Profetas da chuva do sertão, por Raquel de Queiroz

“Vá, por exemplo, ao sertão nordestino, nos meses de novembro e dezembro. O povo, lá não tira os olhos do céu, em procura dos prenúncios. Pequenas nuvens ao poente… pequenas, claro, ainda não é tempo das grandes, mas, se elas se juntam para o sul, quer dizer uma coisa; se aparecem ao poente, a coisa muda. Só o que elas não dizem é que a coisa será essa: como todos os adivinhos do mundo, gostam de se envolver em mistério. E aquelas nuvens inocentes são branquinhas como se fossem feitas só de gelo e neve, não, têm nada a ver com chuva, são só enfeites do céu…” (p. 13)

QUEIROZ, Rachel. Existe outra saída, sim. Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha, 2003.