Arquivo da categoria: mediação tecnológica

>Geoengenharia

>
Especiais
Caminhos para o clima

31/3/2010

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – Cientistas brasileiros e britânicos discutiram nesta terça-feira (30/3), por meio de videoconferência, possibilidades de cooperação entre instituições dos dois países para desenvolvimento de estudos e programas de pesquisa conjuntos na área de geoengenharia, que inclui diversos métodos de intervenção de larga escala no sistema climático do planeta, com a finalidade de moderar o aquecimento global.

O “Café Scientifique: Encontro Brasileiro-Britânico sobre Geoengenharia”, promovido pelo British Council, Royal Society e FAPESP, foi realizado nas sedes do British Council em São Paulo e em Londres, na Inglaterra.

O ponto de partida para a discussão foi o relatório Geoengenharia para o clima: Ciência, governança e incerteza, apresentado pelo professor John Shepherd, da Royal Society. Em seguida, Luiz Gylvan Meira Filho, pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), apresentou um breve panorama da geoengenharia no Brasil.

A FAPESP foi representada pelo coordenador executivo do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais, Carlos Afonso Nobre, pesquisador do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

De acordo com Nobre, a reunião serviu para um contato inicial entre os cientistas dos dois países. “A reunião teve um caráter exploratório, já que o próprio conceito de geoengenharia ainda não foi definido com precisão. O objetivo principal era avaliar o interesse das duas partes em iniciar alguma pesquisa conjunta nessa área e expor potenciais contribuições que cada um pode dar nesse sentido”, disse Nobre à Agência FAPESP.

Segundo Nobre, a geoengenharia é um conjunto de possibilidades de intervenção dividido em dois métodos bastante distintos: o manejo de radiação solar e a remoção de dióxido de carbono. Durante a reunião, os brasileiros deixaram claro que têm interesse apenas na segunda vertente.

O manejo de radiação solar, de acordo com o relatório britânico, inclui técnicas capazes de refletir a luz do Sol a fim de diminuir o aquecimento global, como a instalação de espelhos no espaço, o uso de aerossóis estratosféricos – com aplicação de sulfatos, por exemplo –, reforço do albedo das nuvens e incremento do albedo da superfície terrestre, com instalação de telhados brancos nas edificações.

A remoção de dióxido de carbono, por outro lado, inclui metodologias de captura do carbono da atmosfera – ou “árvores artificiais” –, geração de carbono por pirólise de biomassa, sequestro de carbono por meio de bioenergia, fertilização do oceano e armazenamento de carbono no solo ou nos oceanos.

A principal diferença entre as duas vertentes é que os métodos de manejo de radiação solar funcionam com mais rapidez, em prazos de um ou dois anos, enquanto os métodos de remoção de gás carbônico levam várias décadas para surtirem efeito.

Sem plano B

O relatório avaliou todas as técnicas segundo eficácia, prazo de funcionamento, segurança e custo. Seria preciso ainda estudar os impactos sociais, politicos e éticos, de acordo com os cientistas britânicos.

Nobre aponta que o Brasil teria interesse em contribuir com estudos relacionados à vertente da remoção de dióxido de carbono, que seria coerente com o estágio avançado das pesquisas já realizadas no país em áreas como bioenergia e métodos de captura de carbono.

“Sou muito cético em relação ao manejo de energia de radiação solar. A implementação dessas técnicas é rápida, mas, quando esses dispositivos forem desativados – o que ocorrerá inevitavelmente, já que não é sustentável mantê-los por vários milênios –, a situação do clima voltará rapidamente ao cenário anterior. Seria preciso, necessariamente, reduzir rapidamente a causa das mudanças climáticas, que são as emissões de gases de efeito estufa”, disse Nobre.

De acordo com ele, as técnicas de manejo de energia solar são vistas, em geral, como um “plano B”, em caso de iminência de um desastre climático de grandes consequências. Ou seja, seriam acionadas emergencialmente quando os sistemas climáticos estivessem atingindo pontos de saturação que provocariam mudanças irreversíveis – os chamados tipping points.

“Mas o problema é que vários tipping points foram atingidos e já não há mais plano B. O derretimento do gelo do Ártico, por exemplo, de acordo com 80% dos glaciologistas, atingiu o ponto de saturação. Em algumas décadas, no verão, ali não haverá mais gelo. Não podemos criar a ilusão de que é possível acionar um plano B. Não há sistemas de governança capazes de definir o momento de lançar essas alternativas”, disse.

A vertente da remoção do dióxido de carbono, por outro lado, deverá ser amplamente estudada, de acordo com Nobre. “Essa vertente segue a linha lógica do restabelecimento da qualidade atmosférica. O princípio é fazer a concentração dos gases voltar a um estado de equilíbrio no qual o planeta se manteve por pelo menos 1 ou 2 milhões de anos.”

Ainda assim, essas soluções de engenharia climáticas devem ser encaradas com cuidado. “A natureza é muito complexa e as soluções de engenharia não são fáceis, especialmente em escala global. Acho que vale a pena estudar as várias técnicas de remoção de gás carbônico e definir quais delas têm potencial – mas sempre lembrando que são processos lentos que vão levar décadas ou séculos. Nada elimina a necessidade de reduzir emissões”, disse Nobre.

>Google, China and hacktivism (N.Y.Times)

>
Google Links Web Attacks to Vietnam Mine Dispute

By BETTINA WASSENER
The New York Times, March 31, 2010

HONG KONG — Google, fresh off a dispute with China over censorship and intrusion from hackers, says it has identified cyber-attacks aimed at silencing critics of a controversial, Chinese-backed bauxite mining project in Vietnam.

In attacks it described as similar to but less sophisticated than those at the core of its spat with China, Google said malicious software was used to infect “potentially tens of thousands of computers,” broadly targeting Vietnamese speaking computer users around the world.

Infected machines had been used to spy on their owners and to attack blogs containing messages of political dissent, wrote Neel Mehta of the company’s security team in a post late Tuesday on Google’s online security blog.

McAfee, the computer security firm, said in a separate blog posting that it believed “the perpetrators may have political motivations and may have some allegiance to the government of the Socialist Republic of Vietnam.”

It added: “This incident underscores that not every attack is motivated by data theft or money. This is likely the latest example of hacktivism and politically motivated cyberattacks, which are on the rise.”

Google said that while the malware itself was not especially sophisticated, “it has nonetheless been used for damaging purposes.”

“Specifically, these attacks have tried to squelch opposition to bauxite mining efforts in Vietnam, an important and emotionally charged issue in the country.”

Bauxite is a key mineral in making aluminum and one of Vietnam’s most valuable natural resources. Plans by the Vietnamese government to exploit bauxite in the Central Highlands region, in partnership with a Chinese state-run company, have generated much local criticism, including from a well-known war hero, Gen. Vo Nguyen Giap.

General Giap and other opponents say the project will be ruinous to the environment, displace ethnic minority populations and threaten the south-east Asian country’s national security with an influx of Chinese workers and economic leverage.

The role of China in the bauxite project also has stirred up anger in a nation that still fears its bigger neighbor: Vietnam was a tributary state of China for 1,000 years and was invaded by China in 1979, and the two countries continue to joust for sovereignty in the South China Sea.

>Internet e depressão

>
Divulgação Científica
Internet e depressão

3/2/2010

Agência FAPESP – Pessoas que passam muito tempo navegando pela internet têm maior risco de apresentar sintomas depressivos, de acordo com uma pesquisa feita no Reino Unido por cientistas da Universidade de Leeds.

O estudo, que será publicado na edição de 10 de fevereiro da revista Psychopathology, procurou analisar o fenômeno de usuários que têm desenvolvido o uso compulsivo da internet, substituindo a interação social no mundo real pelo virtual, em redes sociais, chats ou em outros serviços eletrônicos.

Segundo os pesquisadores, os resultados do estudo apontam que esse tipo de dependência pode ter impactos sérios na saúde mental. “A internet ocupa hoje parte importante na vida moderna, mas seus benefícios são acompanhados por um lado negro”, disse Catriona Morrison, um dos autores do estudo.

“Enquanto a maioria usa a rede mundial para se informar, pagar contas, fazer compras e trocar e-mails, há uma pequena parcela dos usuários que acha difícil controlar o tempo gasto on-line. Isso ao ponto em que tal hábito passa a interferir em suas atividades diárias”, apontou a cientista.

Os “viciados em internet” passam, proporcionalmente em relação à maioria dos usuários, mais tempo em comunidades virtuais e em sites pornográficos e de jogos. Os pesquisadores verificaram que esse grupo tem incidência maior de depressão de moderada a grave.

“Nossa pesquisa indica que o uso excessivo da internet está associado com depressão, mas o que não sabemos é o que vem primeiro. As pessoas depressivas são atraídas pela internet ou é o uso da rede que causa depressão?”, questionou Catriona.

A pesquisa examinou 1.319 pessoas com idades entre 16 e 61 anos. Do total, 1,2% foi considerado como “viciado em internet”. Apesar de ser uma pequena parte do total, segundo os pesquisadores o número de internautas nessa categoria tem crescido.

Incidentes como a onda de suicídios entre adolescentes ocorrida na cidade de Bridgend, no País de Gales, em 2008, têm levado a questionamentos a respeito da influência das redes sociais em indivíduos vulneráveis à depressão.

No estudo, os pesquisadores observaram que o grupo dos “viciados em internet” era formado principalmente por usuários mais jovens, com média de idade de 21 anos.

“Está claro que para uma pequena parte dos usuários o uso excessivo da internet é um sinal de perigo para tendências depressivas. Precisamos considerar as diversas implicações dessa relação e estabelecer claramente os efeitos desse uso na saúde mental”, disse a pesquisadora.

O artigo The relationship between excessive internet use and depression: a questionnaire-based study of 1,319 young people and adults, de Catriona Morrison e outros, pode ser lido por assinantes da Psychopathology (2010;43:121-126 – DOI:10.1159/000277001) em http://www.karger.com/psp.

>Rebecca Solnit: When the Media Is the Disaster – Covering Haiti

>
When the Media Is the Disaster
Covering Haiti
By Rebecca Solnit

Soon after almost every disaster the crimes begin: ruthless, selfish, indifferent to human suffering, and generating far more suffering. The perpetrators go unpunished and live to commit further crimes against humanity. They care less for human life than for property. They act without regard for consequences.

I’m talking, of course, about those members of the mass media whose misrepresentation of what goes on in disaster often abets and justifies a second wave of disaster. I’m talking about the treatment of sufferers as criminals, both on the ground and in the news, and the endorsement of a shift of resources from rescue to property patrol. They still have blood on their hands from Hurricane Katrina, and they are staining themselves anew in Haiti.

Within days of the Haitian earthquake, for example, the Los Angeles Times ran a series of photographs with captions that kept deploying the word “looting.” One was of a man lying face down on the ground with this caption: “A Haitian police officer ties up a suspected looter who was carrying a bag of evaporated milk.” The man’s sweaty face looks up at the camera, beseeching, anguished.

Another photo was labeled: “Looting continued in Haiti on the third day after the earthquake, although there were more police in downtown Port-au-Prince.” It showed a somber crowd wandering amid shattered piles of concrete in a landscape where, visibly, there could be little worth taking anyway.

A third image was captioned: “A looter makes off with rolls of fabric from an earthquake-wrecked store.” Yet another: “The body of a police officer lies in a Port-au-Prince street. He was accidentally shot by fellow police who mistook him for a looter.”

People were then still trapped alive in the rubble. A translator for Australian TV dug out a toddler who’d survived 68 hours without food or water, orphaned but claimed by an uncle who had lost his pregnant wife. Others were hideously wounded and awaiting medical attention that wasn’t arriving. Hundreds of thousands, maybe millions, needed, and still need, water, food, shelter, and first aid. The media in disaster bifurcates. Some step out of their usual “objective” roles to respond with kindness and practical aid. Others bring out the arsenal of clichés and pernicious myths and begin to assault the survivors all over again.

The “looter” in the first photo might well have been taking that milk to starving children and babies, but for the news media that wasn’t the most urgent problem. The “looter” stooped under the weight of two big bolts of fabric might well have been bringing it to now homeless people trying to shelter from a fierce tropical sun under improvised tents.

The pictures do convey desperation, but they don’t convey crime. Except perhaps for that shooting of a fellow police officer — his colleagues were so focused on property that they were reckless when it came to human life, and a man died for no good reason in a landscape already saturated with death.

In recent days, there have been scattered accounts of confrontations involving weapons, and these may be a different matter. But the man with the powdered milk? Is he really a criminal? There may be more to know, but with what I’ve seen I’m not convinced.

What Would You Do?

Imagine, reader, that your city is shattered by a disaster. Your home no longer exists, and you spent what cash was in your pockets days ago. Your credit cards are meaningless because there is no longer any power to run credit-card charges. Actually, there are no longer any storekeepers, any banks, any commerce, or much of anything to buy. The economy has ceased to exist.

By day three, you’re pretty hungry and the water you grabbed on your way out of your house is gone. The thirst is far worse than the hunger. You can go for many days without food, but not water. And in the improvised encampment you settle in, there is an old man near you who seems on the edge of death. He no longer responds when you try to reassure him that this ordeal will surely end. Toddlers are now crying constantly, and their mothers infinitely stressed and distressed.

So you go out to see if any relief organization has finally arrived to distribute anything, only to realize that there are a million others like you stranded with nothing, and there isn’t likely to be anywhere near enough aid anytime soon. The guy with the corner store has already given away all his goods to the neighbors. That supply’s long gone by now. No wonder, when you see the chain pharmacy with the shattered windows or the supermarket, you don’t think twice before grabbing a box of PowerBars and a few gallons of water that might keep you alive and help you save a few lives as well.

The old man might not die, the babies might stop their squalling, and the mothers might lose that look on their faces. Other people are calmly wandering in and helping themselves, too. Maybe they’re people like you, and that gallon of milk the fellow near you has taken is going to spoil soon anyway. You haven’t shoplifted since you were 14, and you have plenty of money to your name. But it doesn’t mean anything now.

If you grab that stuff are you a criminal? Should you end up lying in the dirt on your stomach with a cop tying your hands behind your back? Should you end up labeled a looter in the international media? Should you be shot down in the street, since the overreaction in disaster, almost any disaster, often includes the imposition of the death penalty without benefit of trial for suspected minor property crimes?

Or are you a rescuer? Is the survival of disaster victims more important than the preservation of everyday property relations? Is that chain pharmacy more vulnerable, more a victim, more in need of help from the National Guard than you are, or those crying kids, or the thousands still trapped in buildings and soon to die?

It’s pretty obvious what my answers to these questions are, but it isn’t obvious to the mass media. And in disaster after disaster, at least since the San Francisco earthquake of 1906, those in power, those with guns and the force of law behind them, are too often more concerned for property than human life. In an emergency, people can, and do, die from those priorities. Or they get gunned down for minor thefts or imagined thefts. The media not only endorses such outcomes, but regularly, repeatedly, helps prepare the way for, and then eggs on, such a reaction.

If Words Could Kill

We need to banish the word “looting” from the English language. It incites madness and obscures realities.

“Loot,” the noun and the verb, is a word of Hindi origin meaning the spoils of war or other goods seized roughly. As historian Peter Linebaugh points out, “At one time loot was the soldier’s pay.” It entered the English language as a good deal of loot from India entered the English economy, both in soldiers’ pockets and as imperial seizures.

After years of interviewing survivors of disasters, and reading first-hand accounts and sociological studies from such disasters as the London Blitz and the Mexico City earthquake of 1985, I don’t believe in looting. Two things go on in disasters. The great majority of what happens you could call emergency requisitioning. Someone who could be you, someone in the kind of desperate circumstances I outlined above, takes necessary supplies to sustain human life in the absence of any alternative. Not only would I not call that looting, I wouldn’t even call that theft.

Necessity is a defense for breaking the law in the United States and other countries, though it’s usually applied more to, say, confiscating the car keys of a drunk driver than feeding hungry children. Taking things you don’t need is theft under any circumstances. It is, says the disaster sociologist Enrico Quarantelli, who has been studying the subject for more than half a century, vanishingly rare in most disasters.

Personal gain is the last thing most people are thinking about in the aftermath of a disaster. In that phase, the survivors are almost invariably more altruistic and less attached to their own property, less concerned with the long-term questions of acquisition, status, wealth, and security, than just about anyone not in such situations imagines possible. (The best accounts from Haiti of how people with next to nothing have patiently tried to share the little they have and support those in even worse shape than them only emphasize this disaster reality.) Crime often drops in the wake of a disaster.

The media are another matter. They tend to arrive obsessed with property (and the headlines that assaults on property can make). Media outlets often call everything looting and thereby incite hostility toward the sufferers as well as a hysterical overreaction on the part of the armed authorities. Or sometimes the journalists on the ground do a good job and the editors back in their safe offices cook up the crazy photo captions and the wrongheaded interpretations and emphases.

They also deploy the word panic wrongly. Panic among ordinary people in crisis is profoundly uncommon. The media will call a crowd of people running from certain death a panicking mob, even though running is the only sensible thing to do. In Haiti, they continue to report that food is being withheld from distribution for fear of “stampedes.” Do they think Haitians are cattle?

The belief that people in disaster (particularly poor and nonwhite people) are cattle or animals or just crazy and untrustworthy regularly justifies spending far too much energy and far too many resources on control — the American military calls it “security” — rather than relief. A British-accented voiceover on CNN calls people sprinting to where supplies are being dumped from a helicopter a “stampede” and adds that this delivery “risks sparking chaos.” The chaos already exists, and you can’t blame it on these people desperate for food and water. Or you can, and in doing so help convince your audience that they’re unworthy and untrustworthy.

Back to looting: of course you can consider Haiti’s dire poverty and failed institutions a long-term disaster that changes the rules of the game. There might be people who are not only interested in taking the things they need to survive in the next few days, but things they’ve never been entitled to own or things they may need next month. Technically that’s theft, but I’m not particularly surprised or distressed by it; the distressing thing is that even before the terrible quake they led lives of deprivation and desperation.

In ordinary times, minor theft is often considered a misdemeanor. No one is harmed. Unchecked, minor thefts could perhaps lead to an environment in which there were more thefts and so forth, and a good argument can be made that, in such a case, the tide needs to be stemmed. But it’s not particularly significant in a landscape of terrible suffering and mass death.

A number of radio hosts and other media personnel are still upset that people apparently took TVs after Hurricane Katrina hit New Orleans in August 2005. Since I started thinking about, and talking to people about, disaster aftermaths I’ve heard a lot about those damned TVs. Now, which matters more to you, televisions or human life? People were dying on rooftops and in overheated attics and freeway overpasses, they were stranded in all kinds of hideous circumstances on the Gulf Coast in 2005 when the mainstream media began to obsess about looting, and the mayor of New Orleans and the governor of Louisiana made the decision to focus on protecting property, not human life.

A gang of white men on the other side of the river from New Orleans got so worked up about property crimes that they decided to take the law into their own hands and began shooting. They seem to have considered all black men criminals and thieves and shot a number of them. Some apparently died; there were bodies bloating in the September sun far from the region of the floods; one good man trying to evacuate the ruined city barely survived; and the media looked away. It took me months of nagging to even get the story covered. This vigilante gang claimed to be protecting property, though its members never demonstrated that their property was threatened. They boasted of killing black men. And they shared values with the mainstream media and the Louisiana powers that be.

Somehow, when the Bush administration subcontracted emergency services — like providing evacuation buses in Hurricane Katrina — to cronies who profited even while providing incompetent, overpriced, and much delayed service at the moment of greatest urgency, we didn’t label that looting.

Or when a lot of wealthy Wall Street brokers decide to tinker with a basic human need like housing…. Well, you catch my drift.

Woody Guthrie once sang that “some will rob you with a six-gun, and some with a fountain pen.” The guys with the six guns (or machetes or sharpened sticks) make for better photographs, and the guys with the fountain pens not only don’t end up in jail, they end up in McMansions with four-car garages and, sometimes, in elected — or appointed — office.

Learning to See in Crises

Last Christmas a priest, Father Tim Jones of York, started a ruckus in Britain when he said in a sermon that shoplifting by the desperate from chain stores might be acceptable behavior. Naturally, there was an uproar. Jones told the Associated Press: “The point I’m making is that when we shut down every socially acceptable avenue for people in need, then the only avenue left is the socially unacceptable one.”

The response focused almost entirely on why shoplifting is wrong, but the claim was also repeatedly made that it doesn’t help. In fact, food helps the hungry, a fact so bald it’s bizarre to even have to state it. The means by which it arrives is a separate matter. The focus remained on shoplifting, rather than on why there might be people so desperate in England’s green and pleasant land that shoplifting might be their only option, and whether unnecessary human suffering is itself a crime of sorts.

Right now, the point is that people in Haiti need food, and for all the publicity, the international delivery system has, so far, been a visible dud. Under such circumstances, breaking into a U.N. food warehouse — food assumedly meant for the poor of Haiti in a catastrophic moment — might not be “violence,” or “looting,” or “law-breaking.” It might be logic. It might be the most effective way of meeting a desperate need.

Why were so many people in Haiti hungry before the earthquake? Why do we have a planet that produces enough food for all and a distribution system that ensures more than a billion of us don’t have a decent share of that bounty? Those are not questions whose answers should be long delayed.

Even more urgently, we need compassion for the sufferers in Haiti and media that tell the truth about them. I’d like to propose alternative captions for those Los Angeles Times photographs as models for all future disasters:

Let’s start with the picture of the policeman hogtying the figure whose face is so anguished: “Ignoring thousands still trapped in rubble, a policeman accosts a sufferer who took evaporated milk. No adequate food distribution exists for Haiti’s starving millions.”

And the guy with the bolt of fabric? “As with every disaster, ordinary people show extraordinary powers of improvisation, and fabrics such as these are being used to make sun shelters around Haiti.”

For the murdered policeman: “Institutional overzealousness about protecting property leads to a gratuitous murder, as often happens in crises. Meanwhile countless people remain trapped beneath crushed buildings.”

And the crowd in the rubble labeled looters? How about: “Resourceful survivors salvage the means of sustaining life from the ruins of their world.”

That one might not be totally accurate, but it’s likely to be more accurate than the existing label. And what is absolutely accurate, in Haiti right now, and on Earth always, is that human life matters more than property, that the survivors of a catastrophe deserve our compassion and our understanding of their plight, and that we live and die by words and ideas, and it matters desperately that we get them right.

Copyright 2010 Rebecca Solnit

>Manipular la lluvia no es la solución [El Pais, Espanha]

>
Más de 40 países usan técnicas para generar precipitaciones – Dominar la atmósfera de todos en beneficio propio genera dudas

JOSEP GARRIGA 10/12/2009

El 30 de septiembre los cielos de Pekín pesaban oscuros y la niebla ahogaba la ciudad con una nube densa, que amenazaba con aguar el gigantesco desfile militar previsto el día siguiente en la plaza Tiananmen para conmemorar el 60 aniversario de la fundación de la República Popular China. Hubo lluvia. Pero cayó toda esa noche, y el 1 de octubre amaneció radiante y de un azul que parecía imposible. No fue casualidad. Un total de 18 aviones del Ejército Popular de Liberación volaron sobre la ciudad disparando yoduro de plata contra las nubes para forzar las precipitaciones antes de la parada militar.

* * *
En Lleida se usó yoduro de plata contra el granizo durante 20 años
En España sólo se utilizan técnicas de modificación en Teruel y Zaragoza
El 1 de noviembre se provocó una gran nevada en Pekín que colapsó la ciudad
Israel ha logrado aumentar la lluvia en algunas zonas alrededor del 10%
* * *

Desde que, en 1947, Bernard Vonnegut descubriera que el yoduro de plata puede romper los equilibrios internos de las nubes y modificar las precipitaciones, cerca de 40 países siguen utilizando la misma tecnología para tratar de modificar el tiempo. Aunque hubo intentos más audaces durante el siglo pasado -Estados Unidos se atrevió a apaciguar la fuerza de los huracanes-, en la actualidad esta técnica sólo se ha demostrado eficaz para incrementar o detener la lluvia, provocar nevadas y minimizar los daños del granizo. Pero como la imaginación carece de límites, algunos científicos ya piensan en cambiar el rumbo de tornados, calmar los vientos o alterar la dirección de los relámpagos.

A la modificación del clima se le denomina geoingeniería, pero este término se utiliza generalmente para designar las prácticas que tienen como objetivo paliar los efectos negativos del calentamiento global. Sin embargo, existe otra acepción: la destinada en concreto a manipular las condiciones atmosféricas de forma artificial para provocar lluvia o nieve en periodos prolongados de sequía o impedir precipitaciones cuando los nubarrones amenazan con aguar la fiesta, como sucedió durante los Juegos Olímpicos de Pekín.

“Estas prácticas me producen un cierto temor porque justamente lo que estamos intentando es no modificar la química de la atmósfera para frenar el cambio climático. Tengo un espíritu contrario a modificar las pautas atmosféricas y creo que la Organización Meteorológica Mundial debería adoptar una actitud más expeditiva”, advierte Jorge Olcina, investigador del clima en la Facultad de Geografía de Alicante.

Pero ni el tiempo se ha demostrado tan sencillo de manipular ni tampoco existen evidencias -comentan sus valedores- de que estas prácticas sean tan perniciosas para el medio ambiente, aunque sobre todas ellas pesa un componente ético que, como siempre, tiene partidarios y detractores.

Primero, se necesita la materia prima: como no haya nubes -y, por tanto, vapor de agua- es imposible obtener lluvia. En física, nadie posee una varita mágica. Y si lo que se pretende es atenuar las precipitaciones, los resultados pueden defraudar porque en el interior de una nube se producen unos procesos termodinámicos que se desconocen en toda su amplitud. “No podemos hacer que desaparezcan las nubes. Una muy normalita, por ejemplo, tiene unos 20 kilómetros de largo, 10 de ancho y 10 de altura. Es decir, unos 2.000 kilómetros cúbicos. Eso no se puede hacer desaparecer, pero podemos reducir su energía y minimizar los daños. Y respecto a las supercélulas, ni acercarse”. Quien así habla es José Luis Sánchez, catedrático de Meteorología de la Universidad de León, y el mayor experto español en esta materia. Sánchez ha dirigido los programas de lucha contra el granizo que se llevaron a cabo desde 1986 a 2005 en Lleida y ahora mismo asesora a los agricultores de la zona de Alcañiz (Teruel) y Cariñena (Zaragoza).

En Lleida, durante casi 20 años se utilizaron calentadores para sembrar las nubes con un compuesto de yoduro de plata y acetona y conseguir, de esta forma, frenar la energía cinética (masa y velocidad) de las piedras de granizo y minimizar sus efectos negativos sobre las cosechas. En 2005 se anuló la campaña, no por problemas técnicos, sino por los movimientos ciudadanos en contra que atribuían a estas técnicas la prolongada sequía en la zona. Los agricultores tenían que pagar unos ocho euros al año para proteger cerca de 200.000 hectáreas. Maite Torà, de la Asociación de Defensa Vegetal de Lleida, sostiene que los daños se redujeron entre el 30% y el 40%. Un porcentaje bastante significativo para unas personas que podían perder buena parte de su cosecha en unos minutos por culpa de una devastadora tempestad.

Para impregnar las nubes con sales de yoduro de plata se utilizaban en Lleida cerca de 50 calentadores en tierra, pues las avionetas se dejaron de usar en 1984 a pesar de la multitud de leyendas rurales que aseguran haberlas escuchado minutos antes de la evaporación de alguna tormenta. Los calentadores son más efectivos que los aviones porque éstos dependen de la celeridad con que asaltan la tormenta. Si las corrientes internas de aire son desfavorables, la nube no absorbe el yoduro de plata. Por este motivo, China echa mano de los aviones militares con mucha más estabilidad y maniobrabilidad.

El Ejército chino lleva estudiando los métodos de modificación del tiempo desde la década de 1950, pero ha sido en los últimos años cuando se han llevado a cabo las mayores experiencias forzadas de lluvia. El principal objetivo es aliviar, dentro de lo posible, la persistente sequía que sufren muchas zonas del país y, cuando el Gobierno lo considera conveniente, evitar la caída del agua en grandes ceremonias.
El pasado 1 de noviembre recurrieron de nuevo al yoduro de plata y contribuyeron a la primera nevada artificial hecha pública que ha vivido la capital. Fue la más temprana desde hace 22 años. Nueve días después, la nieve inducida volvió a caer sobre Pekín durante la noche, entre truenos y relámpagos, con tal intensidad que en algunas calles el manto blanco llegó a los 20 centímetros. Al amanecer, la ciudad fue un caos.

En ambas ocasiones, se produjeron numerosos accidentes de tráfico y cortes de electricidad, y cientos de vuelos sufrieron retrasos o fueron cancelados. Los efectos de la nieve provocaron críticas de muchos ciudadanos e incluso de algunos periódicos oficiales, que se preguntaban por qué no se había avisado antes.
Los meteorólogos chinos aseguran que sólo es posible modificar el tiempo hasta cierto punto, y algunos, como Xiao Gang, del Instituto de Física Atmosférica de la Academia de Ciencias China, han recomendado no abusar de esta práctica por su posible efecto a largo plazo. “Nadie puede decir de qué forma la manipulación del tiempo cambiará el cielo. Experimentos pasados han mostrado que puede aportar entre el 10% y el 20% adicional de lluvia o nieve. No deberíamos depender demasiado de medidas artificiales para la lluvia y la nieve, porque hay demasiadas incertidumbres en el cielo”, ha dicho.

José Miguel Viñas, físico experto en Meteorología y creador de la página web Divulgameteo, también expresa sus dudas sobre estos métodos inducidos porque pueden ser utilizados por algún Gobierno como medida de coacción o guerra larvada contra otros países. “Si se provoca lluvia en zonas fronterizas se le está privando al país vecino de un bien como puede ser el vapor de agua. A mí también me plantea problemas éticos”, sostiene. Viñas pone un ejemplo más ilustrativo. “El vapor de agua viene a ser como un río. ¿Qué derecho tiene un país a cortar o reducir el caudal de un río que circula después por otro país o el de manejar a su antojo el vapor de agua de la atmósfera?”, se pregunta. Sin embargo, ante posibles conflictos, los convenios internacionales prohíben el uso de estas técnicas en enfrentamientos bélico.

Jeroni Lorente, del departamento de Astronomía y Meteorología de la Universidad de Barcelona, apunta: “Hay que tener mucho cuidado con este tipo de actuaciones a causa de los posibles perjuicios y conflictos socio-políticos entre comunidades y Estados que pueden producir, dejando para la ciencia ficción las denominadas guerras meteorológicas”. Y subraya que la modificación del tiempo atmosférico todavía es una realidad poco discutida.

El debate es escaso, no sólo por los efectos sobre el medio ambiente sino también por el rendimiento y eficacia de estas técnicas. “Tenemos estadísticas que demuestran un aumento de las lluvias del 10% al 12%. Pero es muy difícil demostrarlo fehacientemente porque es complicado controlar los experimentos. Nunca podrá demostrarse que la lluvia ha sido provocada y jamás podremos comparar entre dos nubes iguales”, asegura Daniel Rosenfeld, profesor de Ciencias de la Tierra en la Universidad Hebrea de Jerusalén, y uno de los expertos mundiales en esta materia. “Mediante la siembra de las nubes el precio del agua que se genera no llega a los cinco céntimos de dólar (3,4 céntimos de euro) por metro cúbico, 10 veces más barato que la desalinización”, defiende Rosenfeld.

En 2006, la Comunidad de Madrid intentó importar esta tecnología para abastecer la ciudad y el Canal de Isabel II pero, finalmente, desechó la idea. Israel destina entre 1,5 y 2 millones de dólares al año (entre 1 y 1,35 millones de euros) a la investigación en este campo.

Estados Unidos, por su parte, congeló en 1973 un programa destinado a apaciguar la fuerza de los huracanes que cada año asolan el país. El proyecto se inició en los años sesenta, pero se suspendió 13 años después por falta de presupuesto y eso que la experiencia demostró que en cuatro huracanes los vientos decrecieron entre el 10% y el 30%.

El programa quedó bautizado como Project Stormfury (Proyecto furia de la tormenta) y el avión que dispersaba el yoduro de plata recibió el nombre de Hurricane Hunter (Cazador de huracanes). Pero el proyecto no volvió a ofrecer resultados y en los libros de ciencia ha quedado en duda si la reducción de la velocidad de los vientos de Debbie fue algo causado por el hombre o, en realidad, una deceleración natural provocada por el avance del propio huracán.

Con información de David Alandete (Washington), Juan Miguel Muñoz (Jerusalén) y José Reinoso (Pekín).

Algunas experiencias

– España. Desde 1986 a 2005 se llevaron a cabo campañas de lucha antigranizo en Lleida que redujeron el daño entre el 30% y el 40%. En la actualidad estas técnicas sólo se aplican en la zona de Alcañiz (Teruel) y Cariñena (Zaragoza). En 2006 la Comunidad de Madrid intentó importar tecnología israelí para incrementar las precipitaciones y abastecer el Canal de Isabel II, pero ha descartado el proyecto.

– Rusia. En 1986, tras el accidente de Chernóbil, las autoridades rusas estimularon la lluvia de bandas nubosas, cargadas con partículas radiactivas, antes de que llegaran a Moscú.

– ‘Operación Popeye’. Durante la guerra del Vietnam, Estados Unidos tenía previsto prolongar la época de los monzones para inundar las zonas del Vietcong. La operación fracasó.

– Provocar nevadas. Algunos estados como California, Nevada, Wisconsin o Utah tienen programas para incentivar las nevadas, al igual que en Australia en la zona de las Snowy Mountain.

– China. Las autoridades chinas provocaron lluvia días antes de los Juegos Olímpicos de Pekín para limpiar la atmósfera. Durante la celebración no hubo ningún día lluvioso. El pasado 1 de noviembre cayó una gran nevada en la capital provocada artificialmente.

– Israel. Junto a China, es el país con la tecnología más avanzada para provocar lluvia en algunas zonas desérticas o con escasas precipitaciones. Sin embargo, en otras zonas del país han obtenido resultados negativos.

>Brasil melhora no ranking que mede corrupção

>
Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
17 de Novembro de 2009 – 13h01/14h40

Brasília – O Brasil subiu cinco posições no ranking anual de corrupção divulgado hoje (17) pela Transparência Internacional. Apesar de ter passado do 80º lugar em 2008 para o 75º neste ano, o relatório apontou que o país ainda é marcado por escândalos que envolvem impunidade e corrupção política.

Na mesma colocação brasileira aparecem a Colômbia, o Suriname e o Peru – todos com 3,7 pontos. Nas Américas, um total de 21 dos 31 países receberam pontuação inferior a 5, o que, de acordo com a Transparência Internacional, indica “sérios problemas de corrupção” na região.

No grupo de países americanos com mais de 5 pontos, o Canadá permanece como líder, além de integrar os dez Estados com os menores índices de corrupção em todo o mundo. O Chile, o Uruguai e a Costa Rica são os únicos da América Latina a integrarem a lista com mais de 5 pontos.

O Haiti aparece mais uma vez como o último no ranking das Américas – apesar de ter passado de 1,4 ponto em 2008 para 1,8 neste ano. Também registraram baixa pontuação a Bolívia, a Nicarágua, Honduras e o Paraguai. Já a presença da Argentina e da Venezuela no grupo com menos de 5 pontos, segundo o documento, é vista como um indicativo de que a corrupção não é presença exclusiva em países pobres.

O relatório acrescenta que jornalistas da América Latina, em particular, enfrentam um ambiente de restrições “crescentes”, com a aprovação de legislações destinadas a “silenciar” a cobertura crítica, limitando a liberdade de imprensa e dificultando a divulgação de práticas de corrupção.

No ranking geral de países, a Nova Zelândia aparece em primeiro lugar com 9,4 pontos, seguida pela Dinamarca, com 9,3 pontos, e por Cingapura, com 9,2 pontos.

>Como transformar informação em ação? Info-ativismo.

>
10 tactics for turning information into action shows how rights advocates around the world have used the internet and digital technologies to create positive change.

http://www.informationactivism.org/

http://vimeo.com/moogaloop.swf?clip_id=7079347&server=vimeo.com&show_title=1&show_byline=1&show_portrait=0&color=&fullscreen=1
Info Activism from Tactical Technology Collective on Vimeo.

>Rumo a uma Internet mais (linguisticamente) democrática

>
Internet
Órgão regulador aprova ‘maior mudança na internet’ em 40 anos

BBC Brasil – 30 de outubro, 2009 – 02:38 (Brasília)

A Icann (Internet Corporation for Assigned Names and Numbers), o órgão americano que administra a internet e os nomes dos sites, aprovou nesta sexta-feira, em Seul, na Coreia do Sul, o uso de caracteres não- romanos nos endereços da rede.

A medida está sendo considerada pela Icann como “a maior mudança na internet desde que foi inventada, há 40 anos” e reconhece o caráter global da rede.

A proposta foi aprovada em primeira instância em 2008 e permitirá que endereços sejam escritos em árabe, chinês ou japonês, por exemplo.

A agência passará a aceitar inscrições já em 16 de novembro e os primeiros domínios escritos em outros alfabetos já começarão a aparecer no início de 2010.

‘Identidade’

Segundo o porta-voz da Icann Rod Beckstrom, “mais da metade dos 1,6 bilhões de usuários de internet em todo o mundo usam outros alfabetos que não o latino”.

De acordo com o órgão, a nova medida ajudará esses usuários a manter sua identidade cultural no futuro.

“Esta mudança é muito necessária para os futuros usuários, na medida em que a internet continua a se expandir”, completou.

“O que criamos é um diferente sistema de tradução. Temos confiança de que ele funciona porque o temos testado por alguns anos”, disse Peter Dengate Thrush, da comissão encarregada de supervisionar o processo.

O sistema transforma endereços comuns, como “bbc.co.uk” em uma série de números que são posteriormente traduzidos para outros alfabetos.

Alguns países como China e Tailândia já introduziram sistemas que permitem que usuários escrevam endereços da rede em seus próprios idiomas, mas estas iniciativas não foram aprovadas internacionalmente ou funcionam em qualquer computador.

>University adds Twitter to the curriculum in Australia

>
Uni adds Twitter to the curriculum

October 16, 2009
The Sydney Morning Herald – smh.com.au

Social networking upstart Twitter has made the jump to academia’s hallowed halls, with ‘tweets’ made compulsory writing for would-be journalists at Griffith University.

“Some students’ tweets are not as in depth as you might like. But I don’t know if getting them to write an essay is any more beneficial,” said Jacqui Ewart, senior lecturer at the university.

Twitter microblogs have become an online phenomenon with users sending ‘tweets’ of up to 140 characters, or just a few words, to increasing numbers of ‘followers’.

The service rose to global prominence during unrest in the wake of Iran’s recent presidential elections with tweets used to broadcast otherwise restricted information.

The service is being used more frequently by politicians, including Australia’s bookish Prime Minister Kevin Rudd, who has asked followers to recommend movie choices and this week ‘tweeted’ about his visit to a rural bakery.

Students were using twitter as “an exercise in self-reflection,” Ewart said, citing increasing demand from employers for people to use social networking tools.

But reaction from students has been mixed, she said, raising questions over the utility of using sites like Twitter and Facebook in a formal education curriculum.

“Quite surprisingly, a lot of students didn’t know what Twitter was. There were a couple of really vocal students who were saying they couldn’t believe we were using it and thought it was a waste of time,” Ewart said.

Reuters

>Municípios terão acesso livre a software para organizar contas e melhorar gestão

>
A ferramenta, chamada de e-cidade, estará disponível no Portal do Software Público Brasileiro no fim de outubro e poderá ser acessada gratuitamente pelos municípios

O Povo – 15 Out 2009 – 07h37min

Prefeituras de todo o país terão acesso a um software livre de gestão que vai possibilitar a organização de gastos, do orçamento, da receita tributária, do controle de medicamentos, de recursos humanos e outros serviços no mesmo aplicativo. A ferramenta, chamada de e-cidade, estará disponível no Portal do Software Público Brasileiro no fim de outubro e poderá ser acessada gratuitamente pelos municípios.

O acesso livre ao software foi acertado entre o Ministério do Planejamento e a empresa que criou o programa. De acordo com o secretário de Logística e Tecnologia da Informação do ministério, Rogério Santana, com o uso livre, as prefeituras poderão adaptar as funções do aplicativo à realidade local e trocar experiências com outros gestores.

“Isso vai melhorar a gestão dos recursos e a prestação de serviços à sociedade. Também facilita a auditoria e a apresentação de contas”, avalia. A ferramenta é utilizada atualmente por 15 municípios e será apresentada oficialmente durante o Encontro Nacional de Tecnologia da Informação para os Municípios Brasileiros, nos dias 27 e 28 de outubro em Brasília.

Segundo Santana, o e-cidade vai permitir que prefeitos registrem as receitas arrecadadas com impostos, conheçam melhor os gastos dos municípios em saúde, educação e pessoal, acompanhem o andamento de obras e o controle de imóveis, por exemplo.

A ferramenta também registra a autorização, emissão e liquidação de empenhos orçamentários integradas ao processo de aquisições e emissões de notas fiscais.

“Os municípios brasileiros são muito carentes de soluções tecnológicas. Temos inúmeros municípios que têm gestão ineficiente e que precisam de ajuda. Essa solução tecnológica pode ser uma alternativa.”

A redução da burocracia também é uma das vantagens do aplicativo, segundo Santana. “Vai reduzir a papelada. Muitas árvores serão economizadas na medida em que a gente automatize e use processos eletrônicos no lugar de processos em papel”, completou.

O e-cidade vai estar disponível para download na página na internet do Portal do Software Público Brasileiro a partir do dia 28 de outubro, no endereço eletrônico http://www.softwarepublico.gov.br .

Agência Brasil

>Twitter fica rubro-negro por ativista preso nos EUA

>
Domingo, 11 de outubro de 2009 17:51
Por Tatiana de Mello Dias – Estadão.com.br

Aos poucos, avatares estão se tornando rubro-negros no Twitter. É o “Twitter Revolution”, movimento em solidariedade ao ativista americano Elliot Madison, 41 anos, que foi preso dia 24 por usar o Twitter para ajudar manifestantes a fugirem da polícia durante o encontro do G20 em Pittsburgh, nos EUA.

O ativista anarquista avisava pelos tweets os passos da polícia. A queixa criminal diz que Madison quebrou a lei ao usar o serviço para direcionar protestos ilegais. Ele é acusado de “uso criminal de uma facilidade de comunicação” e “posse de instrumentos do crime” – no caso, o aparelho em que twittava.

“A mesma conduta (das autoridades) no Irã e na China poderia ser chamada de violação dos direitos humanos, mas aqui é chamada de controle necessário do crime”, disse à Reuters Vic Walczak, diretor legal da União das Liberdades Civis Americanas da Pensilvânia.

O Twitter foi usado em protestos contra as eleições no Irã em junho (em solidariedade, pessoas de todo o mundo adotaram avatares verdes) e também na China, onde foi bloqueado após as manifestações durante o 20º aniversário do Massacre da Praça da Paz Celestial.

Madison foi preso em um motel em Pittsburgh e solto sob fiança. As autoridades invadiram sua casa em Nova York e apreenderam computadores, livros, jornais, máscaras de gás e uma imagem de Lênin. O advogado dele, Martin Stolar, foi a um tribunal pedir a devolução da propriedade. “É um uso ultrajante da lei criminal para punir discurso; é a aplicação mais pitoresca que eu já vi do direito penal para o uso do Twitter.”

>I know I know nothing; but at least I know that

>
Willem Buiter – FT’s Maverecon Blog

September 10, 2009 3:00pm

Science with very few (if any) data

Doing statistical analysis on a sample of size 1 is either a very frustrating or a very liberating exercise. The academic discipline known as history falls into that category. Most applied social science, including applied economics, does too. Applied economists use means fair and foul to try to escape from the reality that economics is not a discipline where controlled experiments are possible. The situation that an economically relevant problem can be studied by means of a control group and a treatment group that are identical as regards all but one external or exogenous driver, whose influence can as a result be isolated, identified and measured, does not arise in practice.

Time series analysis (which establishes associations or correlations between measurable variables over time), cross section analysis (which studies associations or correlations between between variables observed during a common time period but differing by some other criterion (say location, individual or family identity or whatnot)), and panel data analysis, which combines time-series and cross-section data and methodology, all struggle (mostly in vain) with the problem that the economic analyst cannot control for all relevant influences on the behaviour of the phenomenon he is investigating, GDP growth or unemployment, say. The reason for this is first and foremost that the investigating economist doesn’t have a clue as to what should be on an exhaustive list of possible relevant drivers of GDP growth or unemployment. Second, many of the key variables he is aware of may not be measurable or only be measurable with serious errors. Expectations are an example. Finally, the long list of possible explanatory variables that are omitted from consideration are extremely unlikely to be statistically independent of the errors or residuals from a statistical or econometric analysis/estimation that uses just a truncated set of explanatory variables. The result: biased and inconsistent estimates of parameters and other features of the relationship between the explanandum and the explanans.

Economists have made a growth industry of seeking out or concocting quasi-natural experiments that might look like controlled experiments in the natural sciences. Freakonomics: A Rogue Economist Explores the Hidden Side of Everything by Steven Levitt and Stephen J. Dubner contains a sampling of this kind of work.

I have not read a single one of these quasi-natural experiment studies where one could not easily come up with a long list of potentially relevant omitted explanatory variables. Such ‘unobserved heterogeneity’ means that other things were definitely not equal, and the attribution of cause and effect is bound to be flawed. In addition, the determined chase for yet another quasi-controlled or natural experiment has led many economists to look under the lamppost for their missing knowledge, not because that is where they lost it, but because that’s where the light is. A flood of cute but irrelevant studies of issues of no conceivable economic significance has been undertaken simply because a cute but irrelevant natural experiment had been conducted.

Experimental economics was the last refuge of the empirically desperate. It mostly involves paying a bunch of undergraduates (or, if you have a very small budget, graduates) to play a variety of simple games with monetary and occasionally non-monetary pay-offs for the participants. The actions of the players in these highly artificial settings – artificial if only because the players are aware they are the guineau pigs in some academic experiment – are meant to cast light on the behaviour of people in real-word situations subject to similar constraints and facing similar incentives. Halfway between proper experimental or laboratory economics and natural experiments are ‘constructed experiments’ (aka randomised experiments) in which a (team of) economists conducts an experiment in a real-world setting and uses randomised evaluation methods to make inferences and test hypotheses. Typically, the guinea pigs in such randomised experiments are a selection of Indian villagers or other poor population groups – a little research grant goes a long way in a very poor environment. Again, the intentions are good, but the ceteris paribus assumption – that all other material influences on behaviour have either been controlled for or don’t distort the results of the study because they are independent of the unexplained component of behaviour in the constructed experiment – is (a) untestable and (b) generally implausible.

Of course, economics and the other social sciences are not alone in being bereft of meaningful controlled experiments. Two of the jewels in the ‘hard’ or natural science crown, cosmology and the theory of evolution, provide generous companionship for the social science waifs. Scientists at CERN may be able (wittingly or unwittingly) to create little bangs and mini black holes a few miles below ground in Switzerland and France, but this does not amount to a test of the big bang theory. They have no more than one dodgy observation on that. Evolutionary biologists may be able to observe evolution at work in real time ‘in the small’, that is, in microorganisms, butterflies etc. but they don’t have replications of the 4.5 billion year history of the earth, through a collection of parallel universes each of which differs from the others in one observable and measurable aspect only. This does not mean that anything goes. Finding fossils that can confidently be dated to be around 150 million years old makes rather a hash of strict young earth creationist accounts that date the creation of the universe to somewhere between 5,700 and 10,000 years ago. Other propositions, like intelligent design, cannot be proven or disproved and are therefore not scientific in nature.

So what is the poor economist to do when confronted with the need to make predictions or counterfactual analyses? Fundamentally, you pray and you punt.

How do we evaluate the reliability or quality of such forecasts and analyses? Ex-post, by matching them up against outcomes, in the case of forecasts. This is not straighforward – very few economists make completely unconditional forecasts, but it is in principle feasible. In the case of a counterfactual analysis where the counterfactual policy action or event did not take place – who knows? A necessary test of the acceptability of a counterfactual argument is its logical coherence – its internal consistency. That probably gets rid of about 90 percent of what is released into the public domain, but still leaves us with a lot of counterfactual propositions (and forecasts that can not yet be tested against outcomes).

For the counterfactual proposition and the forecasts beyond today that survive the test of logical coherence, all we have is the one data point of history to lend some plausiblity.

What will be the likely shape of the recovery in the overdeveloped world?

What does history teach us about the likely shape of the recovery in the overdeveloped world following the bottoming out of global GDP? Is the financial collapse phase of the Great Depression a good guide? Probably not, because the banking sector and the financial system of the late 1920s and early 1930s were so different from those that went down the chute starting August 2007. A financial sector that is one layer deep, with banks funding themselves mainly from household deposits and investing mainly in loans to the non-financial business sector, is a very different animal from the multi-layered financial sector in the second half of the first decade of the 21st century.

The modern banking system is part of a multi-layered financial sector. It funds itself to a large degree in financial wholesale markets and has on the asset side of its balance sheet many financial instruments issued by other banks and by non-bank financial institutions, including off-balance sheets vehicles of the banks. Rapid deleveraging of a 1930s-style single-layer financial system is bound to be massively disruptive for the real economy. Rapid deleveraging of a modern multi-layered financial system needs not be massively disruptive for the real economy, although it will be if it is done in an uncoordinated, voluntary manner. Since most liabilities (assets) of banks are assets (liabilities) of other banks and non-bank financial institutions, an intelligent, coordinated netting or write-down of intra-financial sector assets and liabilities is technically possible without significant impact on the exposure (on both sides of the balance sheet) of the financial system as a whole to the non-financial sectors.

There are many legal and political obstacles to such a de-layering of financial intermediation – it amounts to the temporary imposition of a form of central planning on the key banks and their financial sector counterparties, but it could be done if the political will were there.

This important difference between the situation of the 1930s and that facing us today makes one more optimistic about the pace of the recovery to come. Against that, much of the tentative insight I have gained about the financial crisis has not come from the lessons of the 1930s but from emerging markets crises since the 1970s. Except for the important qualifier that the US dollar is a global reserve currency, and that the US government (and private sector) has most of its domestic and external liabilities denominated in US dollars, the pathologies of financial boom, bubble and bust in the US, the UK, Iceland, Ireland and Spain (and many of the Central and East European emerging market economies) track those of classical emerging market crises in South America, Asia and CEE in the 1990s, rather well.

The emerging market analogy makes one less optimistic about a robust recovery, as typically, emerging markets whose financial sector was destroyed by a serious financial crisis took many years to recover their pre-crisis growth rates and often never recovered their pre-crisis GDP paths.

But cleary, there are many differences in economic structure, policy regimes and external environment between the overdeveloped world of today and either the industrialised world of the 1930s or the emerging markets of the 1980s and 1990s. For starters, we are now aware of what happened in the 1930s and in the emerging markets (the arrow of history flies only in one direction). Another key difference is that today’s emerging markets and developing countries, whose domestic financial sectors have not been destroyed by the financial crisis, add up to 50 percent of global GDP. Even if China itself cannot be a global locomotive (not even the little engine that could), a sufficient number of emerging markets jointly could lead the global economy out of recession. Controlling for all the things that make ceteris non paribus is a hopeless task. But just because it is hopeless does not mean that we can avoid it. Decisions have to be taken and choices have to be made on the basis of the best available information and analysis, even if the best is pretty crummy. It is, however, key that if it is indeed the case that the best is no good, we admit to this and don’t pretend otherwise. False certainty can be deadly.

Earlier this week, Joseph Stiglitz, told Bloomberg that the U.S. economy faces a significant chance of contracting again after emerging from the worst recession since the Great Depression of the 1930s.

“There’s a significant chance of a W, but I don’t think it’s inevitable,” … . The economy “could just bounce along the bottom.” Sure, but how does he know it whether it will be a V, a W, a rotated and reflected L, a W or double dip, a triple jump or a quadruple bypass? With a sample of at most size one to underpin one’s forecast, the quality of the argument/analysis that produces and supports the forecast is essential. The forecast itself is indeed likely to be much less important than the reasoning behind it. If the conclusion is open-ended, the story better be good.

>Conferência Nacional de Comunicação: Como democratizar as comunicações

>
15/09/2009 – 01h09 – Envolverde/Observatório da Imprensa
Por Venício A. de Lima, para o Observatório da Imprensa

Nesses tempos de preparação da 1ª Conferência Nacional de Comunicação, uma das questões recorrentes é: o que deve ser feito para “democratizar as comunicações”? Boa pergunta, sem dúvida. Na verdade, essa é a questão síntese de todos os muitos e difíceis aspectos envolvidos na problemática geral do setor.

“Democratizar as comunicações” tem sido o principal paradigma conceitual, uma espécie de bandeira a orientar boa parte dos segmentos organizados da sociedade civil comprometidos com o avanço na área de comunicação. E não só no Brasil. Todavia, uma das falácias desta bandeira é que ela pressupõe a possibilidade de que a grande mídia dominante, privada e comercial, seria passível de ser democratizada. Vale dizer, em termos da teoria liberal da liberdade de imprensa, trazer para dentro de si mesma, “o mercado livre de idéias” (the market place of ideas) – representativo do conjunto da sociedade, isto é, plural e diverso.

Seria este pressuposto realizável?

Retrabalhando a teoria liberal

Há mais de 50 anos, isto é, pelo menos desde a Hutchins Commission (EUA, 1942-1947), a teoria liberal foi “retrabalhada” e passou a se apoiar em três idéias centrais: pluralismo interno, responsabilidade social e profissionalismo. Esse “retrabalhar” decorreu da impossibilidade de se prosseguir sustentando o discurso do “market place of ideas” – semelhante ao mercado “autocontrolado” de Adam Smith – em face do avanço real da concentração (oligopolização) da mídia e da formação de redes regionais e nacionais de rádio e televisão.

A solução encontrada, porém, esbarra em dificuldades incontornáveis identificadas pelo desenvolvimento da pesquisa na área – sobretudo em relação aos mitos da imparcialidade e da objetividade jornalística e da independência dos conglomerados de mídia – e também se torna inviável em sociedades, como a Inglaterra, onde existe uma tradição historicamente consolidada de imprensa partidária.

Tudo isso trouxe de volta o ideário do “market place of ideas”, agora complementarmente ao pluralismo interno, à responsabilidade social e ao profissionalismo, e pela intervenção do Estado por intermédio de políticas públicas para garantir a concorrência das empresas de mídia (a não oligopolização) no mercado de idéias.

Além das dificuldades discursivas que a necessidade de intervenção do Estado cria para a teoria liberal, os próprios fatos têm revelado, sem margem a dúvidas, que nem um nem outro caminho tem garantido o “market place of ideas”.

Complementaridade dos sistemas

Uma variante dessas possibilidades foi contemplada na Constituição de 1988: trata-se da complementaridade dos sistemas privado, público e estatal de radiodifusão (Artigo 223).

Em função de opções feitas ainda na década de 1930, temos no Brasil um sistema de radiodifusão predominantemente privado. A Constituição, no entanto, determina a busca do equilíbrio entre os sistemas como forma de democratizar as comunicações: a criação da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), em 2007, caminha nesta direção.

Outra alternativa seria o apoio à criação e consolidação de sistemas privados não comerciais, isto é, associações sem fins lucrativos, cooperativas ou fundações. Aqui as rádios e TVs comunitárias são exemplos em curso.

Re-enquadrando a “democratização” das comunicações

Há, no entanto, uma inflexão conceitual que precisa ser feita. Devemos re-enquadrar toda a discussão da democratização das comunicações em torno do conceito de “direito à comunicação”. É preciso que a mídia seja entendida como um poder e a comunicação como um direito que compreenda não só a liberdade de expressão como os direitos à informação e ao conhecimento. Um direito tão fundamental como a educação e/ou a saúde, por exemplo.

A construção desse direito não é nova. Sua primeira formulação já tem quase 40 anos. Também não é novo que entidades e movimentos sociais que lutam pela democratização da comunicação no Brasil inscrevam esse direito – direta ou indiretamente – entre os eixos principais de seus programas de ação.

São muitos, no entanto, os obstáculos à sua consolidação, exatamente porque o direito à comunicação abre perspectivas imensas do ponto de vista de garantias ao cidadão, inclusive já praticadas em outras democracias liberais, das quais ainda estamos muito distantes: o direito de resposta como interesse difuso e o direito de antena são apenas dois exemplos.

O direito à comunicação não logrou ainda o status de direito positivado nem mesmo em nível dos organismos multilaterais que têm a capacidade de provocar o reconhecimento internacional do conceito – como, por exemplo, a Unesco. Esse fato faz com que, simultaneamente à articulação política de ações específicas, desenvolva-se também a luta pelo reconhecimento formal do direito.

Existem ainda históricas e poderosas resistências ao conceito, exatamente pelo poder que ele tem de abarcar um imenso leque de reivindicações e bandeiras em relação à democratização da comunicação. Mas, não há dúvida, esse é o caminho.

O que fazer?

Enquanto se segue na construção do direito à comunicação, há de se tentar que o “market place of ideas” funcione no Brasil – sem ilusões.

Democratizar a comunicação passa a ser, portanto, garantir a circulação da diversidade e da pluralidade de idéias existentes na sociedade, isto é, a universalidade da liberdade de expressão individual. Essa garantia tem que ser buscada tanto “externamente” – por meio da regulação do mercado (sem propriedade cruzada e sem oligopólios; priorizando a complementaridade dos sistemas público, privado e estatal) – quanto “internamente” à mídia – cobrando o cumprimento dos manuais de Redação que prometem (mas não praticam) a imparcialidade e a objetividade jornalística.

>Mídias digitais no exercício da cidadania

>
Agência FAPESP

Especiais
Mídias digitais no exercício da cidadania

24/8/2009

Por Jussara Mangini

Uma equipe de profissionais de várias áreas da computação está desenvolvendo ferramentas para ajudar governos a implementar o conceito de crossmedia (uso cruzado de múltiplos meios de comunicação) em serviços eletrônicos de atendimento ao público, de modo a ampliar e facilitar a interação com os cidadãos.

Coordenado pela professora Lucia Vilela Leite Filgueiras, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), o Projeto X-Gov foi criado em outubro de 2007 no âmbito do Instituto Virtual de Pesquisas FAPESP-Microsoft Research. Tem como proposta facilitar o processo de produção de aplicações de mídia cruzada pelo gestor público, para que ele desenvolva serviços mais rapidamente e se beneficie das novas tecnologias.

“Acreditamos que isso será melhor para o cidadão porque a diversidade de mídias dá maior alcance e disponibilidade no acesso ao governo. Sabemos que é difícil para o gestor público criar um serviço que use de forma integrada as várias mídias. Por isso, estamos desenvolvendo um software que facilitará esse processo”, explicou Lucia à Agência FAPESP.

Embora bastante usado na publicidade e em jogos, na esfera governamental os pesquisadores não viram ainda nenhuma outra abordagem semelhante, nem no Brasil nem no exterior. De acordo com a coordenadora do projeto, o trabalho está atento à maneira como as novas gerações, mais acostumadas com as mídias digitais, vão querer se relacionar com o governo e exercitar sua cidadania nos próximos anos.

“Essa geração nativa digital – que já nasceu com celular, televisão e internet – acha muito natural trabalhar com tudo isso ao mesmo tempo. Desejamos ajudar os gestores públicos a fazer um governo eletrônico para essa geração”, disse.

Com as novas tecnologias pode-se, por exemplo, mandar uma fotografia pelo celular para mostrar que uma obra está sendo mal feita ou fazer denúncias de desrespeito às leis. Da mesma forma, órgãos públicos podem substituir cartas ou mesmo o e-mail por mensagens de celular (SMS) para notificar as pessoas mais rapidamente sobre o andamento de determinados processos.

“O governo está começando a usar essas mídias, mas ainda de forma não integrada e com muito esforço, porque cada sistema tem que desenvolver tudo de novo. Uma prefeitura, por exemplo, tem que treinar um técnico de informática no desenvolvimento de software para celular, SMS, TV digital, etc. Queremos facilitar esse processo”, indicou Lucia.

O Projeto X-Gov permitirá transições entre mídias: e-mail, SMS, TV digital, web, códigos de barras bidimensionais, click to call e outros. A ideia é que o link entre celular e TV possibilite que um determinado conteúdo acessado por celular – um vídeo de instruções, por exemplo – seja exibido também na televisão, sem prejuízo ao que estava acontecendo no celular.

“Já a transição click to call possibilitará ao cidadão que estiver navegando pelo website solicitar ajuda via telefone, apenas clicando em um botão do navegador que, automaticamente, realizará uma ligação para o usuário”, disse Lucia.

No desenvolvimento do servidor que faz toda a orquestração dos usuários no crossmedia, os pesquisadores estão criando uma linguagem de programação específica e trabalhando na comunicação entre o sistema e o gestor público, para facilitar que esse crie o plano de seu serviço.

Processo de criação

Segundo a professora da Poli, uma das grandes vantagens para o gestor público é que no X-Gov a questão de compatibilidade foi muito bem resolvida, usando-se arquitetura de serviços web, que é um padrão bem aceito no governo e que dá muita flexibilidade na integração com os sistemas atuais.

Esse tipo de software é chamado de framework (arcabouço) e serve como um esqueleto sobre o qual os desenvolvedores do governo criarão seus projetos.

“Como não há serviços crossmedia disponíveis no governo para análise, o arcabouço está sendo construído a partir de sucessivas provas de conceito, cada uma focada em uma funcionalidade específica, de modo que cada ciclo contribua para a evolução da arquitetura final”, explicou Lucia.

Para chegar a isso, a equipe cria um serviço fictício, estuda como esse serviço funciona e congela uma parte dele no esqueleto. São os chamados padrões de tarefa – uma abstração de algo que todo mundo faz. Por exemplo, em comércio eletrônico um padrão de tarefa é o uso de um carrinho de compras. Todo site que tem um funciona mais ou menos do mesmo jeito.

No governo eletrônico também é assim. Foram definidos 18 padrões de tarefa e para cada um deles a equipe do X-Gov está criando softwares para três meios de comunicação: web, celular e TV digital. Isso significa que serão orquestrados em torno de 54 componentes. A cada semana, a equipe tem acrescentado cerca de três novos componentes ao conjunto.

A previsão é que o framework esteja funcionado até outubro, com os componentes dos blocos de construção das tarefas de governo e das transições entre mídias. A partir daí a equipe deseja realizar uma etapa de testes com usuários.

A implementação, na prática, dependerá da aceitação e interesse dos gestores públicos. A equipe do X-Gov estima que o uso será muito natural para os “nativos digitais”.

* * *

Não é notável o contraste do tom entre esse artigo e a entrevista com o Martín-Barbero anteriormente postada? É impressionante a forma como a idéia de “cidadania” é simplificada, neste texto, a ponto de ser entendida como relação de comunicação, geralmente unidirecional, com o Estado.

>Jesús Martín-Barbero: Comunidades falsificadas (FSP, 23/08/2009)

>
Comunidades falsificadas

Filósofo espanhol diz que a utopia de democracia direta e igualdade total na internet é mentirosa e ameaça minar as práticas de representação e participação políticas reais

RENATO ESSENFELDER
DA REDAÇÃO

Com a emergência de gigantescas redes sociais virtuais, como o Facebook, a internet configura a sua utopia máxima: todos somos iguais. E, se somos todos iguais, não precisamos mais de eleições, pois não precisamos ser representados. Todos nos representamos no espaço democrático da internet.

O raciocínio é tentador, mas, para o filósofo espanhol Jesús Martín-Barbero, é mentiroso -e temerário. “Nunca fomos nem seremos iguais”, ele diz, e na vida cotidiana continuaremos dependendo de mediações para dar conta da complexidade do mundo, seja a mediação de partidos políticos ou a de associações de cidadãos.

Martín-Barbero vê a internet como um dos fatores de desestabilização do mundo hoje, que não pode ser pensado por disciplinas estanques. Mundo, aliás, tomado pela incerteza e pelo medo, que nos faz sonhar com a relação não mediada das comunidades pré-modernas. O filósofo conversou com a Folha durante visita a São Paulo, na semana passada.

FOLHA – Desde 1987, quando o sr. lançou sua obra de maior repercussão [“Dos Meios às Mediações”, ed. UFRJ], até hoje, o que mudou na comunicação e nas ciências sociais?

JESÚS MARTÍN-BARBERO – Estamos em um momento de pensar o conceito de conhecimento como certeza e incerteza. A incerteza intelectual dos modernos se vê hoje atravessada por outra sensação: o medo. A sociedade vive uma espécie de volta ao medo dos pré-modernos, que era o medo da natureza, da insegurança, de uma tormenta, um terremoto. Agora vivemos em uma espécie de mundo que nos atemoriza e desconcerta.
O medo vem, por exemplo, da ecologia: o que vai acontecer com o planeta, o nível do mar vai subir? A natureza voltou a ser um problema hoje, como aos pré-modernos. Depois vem o tema da violência urbana, a insegurança urbana. Por toda cidade que passo, de 20 mil a 20 milhões de habitantes, há esse medo.
Como terceira insegurança, que nos afeta cada vez mais, aparece a vida laboral. Do mundo do trabalho, que foi a grande instituição moderna que deu segurança às pessoas, vamos para um mundo em que o sistema necessita cada vez menos de mão de obra. O mundo do trabalho se desconfigurou como mundo de produção do sentido da vida.

FOLHA – Nesse mundo de incertezas, como se comporta a noção de comunidade? Como ela aparece em redes virtuais como o Facebook?

MARTÍN-BARBERO – Acho que ainda não temos palavras para nomear esse fenômeno. Falamos em rede social, mas o que significa social aí? Apenas uma rede de muita gente. Não necessariamente em sociedade. Há diferenças entre o que foi a comunidade pré-moderna e o que foi o conceito de sociedade moderna.
A comunidade era orgânica, havia muitas ligações entre os seus membros, religiosas, laborais. Renato Ortiz [sociólogo e professor na Universidade Estadual de Campinas] faz uma crítica muito bem feita a um livro famoso de [Benedict] Anderson, que diz que a nação é como uma comunidade imaginada [“Comunidades Imaginadas”, ed. Companhia das Letras], principalmente por jornais e a literatura nacional.
É verdade, são fundamentais para a criação da ideia de nação. Mas Renato Ortiz diz que há muito de verdade e muito de mentira nisso. O que acontece é que, quando a sociedade moderna se viu realmente configurada pelo Estado, pela burocracia do Estado, começou a sonhar novamente com a comunidade. Era uma comunidade imaginada no sentido de querer ter algo de comunidade, e não só de sociedade anônima.
Falar de comunidade para falar da nação moderna é complicado, porque se romperam todos os laços da comunidade pré-moderna. Eu diria que há aí um ponto importante, considerando que no conceito de comunidade há sempre a tentação de devolver-nos a uma certa relação não mediada, presencial. Essa é um pouco a utopia da internet.

FOLHA – Qual utopia?

MARTÍN-BARBERO – A utopia da internet é que já não necessitamos ser representados, a democracia é de todos, somos todos iguais. Mentira. Nunca fomos nem somos nem seremos iguais. E portanto a democracia de todos é mentira. Seguimos necessitando de mediações de representação das diferentes dimensões da vida. Precisamos de partidos políticos ou de uma associação de pais em um colégio, por exemplo.

FOLHA – As comunidades virtuais da atualidade têm pouco das comunidades originais, então?

MARTÍN-BARBERO – Quando começamos a falar de comunidades de leitores, de espectadores de novela, estamos falando de algo que é certo. Uma comunidade formada por gente que gosta do mesmo em um mesmo momento. Se a energia elétrica acaba, toda essa gente cai.
É uma comunidade invisível, mas é real, tão real que é sondável, podemos pesquisá-la e ver como é heterogênea. Comunidade não é homogeneidade. Nesse sentido é muito difícil proibir o uso da expressão “comunidade” para o Facebook. Mas o que me ocorre ao usarmos o termo “comunidade” para esses sites é que nunca a sociedade moderna foi tão distinta da comunidade originária.
O sentido do que entendemos por sociedade mudou. Veja os vizinhos, que eram uma forma de sobrevivência da velha comunidade na sociedade moderna. Hoje, nos apartamentos, ninguém sabe nada do outro. Outra chave: o parentesco. A família extensa sumiu. Hoje, uma família é um casal. O que temos chamado de sociedade está mudando. Estamos numa situação em que o velho morreu e o novo não tem figura ainda, que é a ideia de crise de [Antonio] Gramsci.

FOLHA – A proposta de sites como o Facebook não é exatamente de fazer essa reaproximação?

MARTÍN-BARBERO – Creio que há pessoas no Facebook que, pela primeira vez em suas vidas, se sentem em sociedade. É uma questão importante, mas não podemos esquecer da maneira como nos relacionamos com o Facebook.
Um inglês que passa boa parte de sua vida só, em um pub, com sua grande cerveja, desfruta muito desse modo de vida. Nós, latinos, desfrutamos mais estando juntos.
Evidentemente a relação com o Facebook é distinta. O site é real, mas a maneira como nos relacionamos, como o usamos, é muito distinta. O Facebook não nos iguala. Nos põe em contato, mas nada mais.

FOLHA – De que maneira essas questões devem transformar os meios de comunicação?

MARTÍN-BARBERO – Não sei para onde vamos, mas em muito poucos anos a televisão não terá nada a ver com o que temos hoje. A televisão por programação horária é herdeira do rádio, que foi o primeiro meio que começou a nos organizar a vida cotidiana. Na Idade Média, o campanário era que dizia qual era a hora de levantar, de comer, de trabalhar, de dormir. A rádio foi isso.
A rádio nos foi pautando a vida cotidiana. O noticiário, a radionovela, os espaços de publicidade… Essa relação que os meios tiveram com a vida cotidiana, organizada em função do tempo, a manhã, a tarde, a noite, o fim de semana, as férias, isso vai acabar. Teremos uma oferta de conteúdos. A internet vai reconfigurar a TV imitadora da rádio, a rádio imitadora da imprensa escrita… Creio que vamos para uma mudança muito profunda, porque o que entra em crise é o papel de organização da temporalidade.

FOLHA – A ascensão da internet e da oferta de informação por conteúdos suscita outra questão, ligada à formação do cidadão. Não corremos o risco de que um fã de séries de TV, por exemplo, só busque notícias sobre o tema, alienando-se do que acontece em seu país?

MARTÍN-BARBERO – Antigamente, todos líamos, escutávamos e víamos o mesmo. Isso para mim era muito importante. De certa forma, obrigava que os ricos se informassem do que gostavam os pobres -sempre defendi isso como um aspecto de formação de nação.
Quando lançaram os primeiros aparelhos de gravação de vídeo, disseram-me que isso era uma libertação: as pessoas poderiam selecionar conteúdos.
Mas esse debate já não é possível hoje. Passamos para um entorno comunicativo, as mudanças não são pontuais como antes. A questão não é se eu abro ou não abro o correio. Não quero ser catastrofista, mas o tanto que a internet nos permite ver é proporcional ao tanto que sou visto. Em quanto mais páginas entro, mais gente me vê. É outra relação.
Temos acesso a tantas coisas e tantas línguas que já não sabemos o que queremos. Hoje há tanta informação que é muito difícil saber o que é importante. Mas o problema para mim não é o que vão fazer os meios, mas o que fará o sistema educacional para formar pessoas com capacidade de serem interlocutoras desse entorno; não de um jornal, uma rádio, uma TV, mas desse entorno de informação em que tudo está mesclado. Há muitas coisas a repensar radicalmente.