Arquivo da tag: Profetas da chuva
Meteorologista da Funceme. “A gente fica feliz com essas chuvas” (O Povo)
AGUANAMBI 282
DOM 24/01/2016
De acordo com o meteorologista da Funceme Raul Fritz, vórtice ciclônico, característico da pré-estação chuvosa, pode render chuvas intensas em janeiro, como ocorreu no ano de 2004
Luana Severo, luanasevero@opovo.com.br
FOTOS IANA SOARES
Segundo Fritz, a ciência climática não chegou a um nível tão preciso para ter uma previsão confiável
Cotidiano
“Nós não queremos ser Deus, apenas tentamos antecipar o que pode acontecer”. Nascido em Natal, no Rio Grande do Norte, Raul Fritz, de 53 anos, é supervisor da unidade de Tempo e Clima da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Ele, que afirmou não querer tomar o lugar de Deus nas decisões sobre o clima, começou a trabalhar para a Funceme em 1988, ainda como estagiário, pouco após uma estiagem que se prolongou por cinco anos no Estado, entre 1979 e 1983.
Os anos de prática e a especialização em meteorologia por satélite conferem a Fritz a credibilidade necessária para, por meio de mapas, equações numéricas e o comportamento da natureza, estimar se chove ou não no semiárido cearense. Ele compôs, portanto, a equipe de meteorologistas da Fundação que, na última quarta-feira, 20, previu 65% de chances de chuvas abaixo da média entre os meses de fevereiro e abril deste ano prognóstico que, se concretizado, fará o Ceará completar cinco anos de seca.
Em entrevista ao O POVO, ele detalha o parecer, define o sistema climático cearense e comenta sobre a conflituosa relação entre a Funceme e a população, que sustenta o hábito de desconfiar de todas as previsões do órgão, principalmente porque, um dia após a divulgação do prognóstico, o Estado foi tomado de susto por uma intensa chuvarada.
O POVO – Mesmo com o prognóstico desanimador de 65% de chances de chuvas abaixo da média entre os meses de fevereiro e abril, o cearense tem renovado a fé num “bom inverno” devido às recentes precipitações influenciadas pelo Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN). Há a possibilidade de esse fenômeno perdurar?
Raul Fritz – Sim. Esse sistema que está atuando agora apresenta maior intensidade em janeiro. Ele pode perdurar até meados de fevereiro, principalmente pelas circunstâncias meteorológicas atmosféricas que a gente vê no momento.
OP – Por que o VCAN não tem relação com a quadra chuvosa?
Raul – A quadra chuvosa é caracterizada pela atuação de um sistema muito importante para o Norte e o Nordeste, que é a Zona de Convergência Intertropical (ZCI). É o sistema que traz chuvas de forma mais regular para o Estado. O vórtice é muito irregular. Tem anos em que ele traz boas chuvas, tem anos em que praticamente não traz.
OP – O senhor consegue lembrar outra época em que o VCAN teve uma atuação importante em relação às chuvas?
Raul – Em 2004, houve muita chuva no período de janeiro. Em fevereiro também tivemos boas chuvas, mas, principalmente, em janeiro, ao ponto de encher o reservatório do Castanhão, que tinha sido recém-construído. Mas, os meses seguintes a esses dois não foram bons meses de chuva, então é possível a gente ter esse período de agora bastante chuvoso, seguido de chuvas mais escassas.
OP – O que impulsiona o quadro de estiagem
no Ceará?
Raul – Geograficamente, existem fatores naturais que originam um estado climático de semiaridez. É uma região que tem uma irregularidade muito grande na distribuição das chuvas, tanto ao longo do território como no tempo. Chuvas, às vezes, acontecem bem num período do ano e ruim no seguinte, e se concentram no primeiro semestre, principalmente entre fevereiro e maio, que a gente chama de ‘quadra chuvosa’. Aí tem a pré-estação que, em alguns anos, se mostra boa. Aparenta ser o caso deste ano.
OP – A última seca prolongada no Ceará, que durou cinco anos, ocorreu de 1979 a 1983. Estamos, atualmente, seguindo para o mesmo quadro. O que é capaz de interromper esse ciclo?
Raul – O ciclo geralmente não ultrapassa ou tende a não ultrapassar esse período. A própria variabilidade climática natural interrompe. Poucos casos chegam a ser tão extensos. É mais frequente de dois a três anos. Mas, às vezes, podem se estender a esses dois exemplos, de cinco anos seguidos de chuvas abaixo da média. Podemos ter, também, alguma influência do aquecimento global, que, possivelmente, perturba as condições naturais. Fenômenos como El Niños intensos contribuem. Quando eles chegam e se instalam no Oceano Pacífico, tendem a ampliar esse quadro grave de seca, como é o caso de agora. Esse El Niño que está atuando no momento é equivalente ao de 1997 e 1998, que provocou uma grande seca.
OP – É uma tendência esse panorama de grandes secas intercaladas?
Raul – Sim, e é mais frequente a gente ter anos com chuvas entre normal e abaixo da média, do que anos acima da média.
OP – A sabedoria popular, na voz dos profetas da chuva, aposta em precipitações regulares este ano. Em que ponto ela converge com o conhecimento científico?
Raul – O profeta da chuva percebe, pela análise da natureza, que os seres vivos estão reagindo às condições de tempo e, a partir disso, elabora uma previsão de longo prazo, que é climática. Mas, essa previsão climática pode não corresponder exatamente a um prolongamento daquela variação que ocorreu naquele momento em que ele fez a avaliação. Se acontecer, ele acha que acertou a previsão de clima. Se não, ele considera que errou. Mas, pode coincidir que essa variação a curto prazo se repita e se transforme em longo prazo. Aí é o ponto em que converge. A Funceme tenta antecipar o que pode acontecer num prazo maior, envolvendo três meses a frente. É um exercício muito difícil.
OP – Geralmente, há uma descrença da população em torno das previsões da Funceme. Como desmistificar isso?
Raul – A previsão oferece probabilidades e qualquer uma delas pode acontecer, mas, a gente indica a mais provável. São três que nós lançamos. Acontece que a população não consegue entender essa informação, que é padrão internacional de divulgação. Acha que é uma coisa determinística. Que, se a Funceme previu como maior probabilidade termos chuvas abaixo da média em certo período, acha que já previu seca. Mas, a mais provável é essa mesmo, até para alertar às pessoas com atividades que dependem das chuvas e ao próprio Governo a tomarem precauções, se prevenirem e não só reagirem a uma seca já instalada.
OP – A Funceme, então, também se surpreende com as ocorrências de menor probabilidade, como o VCAN?
Raul – Sim, porque esses vórtices são de difícil previsibilidade. A ciência não conseguiu chegar num nível de precisão grande para ter uma previsão confiável para esse período (de pré-estação chuvosa). De qualquer forma, nos é exigido dar alguma ideia do que possa acontecer. É um risco muito grande que a Funceme assume. A gente sofre críticas por isso. Por exemplo, a gente lançou a previsão de chuvas abaixo da média, aí no outro dia vem uma chuva muito intensa. As pessoas não compreendem, acham que essas chuvas do momento vão se prolongar até o restante da temporada. Apesar da crítica da população, que chega até a pedir para fechar o órgão, a gente fica feliz com a chegada
dessas chuvas.
Frase
“A gente lançou a previsão de chuvas abaixo da média, aí no outro dia vem uma chuva muito intensa. As pessoas não compreendem, acham que essas chuvas do momento vão se prolongar até o restante da temporada”
Raul Fritz, meteorologista da Funceme
Profetas das chuvas e a ecologia (Diário do Nordeste)
00:00 · 17.01.2016
A maioria dos profetas é idosa e, portanto, afirma que suas experiências têm, no mínimo, 40 anos de aplicação. Seus parâmetros de análise se baseiam nos astros, nas nuvens, na observação da fauna e da flora, com testes da pedra de sal em datas específicas e nos seus próprios sentidos. Alguns se autodenominam cientistas populares ou da natureza, pois suas previsões partem de uma rigorosa observação cotidiana da mesma. É importante destacar que a maioria, além do vínculo com a terra, é também poeta e há até alguns escritores.
Que lições os profetas da chuva podem dar aos cientistas?
Fazendo o diálogo com Morin, podemos adiantar que eles nos ajudam a pensar de forma complexa. A ciência moderna, a título de simplificar para captar o real, muitas vezes adota práticas de recortar tanto seu objeto de análise que acaba ficando com sua análise limitada.
Não é fácil controlar tantas variáveis como as envolvidas no clima, mas vejam como os profetas lidam com vários indicadores. É evidente que existem limitações em todas as abordagens, tanto a científica quanto a popular. Nesse momento é oportuna a prática da ecologia dos saberes. Ela não nega os avanços da ciência moderna, mas não trata o conhecimento popular como algo inferior ou folclórico.
Ambos cumprem papéis muito importantes na nossa sociedade e o desafio é fazer esses conhecimentos dialogarem em prol de um mundo melhor. Será que existe possibilidade de complementaridade nos prognósticos meteorológicos científicos com os dos Profetas da Chuva? Em vez de competição haverá espaço para um diálogo de saberes onde existe um respeito e uma relação horizontal, cujo objetivo maior é orientar os agricultores a encontrar o momento certo para plantar?
A Fiocruz decidiu priorizar, em seu âmbito nacional, o tema da relação água e saúde para ações de pesquisa, formação e cooperação. No Ceará, um de seus focos também será o de fomentar o desenvolvimento de tecnologias socioambientais de cuidados com a água voltado para o convívio com a seca. Está sendo elaborada uma proposta de mestrado profissional sobre saúde, saneamento e direitos humanos em rede com as universidades públicas do Nordeste e o desenvolvimento de linhas de pesquisa para a produção de conhecimento que promovam esse diálogo de saberes. Recebemos uma homenagem no encontro e assumimos a honraria como um símbolo de nosso compromisso com essa causa tão importante para o povo do sertão. Finalmente, tivemos uma manhã animada, regada de alegria e esperança de que este ano vai ser possível plantar e colher no sertão do Ceará. Para alguns até com fartura, pois estamos vivendo a pior seca dos timos 50 anos no Nordeste. A última profecia terminou com um canto de um profeta: e naquele momento, literalmente, começou a chover.
FERNANDO FERREIRA CARNEIRO
Biólogo e pós-doutor em sociologia
Pangolim aparece em Nkobe: pode anunciar chuvas na província de Maputo (TVM)
Escrito por Redacção
Um Pangolim foi encontrado na manhã deste sábado no bairro Nkobe na Cidade da Matola Província de Maputo.
Segundo as autoridades tradicionais, o animal anuncia muita chuva e produtividade nos próximos tempos neste ponto do país.
O mamífero foi encontrado no bairro Nkobe na Província de Maputo, o mesmo foi transportado para a residência da Rainha, onde os régulos realizaram uma cerimónia tradicional com vista interpretação da mensagem que o animal trazia para a população da Cidade da Matola.
Realizada a cerimónia tradicional, a Rainha disse tratar-se de um animal cujo aparecimento tem explicação entre as quais se destaca a queda da chuva e cultivo de comida em abundância.
Dirigentes da Cidade da Matola estiveram no local para testemunhar o acto e estes consideram que o cenário da seca que se vive na Província de Maputo poderá ser ultrapassado.
Segundo as autoridades tradicionais esta é a segunda vez que um Pangolim é encontrado na urbe, o primeiro apareceu em dois mil e catorze.
Pior seca dos últimos 50 anos no Nordeste mobiliza profetas do sertão (Globo/JN)
Edição do dia 09/01/2016
09/01/2016 20h56 – Atualizado em 09/01/2016 20h56
Açude do Cedro está com apenas 0,52% da capacidade.
Profetas se reuniram pra compartilhar as previsões.
A pior seca dos últimos 50 anos no Nordeste está mobilizando os profetas do sertão. Até esses brasileiros, que sabem como ninguém interpretar os sinais que vêm da terra, estão quebrando a cabeça pra prever o fim da estiagem.
A água chegava aos degraus. Mas, depois de quatro anos seguidos de seca, o Açude do Cedro, um dos mais antigos do Ceará, está com apenas 0,52% da capacidade.
Pra quem tem visto tanta seca, um dia nublado, pode até dar esperança. Mas quem realmente trabalha com a terra busca outros sinais pra ter certeza de que vai ter um bom período de chuva. E tudo tem uma lógica: se o passarinho faz o ninho um pouco mais alto na árvore, quer dizer que a terra vai encharcar, então vai ter boa chuva. Se o ninho estiver mais baixo é o contrário. É desse jeito que os profetas do sertão fazem sua previsão do tempo todos os anos.
Josimar analisou cada detalhe das árvores pra saber se o tempo de chuva, chamado de inverno na região e que costuma acontecer no começo do ano, está mesmo próximo.
“Essa florzinha está começando agora, aí se demorou, com certeza é sinal que o inverno também demora”, ensina.
Neste sábado (9) os profetas se reuniram pra compartilhar as previsões, cada um à sua maneira: ranhuras que apareceram no caule da Ibiratanha animaram Seu Renato.
“Ela está dando sinal que vai haver grande abundância de chuva”, diz.
Dona Lurdinha botou pedrinhas de sal num tabuleiro com os meses do ano.
“Quando o inverno vai ser bom, desmancha todas. Fiquei muito alegre porque as pedrinhas molharam quase todas”, diz ela.
Certeza mesmo é que, faça chuva ou faça sol, ninguém vai deixar a terra de onde se tira até a previsão do tempo.
“A gente faz que nem o finado Luiz Gonzaga: ‘enquanto minha vaquinha tiver o couro e o osso, e puder com o chocalho pendurado no pescoço, só deixo meu Cariri no último pau de arara’. Nós somos sertanejos, não pode desistir”, diz Josimar.
Profeta da chuva diz que ‘Nordeste terá um grande inverno’ em 2016 (G1)
09/01/2016 09h36 – Atualizado em 09/01/2016 13h25
Quicada, no sertão cearense, sedia encontro anual dos ‘profetas da chuva’. Previsão é baseada em observações de fenômenos da natureza.
Erasmo Barreira observa galhos de plantas que podem indicar um bom inverno (Foto: Elias Bruno / G1)
“Não tenho medo em dizer que o Nordeste terá um grande inverno em 2016”, afirma o aposentado Erasmo Barreira, 69 anos, que participa pela 18ª vez do Encontro Anual dos Profetas da Chuva neste sábado (9) em Quixadá, a 158 quilômetros de Fortaleza. Na ocasião, sertanejos fazem previsões para a quadra chuvosa do Ceará e Nordeste com base em observações da natureza. Entre os aspectos analisados, estão a rotina de animais e o desenvolvimento de plantas da região.
As previsões de Erasmo representam uma tradição que ele traz dos avós. “É fácil, é só prestar atenção na floração de um ano para o outro”, explica. As observações do profeta para prever o inverno de 2016 são feitas desde julho do ano passado e se intensificam em dezembro, à véspera do encontro.
Profeta também observa o bagaço da formiga de roça para prever
um bom inverno (Foto: Elias Bruno / G1)
Fenômenos observados
Em entrevista ao G1, Erasmo apresentou duas representações de fatores naturais que aponta como determinantes para um bom inverno. “O galho de feijão brabo não perdeu nenhuma flor e está bem verdinho. Quando fica assim, é porque está esperando chuva para só depois amadurecer e aflorar. Se já tivesse perdido flores em dezembro, é o sinal que seria seco no próximo ano”, ressalta.
Outro fenômeno percebido pelo profeta sertanejo é a forma com que as formigas de roça tratam o bagaço. “Observei a quantidade de vagem que elas descarregam das casas delas. São folhas de capim e de pau que elas gostam de levar para lá. Elas botam fora agora no começo do inverno para fazer nova armazenagem. Quando elas vêm muita quantidade, aí é que vai chover mesmo. Lá no meu interior, tem uma quantidade suficiente para encher 50 sacolas como a que trouxe”, completa.
Funceme
A previsão da chuva feita pelos “profetas” não tem respaldo científico de acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). O órgão estadual deve divulgar em 20 de janeiro prognóstico oficial das chuvas no Ceará no ano de 2016.
Em um prognóstico parcial divulgado pelo órgão em novembro de 2015, a Funceme apontou chuvas abaixo da média no estado nos meses de janeiro e fevereiro de 2016.
Hatfield The Rainmaker (The Journal of San Diego History)
The Journal of San Diego History
SAN DIEGO HISTORICAL SOCIETY QUARTERLY
Winter 1970, Volume 16, Number 4
Linda Freischlag, Editorial Assistant
God of Thunder (NPR)
October 17, 201411:09 AM ET
In 1904, Charles Hatfield claimed he could turn around the Southern California drought. Little did he know, he was going to get much, much more water than he bargained for.
GLYNN WASHINGTON, HOST:
From PRX and NPR, welcome back to SNAP JUDGMENT the Presto episode. Today we’re calling on mysterious forces and we’re going to strap on the SNAP JUDGMENT time machine. Our own Eliza Smith takes the controls and spins the dial back 100 years into the past.
ELIZA SMITH, BYLINE: California, 1904. In the fields, oranges dry in their rinds. In the ‘burbs, lawns yellow. Poppies wilt on the hillsides. Meanwhile, Charles Hatfield sits at a desk in his father’s Los Angeles sewing machine business. His dad wants him to take over someday, but Charlie doesn’t want to spend the rest of his life knocking on doors and convincing housewives to buy his bobbins and thread. Charlie doesn’t look like the kind of guy who changes the world. He’s impossibly thin with a vanishing patch of mousy hair. He always wears the same drab tweed suit. But he thinks to himself just maybe he can quench the Southland’s thirst. So when he punches out his timecard, he doesn’t go home for dinner. Instead, he sneaks off to the Los Angeles Public Library and pores over stacks of books. He reads about shamans who believed that fumes from a pyre of herbs and alcohols could force rain from the sky. He reads modern texts too, about the pseudoscience of pluvo culture – rainmaking, the theory that explosives and pyrotechnics could crack the clouds. Charlie conducts his first weather experiment on his family ranch, just northeast of Los Angeles in the city of Pasadena. One night he pulls his youngest brother, Paul, out of bed to keep watch with a shotgun as he climbs atop a windmill, pours a cocktail of chemicals into a shallow pan and then waits.
He doesn’t have a burner or a fan or some hybrid, no – he just waits for the chemicals to evaporate into the clouds. Paul slumped into a slumber long ago and is now leaning against the foundation of the windmill, when the first droplet hits Charlie’s cheek. Then another. And another.
Charlie pulls out his rain gauge and measures .65 inches. It’s enough to convince him he can make rain.
That’s right, Charlie has the power. Word spreads in local papers and one by one, small towns Hemet, Volta, Gustine, Newman, Crows Landing, Patterson come to him begging for rain. And wherever Charlie goes, rain seems to follow. After he gives their town seven more inches of water than his contract stipulated, the Hemet News raves, Mr. Hatfield is proving beyond doubt that rain can be produced.
Within weeks he’s signing contracts with towns from the Pacific Coast to the Mississippi. Of course, there are doubters who claim that he tracks the weather, who claim he’s a fool chasing his luck.
But then Charlie gets an invitation to prove himself. San Diego, a major city, is starting to talk water rations and they call on him. Of course, most of the city councilmen are dubious of Charlie’s charlatan claims. But still, cows are keeling over in their pastures and farmers are worrying over dying crops. It won’t hurt to hire him. They reason if Charlie Hatfield can fill San Diego’s biggest reservoir, Morena Dam, with 10 billion gallons of water, he’ll earn himself $10,000. If he can’t, well then he’ll just walk away and the city will laugh the whole thing off.
One councilman jokes…
UNIDENTIFIED MAN #1: It’s heads – the city wins. Tails – Hatfield loses.
SMITH: Charlie and Paul set up camp in the remote hills surrounding the Morena Reservoir. This time they work for weeks building several towers. This is to be Charlie’s biggest rain yet. When visitors come to observe his experiments, Charlie turns his back to them, hiding his notebooks and chemicals and Paul fingers the trigger on his trusty rifle. And soon enough it’s pouring. Winds reach record speeds of over 60 miles per hour. But that isn’t good enough – Charlie needs the legitimacy a satisfied San Diego can grant him. And so he works non-stop dodging lightning bolts, relishing thunderclaps. He doesn’t care that he’s soaked to the bone – he can wield weather. The water downs power lines, floods streets, rips up rail tracks.
A Mission Valley man who had to be rescued by a row boat as he clung to a scrap of lumber wraps himself in a towel and shivers as he suggests…
UNIDENTIFIED MAN #2: Let’s pay Hatfield $100,000 to quit.
SMITH: But Charlie isn’t quitting. The rain comes down harder and harder. Dams and reservoirs across the county explode and the flood devastates every farm, every house in its wake. One winemaker is surfacing from the protection of his cellar when he spies a wave twice the height of a telephone pole tearing down his street. He grabs his wife and they run as fast as they can, only to turn and watch their house washed downstream.
And yet, Charlie smiles as he surveys his success. The Morena Reservoir is full. He grabs Paul and the two leave their camp to march the 50 odd miles to City Hall. He expects the indebted populist to kiss his mud-covered shoes. Instead, he’s met with glares and threats. By the time Charlie and Paul reach San Diego’s city center, they’ve stopped answering to the name Hatfield. They call themselves Benson to avoid bodily harm.
Still, when he stands before the city councilman, Charlie declares his operations successful and demands his payment. The men glower at him.
San Diego is in ruins and worst of all – they’ve got blood on their hands. The flood drowned more than 50 people. It also destroyed homes, farms, telephone lines, railroads, streets, highways and bridges. San Diegans file millions of dollars in claims but Charlie doesn’t budge. He folds his arms across his chest, holds his head high and proclaims, the time is coming when drought will overtake this portion of the state. It will be then that you call for my services again.
So the city councilman tells Charlie that if he’s sure he made it rain, they’ll give him his $10,000 – he’ll just have to take full responsibility for the flood. Charlie grits his teeth and tells them, it was coincidence. It rained because Mother Nature made it so. I am no rainmaker.
And then Charlie disappears. He goes on selling sewing machines and keeping quiet.
WASHINGTON: I’ll tell you what, California these days could use a little Charlie Hatfield. Big thanks to Eliza Smith for sharing that story and thanks as well to Leon Morimoto for sound design. Mischief managed – you’ve just gotten to the other side by means of other ways.
If you missed any part of this show, no need for a rampage – head on over to snapjudgment.org. There you’ll find the award-winning podcast – Mark, what award did we win? Movies, pictures, stuff. Amazing stories await. Get in on the conversation. SNAP JUDGMENT’s on Facebook, Twitter @snapjudgment.
Did you ever wind up in the slithering sitting room when you’re supposed to be in Gryffindor’s parlor? Well, me neither, but I’m sure it’s nothing like wandering the halls of the Corporation for Public Broadcasting. Completely different, but many thanks to them. PRX, Public Radio Exchange, hosts a similar annual Quidditch championships but instead of brooms they ride radios. Not quite the same visual effect, but it’s good clean fun all the same – prx.org.
WBEZ in Chicago has tricks up their sleeve and you may have reckoned that this is not the news. No way is this the news. In fact, if you’d just thrown that book with Voldemort trapped in it, thrown it in the fire, been done with the nonsense – and you would still not be as far away from the news as this is. But this is NPR.
Profetas da chuva do sertão, por Raquel de Queiroz
“Vá, por exemplo, ao sertão nordestino, nos meses de novembro e dezembro. O povo, lá não tira os olhos do céu, em procura dos prenúncios. Pequenas nuvens ao poente… pequenas, claro, ainda não é tempo das grandes, mas, se elas se juntam para o sul, quer dizer uma coisa; se aparecem ao poente, a coisa muda. Só o que elas não dizem é que a coisa será essa: como todos os adivinhos do mundo, gostam de se envolver em mistério. E aquelas nuvens inocentes são branquinhas como se fossem feitas só de gelo e neve, não, têm nada a ver com chuva, são só enfeites do céu…” (p. 13)
QUEIROZ, Rachel. Existe outra saída, sim. Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha, 2003.