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>Internet e depressão

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Divulgação Científica
Internet e depressão

3/2/2010

Agência FAPESP – Pessoas que passam muito tempo navegando pela internet têm maior risco de apresentar sintomas depressivos, de acordo com uma pesquisa feita no Reino Unido por cientistas da Universidade de Leeds.

O estudo, que será publicado na edição de 10 de fevereiro da revista Psychopathology, procurou analisar o fenômeno de usuários que têm desenvolvido o uso compulsivo da internet, substituindo a interação social no mundo real pelo virtual, em redes sociais, chats ou em outros serviços eletrônicos.

Segundo os pesquisadores, os resultados do estudo apontam que esse tipo de dependência pode ter impactos sérios na saúde mental. “A internet ocupa hoje parte importante na vida moderna, mas seus benefícios são acompanhados por um lado negro”, disse Catriona Morrison, um dos autores do estudo.

“Enquanto a maioria usa a rede mundial para se informar, pagar contas, fazer compras e trocar e-mails, há uma pequena parcela dos usuários que acha difícil controlar o tempo gasto on-line. Isso ao ponto em que tal hábito passa a interferir em suas atividades diárias”, apontou a cientista.

Os “viciados em internet” passam, proporcionalmente em relação à maioria dos usuários, mais tempo em comunidades virtuais e em sites pornográficos e de jogos. Os pesquisadores verificaram que esse grupo tem incidência maior de depressão de moderada a grave.

“Nossa pesquisa indica que o uso excessivo da internet está associado com depressão, mas o que não sabemos é o que vem primeiro. As pessoas depressivas são atraídas pela internet ou é o uso da rede que causa depressão?”, questionou Catriona.

A pesquisa examinou 1.319 pessoas com idades entre 16 e 61 anos. Do total, 1,2% foi considerado como “viciado em internet”. Apesar de ser uma pequena parte do total, segundo os pesquisadores o número de internautas nessa categoria tem crescido.

Incidentes como a onda de suicídios entre adolescentes ocorrida na cidade de Bridgend, no País de Gales, em 2008, têm levado a questionamentos a respeito da influência das redes sociais em indivíduos vulneráveis à depressão.

No estudo, os pesquisadores observaram que o grupo dos “viciados em internet” era formado principalmente por usuários mais jovens, com média de idade de 21 anos.

“Está claro que para uma pequena parte dos usuários o uso excessivo da internet é um sinal de perigo para tendências depressivas. Precisamos considerar as diversas implicações dessa relação e estabelecer claramente os efeitos desse uso na saúde mental”, disse a pesquisadora.

O artigo The relationship between excessive internet use and depression: a questionnaire-based study of 1,319 young people and adults, de Catriona Morrison e outros, pode ser lido por assinantes da Psychopathology (2010;43:121-126 – DOI:10.1159/000277001) em http://www.karger.com/psp.

>University adds Twitter to the curriculum in Australia

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Uni adds Twitter to the curriculum

October 16, 2009
The Sydney Morning Herald – smh.com.au

Social networking upstart Twitter has made the jump to academia’s hallowed halls, with ‘tweets’ made compulsory writing for would-be journalists at Griffith University.

“Some students’ tweets are not as in depth as you might like. But I don’t know if getting them to write an essay is any more beneficial,” said Jacqui Ewart, senior lecturer at the university.

Twitter microblogs have become an online phenomenon with users sending ‘tweets’ of up to 140 characters, or just a few words, to increasing numbers of ‘followers’.

The service rose to global prominence during unrest in the wake of Iran’s recent presidential elections with tweets used to broadcast otherwise restricted information.

The service is being used more frequently by politicians, including Australia’s bookish Prime Minister Kevin Rudd, who has asked followers to recommend movie choices and this week ‘tweeted’ about his visit to a rural bakery.

Students were using twitter as “an exercise in self-reflection,” Ewart said, citing increasing demand from employers for people to use social networking tools.

But reaction from students has been mixed, she said, raising questions over the utility of using sites like Twitter and Facebook in a formal education curriculum.

“Quite surprisingly, a lot of students didn’t know what Twitter was. There were a couple of really vocal students who were saying they couldn’t believe we were using it and thought it was a waste of time,” Ewart said.

Reuters

>O ki vc acha do internetês?

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Ñ possu fik nm + 1 min com vc
sintu mt mô + naum podi sê
moru em jaçanãnnnn
xi eu perdê essi trem
ki sai agora as 11 hr
só amanhã di manhã
Jornal da Unicamp – Campinas, 14 a 20 de setembro de 2009 – ANO XXIV – Nº 441
MANUEL ALVES FILHO
Diálogo na internet: para pesquisadora, o emprego do computador e de programas de edição de textocontribui para a constituição de sentidos (Foto: Antoninho Perri) 
O compositor Adoniran Barbosa, nome artístico do valinhense João Rubinato, jamais poderia imaginar que uma das suas mais conhecidas obras, a música Trem das Onze, clássico do cancioneiro popular brasileiro composto em 1965, um dia seria traduzida para o internetês. Mas foi. A nova linguagem, própria do mundo virtual, ganha proporção à medida que novas levas de pessoas são incluídas no espaço digital. Por conta desse avanço, despontam na web comunidades linguísticas favoráveis e contrárias a essa forma de expressão grafolinguística. “Há um movimento de identificação com esse tipo de linguagem e com o modo como ele é usado no âmbito da informatização, embora também seja possível identificar resistências a ele”, analisa Marisa Ganança Teixeira da Silva, que defendeu recentemente tese de doutorado sobre o tema. O trabalho, orientado pela professora Suzy Lagazzi Rodrigues, foi apresentado no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp.
Em seu estudo, Marisa procurou compreender os modos de funcionamento do internetês, da língua portuguesa e da língua brasileira no espaço digital, bem como os gestos de interpretação daí advindos. A preocupação em diferenciar a língua portuguesa da brasileira vem da compreensão da autora, fundamentada na obra da professora Eni Orlandi, também da Unicamp, de que a língua falada e escrita atualmente no país é muito distinta da existente em Portugal, em função dos processos de significação e das mudanças que experimentou ao longo do tempo. “Fundamentei minha pesquisa na teoria da Análise do Discurso, visto que queria considerar não apenas as linguagens em si, mas principalmente seus sentidos”, explica.
No entender de Marisa, o internetês é uma linguagem específica do mundo virtual. O emprego do computador e de programas de edição de texto, afirma, contribui para a constituição de sentidos. “A especificidade do instrumento tecnológico induz à utilização de uma linguagem própria, mais informal e, portanto, mais fluida. Nesse tipo de linguagem, a brincadeira é permitida”, considera. Nesse sentido, a autora estabelece uma diferenciação entre os gestos de teclar e digitar. O primeiro, diz ela, remete ao internetês, que é favorecido pelo uso de símbolos e caracteres presentes no teclado, cuja função é criar atalhos para a transmissão da mensagem. O segundo está relacionado à linguagem formal, orientada pelas normas ortográficas e gramaticais. Neste, não há lugar para brincadeiras. “Entretanto, os dois tipos de linguagens atuam no mesmo espaço e estabelecem relações entre si”, atesta
Marisa Ganança Teixeira da Silva, autora da tese: “A especificidade do instrumento tecnológico induz à utilização de uma linguagem própria, mais informal e, portanto, mais fluida” (Foto: Antoninho Perri) 
Durante a pesquisa, Marisa investigou 42 comunidades virtuais abrigadas no site de relacionamento Orkut. Destas, sete tratavam sobre a língua portuguesa, quatro defendiam a existência da língua brasileira, uma era contrária a esta língua brasileira, 13 eram favoráveis ao internetês e outras 17 faziam oposição ao uso deste último. “Eu analisei diversos aspectos relacionados a essas comunidades. Considerei desde as suas denominações até as formulações e propostas nelas contidas. Foi interessante notar que a relação entre línguas e linguagens deixa entrever um processo de identificação com a língua nacional. No funcionamento dessas línguas e linguagens no âmbito da internet, os sentidos produzidos carregam os sentidos inscritos na memória discursiva da constituição do Brasil como nação”, reflete.
Numa das comunidades que defendem o internetês, Marisa deparou com a proposta de criação de um dicionário português/internetês. Também encontrou sugestões de tradução de poemas e músicas para a nova linguagem, como no caso da canção de Adoniran Barbosa. “Na versão que encontrei na web, é interessante perceber que essa linguagem própria do espaço virtual também traz marcas do chamado português formal, como a observância às regras de acentuação. Ao mesmo tempo, é uma linguagem que brinca com as normas ditas cultas, na medida em que cria palavras não consagradas pelos dicionários”, afirma Marisa.
Ainda nessa linha, a autora da tese observa que, ao contrário da visão tradicional, segundo a qual a tradução de um texto requer uma rigorosa prática de interpretação, no internetês são permitidas variadas traduções de um mesmo texto. “Essa diversidade nos leva a concluir que o objetivo não é sanar a completude da linguagem ou tentar entender o texto. Antes, é uma brincadeira com a língua; um gracejo com a sonoridade e com a oralidade da língua”, acrescenta Marisa. Embora não tenha abordado esse aspecto em sua tese, a especialista revela que tende a concordar com aqueles que consideram que o internetês não produzirá uma interferência significativa na língua formal, ainda que esse tipo de linguagem seja utilizado ocasionalmente por estudantes em sala de aula, associado com o português.
Marisa reforça que o internetês é propiciado principalmente por conta do uso do computador e dos recursos oferecidos pelo teclado e pelos programas de edição de texto. Sem essas ferramentas, ele perde, por assim dizer, muito da sua constituição. “Além do mais, até que ponto as pessoas vão continuar querendo usar o internetês da forma como o conhecemos hoje? Como essa linguagem oferece muitas possibilidades, é razoável imaginar que os adeptos dela vão desejar inovar, o que os levará a criar outras maneiras de comunicar o que pensam”, infere.
De acordo com a pesquisa desenvolvida por Marisa, os smileys podem ser considerados os precursores do internetês, dado que eles se prestam a uma linguagem abreviada e universal. O internetês, de acordo com a pesquisadora, foi criado para a troca de arquivos e bate-papos no meio virtual. “A utilização dos smileys tanto em conversas informais quanto em discussões de grupos me leva a compreender a relação com o surgimento dessa nova forma de linguagem. Também me leva a considerar a relação do internetês não com uma língua específica, mas com qualquer outra língua”, finaliza a autora do trabalho.