritual !!
173
Veterano
HÁ UM DIA
A primeira vez que ouvi sobre essa Fundação, faz anos… Foi notícias vindas do RJ, onde o Governo pagava para essa Fundação ajudar a NÃO chover no Réveillon. Demorei um bom tempo para acreditar no que lia, achei que tinha enlouquecido de vez.
201
Veterano
HÁ UM DIA
A tal Fundação “trabalhou” no Rock in Rio?! De qual ano??? Em 2011 choveu tanto que pro Guns and Roses tocar tiveram antes que retirar muita água do palco com rodo.
111
Andre Campos
HÁ 2 DIAS
Eu sinceramente estou a defecar e a andar para o fato do Rollemberg (e a globo) ter fé em qualquer coisa ou achar isso bonito. Eu quero é que ele cumpra as promessas de governo, que até agora não chegaram em nem 20% do prometido.
215
Loucs Silva
HÁ UM DIA
Cara, não tem 5 meses de cargo…
310
Michele Junior
HÁ 2 DIAS
No centro espirita, preciso de chuva no distrito federal, atençao caral musical do centro vamos la voce deve esta pensando, ela foi embora, mais ja deve esta voltando, nao demora, ou ela foi pra muito longe, felicidade, felicidade? erramos que maldade, onde esta que nao responde, pois minha ALMA geme por voce, geme geme u por voce geme geme ha, ha ha ha a chuva nao vai chegar
15
Daniel Dutra
HÁ 2 DIAS
O que é “contato informal”?
131
José Oliveira
HÁ 2 DIAS
É SÓ O QUE FALTAVA, ÍNDIO QUER DINHEIRO E O IDIOTA ACREDITA?
211
Hamitlon Júnior
HÁ 2 DIAS
Me paga que eu faço a dança da chuva todo dia ao meio dia!
300
Jane Lucas
HÁ 2 DIAS
kkkkkkkk
80
Francisco Silva
HÁ 2 DIAS
Manda esta organização pro nordeste,se resolver o problema recebe, se não resolver ela paga o prejuiso.
Three different studies, done by different teams of scientists proved something really extraordinary. But when a new research connected these 3 discoveries, something shocking was realized, something hiding in plain sight.
Human emotion literally shapes the world around us. Not just our perception of the world, but reality itself.
In the first experiment, human DNA, isolated in a sealed container, was placed near a test subject. Scientists gave the donor emotional stimulus and fascinatingly enough, the emotions affected their DNA in the other room.
In the presence of negative emotions the DNA tightened. In the presence of positive emotions the coils of the DNA relaxed.
The scientists concluded that “Human emotion produces effects which defy conventional laws of physics.”
In the second, similar but unrelated experiment, different group of scientists extracted Leukocytes (white blood cells) from donors and placed into chambers so they could measure electrical changes.
In this experiment, the donor was placed in one room and subjected to “emotional stimulation” consisting of video clips, which generated different emotions in the donor.
The DNA was placed in a different room in the same building. Both the donor and his DNA were monitored and as the donor exhibited emotional peaks or valleys (measured by electrical responses), the DNA exhibited the IDENTICAL RESPONSES AT THE EXACT SAME TIME.
There was no lag time, no transmission time. The DNA peaks and valleys EXACTLY MATCHED the peaks and valleys of the donor in time.
The scientists wanted to see how far away they could separate the donor from his DNA and still get this effect. They stopped testing after they separated the DNA and the donor by 50 miles and STILL had the SAME result. No lag time; no transmission time.
The DNA and the donor had the same identical responses in time. The conclusion was that the donor and the DNA can communicate beyond space and time.
The third experiment proved something pretty shocking!
Scientists observed the effect of DNA on our physical world.
Light photons, which make up the world around us, were observed inside a vacuum. Their natural locations were completely random.
Human DNA was then inserted into the vacuum. Shockingly the photons were no longer acting random. They precisely followed the geometry of the DNA.
Scientists who were studying this, described the photons behaving “surprisingly and counter-intuitively”. They went on to say that “We are forced to accept the possibility of some new field of energy!”
They concluded that human DNA literally shape the behavior of light photons that make up the world around us!
So when a new research was done, and all of these 3 scientific claims were connected together, scientists were shocked.
They came to a stunning realization that if our emotions affect our DNA and our DNA shapes the world around us, than our emotions physically change the world around us.
And not just that, we are connected to our DNA beyond space and time.
We create our reality by choosing it with our feelings.
Science has already proven some pretty MINDBLOWING facts about The Universe we live in. All we have to do is connect the dots.
Representante da Cacique Cobra Coral diz que ainda dá tempo
NONATO VIEGAS
17/03/2017 – 17h16 – Atualizado 17/03/2017 17h49
Fundação Cacique Cobra Coral (Foto: Reprodução)
Com risco real de desabastecimento de água em Brasília, o governo do Distrito Federal decidiu, finalmente, fechar parceria com a fundação esotérica que “promete chuva”, a Cacique Cobra Coral. A parceria fora sugerida pelo governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), mas o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), resistia. O acordo, sem ônus para o governo do Distrito Federal, será publicado nos próximos dias no Diário Oficial. Apesar da demora, o representante da entidade, Osmar Santos, diz que ainda dá tempo de ajudar os brasilienses.
Entidade esotérica critica governo do DF por atraso em obra que garantiria mais água
A Fundação Cobra Coral está preocupada porque a capital federal abrigará o Fórum Mundial da Água no ano que vem
NONATO VIEGAS
09/03/2017 – 11h14 – Atualizado 09/03/2017 11h26
No fim de 2016, preocupado com o baixo nível dos reservatórios de água em Brasília, o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, buscou ajuda da Fundação Cacique Cobra Coral (Foto: Reprodução)
A Fundação Cacique Cobra Coral, entidade esotérica contratada por governos e empresas para providenciar chuva ou afastá-la, está preocupada com o cenário hídrico do Distrito Federal, que enfrenta racionamento. O porta-voz da entidade, Osmar Santos, critica o governo local e o federal por causa dos atrasos na obra de uma adutora, que levaria mais água para a região. Ainda assim, diz que, em parceria com empresários locais, vai retomar a “operação”, fazendo uma reavaliação com o governo do Distrito Federal e a área técnico-científica.
Do jeito que está, diz Santos, corre o risco de Brasília passar vergonha no ano que vem, quando a cidade sediará o Fórum Mundial da Água, evento mais importante sobre o tema no cenário internacional.
Governador de Brasília abriu mão de entidade esotérica para pedir chuva
A Fundação Cacique Cobra Coral foi consultada e esquecida depois
MURILO RAMOS
05/03/2017 – 15h00 – Atualizado 06/03/2017 08h57
No fim de 2016, preocupado com o baixo nível dos reservatórios de água em Brasília, o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, buscou ajuda da Fundação Cacique Cobra Coral, entidade esotérica, para pedir chuva. Desde dezembro, no entanto, Rollemberg deixou a Cobral Coral de lado, e a questão hídrica em Brasília piorou. Mais de 20 regiões do Distrito Federal enfrentam racionamento de água. Apesar do abandono, o assessor da Cobra Coral, Osmar Santos, diz que ainda dá tempo de resolver o problema.
O prefeito anunciou um contrato com a fundação Cacique Cobra Coral, que, supostamente, consegue controlar o tempo
por Marcelo Fraga 08/02/2017 08:14
O prefeito de São Paulo, João Dória Júnior, já causou polêmica com seu projeto Cidade Linda e, agora, acaba de fechar uma parceria com uma entidade “sobrenatural” que diz controlar o tempo (foto: Instagram/jdoriajr/Reprodução)
Recém-empossado prefeito de São Paulo, o empresário João Doria Júnior começou sua trajetória à frente da capital paulista com medidas polêmicas. Logo nos primeiros dias no poder, ele já se vestiu de Gari, simulou ser cadeirante e mandou apagar grafites em pontos famosos de SP. Agora, a mais nova ação de Doria também promete causar controvérsia.
De acordo com a jornalista Cleo Guimarães, responsável pela coluna Gente Boa, do jornal O Globo, o prefeito fechou uma parceria com a fundação Cacique Cobra Coral (FCCC), conhecida por, supostamente, conseguir “intervir” no tempo de forma mediúnica – teria “poderes sobrenaturais”.
De acordo com Cleo Guimarães, a FCCC estaria de mudança para a China, mas, a entidade decidiu permanecer no Brasil porque pretende dar “atenção especial a São Paulo”. Ainda segundo a jornalista, a fundação negociou com os chineses um trabalho à distância. Não se sabe qual função terá a Cacique Cobra Coral no país mais populoso do mundo.
Em seu site oficial, a FCCC afirma que sua missão é “minimizar catástrofes que podem ocorrer em razão dos desequilíbrios provocados pelo homem na natureza”. Isso, segundo a entidade, é feito por meio de sua presidente, Adelaide Scritori, filha do fundador, Ângelo Scritori. Ela, supostamente, incorpora o espírito do Cacique Cobra Coral e, assim, consegue intervir no clima.
Um dos casos famosos de atuação da fundação se deu em 2009, quando a médium Adelaide Scritori foi convocada pela prefeitura do Rio de Janeiro para usar seus supostos poderes para evitar a tempestade que prevista para a tradicional festa de Réveillon em Copacabana.
Protesto “contra o infanticídio” organizado por grupos religiosos em frente ao prédio do governo do RJ. Foto: Gazeta do Povo, 2015.
29 de janeiro de 2017
O Projeto de Lei 119/2015, que trata do chamado “infanticídio indígena”, está agora tramitando no Senado. Não por acaso, no início da semana que se encerrou ontem, 28, voltaram a ser publicadas matérias tendenciosas sobre a questão. Considerando a atual conjuntura, na qual mais que nunca é fundamental estarmos alertas e atuantes, convidamos a antropóloga Marianna Holanda a escrever um artigo que dialogasse conosco e nos oferecesse os necessários argumentos para mais esta luta. O resultado é o excelente texto que socializamos abaixo. (Tania Pacheco).
Por Marianna A. F. Holanda*, especial para Combate Racismo Ambiental
Desde 2005, acompanhamos no Brasil uma campanha que se pauta na afirmação de que os povos indígenas teriam tradições culturais nocivas e arcaicas que precisam ser mudadas por meio de leis e da punição tanto dos indígenas responsáveis como de quaisquer funcionários do Estado, agentes de organizações indigenistas e/ou profissionais autônomos que trabalhem junto a estes povos.
Afirma-se que há dados alarmantes de infanticídio entre os povos indígenas de modo a fazer parte da sociedade pensar que, incapazes de refletir sobre as suas próprias dinâmicas culturais, os povos indígenas – sobretudo as mulheres – matariam sem pudor dezenas de crianças. As notícias de jornal, as pautas sensacionalistas da grande mídia, organizações de fins religiosos e políticos “em favor da vida” fazem crer que não estamos falando de pessoas humanas – no sentido mais tradicional dos termos –, mas de sujeitos que devido à sua ignorância cultural cometem sem ética, afeto e dúvidas crimes contra seus próprios filhos, contra seu próprio povo.
Me pergunto por que um argumento como esse transmite credibilidade entre aqueles que não conhecem as realidades indígenas – pois quem trabalha junto aos povos indígenas e em prol de seus direitos não dissemina este tipo de desinformação. A maior parte da sociedade brasileira não indígena é profundamente ignorante sobre os povos indígenas que aqui habitam e sobre seus modos de vida, mantendo imagens estereotipadas e caricaturadas sobre os índios carregadas de preconceito e discriminação.
Alguns dados importantes sobre infanticídio, abandono de crianças e adoção
Desde os tempos de Brasil império há registros de infanticídios entre os povos indígenas – como também havia inúmeros registros de infanticídio nas cidades da colônia: historiadores apontam a normalidade com que recém-nascidos eram abandonados nas ruas de cidades como Rio de Janeiro, Salvador, Recife e Florianópolis. Realidade que também era comum na Europa e que a igreja católica passou a combater a partir do século VIII d.C por meio de bulas papais e pela criação de Casas de Expostos – lugares aonde podia-se abandonar legalmente crianças neonatas que mais tarde vieram a se tornar o que conhecemos como orfanatos. Não apenas os infanticídios não cessaram como os índices de mortalidade nesses locais foram estarrecedores, beirando a 70% no caso europeu e 95% no caso brasileiro. Recém-nascidos eram retirados da exposição pública para morrer entre quatro paredes, com aval das leis, dos registros estatais e da moralidade cristã da época. (Sobre este tema, ver: Marcílio e Venâncio 1990, Trindade 1999, Valdez 2004 e Faleiros 2004).
Ainda hoje, centenas de crianças no Brasil são abandonadas em instituições públicas e privadas de caráter semelhante, aguardando anos por uma adoção. A maioria – em geral as crianças pardas e negras, mais velhas e/ou com algum tipo de deficiência – esperam por toda a infância e adolescência, até tornarem-se legalmente adultas e serem novamente abandonadas, agora pelo Estado. Os dados do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) e do Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes Acolhidos (CNCA), administrados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apontam que das seis mil crianças nesta situação, 67% são pardas e negras.
Apesar da rejeição à adoção de crianças negras e pardas ter caído na última década, o quadro de discriminação permanece. Entre as crianças indígenas, acompanhamos um fenômeno crescente de pedidos de adoção por não indígenas, sobretudo casais heterossexuais, brancos, evangélicos e, em muitos casos, estrangeiros. Contudo, há mais de 100 processos no Ministério Público envolvendo denúncias a violações de direitos nestes casos. O Estatuto da Criança e do Adolescente, prevê o direito à permanência da criança com a própria família e ao esforço conjunto e multidisciplinar de profissionais para que isto ocorra. Esgotada esta possibilidade, a criança tem o direito de ser encaminhada para família substituta na própria comunidade indígena de origem ou junto a família substituta de outra aldeia ou comunidade, mas ainda da mesma etnia.
Vale mencionar que estas estratégias de realocação e adoção de crianças ocorre tradicionalmente entre diversos povos indígenas, independente das leis e da intervenção estatal. É muito comum que avós, tias ou primas adotem crianças quando pais e mães passam por qualquer espécie de dificuldade, ou ainda, seguindo articulações próprias das relações de parentesco que vão muito além de pai e mãe biológicos.
Contudo, sob estas recentes acusações de “risco de infanticídio” famílias indígenas são colocadas sob suspeita e dezenas de crianças têm sido retiradas de sua comunidade, terra e povo e adotadas por famílias não indígenas sem ter direitos básicos respeitados. Juízes são levados por esta argumentação falha, que carece de base concreta na realidade, nas estatísticas, nas etnografias. Em alguns casos, pleiteia-se apenas a guarda provisória da criança e não a adoção definitiva, o que significa que a guarda é válida somente até os 18 anos, não garantindo vínculo de parentesco e direito à herança, por exemplo. Quantas violações uma criança indígena retirada de seu povo e de seus vínculos ancestrais enfrenta ao ser lançada ao mundo não indígena como adulta?
Infâncias indígenas no Brasil e crescimento demográfico
Nos últimos 50 anos, as etnografias junto a povos indígenas – importante método de pesquisa e registro de dados antropológicos – vem demonstrando que as crianças indígenas são sujeitos criativos e ativos em suas sociedades tendo diversos graus de autonomia. Aprendemos que as práticas de cuidado e a pedagogia das mulheres indígenas envolvem um forte vínculo com as crianças, que são amamentadas até os 3, 4, 5 anos. Envolvem uma relação de presença e afeto que deixa a desejar para muitas mães modernas. Aprendemos também que a rede de cuidados com as crianças envolve relações de parentesco e afinidade que extrapolam a consanguinidade.
Enquanto a maior parte das populações no mundo está passando pela chamada “transição demográfica”, ou seja, queda e manutenção de baixos níveis de fecundidade, os povos indígenas na América Latina, se encontram num processo elevado de crescimento populacional. De acordo com o último censo do IBGE (2010), a população indígena no Brasil cresceu 205% desde 1991, uma dinâmica demográfica com altos níveis de fecundidade, levando à duplicação da população em um período de 15 anos (Azevedo 2008).
A partir dos anos 2000, começaram a tomar corpo pesquisas etnográficas que apontam o número crescente de nascimentos gemelares entre os povos indígenas, de crianças indígenas albinas e de crianças com deficiência (Verene 2005, Bruno e Suttana 2012, Araújo 2014). Apesar de suas diferenças, estas crianças são estimuladas a participar do cotidiano da aldeia, e muitas delas, ao tornarem-se adultas, casam-se e constituem família.
Há 54 milhões de indígenas com deficiência ao redor do globo (ONU 2013). No Brasil, segundo o censo do IBGE de 2010, 165 mil pessoas – ou seja, 20% da população autodeclarada indígena – possuem ao menos uma forma de deficiência (auditiva, visual, motora, mental ou intelectual). Um número que relaciona-se também às políticas públicas e de transferência de renda para as famílias indígenas nessa situação (Araújo 2014). Tanto o crescimento demográfico acelerado quanto os dados de que 20% da população indígena brasileira tem alguma deficiência nos permitem demonstrar que a afirmação de que há uma prescrição social para que estas crianças sejam mortas por seus pais e familiares não se sustenta.
Como morrem as crianças e adultos indígenas?
A mortalidade infantil entre os povos indígenas é quatro vezes maior do que a média nacional. A quantidade de mortes de crianças indígenas por desassistência subiu 513% nos últimos três anos. Os dados parciais da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) de 2015 revelaram a morte de 599 crianças menores de 5 anos. As principais causas são: desnutrição, diarreia, viroses e infecções respiratórias, falta de saneamento básico além de um quadro preocupante de desassistência à saúde. Ora, sabemos que pneumonia, diarreia e gastroenterite são doenças facilmente tratáveis desde que estas crianças tenham acesso às políticas de saúde. A região Norte do país concentra o maior número de óbitos.
Quando abordamos os números relativos ao suicídio a situação é igualmente alarmante. De acordo com dados da Sesai, 135 indígenas cometeram suicídio em 2014 – o maior número em 29 anos. Sabemos que os quadros de suicídio se agravam em contextos de luta pelos direitos territoriais quando populações inteiras vivem em condições de vulnerabilidade extrema.
Jovens e adultos do sexo masculino também são as principais vítimas dos conflitos territoriais que resultam do omissão e letargia do Estado brasileiro nos processos de demarcação das terras indígenas. Em 2014, 138 indígenas foram assassinados; em 2015, foram 137. No período de 2003 a 2016, 891 indígenas foram assassinados em solo brasileiro, em uma média anual de 68 casos (Cimi 2016). Esses assassinatos acontecem em contextos de lutas e retomadas de terras, tendo como alvo principal as lideranças indígenas à frente dos movimentos reivindicatórios de direitos.
Diante desse cenário de permanente e impune genocídio contra os povos indígenas no Brasil, é importante refletirmos sobre o histórico de atuação dos senadores responsáveis pela votação do PL 119/2015: quais deles atuam ou já atuaram na proteção e no resguardo dos direitos indígenas? Quais deles são financiados pelo agronegócio, pela mineração, pelos grandes empreendimentos em terras indígenas? Como um Projeto de Lei que criminaliza os próprios povos indígenas pela vulnerabilidade e violências causadas pelo Estado e por terceiros pode ajudar na proteção e promoção de seus direitos?
O falso dilema da noção de “infanticídio indígena”
O PL 119/2015 – outrora PL 1057/2007 – supõe que há um embate entre “tradições culturais” que prescrevem a morte de crianças e o princípio básico e universal do direito à vida. Ao afirmar que o infanticídio é uma tradição cultural indígena – como se ele não ocorresse, infelizmente, em toda a humanidade – o texto e o parlamento brasileiros agem com racismo e discriminação, difamando povos e suas organizações socioculturais. Todos nós temos direito à vida e não há nenhuma comunidade indígena no Brasil e no mundo que não respeite e pleiteie esse direito básico junto às instâncias nacionais e internacionais.
Ao invés de buscarem aprovar o novo texto do Estatuto dos Povos Indígenas que vem sendo discutido no âmbito da Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI) desde 2008, utilizando como base o Estatuto o Substitutivo ao Projeto de Lei 2057, de 1994, que teve ampla participação indígena em sua formulação, o parlamento está optando por remendar a obsoleta Lei 6.001 – conhecida como Estatuto do Índio – datada de 1973, carregada de vícios próprios da ditadura militar, como as noções de tutela e de integração dos povos indígenas à comunidade nacional, pressupondo que com o tempo, eles deixariam de “ser índios”.
O PL também equivoca-se ao afirmar que há uma obrigatoriedade de morte a qualquer criança gêmea, albina e/ou com algum tipo de deficiência física e mental, além de mães solteiras. Trata-se de situações que desafiam qualquer família, indígena ou não, mas que em comunidades com fortes vínculos sociais tendem a ser melhor sanadas pois há níveis de solidariedade maior do que os de individualismo.
O dilema do infanticídio também é falso quando afirma que trata-se de uma demanda por “relativismo cultural” diante do direito à vida e dos Direitos Humanos; mas afirmamos que violência, tortura e opressão não se relativizam. A demanda posta pelos povos indígenas é historicamente a de respeito à diversidade cultural – o que implica no reparo, por parte do Estado, da expropriação territorial garantindo a regularização de todas as terras indígenas no País e o acesso a direitos essenciais como saúde e educação diferenciadas. Também é direito das comunidades indígenas o acesso à informação e ao amparo do Estado para lidar com situações em que a medicina biomédica já encontrou cura ou tratamento adequado. A Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, ratificada em 2005 pela UNESCO, é enfática quando trata a diversidade cultural como patrimônio comum da humanidade, e isso inclui, portanto, o direito das crianças indígenas a permanecerem junto à sua família e de receberem suporte médico dentro de suas comunidades.
Há 10 anos acompanhamos a exposição midiática das mesmas crianças – algumas hoje já adolescentes – bem como os depoimentos de indígenas adultos que afirmam que sobreviveram, em condições diversas, ao infanticídio. São histórias que precisamos ouvir e que nos ensinam que os povos indígenas têm encontrado novas estratégias para lidar com seus dilemas éticos e morais. Sabemos que a transformação é uma característica cultural dos povos indígenas; ao mesmo tempo em que lutamos pelo respeito aos Direitos Humanos, lutamos para que as Dignidades Humanas dos povos indígenas sejam respeitadas a partir de seu tempo de transformação.
Nenhum caso de infanticídio e qualquer outra forma de violência, entre povos indígenas ou não, pode ser afirmado como uma “tradição cultural”; ou podemos dizer que a nossa própria cultura é infanticida generalizando tal grau de acusação e julgamento para todas as pessoas? Se a resposta é um sonoro “não”, porque o PL 119/2015 pretende fazer isso com os povos indígenas?
O mesmo exercício pode ser feito com as outras tipificações de violência e atentados à Dignidade Humana no texto do PL como: homicídio, abuso sexual, estupro individual e coletivo, escravidão, tortura em todas as suas formas, abandono de vulneráveis e violência doméstica. Estaríamos nós transferindo os nossos preconceitos e violências para os povos indígenas, transformando isso em parte da sua cultura? Ao fazer isso, afirmamos que violências tão características da colonialidade do poder são o que fazem dos índios, índios.
Por fim, é importante mencionar que o texto inicial do PL 1057/2007 que foi aprovado na Câmara sofreu alterações ao transformar-se no PL 119/2015 que tramita no Senado. O que antes era “combate a práticas tradicionais nocivas” mudou de retórica para “defesa da vida e da dignidade humana” mas não nos enganemos: seu conteúdo permanece afirmando a existência violências tratadas como práticas tradicionais exclusivas e características dos povos indígenas.
Igualdade, equidade e isonomia de direitos
Por uma questão de isonomia e igualdade de direitos, os povos indígenas estão submetidos à legislação brasileira, podendo ser julgados e punidos como qualquer cidadão deste país. Hoje, aproximadamente 750 indígenas estão cumprindo pena em sistema de regime fechado, dos quais cerca de 65% não falam ou não compreendem a língua portuguesa. Portanto, as leis que punem infanticídio, maus tratos de crianças e qualquer forma de violação de direitos, inclusive os Direitos Humanos, também incidem sobre os indígenas, ainda que suas prisões não sejam por estes motivos.
Qual a justificativa de um PL que verse especificamente sobre estas violações entre os povos indígenas e que promove interpretações equivocadas e sem embasamento científico e técnico, difamando as realidades dos povos indígenas? Ao tornar a pauta redundante, os indígenas seriam, duas vezes, julgados e condenados por um mesmo crime?
Não se trata apenas da defesa do direito individual. Um direito fundamental de toda pessoa é precisamente o de ser parte de um povo, isto é, o direito de pertencimento. E um povo criminalizado tem a sua dignidade ferida.
Durante o último Acampamento Terra Livre (ATL) que aconteceu em Brasília durante os dias 10 e 13 de maio de 2016 e reuniu cerca de 1.000 lideranças dos povos e organizações indígenas de todas as regiões do Brasil, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) publicou o “Manifesto do 13º Acampamento Terra Livre” denunciando “os ataques, ameaças e retrocessos” orquestrados contra seus direitos fundamentais “sob comando de representantes do poder econômico nos distintos âmbitos do Estado e nos meios de comunicação”. A nota manifesta ainda “repúdio às distintas ações marcadamente racistas, preconceituosas e discriminatórias protagonizadas principalmente por membros da bancada ruralista no Congresso Nacional contra os nossos povos, ao mesmo tempo em que apresentam e articulam-se para aprovar inúmeras iniciativas legislativas, propostas de emenda constitucional e projetos de lei para retroceder ou suprimir os nossos direitos”.
O manifesto encerra-se afirmando: “PELO NOSSO DIREITO DE VIVER!”, pois é de vida e não de morte que se trata a defesa dos direitos indígenas. Se os nobres parlamentares estão preocupados com a defesa da vida e da dignidade indígenas, que retrocedam neste PL e em tantos outros que os violentam diretamente e que foram elaborados sem sua participação, consentimento e consulta.
*
Referências
AZEVEDO, Marta Maria. Diagnóstico da População Indígena no Brasil. Em: Ciência e Cultura, vol.60 nº4 São Paulo. Out. 2008
ARAÚJO, Íris Morais. Osikirip: os “especiais” Karitiana e a noção de pessoa ameríndia. Tese de doutorado aprovada pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. 2014.
BRUNO, Marilda Moraes Garcia; SUTTANA, Renato (Org.). Educação, diversidade e fronteiras da in/exclusão. Dourados: Ed. UFGD, 2012. 224 p.
FALEIROS, Vicente de P. 2004. “Infância e adolescência: trabalhar, punir, educar, assistir, proteger”. In: Revista Ágora: Políticas Públicas e Serviço Social, ano 1, nº 1. Disponível em: http://www.assistenciasocial.com.br
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QUERMES, Paulo Afonso de Araújo & ALVES DE CARVALHO, Jucelina. Os impactos dos benefícios assistenciais para os povos indígenas: estudo de caso em aldeias Guaranis. Revista Serviço Social & Sociedade, São Paulo (SP), n.116, p. 769-791, 2013.
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VENERE, Mario Roberto. 2005. Políticas públicas para populações indígenas com necessidades especiais em Rondônia: o duplo desafio da diferença. 2005. 139 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente) ‒ NCT, UNIR, RO, [2005].
* Marianna Holanda é antropóloga, doutora em Bioética e pesquisadora associada da Cátedra Unesco de Bioética – UnB.
Hailed as a significant call for action, the pope’s encyclical has not had the anticipated rallying effect on public opinion, researchers have found
Knowledge of the pope’s encyclical, called Laudato Si’, did not appear to be linked to higher levels of concern regarding climate change, the study found. Photograph: Bullit Marquez/AP
Nicola Davis
Monday 24 October 2016 16.48 BST. Last modified on Monday 24 October 2016 17.56 BST
The pope’s call for action on climate change has fallen on closed ears, research suggests.
A study by researchers in the US has found that right-leaning Catholics who had heard of the pope’s message were less concerned about climate change and its effects on the poor than those who had not, and had a dimmer view of the pope’s credibility.
“The pope and his papal letter failed to rally any broad support on climate change among the US Catholics and non-Catholics,” said Nan Li, first author of the research from Texas Tech University.
“The conservative Catholics who are cross-pressured by the inconsistency between the viewpoints of their political allies and their religious authority would tend to devalue the pope’s credibility on this issue in order to resolve the cognitive dissonance that they experience,” she added.
Issued in June 2015, Pope Francis’s encyclical, called Laudato Si’, warned of an “unprecedented destruction of ecosystems” if climate change continues unchecked and cited the scientific consensus that human activity is behind global warming.
Research conducted on the eve of the announcement found that 68% of Americans and 71% of US Catholics believe in climate change, with Democrats more likely than Republicans to believe in the issue, put it down to human causes and rate it as a serious problem.
The pontiff’s comments were seen by many as a significant call for action in the battle against climate change, focusing on the moral need to address the impact of humans on the planet. “Pope Francis is personally committed to this [climate] issue like no other pope before him. The encyclical will have a major impact,” said Christiana Figueres, the UN’s climate chief, at the time.
But new research published in the journal Climatic Change suggests that the encyclical might not have had the anticipated rallying effect on public opinion.
In a nationally representative survey of 2,755 individuals across the US, including more than 700 Catholics, researchers quizzed individuals on their attitudes towards climate change, its effects on the poor and papal credibility on the issue, together with questions on their political views and demographics such as age, sex and ethnicity. The team found that 22.5% of respondents said they had either heard of the pope’s message or his plans for the letter.
Overall, the team found that members of the public who identified as politically liberal, whether Catholic or not, were more likely to be concerned about climate change and perceive climate change as disproportionately affecting the poor than those who identified as conservative.
But knowledge of the papal letter did not overall appear to be linked to higher levels of concern regarding climate change.
Instead, the researchers found that the effects of awareness of the letter were small, although awareness was linked to more polarised views. For both Catholics and non-Catholics, conservatives who were aware of the letter were less likely to be concerned about climate change and its risk to the poor, compared to those who had not. The opposite trend was seen among liberals.
But, the authors say, among both conservative Catholics and non-Catholics who had heard of the encyclical, the pontiff’s perceived credibility decreased as political leaning veered to the right.
“For people who are most conservative, the Catholics who are aware of the encyclical give the pope 0.5 less than Catholics who aren’t aware of the encyclical on a one to five scale,” said Li.
The researchers say it is not clear if the increased polarisation is caused by hearing about the encyclical or, for example, if more politically engaged individuals were simply more likely to be aware of the papal letter.
“In sum, while [the] pope’s environmental call may have increased some individuals’ concerns about climate change, it backfired with conservative Catholics and non-Catholics, who not only resisted the message but defended their pre-existing beliefs by devaluing the pope’s credibility on climate change,” the authors write.
The results chime with the reaction to the papal stance by conservative media and a number of prominent individuals, including former presidential candidate Jeb Bush who rebuffed the pope’s message, saying: “I don’t get economic policy from my bishops or my cardinal or my pope.”
Neil Thorns, director of advocacy at the Catholic aid agency Cafod, said: “Laudato Si’ was a wake-up call on how we’re treating our planet and its people which unsurprisingly – although disappointingly – some climate deniers and those with vested interests were not willing to hear.”
Representantes da organização garantem que não houve falhas em sua operação
Apesar da operação da Fundação Cacique Cobra Coral os jogos do Rio tem registrado mau tempo, com provas tendo que ser adiadas – Jorge William / Agência O Globo
POR LUIZ ERNESTO MAGALHAES
10/08/2016 15:53 / atualizado 10/08/2016 16:17
RIO – Regatas na Lagoa adiadas, sessões de tênis remarcadas, transtornos provocados por ressacas que invadem instalações na Praia de Copacabana… Credenciados pelo Comitê Organizador Rio-2016 para acompanhar as condições climáticas durante a Olimpíada, os integrantes da Fundação Cacique Cobra Coral, que garantem ter poder sobrenatural para controlar o tempo, afirmam que não houve falhas na operação espiritual para garantir o sucesso da Olimpíada.
A médium Adelaide Scritori, que afirma incorporar o espírito do Cacique Cobra Coral, já circulou várias vezes pelo Parque Olímpico. O porta-voz da fundação, Osmar Santos, garante que o desempenho até agora da entidade é digno de medalha de ouro. Segundo ele, as prioridades foram direcionar o tempo para garantir a cerimônia de abertura sem chuvas e que os ventos soprassem de forma a a garantir que as regatas da Baía de Guanabara ocorressem em raias sem lixo:
Segundo Osmar, no domingo, quando uma forte ventania atingiu a cidade causando estragos e adiando provas do remo, Adelaide sequer estava no Rio. A médium, segundo ele, estaria na Região Serrana, encerrando a operação da Cerimônia de Abertura. O porta voz da médium argumenta que as demandas espirtuais da entidade são inúmeras e não se limitam a Olimpíada
– O grande legado nosso da cerimônia de abertura foi o desvio da Frente Fria que estava no Rio e foi desviada para Minas erais onde despejou 30 milímetros de chuva em pleno agosto no Vale do Jequitinonha. Isso para o cacique é muito mais importante. Agora vamos abrir um corredor para as frentes entrarem pelo continente e apagarem as queimadas no Pantanal – disse Osmar.
De acordo com Osmar, o mau tempo de hoje está relacionado com o atraso na entrada da frente fria na cidade para garantir a limpeza da Baía
Essa não é a primeira vez que a Fundação atua numa Olimpíada. Repórteres do GLOBO encontraram integrantes da Fundação em Londres, em 2012, credenciados inclusive para uma visita da presidente afastada Dilma Roousseff durante um evento oficial do Comitê Olímpico do Brasil. Adelaide também estava em Copenhague (Dinamarca) em 2009 quando o Rio foi eleito cidade sede da Olimpíada de 2016.
A Fundação também, é chamada para outros eventos como o Réveillon e o Rock in Rio. Nas últimas edições das Olimpíadas, no entanto, chegou a chover forte alguns dias. A Fundação Cacique Cobra Coral nas duas ocasiões alegou que ficou retida antes de chegar à Cidade do Rock por problemas no credenciamento do carro que transportava os integrantes.
Os biólogos Ricard Albalat e Cristian Cañestro, com exemplares do ‘Oikopleura’. JUAN BARBOSA
“Só o acaso pode ser interpretado como uma mensagem. Aquilo que acontece por necessidade, aquilo que é esperado e que se repete todos os dias, não é senão uma coisa muda. Somente o acaso tem voz”, escreveu Milan Kundera em A Insustentável Leveza do Ser. E tem algo que fala, ou melhor, grita, numa praia de Badalona, perto de Barcelona: a que é dominada pela Ponte do Petróleo. Por esse dique de 250 metros, que penetra no mar Mediterrâneo, eram descarregados produtos petrolíferos até o final do século XX. E a seus pés se levanta desde 1870 a fábrica do Anís del Mono, o licor em cujo rótulo aparece um símio com cara de Charles Darwin em referência à teoria da evolução, que gerava polêmica na época.
Hoje, a Ponte do Petróleo é um belo mirante com uma estátua de bronze dedicada ao macaco com rosto darwinista. E, por um acaso que fala, entre seus frequentadores se encontra uma equipe de biólogos evolutivos do departamento de Genética da Universidade de Barcelona. Os cientistas caminham pela passarela sobre o oceano e lançam um cubo para fisgar um animal marinho, o Oikopleura dioica, de apenas três centímetros, mas que possui boca, ânus, cérebro e coração. Parece insignificante, mas, como Darwin, faz estremecer o discurso das religiões. Coloca o ser humano no lugar que lhe corresponde: com o resto dos animais.
“Temos sido mal influenciados pela religião, pensando que estávamos no topo da evolução. Na verdade, estamos no mesmo nível que o dos outros animais”, diz o biólogo Cristian Cañestro. Ele e o colega Ricard Albalat dirigem um dos únicos três centros científicos do mundo dedicados ao estudo do Oikopleura dioica. Os outros dois estão na Noruega e no Japão. O centro espanhol é uma salinha fria, com centenas de exemplares praticamente invisíveis colocados em recipientes de água, num canto da Faculdade de Biologia da Universidade de Barcelona.
O organismo marinho ‘Oikopleura dioica’ indica que a perda de genes ancestrais, compartilhados com os humanos, seria o motor da evolução
“A visão até agora era que, ao evoluir, ganhávamos em complexidade, adquirindo genes. Era o que se pensava quando os primeiros genomas foram sequenciados: de mosca, de minhoca e do ser humano. Mas vimos que não é assim. A maioria de nossos genes está também nas medusas. Nosso ancestral comum os possuía. Não que tenhamos ganhado genes; eles é que perderam. A complexidade genética é ancestral”, diz Cañestro.
Em 2006, o biólogo pesquisava o papel de um derivado da vitamina A, o ácido retinoico, no desenvolvimento embrionário. Essa substância indica às células de um embrião o que têm que fazer para se transformar num corpo adulto. O ácido retinoico ativa os genes necessários, por exemplo, para formar as extremidades, o coração, os olhos e as orelhas dos animais. Cañestro estudava esse processo no Oikopleura. E ficou de boca aberta.
Uma fêmea de ‘Oikopleura dioica’ cheia de ovos. CAÑESTRO & ALBALAT LAB
“Os animais utilizam uma grande quantidade de genes para sintetizar o ácido retinoico. Percebi que no Oikopleura dioica faltava um desses genes. Depois vi que faltavam outros. Não encontramos nenhum”, recorda. Esse animal de três milímetros fabrica seu coração, de maneira inexplicável, sem ácido retinoico. “Se você vê um carro se mover sem rodas, nesse dia sua percepção sobre as rodas muda”, diz Cañestro.
O último ancestral comum entre nós e esse minúsculo habitante do oceano viveu há cerca de 500 milhões de anos. Desde então, o Oikopleura perdeu 30% dos genes que nos uniam. E fez isso com sucesso. Se você entrar em qualquer praia do mundo, ali estará ele rodeando o seu corpo. Na batalha da seleção natural, os Oikopleura ganharam. Sua densidade atinge 20.000 indivíduos por metro cúbico de água em alguns ecossistemas marinhos. São perdedores, mas só de genes.
Nosso último ancestral comum viveu há 500 milhões de anos. Desde então, o ‘Oikopleura’ perdeu 30% dos genes que nos uniam
Albalat e Cañestro acabam de publicar na revista especializada Nature Reviews Genetics um artigo que analisa a perda de genes como motor da evolução. Seu texto despertou interesse mundial. Foi recomendado pela F1000Prime, uma publicação internacional que aponta os melhores artigos sobre biologia e medicina. O trabalho começa com uma frase do imperador romano Marco Aurelio, filósofo estoico: “A perda nada mais é do que mudança, e a mudança é um prazer da natureza”.
Os dois biólogos afirmam que a perda de genes pode inclusive ter sido essencial para a origem da espécie humana. “O chimpanzé e o ser humano compartilham mais de 98% do seu genoma. Talvez tenhamos que procurar as diferenças nos genes que foram perdidos de maneira diferente durante a evolução dos humanos e dos demais primatas. Alguns estudos sugerem que a perda de um gene fez com que a musculatura de nossa mandíbula ficasse menor, o que permitiu aumentar o volume do nosso crânio”, diz Albalat. Talvez, perder genes nos tornou mais inteligentes que o resto dos mortais.
Pesquisadores do laboratório de Cristian Cañestro e Ricard Albalat. UB
Em 2012, um estudo do geneticista norte-americano Daniel MacArthur mostrou que, em média, qualquer pessoa saudável tem 20 genes desativados. E isso aparentemente não importa. Albalat e Cañestro, do Instituto de Pesquisa da Biodiversidade (IRBio) da Universidade de Barcelona, citam dois exemplos muito estudados. Em algumas pessoas, os genes que codificam as proteínas CCR5 e DUFFY foram anulados por mutações. São as proteínas usadas, respectivamente, pelo vírus HIV e o parasita causador da malária para entrar nas células. A perda desses genes torna os humanos resistentes a essas doenças.
No laboratório de Cañestro e Albalat, há um cartaz que imita o do filme Cães de Aluguel (“Reservoir Dogs”, em inglês), de Quentin Tarantino: os cientistas e outros membros de sua equipe aparecem vestidos com camisa branca e gravata preta. A montagem se chama Reservoir Oiks, em alusão ao Oikopleura. Os dois biólogos acreditam que o organismo marinho permitirá formular e responder perguntas novas sobre nosso manual de instruções comum: o genoma.
O ‘Oikopleura’ permite estudar quais genes são essenciais: por que algumas mutações são irrelevantes e outras provocam efeitos devastadores em nossa saúde
O cérebro do Oikopleura tem cerca de 100 neurônios e o dos humanos, 86 bilhões. Mas somos muito mais semelhantes do que à primeira vista. Entre 60% e 80% das famílias de genes humanos têm um claro representante no genoma do Oikopleura. “Esse animal nos permite estudar quais genes humanos são essenciais”, diz Albalat. Em outras palavras: por que algumas mutações são irrelevantes e outras provocam efeitos terríveis em nossa saúde.
Os seres vivos possuem um sistema celular que repara as mutações surgidas no DNA. O Oikopleuradoica perdeu 16 dos 83 genes ancestrais que regulam esse processo. Essa incapacidade para a autorreparação poderia explicar sua perda extrema de genes, segundo o artigo da Nature Reviews Genetics.
O olhar de Cañestro se ilumina quando ele fala dessas ausências. Os genes costumam atuar em grupo para levar a cabo uma função. Se de um grupo conhecido de oito genes faltam sete no Oikopleura, pois a função foi perdida, a permanência do oitavo gene pode revelar uma segunda função essencial que teria passado despercebida. Esse gene seria como um cruzamento de estradas. Desmantelada uma rodovia, ele sobrevive porque é fundamental em outra. “Essa segunda função já estava no ancestral comum e pode ser importante nos humanos”, diz Cañestro.
“Não existem animais superiores ou inferiores. Nossas peças de Lego são basicamente as mesmas, embora com elas possamos construir coisas diferentes”, afirma. Pense no seu lugar no mundo da próxima vez que mergulhar no mar. Essa neve branca que flutua na água e pode ser vista contra a luz são os excrementos do Oikopleura.
Construction sites have been moved so as not to disturb the elves, and fishermen have refused to put out to sea because of their warnings: here in Iceland, these creatures are a part of everyday life
Since the beginning of time, elves have been the stuff of legend in Iceland, but locals here will earnestly tell you that elves appear regularly to those who know how to see them.
Construction sites have been moved so as not to disturb the elves, and fishermen have refused to put out to sea because of their warnings: here in Iceland, these creatures are a part of everyday life.
Anthropologist Magnus Skarphedinsson has spent decades collecting witness accounts, and he’s convinced the answer is yes.
He now passes on his knowledge to curious crowds as the headmaster of Reykjavik’s Elf School.
“There is no doubt that they exist!” exclaims the stout 60-year-old as he addresses his “students”, for the most part tourists fascinated by Icelanders’ belief in elves.
What exactly is an elf? A well-intentioned being, smaller than a person, who lives outdoors and normally does not talk. They are not to be confused with Iceland’s “hidden people”, who resemble humans and almost all of whom speak Icelandic.
To convince sceptics that this is not just a myth, Skarphedinsson relays two “witness accounts”, spinning the tales as an accomplished storyteller.
The first tells of a woman who knew a fisherman who was able to see elves who would also go out to sea to fish.
One morning in February 1921, he noticed they were not heading out to sea and he tried to convince the other fishermen not to go out either. But the boss would not let them stay on shore.
That day, there was an unusually violent storm in the North Atlantic but the fishermen, who had heeded his warning and stayed closed to shore, all returned home safe and sound.
Seven years later, in June 1928, the elves again did not put out to sea which was confusing because there had never been a fierce storm at sea at that time of year. Forced to head out, they sailed waters that were calm but caught very few fish.
“The elves knew it,” the anthropologist claims.
The other “witness” is a woman in her eighties, who in 2002 ran into a young teen who claimed to know her. Asking him where they had met, he gave her an address where she had lived 53 years ago where her daughter claimed she had played with an invisible boy.
Most people tread lightly when entering into known elf territory
ICELAND MAGAZINE
“But Mum, it’s Maggi!” exclaimed the daughter when her mother described the teen.
“He had aged fives times slower than a human being,” said Skarphedinsson.
Surveys suggest about half of Icelanders believe in elves.
“Most people say they heard [about them] from their grandparents when they were children,” said Michael Herdon, a 29-year-old American tourist attending Elf School.
Iceland Magazine says ethnologists have noted it is rare for an Icelander to really truly believe in elves. But getting them to admit it is tricky.
“Most people tread lightly when entering into known elf territory,” the English-language publication wrote in September.
That’s also the case with construction projects.
It may prompt sniggers, but respect for the elves’ habitat is a consideration every time a construction project is started in Iceland’s magnificent countryside, which is covered with lava fields and barren, windswept lowlands.
Back in 1971, Skarphedinsson recalls how elves disrupted construction of a national highway from Reykjavik to the northeast. The project, he says, suffered repeated unusual technical difficulties because they didn’t want a big boulder that served as their home to be moved to make way for the new road.
“They made an agreement in the end that the elves would leave the stone for a week, and they would move the stone 15 metres. This is probably the only country in the world whose government officially talked with elves,” Skarphedinsson says.
But Iceland is not the only country that is home to elves, he says. It’s just that Icelanders are more receptive to accounts of their existence.
“The real reason is that the Enlightenment came very late to Iceland.
“In other countries, with western scientific arrogance [and] the denial of everything that they have not discovered themselves, they say that witnesses are subject to hallucinations.”
Neste século, cujo primeiro evento de repercussão mundial foram os ataques às torres gêmeas de Nova York, em 11 de setembro de 2001, assistimos ao ressurgimento do papel da religião na vida política. No cenário internacional, são notórios e dramáticos os fatos que complicam a geopolítica mundial, ocasionados por interpretações de caráter fundamentalista de religiões estabelecidas.
No Brasil, a presença da atividade política baseada e dirigida por princípios de fé nunca foi tão marcante. De acordo com o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), o pleito de 2014 elegeu uma bancada evangélica de 75 deputados federais; no seu apogeu, em 1962, o Partido Democrata Cristão, de inspiração católica, tinha 20 cadeiras na Câmara dos Deputados.
Nesse contexto, é oportuno retomar a questão da laicidade, seu papel na vida da democracia e dos direitos humanos, seus nexos com a secularização e a tolerância.
A secularização, termo que vem do latim saeculum, do mundo da vida terrena (não da vida religiosa), e a laicidade, do grego laos, povo, como leigo e laico, em contraposição ao clero no quadro de hierarquização da Igreja, foram consequências da dessacralização da sociedade, como aponta Weber.
O processo de diferenciação estrutural e funcional das instituições é a acepção que mais aproxima a laicização à secularização. Os atores sociais não só começaram a se distanciar da força avassaladora das tradições religiosas, mas as relações das religiões com o Estado se alteraram fundamentalmente no correr desse processo que remonta aos ideais do Iluminismo e da Revolução Francesa. Nesse contexto, surge o tema da laicidade do Estado.
Um Estado laico diferencia-se do teocrático, em que o poder religioso e o poder político se fundem, e também do confessional, em que há vínculos entre o poder político e uma religião.
No Brasil Império, a religião oficial era a católica, ainda que outras fossem permitidas e a liberdade de opinião, assegurada. Com a República, deu-se a separação da Igreja do Estado, que se tornou laico, ensejando a igualdade da liberdade dos cultos, a secularização dos cemitérios, o casamento civil e o registro civil para o nascimento e o falecimento de pessoas.
Rui Barbosa, autor da legislação que implantou a laicização do Estado brasileiro, consagrada na Constituição de 1891, explica que sua matriz inspiradora foi norte-americana. O Estado se dessolidarizou de toda a atividade religiosa em função, como diria Jefferson, da prevalência de um muro de separação entre a atividade religiosa e a ação estatal como preconizado pela Primeira Emenda da Constituição dos EUA. O Estado laico não implica que a sociedade civil seja laica. Com efeito, esta passou a se constituir como uma esfera autônoma e própria para o exercício da liberdade religiosa e de consciência, na qual o Estado não interfere. Abria-se desse modo espaço para o que Benjamin Constant denominou liberdade negativa, não submetida a regras externas provenientes do poder público.
A laicidade, aponta Abbagnano, é expressão do princípio da autonomia das/nas atividades humanas: elas podem se desenvolver segundo regras próprias, não impostas externamente por fins e interesses diversos daqueles que as inspiram e norteiam. É o caso da liberdade de pesquisa, que pressupõe o antidogmatismo e o exame crítico de temas e problemas.
Quando a polarização e as tensões se tornam mais agudas, é importante lembrar que a laicidade é uma das formas de tolerância, ou, mais exatamente, uma das maneiras de responder ao problema da intolerância.
Como ressalta Bobbio, o tema da tolerância surgiu com a desconcentração do poder ideológico (consequência da secularização), pois a tolerância em relação a distintas crenças e opiniões coloca o problema de como lidar com a compatibilidade/convivência de verdades contrapostas (laicidade metodológica, pluralismo, antidogmatismo) e, subsequentemente, com o “diferente” (estrangeiros, pessoas de diversas opções sexuais, etc…). Daí o nexo entre democracia e direitos humanos, pois a tutela da liberdade de crença, de opinião e de posições políticas integra as regras do jogo democrático, para as quais o Outro não é um inimigo a ser eliminado, mas integrante da mesma comunidade política.
Em relação ao “diferente”, lembro que a Constituição (artigo 3.º, IV) estabelece que um dos objetivos da República é “promover o bem de todos sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor e quaisquer outras formas de discriminação”.
Entre os componentes da dicotomia tolerância/intolerância está, no plano interno, a convivência/coexistência de verdades contrapostas (religiosas, políticas), no âmbito das regras do jogo democrático e da tutela dos direitos humanos; no plano externo, a aceitação da pluralidade dos Estados na sua heterogeneidade.
Por essa razão um Estado aconfessional como o brasileiro (artigo 19, I, da Constituição) não pode, por obra de dependência ou aliança com qualquer religião, sancionar juridicamente normas ético-religiosas próprias à fé de uma confissão. Por exemplo: no campo da família, o direito ao divórcio; no critério do início da vida, a descriminalização do aborto e a pesquisa científica com células-tronco.
Num Estado laico, as normas religiosas das diversas confissões são conselhos dirigidos aos fiéis, e não comandos para toda a sociedade. A finalidade da liberdade de religião e de pensamento é garantir ao cidadão uti singuli a máxima diferenciação no campo das ideologias, das religiões e da cultura – ou seja, a liberdade individual.
A finalidade pública da laicidade é criar, nesse contexto, para todos os cidadãos uma plataforma comum na qual possam encontrar-se enquanto membros de uma comunidade política. É essa finalidade que cabe resguardar, para conter o indevido transbordar da religião para o espaço público, que se tornou um dos desafios da agenda política contemporânea.
Neste século, cujo primeiro evento de repercussão mundial foram os ataques às torres gêmeas de Nova York, em 11 de setembro de 2001, assistimos ao ressurgimento do papel da religião na vida política. No cenário internacional, são notórios e dramáticos os fatos que complicam a geopolítica mundial, ocasionados por interpretações de caráter fundamentalista de religiões estabelecidas.
No Brasil, a presença da atividade política baseada e dirigida por princípios de fé nunca foi tão marcante. De acordo com o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), o pleito de 2014 elegeu uma bancada evangélica de 75 deputados federais; no seu apogeu, em 1962, o Partido Democrata Cristão, de inspiração católica, tinha 20 cadeiras na Câmara dos Deputados.
Nesse contexto, é oportuno retomar a questão da laicidade, seu papel na vida da democracia e dos direitos humanos, seus nexos com a secularização e a tolerância.
A secularização, termo que vem do latim saeculum, do mundo da vida terrena (não da vida religiosa), e a laicidade, do grego laos, povo, como leigo e laico, em contraposição ao clero no quadro de hierarquização da Igreja, foram consequências da dessacralização da sociedade, como aponta Weber.
O processo de diferenciação estrutural e funcional das instituições é a acepção que mais aproxima a laicização à secularização. Os atores sociais não só começaram a se distanciar da força avassaladora das tradições religiosas, mas as relações das religiões com o Estado se alteraram fundamentalmente no correr desse processo que remonta aos ideais do Iluminismo e da Revolução Francesa. Nesse contexto, surge o tema da laicidade do Estado.
Um Estado laico diferencia-se do teocrático, em que o poder religioso e o poder político se fundem, e também do confessional, em que há vínculos entre o poder político e uma religião.
No Brasil Império, a religião oficial era a católica, ainda que outras fossem permitidas e a liberdade de opinião, assegurada. Com a República, deu-se a separação da Igreja do Estado, que se tornou laico, ensejando a igualdade da liberdade dos cultos, a secularização dos cemitérios, o casamento civil e o registro civil para o nascimento e o falecimento de pessoas.
Rui Barbosa, autor da legislação que implantou a laicização do Estado brasileiro, consagrada na Constituição de 1891, explica que sua matriz inspiradora foi norte-americana. O Estado se dessolidarizou de toda a atividade religiosa em função, como diria Jefferson, da prevalência de um muro de separação entre a atividade religiosa e a ação estatal como preconizado pela Primeira Emenda da Constituição dos EUA. O Estado laico não implica que a sociedade civil seja laica. Com efeito, esta passou a se constituir como uma esfera autônoma e própria para o exercício da liberdade religiosa e de consciência, na qual o Estado não interfere. Abria-se desse modo espaço para o que Benjamin Constant denominou liberdade negativa, não submetida a regras externas provenientes do poder público.
A laicidade, aponta Abbagnano, é expressão do princípio da autonomia das/nas atividades humanas: elas podem se desenvolver segundo regras próprias, não impostas externamente por fins e interesses diversos daqueles que as inspiram e norteiam. É o caso da liberdade de pesquisa, que pressupõe o antidogmatismo e o exame crítico de temas e problemas.
Quando a polarização e as tensões se tornam mais agudas, é importante lembrar que a laicidade é uma das formas de tolerância, ou, mais exatamente, uma das maneiras de responder ao problema da intolerância.
Como ressalta Bobbio, o tema da tolerância surgiu com a desconcentração do poder ideológico (consequência da secularização), pois a tolerância em relação a distintas crenças e opiniões coloca o problema de como lidar com a compatibilidade/convivência de verdades contrapostas (laicidade metodológica, pluralismo, antidogmatismo) e, subsequentemente, com o “diferente” (estrangeiros, pessoas de diversas opções sexuais, etc…). Daí o nexo entre democracia e direitos humanos, pois a tutela da liberdade de crença, de opinião e de posições políticas integra as regras do jogo democrático, para as quais o Outro não é um inimigo a ser eliminado, mas integrante da mesma comunidade política.
Em relação ao “diferente”, lembro que a Constituição (artigo 3.º, IV) estabelece que um dos objetivos da República é “promover o bem de todos sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor e quaisquer outras formas de discriminação”.
Entre os componentes da dicotomia tolerância/intolerância está, no plano interno, a convivência/coexistência de verdades contrapostas (religiosas, políticas), no âmbito das regras do jogo democrático e da tutela dos direitos humanos; no plano externo, a aceitação da pluralidade dos Estados na sua heterogeneidade.
Por essa razão um Estado aconfessional como o brasileiro (artigo 19, I, da Constituição) não pode, por obra de dependência ou aliança com qualquer religião, sancionar juridicamente normas ético-religiosas próprias à fé de uma confissão. Por exemplo: no campo da família, o direito ao divórcio; no critério do início da vida, a descriminalização do aborto e a pesquisa científica com células-tronco.
Num Estado laico, as normas religiosas das diversas confissões são conselhos dirigidos aos fiéis, e não comandos para toda a sociedade. A finalidade da liberdade de religião e de pensamento é garantir ao cidadão uti singuli a máxima diferenciação no campo das ideologias, das religiões e da cultura – ou seja, a liberdade individual.
A finalidade pública da laicidade é criar, nesse contexto, para todos os cidadãos uma plataforma comum na qual possam encontrar-se enquanto membros de uma comunidade política. É essa finalidade que cabe resguardar, para conter o indevido transbordar da religião para o espaço público, que se tornou um dos desafios da agenda política contemporânea.
*Celso Lafer é professor emérito da Universidade de São Paulo
A belief in the paranormal can mean an individual experiences more déjà vu moments in their life.
A belief in the paranormal can mean an individual experiences more déjà vu moments in their life.
This is one of the findings of a study by 3rd year undergraduate student Chloe Pickles and Dr Mark Moss, of Northumbria University, who will present their poster today, Thursday 28 April 2016, at the British Psychological Society’s annual conference in Nottingham. Over 100 participants completed surveys relating to perceived stress, belief in paranormal experiences and beliefs about déjà vu. Analysis of the results showed a strong link between belief in paranormal experiences and the frequency, pleasantness and intensity of déjà vu experiences. Stress was linked significantly to intensity and duration only.
Chloe Pickles said: “Our study calls in to question whether stress increases the number of déjà vu moments for an individual. Previous research had not considered the impact of belief when experiencing the feeling that this moment has happened before. Déjà vu might be a normal experience for those more open to it as well as (or instead of) a consequence of a negative life events.”
Anotações feitas em tinta em cerâmica. Michael Cordonsky/Israel Antiquities Authority via The New York Times
Eliashib, o intendente da remota fortaleza no deserto, recebia suas instruções por escrito, anotações feitas em tinta em cerâmica pedindo que provisões fossem enviadas para as forças no antigo reino de Judá.
Os pedidos por vinho, farinha e óleo parecem listas de compras mundanas, apesar de antigas. Mas uma nova análise da caligrafia sugere que a capacidade de ler e escrever era bem mais disseminada do que antes se sabia na Terra Santa por volta de 600 a.C., perto do final do período do Primeiro Templo. As conclusões, segundo pesquisadores da Universidade de Tel Aviv, pode ter alguma relevância para o debate de um século sobre quando o corpo principal dos textos bíblicos foi composto.
“Para Eliashib: agora, dê a Kittiyim 3 batos de vinho, e escreva o nome do dia”, diz um dos textos, compostos em hebraico antigo usando o alfabeto aramaico, e aparentemente referindo-se a uma unidade mercenária grega na área.
Outra dizia: “E um coro pleno de vinho, traga amanhã. Não atrase. E se tiver vinagre, dê a eles”.
O novo estudo, publicado na “Proceedings of the National Academy of Sciences”, combinou arqueologia, história judaica e matemática aplicada, assim como envolveu processamento de imagens por computador e o desenvolvimento de um algoritmo para distinguir entre os vários autores emitindo as ordens.
Com base na análise estatística dos resultados, e levando em consideração o conteúdo dos textos escolhidos como amostra, os pesquisadores concluíram que pelo menos seis mãos escreveram as 18 mensagens mais ou menos na mesma época. Até mesmo soldados das fileiras mais baixas do exército de Judá, ao que parece, sabiam ler e escrever.
“Há algo psicológico além das estatísticas”, disse o professor Israel Finkelstein, do Departamento de Arqueologia e Civilizações Antigas do Oriente Próximo da Universidade de Tel Aviv, um dos líderes do projeto. “Há um entendimento do poder da alfabetização. E eles escreviam bem, praticamente sem erros.”
O estudo se baseou em um conjunto de cerca de 100 cartas escritas com tinta em pedaços de cerâmica, conhecidos como óstracos, que foram descobertos perto do Mar Morto em escavações do forte Arad, décadas atrás, e datados de cerca de 600 a.C. Isso foi pouco antes da destruição de Jerusalém e do reino de Judá por Nabucodonosor, e o exílio de sua elite para a Babilônia, e antes de quando muitos acadêmicos acreditam que grande parte dos textos bíblicos, incluindo os cinco livros de Moisés também conhecidos como Pentateuco, foram escritos de forma coesa.
A cidadela de Arad era uma frente pequena, distante e ativa, próxima da fronteira com o reino rival de Edom. O forte em si tinha apenas cerca de 2.000 metros quadrados e provavelmente só acomodava cerca de 30 soldados. A riqueza dos textos encontrados ali, registrando movimentos de tropas, provisões e outras atividades diárias, foi criada em um período curto, o que os torna uma amostra valiosa para estudo de quantas mãos diferentes os escreveram.
“Para Eliashib: agora, forneça 3 batos de vinho”, ordenava outro óstraco, adicionando: “E Hananyahu ordena que envie a Beersheba 2 mulas carregadas e envie a massa de pão com elas”.
Um dos argumentos mais antigos para o corpo principal da literatura bíblica não ter sido escrito em nada parecido com sua presente forma até depois da destruição e exílio, em 586 a.C., é que antes não havia alfabetização suficiente e nem escribas suficientes para a realização de uma empreitada tão grande.
Mas se a taxa de alfabetização no forte Arad se repetir por todo o reino de Judá, que contava com cerca de 100 mil habitantes, haveria centenas de pessoas alfabetizadas, sugere a equipe de pesquisa de Tel Aviv.
Isso forneceria a infraestrutura para a composição das obras bíblicas que constituem a base da história e teologia de Judá, incluindo as primeiras versões dos livros do Deuteronômio ao Segundo Livro de Reis, segundo os pesquisadores.
Desde o século 19, os acadêmicos debatem “quando foi escrito?”, disse Finkelstein. “Na própria época ou depois”, ele acrescentou, referindo-se à destruição e exílio.
Nos séculos após a destruição e exílio, até 200 a.C., disse Finkelstein, praticamente não há evidência arqueológica de inscrições em hebraico. Ele disse que esperava que escavações revelassem selos gravados e escritos cotidianos em cerâmica, mesmo que textos mais importantes, como os bíblicos, fossem feitos em materiais perecíveis, como pergaminho e papiro.
Os textos bíblicos escritos nos séculos após 586 a.C., ele sugeriu, provavelmente foram compostos na Babilônia.
Outros acadêmicos alertaram contra extrair conclusões demais a respeito de quando a primeira grande parte da Bíblia foi escrita, com base em extrapolações a partir das taxas de alfabetização antigas.
“Não há um consenso atualmente nos estudos bíblicos”, disse o professor Edward Greenstein, da Universidade Bar-Ilan, perto de Tel Aviv. “O processo de transmissão era muito mais complicado do que os acadêmicos costumam pensar.”
O processo de composição da Torá, segundo Greenstein, parece ter envolvido camadas de reescrições, suplementos e revisões. Apontando para o saber recente da literatura bíblica, ele disse que os escribas podiam registrar os textos principalmente como auxílio à memória, em um mundo onde ainda eram transmitidos oralmente.
“Os textos bíblicos não precisavam ser escritos por muitas pessoas, ou lidos por muitas pessoas, para serem redigidos”, ele disse, acrescentando que os textos não circulavam amplamente.
Para deduzir as taxas de alfabetização, a equipe de pesquisa usou um método que Barak Sober, do Departamento de Matemática Aplicada da Universidade de Tel Aviv, comparou à análise forense de caligrafia adaptada aos tempos antigos.
Os matemáticos pegaram 16 cacos de cerâmica de Arad que eram mais ricos em conteúdo (dois apresentavam inscrições em ambos os lados). Dois dos textos lembravam uma chamada, apenas listando as pessoas presentes, e foram claramente escritos no posto avançado no deserto; outros foram compostos em outro lugar.
Muitas das cartas em aramaico não eram claras, de modo que não era possível dar simplesmente entrada dos dados em um computador. Em vez disso, os pesquisadores conceberam uma forma de reconstruí-las. Então as letras de pares de textos foram misturadas e o algoritmo as separou com base na caligrafia.
Se o algoritmo dividisse as letras em dois grupos claros, os textos eram contados como tendo sido escritos por dois autores. Quando o algoritmo não distinguia entre as letras e as deixava juntas em um grupo, nenhuma posição era tomada; elas podiam ter sido escritas pela mesma mão ou, possivelmente, por duas pessoas com estilo semelhante.
Um cálculo conservador revelou pelo menos quatro autores, e seis quando o conteúdo foi levado em consideração, como quem estava escrevendo para quem.
Outro óstraco foi endereçado a um homem chamado Nahum. Ele foi instruído a ir “até a casa de Eliashib, filho de Eshiyahu” para pegar um jarro de óleo, para enviá-lo a Ziph “rapidamente, o lacrando com seu selo”.
SENDAI (IPC Digital) – Yuka Kudo, 22 anos, natural da província de Akita, é uma jovem formanda do curso de Sociologia da Universidade Tohoku Gakuin, de Sendai (Miyagi). Seu grupo de 7 pessoas escolheu como tema da monografia para colação de grau, como as pessoas lidam com a morte após o Grande Terremoto ao Leste do Japão, em 11 de março de 2011. Até iniciar o trabalho de pesquisa, ela via as mortes provocadas pelo tsunami como “milhares de pessoas que perderam a vida”. Depois de iniciar as entrevistas, descobriu que muitos dos taxistas de Ishinomaki (Miyagi) tiveram a experiência de terem como clientes os fantasmas de pessoas que provavelmente perderam a vida na tragédia.
Ela conta as histórias que ouviu durante suas entrevistas. Um taxista, na faixa dos 50 anos, relatou que no começo do primeiro verão após o tsunami, uma senhora vestida de casaco, o que lhe chamou à atenção, pediu para ser conduzida até Minamihama. Ele teria feito uma pergunta para confirmar: “lá, praticamente, só tem terras vazias, pode ser?”. Com a voz trêmula, a mulher lhe pergunta “eu morri?”. Assustado, quando olha para o assento traseiro a passageira que transportava não estava mais lá.
Outros taxistas contam histórias semelhantes, afirma a estudante. Um deles relata que um rapaz, também vestido de casaco, aponta sentido Hiyoriyama e pede para ir até lá. No destino final, não havia cliente dentro do carro. Segundo seu levantamento junto aos motoristas de táxi, a maioria desses passageiros fantasmas eram jovens, homens e mulheres, quase todos vestidos de casaco. “Os jovens costumam ter um forte sentimento de desgosto de ter deixado pessoas que amam. Devem ter escolhido um espaço reservado como o táxi para transmitir esse sentimento insustentável”, pensa a jovem formanda.
Com a voz trêmula, a mulher lhe pergunta “eu morri?”
Para ela e para os entrevistados, essas histórias não são uma viagem da mente, há realidade. Os motoristas lhe mostraram diários, com registros de perda de corrida e que tiveram que pagar do próprio bolso ou do taxímetro que foi ligado até o destino.
Ela conta que sentiu na pele a dor da perda das pessoas de Ishinomaki. Um outro motorista lhe contou que perdeu familiares no tsunami e declarou “não é nada surpreendente que aconteça esse tipo de coisa. Se aparecer mais alguém vou transportar sim”. Todos os entrevistados não contaram suas experiências com medo. Ficou impressionada com o sentimento de reverência, como uma experiência importante que guardavam dentro do peito.
Com essas entrevistas quase que diárias, revela que aprendeu o que é a dor da perda e do luto. “Quero transmitir o peso da morte de cada uma das pessoas que partiu, com respeito”, declarou.
Yuka Kudo, a formanda que pesquisou sobre os fantasmas que pegaram táxi em Ishinomaki
honrar compromisso que é bom nada né governador lamentável
Quando um governo é extremamente incompetente recorre a estas coisas.
kkkkkkkk……….é cada piada esse governo imprestável!!!!!
Ma che bello administrador ! kkkk
Por que nunca resolveram o problema do sertão nordestino? Precisava transpor o velho Chico com uma “solução” prática dessa?
Só pode estar desdenhando!
Me recuso a acreditar nessas asneiras. So mesmo nesse Brasilzinho.
Os surdos correm grande risco de serem picados pela cobra coral…
kkkkkkkkk
ouvi dizer que a tal entidade vai também atuar na saúde ,segurança ,transporte, e economia do DF pois os últimos governantes não deram conta
sera que pra trazer chuva os caras vão fazer a dança da chuva kkkkkkkkkkkkkkkk
Caique coral é uma entidade da bruxaria. Governador, não amaldiçoe ainda mais nossa terra. Vc não faz idéia do mal que vc está se fazendo e a toda população do DF. Vai procurar Deus, vai orar, pede a Jesus Cristo, pq ele sim é quem faz chover para pecadores e justos.
rindo até 2050 kkkkkkkkkkkkkkk
Te informa direito, antes de dizer besteira,
Aqui a mallandragem não tem por onde.
Governador do DF Rodrigo Rollemberg … é um exemplo do baixo nível dos gestores do nosso dinheiro no Brasil …Energia esotérica contra a crise hídrica ??? Só para um incompetente sair com essa … Vamos varrer essa gente da vida pública
Parece piada do Sensacionalista.
pois é, por um momento até achei que tava no portal errado.
Saravá!!
Agora, o Brasil inaugurará a CORRUPÇÃO espiritual !!
A primeira vez que ouvi sobre essa Fundação, faz anos… Foi notícias vindas do RJ, onde o Governo pagava para essa Fundação ajudar a NÃO chover no Réveillon. Demorei um bom tempo para acreditar no que lia, achei que tinha enlouquecido de vez.
A tal Fundação “trabalhou” no Rock in Rio?! De qual ano??? Em 2011 choveu tanto que pro Guns and Roses tocar tiveram antes que retirar muita água do palco com rodo.
Eu sinceramente estou a defecar e a andar para o fato do Rollemberg (e a globo) ter fé em qualquer coisa ou achar isso bonito. Eu quero é que ele cumpra as promessas de governo, que até agora não chegaram em nem 20% do prometido.
Cara, não tem 5 meses de cargo…
No centro espirita, preciso de chuva no distrito federal, atençao caral musical do centro vamos la voce deve esta pensando, ela foi embora, mais ja deve esta voltando, nao demora, ou ela foi pra muito longe, felicidade, felicidade? erramos que maldade, onde esta que nao responde, pois minha ALMA geme por voce, geme geme u por voce geme geme ha, ha ha ha a chuva nao vai chegar
O que é “contato informal”?
É SÓ O QUE FALTAVA, ÍNDIO QUER DINHEIRO E O IDIOTA ACREDITA?
Me paga que eu faço a dança da chuva todo dia ao meio dia!
kkkkkkkk
Manda esta organização pro nordeste,se resolver o problema recebe, se não resolver ela paga o prejuiso.
boa
E muito obscurantismo em pleno século XXl
Só o que faltava! Fala sério?