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Tsunami meteorológico? Entenda fenômeno que assustou Santa Catarina (UOL Notícias)

Fernando Cymbaluk*
Do UOL, em São Paulo 19/10/2016, 12h44 

VIDEO: http://tv.uol/15G3x

 

Uma onda que atingiu duas praias no sul de Santa Catarina arrastou carros e assustou os banhistas em um dia de calor e fortes ventos. O fenômeno foi provocado por uma grande tempestade no mar que impulsionou a onda “gigante”. O evento, que é raro e perigoso, tem nome: tsunami meteorológico.

Sim, podemos dizer que ocorrem tsunamis no Brasil. Comuns no leste e sudeste da Ásia, tsunamis são ondas que avançam na costa provocando danos (em japonês, “tsu” quer dizer porto, e “nami” significa onda).

Os tsunamis que já devastaram grandes áreas de países como o Japão são provocados por abalos sísmicos em um ponto do oceano. Eles são muito mais drásticos do que o caso brasileiro, com ondas bem maiores, que alcançam diversas praias após irradiarem do epicentro do tremor.

Já o tsunami meteorológico, como o nome diz, é provocado por eventos meteorológicos (da atmosfera) e ocorre mais localmente. É mais propício na primavera e no verão, época de tempestades.

Apesar de raro, há registros de sua ocorrência em locais como Cabo Frio (RJ) e Florianópolis (SC). Uma onda mais forte atingindo a praia é algo perigoso para banhistas e pessoas que morem nas costas. Além disso, tempestades no mar também trazem riscos devido aos ventos, raios e trovões.

Carros arrastados por onda em Balneário Rincão (SC). Ao fundo, nuvem de tempestade que provoca tsunami meteorógico

Como se forma

Um tsunami meteorológico ocorre quando um conjunto de cúmulo-nimbo, a nuvem que provoca as tempestades, se propaga em paralelo sobre o oceano. Nesse cenário, uma grande onda pode se formar caso as ondas do mar também estejam alinhadas a essas nuvens.

“Ocorre uma ressonância entre a onda de pressão [nuvem] e a onda do mar, que se aproxima da costa, cresce em amplitude e pode inundar a região costeira”, explica Renato Ramos da Silva, professor de física da atmosfera da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).

Em uma tempestade, o ar sobe, formando uma zona de baixa pressão atmosférica. Tal mudança nas condições atmosféricas ocorre de forma brusca. Essa formação é chamada de linha de instabilidade. Seu rápido deslocamento acoplado às ondas do mar faz com que a onda ganhe tamanho.

O nome tsunami meteorológico, contudo, não é consenso entre os meteorologistas. Para José Carlos Figueiredo, meteorologista da Unesp, a grande onda que se verificou em SC é comum no Nordeste, sem contudo ser chamada de tsunami.

“Em algumas praias, há ondas que invadem a areia. O avanço pode ser provocado por tempestades naturais no mar”, diz Figueiredo. Ele lembra ainda que ciclones que ocorrem no Sul do Brasil provocam ressacas em praias de SP e RJ. Nesses episódios, fortes ondas também invadem a costa.

Para o meteorologista, outro fenômeno, conhecido como “downburst”, pode explicar para a grande onda que atingiu as praias catarinenses. Nesse tipo de evento, a chuva, “em vez de precipitar normal e pausadamente, precipita tudo de uma vez”, explica. A grande chuva poderia, assim, ter levado a formação de uma onda maior.

Difícil de prever

Tsunamis meteorológicos não são nada fáceis de serem previstos. Isso porque sua ocorrência é muito localizada, dependendo da formação de tempestades em um ponto do oceano e das condições do mar um lugar específico.

Segundo Silva, para prever o fenômeno a tempo de avisar a população seria necessária “uma boa previsão meteorológica junto de um modelo oceânico de previsão de ondas”.

* Com colaboração de Gabriel Francisco Ribeiro

Relembre tornado que atingiu SC

27.abr.2015 – A presidente Dilma Rousseff sobrevoa o município de Xanxerê, em Santa Catarina, e observa os estragos provocados pelo tornado que devastou a cidade do interior catarinense (situada a 551 km de Florianópolis), na última segunda-feira (20). De acordo com o último balanço da Defesa Civil, 4.275 pessoas estão desalojadas e há 539 desabrigadas em Xanxerê, por conta dos ventos que ultrapassaram a velocidade de 250 km/h  VEJA MAIS > Imagem: Roberto Stuckert Filho/PR

Fantasmas que pegaram táxi em Ishinomaki, depois do tsunami, são tema de monografia (IPC Digital)

Por Anna Shudo – 22/03/2016

Ishinomaki

Crédito: Divulgação

SENDAI (IPC Digital) – Yuka Kudo, 22 anos, natural da província de Akita, é uma jovem formanda do curso de Sociologia da Universidade Tohoku Gakuin, de Sendai (Miyagi). Seu grupo de 7 pessoas escolheu como tema da monografia para colação de grau, como as pessoas lidam com a morte após o Grande Terremoto ao Leste do Japão, em 11 de março de 2011. Até iniciar o trabalho de pesquisa, ela via as mortes provocadas pelo tsunami como “milhares de pessoas que perderam a vida”. Depois de iniciar as entrevistas, descobriu que muitos dos taxistas de Ishinomaki (Miyagi) tiveram a experiência de terem como clientes os fantasmas de pessoas que provavelmente perderam a vida na tragédia.

Ela conta as histórias que ouviu durante suas entrevistas. Um taxista, na faixa dos 50 anos, relatou que no começo do primeiro verão após o tsunami, uma senhora vestida de casaco, o que lhe chamou à atenção, pediu para ser conduzida até Minamihama. Ele teria feito uma pergunta para confirmar: “lá, praticamente, só tem terras vazias, pode ser?”.  Com a voz trêmula, a mulher lhe pergunta “eu morri?”. Assustado, quando olha para o assento traseiro a passageira que transportava não estava mais lá.

Outros taxistas contam histórias semelhantes, afirma a estudante. Um deles relata que um rapaz, também vestido de casaco, aponta sentido Hiyoriyama e pede para ir até lá. No destino final, não havia cliente dentro do carro. Segundo seu levantamento junto aos motoristas de táxi, a maioria desses passageiros fantasmas eram jovens, homens e mulheres, quase todos vestidos de casaco. “Os jovens costumam ter um forte sentimento de desgosto de ter deixado pessoas que amam. Devem ter escolhido um espaço reservado como o táxi para transmitir esse sentimento insustentável”, pensa a jovem formanda.

Com a voz trêmula, a mulher lhe pergunta “eu morri?”

Para ela e para os entrevistados, essas histórias não são uma viagem da mente, há realidade. Os motoristas lhe mostraram diários, com registros de perda de corrida e que tiveram que pagar do próprio bolso ou do taxímetro que foi ligado até o destino.

Ela conta que sentiu na pele a dor da perda das pessoas de Ishinomaki. Um outro motorista lhe contou que perdeu familiares no tsunami e declarou “não é nada surpreendente que aconteça esse tipo de coisa. Se aparecer mais alguém vou transportar sim”. Todos os entrevistados não contaram suas experiências com medo. Ficou impressionada com o sentimento de reverência, como uma experiência importante que guardavam dentro do peito.

Com essas entrevistas quase que diárias, revela que aprendeu o que é a dor da perda e do luto. “Quero transmitir o peso da morte de cada uma das pessoas que partiu, com respeito”, declarou.

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Yuka Kudo, a formanda que pesquisou sobre os fantasmas que pegaram táxi em Ishinomaki

Fonte e foto: Asahi Shimbun | Foto de Ishinomaki: http://blog.goo.ne.jp/

Chilean Judge Upholds Manslaughter Charges Linked to ’10 Tsunami (N.Y.Times)

By PASCALE BONNEFOY

Published: May 16, 2013

SANTIAGO, Chile — A judge dismissed an appeal to suspend involuntary manslaughter charges against four government officials accused of failing to issue a tsunami alert after the 8.8-magnitude earthquake that struck Chile in 2010.

“This court believes that not enough was done to avoid the catastrophic results” of the quake, Judge Ponciano Sallés said in his ruling. “Any reasonable analysis would conclude that the risk was greater by not evacuating the population than by doing so,” he said, adding that “information was concealed.”

The investigation into the deaths of 156 people and the disappearance of 25 more during the tsunami seeks to establish responsibility for the confusing and contradictory chain of decisions made by government officials and emergency agencies shortly after the earthquake. The actions resulted in mistaken public assurances that there was no risk of tsunami, despite reports that one had already devastated the Juan Fernández Archipelago in the Pacific, west of the Chilean coast.

The former director of the National Emergency Agency, Carmen Fernández, is accused of providing false information and not issuing a tsunami alert. The former under secretary of the interior, Patricio Rosende, has been charged with “imprudent conduct” in neglecting to warn the population. Both argued that it was up to the navy’s oceanographic service to issue the alert.

According to survivors, many families returned to their homes on the coast after hearing the president at the time, Michelle Bachelet, say on the radio that there was no danger of a tsunami. Raúl Meza, a lawyer for one victim’s family, has formally requested that prosecutors interrogate the former president as a suspect. Ms. Bachelet, who is campaigning for the presidential elections in November, has testified twice, but as a witness.

Three other officials have also been charged but did not appeal. The accusations, filed last year against the seven, include operating with inexperienced personnel, lacking knowledge on the use of technology, leaving shifts vacant at regional emergency agencies and ignoring field reports.

“If the accused had been fulfilling their duties, lives would have been saved,” said the lead prosecutor, Solange Huerta, after the ruling.

A version of this article appeared in print on May 17, 2013, on page A10 of the New York edition with the headline: Chilean Judge Rejects Appeal Of Charges In ’10 Tsunami.