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Life After Rio: A commentary by Mark Halle, IISD

June 2012

June 23 and the planet continues its slow decline, uninterrupted by the sustainable development summit that has just finished in Rio. Yet another UN mega-conference ends in disappointment, the low expectations fully justified. Once again, our governments have failed to demonstrate leadership, have lacked courage to make the compromises necessary to ensure a fairer, more
stable world. Once again they have kept their eyes riveted on short-term electoral deadlines and sold out future generations. We have come to a sorry pass.

When, two years ago, the UN decided to hold this conference, there was no particular reason for it except that the twentieth anniversary of the original Earth Summit was looming. There were plenty of general reasons, including the fact that most of the decisions taken in 1992 have been ignored, most of the agreed actions never taken, and the planet has continued to decline.

But nothing suggested that the necessary political will could be mustered to take transformative steps, to agree game-changing resolutions, or even to stimulate implementation of the myriad decisions, resolutions and undertakings that were made in Rio in 1992 or in the two decades since. (…)

Read the whole text here.

How “sustainability” became “sustained growth” (The Guardian)

The Rio Declaration rips up the basic principles of environmental action.

BY GLOBAL JUSTICE ECOLOGY PROJECT | JUNE 23, 2012 · 9:25 AM

By George Monbiot, published on the Guardian’s website

June 22, 2012. In 1992 world leaders signed up to something called “sustainability”. Few of them were clear about what it meant; I suspect that many of them had no idea. Perhaps as a result, it did not take long for this concept to mutate into something subtly different: “sustainable development”. Then it made a short jump to another term: “sustainable growth”. And now, in the 2012 Earth Summit text that world leaders are about to adopt, it has subtly mutated once more: into “sustained growth”.

This term crops up 16 times in the document, where it is used interchangeably with sustainability and sustainable development. But if sustainability means anything, it is surely the opposite of sustained growth. Sustained growth on a finite planet is the essence of unsustainability.

As Robert Skidelsky, who comes at this issue from a different angle, observes in the Guardian today:

“Aristotle knew of insatiability only as a personal vice; he had no inkling of the collective, politically orchestrated insatiability that we call economic growth. The civilization of “always more” would have struck him as moral and political madness. And, beyond a certain point, it is also economic madness. This is not just or mainly because we will soon enough run up against the natural limits to growth. It is because we cannot go on for much longer economising on labour faster than we can find new uses for it.”

Several of the more outrageous deletions proposed by the United States – such as any mention of rights or equity or of common but differentiated responsibilities – have been rebuffed. In other respects the Obama government’s purge has succeeded, striking out such concepts as “unsustainable consumption and production patterns” and the proposed decoupling of economic growth from the use of natural resources.

At least the states due to sign this document haven’t ripped up the declarations from the last Earth Summit, 20 years ago. But in terms of progress since then, that’s as far as it goes. Reaffirming the Rio 1992 commitments is perhaps the most radical principle in the entire declaration.

As a result, the draft document, which seems set to become the final document, takes us precisely nowhere. 190 governments have spent 20 years bracing themselves to “acknowledge”, “recognise” and express “deep concern” about the world’s environmental crises, but not to do anything about them.

This paragraph from the declaration sums up the problem for me:

“We recognize that the planet Earth and its ecosystems are our home and that Mother Earth is a common expression in a number of countries and regions and we note that some countries recognize the rights of nature in the context of the promotion of sustainable development. We are convinced that in order to achieve a just balance among the economic, social and environment needs of present and future generations, it is necessary to promote harmony with nature.”

It sounds lovely, doesn’t it? It could be illustrated with rainbows and psychedelic unicorns and stuck on the door of your toilet. But without any proposed means of implementation, it might just as well be deployed for a different function in the same room.

The declaration is remarkable for its absence of figures, dates and targets. It is as stuffed with meaningless platitudes as an advertisement for payday loans, but without the necessary menace. There is nothing to work with here, no programme, no sense of urgency or call for concrete action beyond the inadequate measures already agreed in previous flaccid declarations. Its tone and contents would be better suited to a retirement homily than a response to a complex of escalating global crises.

The draft and probably final declaration is 283 paragraphs of fluff. It suggests that the 190 governments due to approve it have, in effect, given up on multilateralism, given up on the world and given up on us. So what do we do now? That is the topic I intend to address in my column next week.

Indígenas querem cultura como pilar da sustentabilidade (IPS)

Por Clarinha Glock*

Rio de Janeiro, Brasil, 22/6/2012 (TerraViva) – Uma comitiva de 25 indígenas do Brasil, Filipinas, Estados Unidos, Guatemala, Argentina e México chamou a atenção dos participantes da Rio+20. Com suas músicas e gritos, pinturas e roupas típicas, eles se reuniram perto das bandeiras símbolos do evento, no Riocentro, para entregar a Declaração da Kari-Oca 2 aos representantes do Brasil e das Nações Unidas. Outros 400 indígenas não puderam entrar – ficaram retidos na barreira de soldados, a poucos metros da entrada do principal pavilhão. A aldeia instalada em Jacarepaguá reuniu cerca de 600 indígenas de quase todo o mundo que analisaram a situação dos povos desde a Rio 92.

c211 Indígenas querem cultura como pilar da sustentabilidadeMarcos Terena e Gilberto Carvalho: reconhecimento dos direitos indígenas. Foto: Clarinha Glock

“Estamos conscientes da história de massacre dos povos indígenas no Brasil e sabemos de nossa dívida com os índios”, falou o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência da República, que recebeu o documento em nome da presidenta Dilma Rousseff. Carvalho acompanhou parte da caminhada. “Não há como não se comprometer. Deus e a Mãe Terra abençoe todos vocês”, falou, pouco antes de entrar no Riocentro para a cerimônia de entrega da Declaração a Nikhil Seth, diretor para Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Foi um encontro amigável, de boas intenções, em que as denúncias de violações dos direitos dos indígenas, presente durante todos os dias da Rio+20 nas discussões da Kari-Oca e da Cúpula dos Povos, foi apresentada na Declaração e através de depoimentos emocionados como o de Tom Goldtooth, em nome dos povos Navajo e Dakota, dos Estados Unidos: “Este documento representa o espírito de nossos ancestrais, dos que não estão aqui porque não puderam vir, e das gerações futuras”, anunciou Goldtooth. Berenice Sanches Nahua, do México, reiterou que a economia verde não pode ser encarada como uma solução, se é a causa do problema, e o REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação) é o coração da economia verde. “Na prática, esperamos que o governo brasileiro estabeleça uma política de participação indígena, porque mostramos essa capacidade aqui”, disse o líder brasileiro Marcos Terena a Terraviva, pouco antes de encontrar o representante da ONU.

Em seu discurso, Terena ressaltou que a Declaração tem recomendações simples. “Convidamos toda a sociedade civil a proteger e a promover os nossos direitos… em harmonia com a Natureza, solidariedade, coletividade, e valores, como cuidar e compartilhar. Se a ONU quer criar um mundo justo, precisa ouvir a voz indígena sobre equilíbrio e sustentabilidade. Nesse sentido, nossa recomendação para a Rio 20 é a inclusão da cultura como quarto pilar do desenvolvimento sustentável”, afirmou Terena. E finalizou com um pedido: três minutos para falar na Conferência. “Acreditamos que em três minutos podemos ajudar a fazer uma nova Nações Unidas”.

Em nome do Secretário Geral das Nações Unidas, Nikhil Seth disse que a ONU vai fazer todo o possível para encorajar os governos a respeitarem e honrarem a cultura e as tradições, a terra e a espiritualidade dos povos indígenas. Segundo Seth, o documento final reconhece explicitamente os direitos dos indígenas e a ONU vai fazer “todo o possível para respeitar e honrar os resultados da Rio+20”. Seth prometeu repassar ao secretariado o pedido de Terena para falar na plenária. Ao final, o líder espiritual que abriu a Kari-Oca há uma semana fez uma reza simbólica e Terena convidou para o encerramento do fogo sagrado marcado para as 13h do dia 22, data de encerramento da Conferência. (TerraViva)

* Publicado originalmente no site TerraViva.

 

Declaração final da Cúpula dos Povos na Rio+20

Sexta-feira, 22 junho, 2012

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O documento final da Cúpula dos povos sintetiza os principais eixos discutidos durante as plenárias e assembléias, assim como expressam as intensas mobilizações ocorridas durante esse período – de 15 a 22 de junho – que apontam as convergências em torno das causas estruturais e das falsas soluções, das soluções dos povos frente às crises, assim como os principais eixos de luta para o próximo período.

As sínteses aprovadas nas plenárias integram e complementam este documento político para que os povos, movimentos e organizações possam continuar a convergir e aprofundar suas lutas e construção de alternativas em seus territórios, regiões e países em todos os cantos do mundo.
Você também pode ler a carta aqui (em pdf).

Declaração final
Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental
Em defesa dos bens comuns, contra a mercantilização da vida

Movimentos sociais e populares, sindicatos, povos, organizações da sociedade civil e ambientalistas de todo o mundo presentes na Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, vivenciaram nos acampamentos, nas mobilizações massivas, nos debates, a construção das convergências e alternativas, conscientes de que somos sujeitos de uma outra relação entre humanos e humanas e entre a humanidade e a natureza, assumindo o desafio urgente de frear a nova fase de recomposição do capitalismo e de construir, através de nossas lutas, novos paradigmas de sociedade.

A Cúpula dos Povos é o momento simbólico de um novo ciclo na trajetória de lutas globais que produz novas convergências entre movimentos de mulheres, indígenas, negros, juventudes, agricultores/as familiares e camponeses, trabalhadore/as, povos e comunidades tradicionais, quilombolas, lutadores pelo direito a cidade, e religiões de todo o mundo. As assembléias, mobilizações e a grande Marcha dos Povos foram os momentos de expressão máxima destas convergências.

As instituições financeiras multilaterais, as coalizações a serviço do sistema financeiro, como o G8/G20, a captura corporativa da ONU e a maioria dos governos demonstraram irresponsabilidade com o futuro da humanidade e do planeta e promoveram os interesses das corporações na conferencia oficial. Em constraste a isso, a vitalidade e a força das mobilizações e dos debates na Cúpula dos Povos fortaleceram a nossa convicção de que só o povo organizado e mobilizado pode libertar o mundo do controle das corporações e do capital financeiro.

Há vinte anos o Fórum Global, também realizado no Aterro do Flamengo, denunciou os riscos que a humanidade e a natureza corriam com a privatização e o neoliberalismo. Hoje afirmamos que, além de confirmar nossa análise, ocorreram retrocessos significativos em relação aos direitos humanos já reconhecidos. A Rio+20 repete o falido roteiro de falsas soluções defendidas pelos mesmos atores que provocaram a crise global. À medida que essa crise se aprofunda, mais as corporações avançam contra os direitos dos povos, a democracia e a natureza, sequestrando os bens comuns da humanidade para salvar o sistema economico-financeiro.

As múltiplas vozes e forças que convergem em torno da Cúpula dos Povos denunciam a verdadeira causa estrutural da crise global: o sistema capitalista patriarcal, racista e homofobico.

As corporações transnacionais continuam cometendo seus crimes com a sistematica violação dos direitos dos povos e da natureza com total impunidade. Da mesma forma, avançam seus interesses através da militarização, da criminalização dos modos de vida dos povos e dos movimentos sociais promovendo a desterritorialização no campo e na cidade.
Da mesma forma denunciamos a divida ambiental histórica que afeta majoritariamente os povos oprimidos do mundo, e que deve ser assumida pelos países altamente industrializados, que ao fim e ao cabo, foram os que provocaram as múltiplas crises que vivemos hoje.

O capitalismo também leva à perda do controle social, democrático e comunitario sobre los recursos naturais e serviços estratégicos, que continuam sendo privatizados, convertendo direitos em mercadorias e limitando o acesso dos povos aos bens e serviços necessarios à sobrevivencia.
A dita “economia verde” é uma das expressões da atual fase financeira do capitalismo que também se utiliza de velhos e novos mecanismos, tais como o aprofundamento do endividamento publico-privado, o super-estímulo ao consumo, a apropriação e concentração das novas tecnologias, os mercados de carbono e biodiversidade, a grilagem e estrangeirização de terras e as parcerias público-privadas, entre outros.

As alternativas estão em nossos povos, nossa historia, nossos costumes, conhecimentos, práticas e sistemas produtivos, que devemos manter, revalorizar e ganhar escala como projeto contra-hegemonico e transformador.
A defesa dos espaços públicos nas cidades, com gestão democrática e participação popular, a economia cooperativa e solidaria, a soberania alimentar, um novo paradigma de produção, distribuição e consumo, a mudança da matriz energética, são exemplos de alternativas reais frente ao atual sistema agro-urbano-industrial.

A defesa dos bens comuns passa pela garantia de uma série de direitos humanos e da natureza, pela solidariedade e respeito às cosmovisões e crenças dos diferentes povos, como, por exemplo, a defesa do “Bem Viver” como forma de existir em harmonia com a natureza, o que pressupõe uma transição justa a ser construída com os trabalhadores/as e povos.

Exigimos uma transição justa que supõe a ampliação do conceito de trabalho, o reconhecimento do trabalho das mulheres e um equilíbrio entre a produção e reprodução, para que esta não seja uma atribuição exclusiva das mulheres. Passa ainda pela liberdade de organização e o direito a contratação coletiva, assim como pelo estabelecimento de uma ampla rede de seguridade e proteção social, entendida como um direito humano, bem como de políticas públicas que garantam formas de trabalho decentes.

Afirmamos o feminismo como instrumento da construção da igualdade, a autonomia das mulheres sobre seus corpos e sexualidade e o direito a uma vida livre de violência. Da mesma forma reafirmamos a urgência da distribuição de riqueza e da renda, do combate ao racismo e ao etnocídio, da garantia do direito a terra e território, do direito à cidade, ao meio ambiente e à água, à educação, a cultura, a liberdade de expressão e democratização dos meios de comunicação.

O fortalecimento de diversas economias locais e dos direitos territoriais garantem a construção comunitária de economias mais vibrantes. Estas economias locais proporcionam meios de vida sustentáveis locais, a solidariedade comunitária, componentes vitais da resiliência dos ecossistemas. A diversidade da natureza e sua diversidade cultural associada é fundamento para um novo paradigma de sociedade.

Os povos querem determinar para que e para quem se destinam os bens comuns e energéticos, além de assumir o controle popular e democrático de sua produção. Um novo modelo enérgico está baseado em energias renováveis descentralizadas e que garanta energia para a população e não para as corporações.

A transformação social exige convergências de ações, articulações e agendas a partir das resistências e alternativas contra hegemônicas ao sistema capitalista que estão em curso em todos os cantos do planeta. Os processos sociais acumulados pelas organizações e movimentos sociais que convergiram na Cúpula dos Povos apontaram para os seguintes eixos de luta:

  • Contra a militarização dos Estados e territórios;
  • Contra a criminalização das organizações e movimentos sociais;
  • Contra a violência contra as mulheres;
  • Contra a violência as lesbicas, gays, bissexuais, transexuais e transgeneros;
  • Contra as grandes corporações;
  • Contra a imposição do pagamento de dívidas econômicas injustas e por auditorias populares das mesmas;
  • Pela garantia do direito dos povos à terra e território urbano e rural;
  • Pela consulta e consentimento livre, prévio e informado, baseado nos princípios da boa fé e do efeito vinculante, conforme a Convenção 169 da OIT;
  • Pela soberania alimentar e alimentos sadios, contra agrotóxicos e transgênicos;
  • Pela garantia e conquista de direitos;
  • Pela solidariedade aos povos e países, principalmente os ameaçados por golpes militares ou institucionais, como está ocorrendo agora no Paraguai;
  • Pela soberania dos povos no controle dos bens comuns, contra as tentativas de mercantilização;
  • Pela mudança da matriz e modelo energético vigente;
  • Pela democratização dos meios de comunicação;
  • Pelo reconhecimento da dívida histórica social e ecológica;
  • Pela construção do DIA MUNDIAL DE GREVE GERAL.

Voltemos aos nossos territórios, regiões e países animados para construirmos as convergências necessárias para seguirmos em luta, resistindo e avançando contra os sistema capitalista e suas velhas e renovadas formas de reprodução.

Em pé continuamos em luta!

Rio de Janeiro, 15 a 22 de junho de 2012.
Cúpula dos Povos por Justiça Social e ambiental em defesa dos bens comuns, contra a mercantilização da vida.

DECLARACION DE KARI-OCA 2012

DECLARACION DE KARI-OCA 2012

“CONFERENCIA MUNDIAL DE LOS PUEBLOS INDIGENAS

SOBRE RIO+20 Y LA MADRE TIERRA” 13 -22 Junio 2012

Nosotros, los Pueblos Indígenas de la Madre Tierra reunidos en la sede de Kari-Oca I Sacred Kari-Oka Púku en Rio de Janeiro para participar en la Conferencia de las Naciones Unidas sobre Desarrollo Sostenible Rio+20, agradecemos a los Pueblos Indígenas de Brasil por darnos la bienvenida a sus territorios. Reafirmamos nuestra responsabilidad para hablar para la protección y del bienestar de la Madre Tierra, la naturaleza y las futuras generaciones de nuestros Pueblos Indígenas y toda la humanidad y la vida. Reconocemos el significado de esta segunda convocatoria de los Pueblos Indígenas del mundo y reafirmamos la reunión histórica de 1992 de Kari-Oca I, donde los Pueblos Indígenas emitieron la Declaración de Kari-Oca y la Carta de la Tierra de los Pueblos Indígenas. La conferencia de Kari-Oca y la movilización de los Pueblos Indígenas durante la Cumbre de la Tierra, marcó un gran avance del movimiento internacional para los derechos de los Pueblos Indígenas y el papel importante que desempeñamos en la conservación y el desarrollo sostenible. Reafirmamos también la Declaración de Manaos sobre la convocatoria de Kari-Oca 2 como el encuentro internacional de los Pueblos Indígenas en Río+20.

La institucionalización del colonialismo

Consideramos que los objetivos de la Cumbre de las Naciones Unidas sobre Desarrollo Sostenible (UNCSD) Río+20, la “Economía Verde” y su premisa de que el mundo sólo puede “salvar” a la naturaleza por mercantilizar sus capacidades de dar vida y sostener la vida como una continuación del colonialismo que los Pueblos Indígenas y nuestra Madre Tierra han resistido durante 520 años. La “Economía Verde” se promete erradicar la pobreza, pero en realidad sólo va a favorecer y responder a las empresas multinacionales y el capitalismo. Se trata de una continuación de una economía global basada en los combustibles fósiles, la destrucción del medio ambiente mediante la explotación de la naturaleza a través de las industrias extractivas, tales como la minería, la explotación y producción petrolera, la agricultura intensiva de mono-cultivos y otras inversiones capitalistas. Todos estos esfuerzos están dirigidos hacia las ganancias y la acumulación de capital por unos pocos.

Desde Rio 1992, nosotros como Pueblos Indígenas vemos que el colonialismo se ha convertido en la base de la globalización del comercio y la hegemónica economía capitalista mundial. Se han intensificado la explotación y el saqueo de los ecosistemas y biodiversidad del mundo, así como la violación los derechos inherentes de los pueblos indígenas. Nuestro derecho a la libre determinación, a nuestra propia gobernanza y a nuestro desarrollo libremente determinado, nuestros derechos inherentes a nuestras tierras, territorios y recursos están cada vez más atacados por una colaboración de gobiernos y empresas transnacionales. Activistas y líderes indígenas que defienden sus territorios siguen sufriendo represión, militarización, incluyendo asesinatos, encarcelamientos, hostigamiento y calificación como “terroristas”. La violación de nuestros derechos colectivos enfrenta la misma impunidad. La reubicación forzosa o asimilación amenaza nuestras futuras generaciones, culturas, idiomas, espiritualidad y relación con la Madre Tierra, económica y políticamente.

Nosotros, pueblos indígenas de todas las regiones del mundo, hemos defendido a Nuestra Madre Tierra de las agresiones del desarrollo no sustentable y la sobreexplotación de nuestros recursos por minería, maderería, megarepresas hidroeléctricas, exploración y extracción petrolera. Nuestros bosques sufren por la producción de agrocombustibles, biomasa, plantaciones y otras imposiciones como las falsas soluciones al cambio climático y el desarrollo no sustentable y dañino.

La Economía Verde es nada menos que capitalismo de la naturaleza; un esfuerzo perverso de las grandes empresas, las industrias extractivas y los gobiernos para convertir en dinero toda la Creación mediante la privatización, mercantilización y venta de lo Sagrado y todas las formas de vida, así como el cielo, incluyendo el aire que respiramos, el agua que bebemos y todos los genes, plantas, semillas criollas, árboles, animales, peces, diversidad biológica y cultural, ecosistemas y conocimientos tradicionales que hacen posible y disfrutable la vida sobre la tierra.

Violaciónes graves de los derechos de los pueblos indígenas a la soberanía alimentaria continúan sin cesar lo que da lugar a la “inseguridad” alimentaria. Nuestra propia producción de alimentos, las plantas que nos reunimos, los animales que cazamos, nuestros campos y las cosechas, el agua que bebemos y el agua a nuestros campos, los peces que pescamos de nuestros ríos y arroyos, está disminuyendo a un ritmo alarmante. Proyectos de desarrollo no sostenibles, tales como mono-culturales plantaciones de soja químicamente intensiva, las industrias extractivas como la minería y otros proyectos destructivos del medioambiente y las inversiones con fines de lucro están destruyendo nuestra biodiversidad, envenenando nuestra agua, nuestros ríos, arroyos, y la tierra y su capacidad para mantener la vida. Esto se agrava aún más por el cambio climático y las represas hidroeléctricas y otras formas de producción de energía que afectan a todo el ecosistema y su capacidad para proveer la vida. La soberanía alimentaria es una expresión fundamental de nuestro derecho colectivo a la libre determinación y desarrollo sustentable. La soberanía alimentaria y el derecho a la alimentación deben ser reconocido y respetados: alimentación no debe ser mercancía que se utiliza, comercializada o especula con fines de lucro. Nutre nuestras identidades, nuestras culturas e idiomas, y nuestra capacidad para sobrevivir como pueblos indígenas.

La Madre Tierra es la fuente de la vida que se requiere proteger, no como un recurso para ser explotado y mercantilizado como “capital natural”. Tenemos nuestro lugar y nuestras responsabilidades dentro del orden sagrado de la Creación. Sentimos la alegría sustentadora cuando las cosas ocurren en armonía con la Tierra y con toda la vida que crea y sostiene. Sentimos el dolor de la falta de armonía cuando somos testigos de la deshonra del orden natural de la Creación y la colonización económica y continua y la degradación de la Madre Tierra y toda la vida en ella. Hasta que los derechos de los pueblos indígenas sean observados, velados y respetados, el desarrollo sustentable y la erradicación de la pobreza no se lograrán.

La Solución

La relación inseparable entre los seres humanos y la Tierra, inherente para los pueblos indígenas debe ser respetada por el bien de las generaciones futuras y toda la humanidad. Instamos a toda la humanidad a unirse con nosotros para transformar las estructuras sociales, las instituciones y relaciones de poder que son la base de nuestra pobreza, opresión y explotación. La globalización imperialista explota todo lo que sostiene la vida y daña la tierra. Necesitamos reorientar totalmente la producción y el consumo en base de las necesidades humanas en lugar de la acumulación desenfrenada de ganancia de para unos pocos. La sociedad debe tomar control colectivo de los recursos productivos para satisfacer las necesidades de desarrollo social sostenible y evitar la sobreproducción, el sobreconsumo y la sobreexplotación de las personas y la naturaleza que son inevitables bajo prevaleciente sistema capitalista monopólico. Debemos enfocar sobre comunidades sostenibles con base en conocimientos indígena sy no desarrollo capitalista.

Exigimos que las Naciones Unidas, los gobiernos y las empresas abandonen las falsas soluciones al cambio climático, tales como las grandes represas hidroeléctricas, los organismos genéticamente modificados, incluyendo los árboles transgénicos, las plantaciones, los agrocombustibles, el “carbón limpio”, la energía nuclear, el gas natural, el fracturamiento hidráulico, la nanotecnología, la biología sintética, la bioenergía, la biomasa, el biochar, la geo-ingeniería, los mercados de carbono, el Mecanismo de Desarrollo Limpio y REDD+ que ponen en peligro el futuro y la vida tal como la conocemos. En lugar de ayudar a reducir el calentamiento global, ellos envenenan y destruyen el medio ambiente y dejan que la crisis climática aumente exponencialmente, lo que puede dejar el planeta prácticamente inhabitable. No podemos permitir que las falsas soluciones destruyan el equilibrio de la Tierra, asesinen a las estaciones, desencadenen el caos del mal tiempo, privaticen la vida y amenacen la supervivencia de la humanidad. La Economía Verde es un crimen de lesa humanidad y contra la Tierra.

Para lograr el desarrollo sostenible los Estados deben reconocer los sistemas tradicionales de manejo de recursos de los pueblos indígenas que han existido por milenios, sosteniéndonos aún durante el colonialismo. Es fundamental asegurar la participación activa de los pueblos indígenas en los procesos de toma de decisiones que les afectan y su derecho al consentimiento libre, previo e informado. Los Estados también deben proporcionar apoyo a los pueblos indígenas que sea apropiada a su sustentabilidad y prioridades libremente determinadas, sin restricciones y directrices limitantes.

Seguiremos luchando contra la construcción de represas hidroeléctricas y todas las formas de producción de energía que afectan a nuestras aguas, nuestros peces, nuestra biodiversidad y los ecosistemas que contribuyen a nuestra soberanía alimentaria. Trabajaremos para preservar nuestros territorios contra el veneno de las plantaciones de monocultivos, de las industrias extractivas y otros proyectos destructivos del medioambiente, y continuar nuestras formas de vida, preservando nuestras culturas e identidades. Trabajaremos para preservar nuestras plantas y las semillas tradicionales, y mantener el equilibrio entre nuestras necesidades y las necesidades de nuestra Madre Tierra y su capacidad de sostener la vida. Demostraremos al mundo que se puede y se debe hacer. En todos estos asuntos recopilaremos y organizaremos la solidaridad de todos los pueblos indígenas de todas partes del mundo, y todas las demás fuentes de solidaridad con los no indígenas de buena voluntad a unirse a nuestra lucha por la soberanía alimentaria y la seguridad alimentaria. Rechazamos la privatización y el control corporativo de los recursos, tales como nuestras semillas tradicionales y de los alimentos. Por último, exigimos a los estados a defender nuestros derechos al control de nuestros sistemas de gestión tradicionales y ofreciendo un apoyo concreto, tales como las tecnologías apropiadas para que podamos desarrollar nuestra soberanía alimentaria.

Rechazamos las promesas falsas del desarrollo sostenible y soluciones al cambio climático que solamente sirven al orden económico dominante. Rechazamos REDD, REDD+ y otras soluciones basadas en el mercado que tienen como enfoque nuestros bosques, para seguir violando nuestros derechos inherentes a la libre determinación y el derecho a nuestras tierras, territorios, aguas y recursos, y el derecho de la Tierra a crear y sostener la vida. No existe tal cosa como “minería sostenible”. No hay tal cosa como “petróleo ético”.

Rechazamos la aplicación de derechos de propiedad intelectual sobre los recursos genéticos y el conocimiento tradicional de los pueblos indígenas que resulta en la enajenación y mercantilización de lo Sagrado esencial para nuestras vidas y culturas. Rechazamos las formas industriales de la producción alimentaria que promueve el uso de agrotóxicos, semillas y organismos transgénicos. Por lo tanto, afirmamos nuestro derecho a poseer, controlar, proteger y heredar las semillas criollas, plantas medicinales y los conocimientos tradicionales provenientes de nuestras tierras y territorios para el beneficio de nuestras futuras generaciones.

Nuestro Compromiso con el Futuro que Queremos

Debido a la falta de implementación verdadera del desarrollo sostenible el mundo está en múltiples crisis ecológicas, económicas y climáticas; incluyendo la pérdida de biodiversidad, desertificación, el derretimiento de los glaciares, escases de alimentos, agua y energía, una recesión económica mundial que se agudiza, la inestabilidad social y la crisis de valores. En ese sentido, reconocemos que queda mucho que hacer para que los acuerdos internacionales respondan adecuadamente a los derechos y necesidades de los pueblos indígenas. Las contribuciones actuales y potenciales de nuestros pueblos deben ser reconocidas como un desarrollo sostenible y verdadero para nuestras comunidades que permita que cada uno de nosotros alcancemos el Buen Vivir.

Como pueblos, reafirmamos nuestro derecho a la libre determinación y a poseer, controlar y manejar nuestras tierras y territorios tradicionales, aguas y otros recursos. Nuestras tierras y territorios son la parte medular de nuestra existencia -somos la Tierra y la Tierra es nosotros-; tenemos una relación espiritual y material con nuestras tierras y territorios y están intrínsecamente ligados a nuestra supervivencia y a la preservación y desarrollo de nuestros sistemas de conocimientos y culturas, la conservación y uso sostenible de la biodiversidad y el manejo de ecosistemas.

Ejerceremos el derecho a determinar y establecer nuestras prioridades y estrategias de autodesarrollo y para el uso de nuestras tierras, territorios y otros recursos. Exigimos que el consentimiento libre, previo e informado sea el principio de aprobación o rechazo de cualquier plan, proyecto o actividad que afecte nuestras tierras, territorios y otros recursos. Sin el derecho al consentimiento libre, previo e informado el modelo colonialista del dominio de la Tierra y sus recursos seguirá con la misma impunidad.

Seguiremos uniéndonos como pueblos indígenas y construyendo una solidaridad y alianza fuertes entre nosotros mismos, comunidades locales y verdaderos promotores no-indígenas de nuestros temas. Esta solidaridad avanzará la campaña mundial para los derechos de los pueblos indígenas a su tierra, vida y recursos y el logro de nuestra libre determinación y liberación.

Seguiremos retando y resistiendo los modelos colonialistas y capitalistas que promueven la dominación de la naturaleza, el crecimiento económico desenfrenado, la extracción de recursos sin límite para ganancias, el consumo y la producción insostenibles y las mercancías no reglamentadas y los mercados financieros. Los seres humanos son una parte integral del mundo natural y todos los derechos humanos, incluyendo los derechos de los pueblos indígenas que deben ser respetados y velados por el desarrollo.

Invitamos a toda la sociedad civil a proteger y promover nuestros derechos y cosmovisiones y respetar la ley de la naturaleza, nuestras espiritualidades y culturas y nuestros valores de reciprocidad, armonía con la naturaleza, la solidaridad y la colectividad. El cuidar y el compartir, entre otros valores, son cruciales para crear un mundo más justo, equitativo y sostenible. En este contexto, hacemos un llamado por la inclusión de la cultura como el cuarto pilar del desarrollo sostenible.

El reconocimiento jurídico y la protección de los derechos de los pueblos indígenas a la tierra, territorios, recursos y los conocimientos tradicionales deberían ser un requisito para el desarrollo y planificación de todos y cada uno de los tipos de adaptación y mitigación del cambio climático, conservación ambiental (incluyendo la creación de “áreas protegidas”), el uso sostenible de la biodiversidad y medidas a combatir desertificación. En todos los casos, tienen que haber consentimiento libre, previo e informado.

Continuamos dando seguimiento a los compromisos asumidos en la Cumbre de la Tierra tal como se refleja en esta declaración política. Hacemos un llamado a la ONU a comenzar su implementación, y asegurar la participación plena, formal y efectiva de los pueblos indígenas en todos los procesos y actividades de la Conferencia de Rio+20 y más allá, de acuerdo con la DNUDPI y el principio del consentimiento libre, previo e informado (CLPI). Seguimos habitando y manteniendo los últimos ecosistemas sostenibles y las más altas concentraciones de biodiversidad en el mundo. Podemos contribuir de una manera significativa al desarrollo sostenible pero creemos que el marco holístico de ecosistemas para el desarrollo se debe promover. Eso incluye la integración del enfoque de derechos humanos, el enfoque de ecosistemas y enfoques culturalmente sensibles y basados en conocimientos.

Caminamos al futuro en las huelles de nuestros antepasados.

Aprobado por aclamación, Aldea de Kari-Oca, en el sagrado Kari-Oca Púku.

Rio de Janeiro, Brasil, 18 de junio de 2012

Rio+20 chega ao fim com resultado tímido e promessas adiadas (BBC)

Atualizado em  22 de junho, 2012 – 16:20 (Brasília) 19:20 GMT

Índio | Foto: Agência BrasilDuas décadas após a Eco-92, Rio+20 não produziu respostas às principais questões modernas.

No último dia da Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu a todos os governos que eliminem a fome do mundo. Ele disse que, em um mundo populoso, ninguém deveria passar fome.

A fase final da conferência também registrou promessas de diferentes países e empresas em temas como energias limpas.

Mesmo assim, um grupo de políticos veteranos se juntaram a organizações ambientalistas em sua avaliação de que a declaração final do encontro foi o resultado de um “fracasso de liderança”.

Na visão do vice-primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Nick Clegg, o resultado das discussões pode ser classificado como “insípido”.

O encontro, que marcou os 20 anos após a emblemática Cúpula da Terra também realizada no Rio de Janeiro, em 1992, e 40 anos depois da primeira reunião mundial sobre o tema, em Estocolmo, tinha como objetivo estimular novas medidas rumo a uma “economia verde”.

Mas a declaração que foi concluída por negociadores de diferentes governos na terça-feira, e que ministros e chefes de Estado e governo não quiseram rediscutir, coloca a economia verde apenas como um de muitos caminhos rumo a um desenvolvimento sustentável.

Mary Robinson, ex-presidente irlandesa que também já ocupou o posto de Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, disse que os termos do documento não são suficientes.

“Este é um daqueles momentos únicos em uma geração, quando o mundo precisa de visão, compromisso e, acima de tudo, liderança”, disse. “Tristemente, o documento atual é um fracasso de liderança”, afirmou, ecoando as declarações do vice-premiê britânico.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que a declaração não produz benefícios para a proteção ambiental nem para o desenvolvimento humano.

“Esta divisão antiga entre o meio ambiente e o desenvolvimento não é o caminho para resolver os problemas que estamos criando para nossos netos e bisnetos”, disse. “Temos que aceitar que as soluções para a pobreza e a desigualdade se encontram no desenvolvimento sustentável, e não no crescimento a qualquer custo.”

O secretário-geral da ONU esperava que o encontro adotasse medidas mais firmes para garantir que os mais pobres tivessem acesso a água, energia e alimentos. No entanto, sua emblemática iniciativa Energia Sustentável para Todos foi apenas citada no texto, ao invés de receber apoio enfático dos líderes.

Esperança

Na fase final do encontro, Ban Ki-moon desafiou os governos mundiais a fazerem mais.

“Em um mundo de muitos, ninguém, nem mesmo uma única pessoa, deveria passar fome”, disse. “Convido todos vocês a se juntarem a mim para trabalhar em um futuro sem fome”, acrecentou a uma plateia estimada em 130 chefes de Estado e governo.

“Embora o mundo produza comida suficiente para alimentar todos os habitantes do planeta, há mais pessoas passando fome hoje do que no último encontro organizado no Rio em 1992. “

Barbara Stocking, diretora-executiva da Oxfam Internacional

Atualmente acredita-se que quase 1 bilhão de pessoas – um sétimo da população mundial – vivem em fome crônica, enquanto outro bilhão não recebe nutrição adequada.

As medidas que poderiam ajudar a eliminar essa situação incluem a redução do desperdício de alimentos – quase um terço de todos os alimentos produzidos são jogados no lixo nos países ricos, e uma proporção ainda maior nos países mais pobres, por razões diferentes – além de dobrar a produtividade de pequenas propriedades.

O desafio é parcialmente baseado no programa Fome Zero, criado no Brasil pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“O anúncio de Ban Ki-moon é um raio de esperança bem-vindo em uma conferência que foi vergonhosamente marcada pela ausência de progresso”, disse Barbara Stockling, chefe da ONG internacional Oxfam.

“Apesar do fato de que o mundo produz alimentos suficientes para todos, há mais pessoas com fome hoje do que em 1992, quando o mundo se reuniu pela última vez no Rio”, acrecentou.

No entanto, até o momento, tudo o que há de concreto é um desafio. Não há dinheiro nem mudanças na maneira como a própria ONU se posiciona sobre o assunto da fome.

Em paralelo às principais negociações no Rio, empresas e governos firmaram mais de 200 compromissos de ações voluntárias em diferentes áreas.

Energia, água e alimentos estão neste pacote, embora a maioria das promessas sejam de inclusão do tema desenvolvimento sustentável em programas educacionais.

Indígenas criticam o REDD (IPS)

Envolverde Rio + 20
21/6/2012 – 10h27

por Clarinha Glock, da IPS

Indigenas 300x225 Indígenas criticam o REDD

Protestos contra a mercantilização da natureza. Foto: Mario Osava.

Rio de Janeiro, Brasil, 21/6/2012 (TerraViva) – Os indígenas reunidos na aldeia Kari-Oca pretendem entregar hoje (21) um documento à presidenta Dilma Rousseff, no Riocentro. Segundo Berenice Sanches Nahua, 30 anos, integrante da Aliança Mundial dos Povos Indígenas e Comunidades Locais sobre Mudanças Climáticas e contra a REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação), a Declaração da Kari-oca 2 (a primeira foi na Rio-92) reafirma a preocupação com a “farsa” da economia verde, que comercializa o que para os indígenas é mais sagrado, toma o seu território e viola os direitos da Mãe Terra. “Esperamos que os representantes da Rio+20 abram suas mentes e corações e se deem conta de que não há mais o que fazer senão defender a Mãe Terra e seus filhos”, falou Berenice.

A Aldeia foi inaugurada pelo indígena Marcos Terena e foi instalada em Jacarepaguá. A Declaração diz: “Desde Rio 1992, nós como Povos Indígenas vemos que o colonialismo está sendo transformado na base da globalização do comércio e da hegemonia econômica capitalista mundial. Se vem intensificado a exploração e o roubo dos ecossistemas e biodiversidade do mundo, assim como a violação aos diretos inerentes dos povos indígenas. Nosso direito a livre determinação, a nossa própria governança e ao nosso desenvolvimento livremente determinado, nossos direitos inerentes as nossas terras, territórios e recursos estão cada vez  mais atacados por uma colaboração de governos e empresas transnacionais”.

Os indígenas acrescentam: “Fazemos um chamado a ONU a começar sua implementação, e assegurar a participação plena, formal e efetiva dos povos indígenas em todos os processos e atividades da Conferência de Rio+20 e mais  além, de acordo com a Declaração das Nações Unidas sobe os Direitos dos Povos Indígenas (DNUDPI) e o principio do consentimento livre, prévio e informado (CLPI)”. A declaração encerra com a frase que iniciou a Declaração Kari-Oca de 1992: “Caminhamos para o futuro nos rastros de nossos antepassados”. (TerraViva)

* Publicado originalmente no site TerraViva.

A diretriz do Rio é decepcionante, dizem grupos da sociedade civil (IPS)

Envolverde Rio + 20
21/6/2012 – 10h48

por Stephen Leahy, da IPS

Rio Civil Society final1 A diretriz do Rio é decepcionante, dizem grupos da sociedade civil

Um cartaz em uma parede no Riocentro. Grupos da sociedade civil dizem que estão “muito decepcionados” com as negociações formais na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Foto: Stephen Leahy/IPS

Rio de Janeiro, Brasil (TerraViva) “Muito decepcionante” é a forma como empresas e organizações não governamentais descreveram, hoje, as negociações intergovernamentais formais na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.

Depois de dois anos, negociadores de mais de 190 nações concordaram com um documento de 49 páginas destinado a ser o roteiro para essa transformação. Ele será apresentado aos chefes de Estado no Rio de Janeiro, na abertura da reunião de alto nível da cúpula, no dia 20. Funcionários da ONU disseram que era altamente improvável que qualquer mudança seja feita. O documento deixa de fora o fundo de US$ 30 bilhões para financiar a transição para uma economia verde proposto pelo Grupo dos 77 (G-77), bloco de nações em desenvolvimento mais a China, e não define Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (SDGs) tangíveis para substituir as Metas do Milênio, que expiram em 2015.

“Isso é extremamente decepcionante…. Não há visão, não há dinheiro e realmente não há compromissos aqui”, disse Lasse Gustavsson, chefe internacional da delegação para a Rio+20 do World Wildlife Fund (WWF). “A Rio +20 deveria ter sido sobre a vida, sobre o futuro dos nossos filhos, dos nossos netos. Deveria ter sido sobre florestas, rios, lagos, oceanos dos quais todos nós estamos dependendo para a nossa segurança de alimentos, água e energia”, declarou ao TerraViva.

A conferência foi um contraste gritante com a emocionante atmosfera de “vamos mudar o mundo” da primeira Cúpula da Terra em 1992, disse Robert Engleman do Worldwatch Institute, um “think tank” ambiental internacional. Enquanto o documento de forma geral re-confirma compromissos passados de uma forma muito passiva, há uma nova confirmação a respeito da importância da preservação de sementes tradicionais, e a consideração sobre fortalecer o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), afirmou ao TerraViva.

“Este documento é uma grande decepção, não há ambição e pouca referência aos desafios planetários que enfrentamos”, disse Kiara Worth, representando o grupo Crianças e Jovens na Rio +20. “As vozes da sociedade civil e as futuras gerações não serão ouvidas. Devemos chamar este evento de ‘Rio menos 20′ porque estamos indo para trás”, declarou ao TerraViva.

Steven Wilson do International Council for Science, uma organização não governamental que representa organismos científicos nacionais e uniões científicas internacionais, observou que “a evidência científica é clara. Nós vamos precisar de um esforço global em ciência e tecnologia para atender o maior desafio que a humanidade já enfrentou, e eu não entendo porque não há uma seção no documento sobre a ciência. Isto passa uma mensagem muito infeliz”.

Jeffery Huffines da Civicus World Alliance for Citizen Participation, organização com sede em Joahnnesburgo, na África do Sul, opinou que “nós temos um sistema econômico fundamentalmente falho e nós da sociedade civil esperávamos que os governos do mundo reconhecessem essa realidade, mas eles não fizeram isso.” Em vez disso, há 49 páginas de conceitos, sem quaisquer compromissos ou meios para avançar com estes conceitos. O papel da participação da sociedade civil tem sido limitado. “Precisamos de uma tomada de decisões mais democrática, e não menos”, enfatizou. Envolverde/IPS

* Publicado originalmente no site TerraViva.

Steiner e Cúpula dos Povos se chocam quanto à economia verde (IPS)

Economia Verde
19/6/2012 – 09h28

por Fabiana Frayssinet, da IPS

c17 300x198 Steiner e Cúpula dos Povos se chocam quanto à economia verde

Achim Steiner debatendo na Cúpula dos Povos. Crédito: João Roberto Ripper

Rio de Janeiro, Brasil, 18/6/2012 (TerraViva) O diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner, acredita que ele a Cúpula dos Povos coincidem quanto ao atual modelo econômico ter causado o colapso ambiental. Porém, o diálogo sobre como substituí-lo se transformou em áspero debate.

O encontro com Steiner foi o mais esperado da Cúpula dos Povos: um alto representante da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, se deslocou para o outro lado da cidade, até a sede da reunião da sociedade civil no Aterro do Flamengo, para discutir com ecologistas e ativistas sociais sobre economia verde.

A economia verde é proposta como uma grande transformação dos modelos de produção e consumo para deter a contaminação e o esgotamento dos recursos naturais. Entretanto, para os movimentos sociais, não é mais do que outra cor para disfarçar o capitalismo.

“A Cúpula dos Povos é crítica da economia verde, porque os povos é que sofrem a crise do capitalismo e desse modelo de produção que quanto mais se agrava mais avança sobre nossos direitos”, afirmou de início a brasileira Fátima Mello, uma das organizadoras do encontro.

“Entendemos que a economia verde, que se baseia na mercantilização de bens naturais, está estreitamente ligada a uma economia marrom”, de contaminação e depredação, disse a também brasileira Larissa Packer, da organização Terra de Direitos.

A verdadeira “economia verde não é o dólar verde, como a veem os governantes. É nossa Amazônia verde”, defendeu o indígena boliviano Edwin Vásquez, que acusou as corporações transnacionais de invadirem e saquearem os recursos naturais.

Por sua vez, o argentino Juan Herrera, da rede internacional Via Camponesa, propôs um modelo de “economia popular, solidária e camponesa” que substitua o atual grande agronegócio, pois este “gerou verdadeiros desertos de soja e milho onde os camponeses já não têm um lugar”.

Diante desses pronunciamentos e críticas, Steiner, um especialista em políticas ambientais, se confessou “surpreso”. “No Pnuma estabelecemos que o modelo econômico atual não é o modelo do futuro. Estamos de acordo com vocês nisso”, afirmou, orientando os participantes a “lerem o documento oficial desta agência das Nações Unidas que aborda as diferentes interpretações sobre economia verde.

Sem seus habituais terno e gravata, Steiner explicou que o “fracasso” de não se ter evitado a degradação natural “tem a ver com o modelo econômico do mundo que trata o planeta como mineração: extrair, extrair e extrair”.

E quase adotou a mesma linguagem que a plateia adversária, ao se declarar crítico da “capacidade do mercado de alcançar o desenvolvimento sustentável”, e especificou: um mercado baseado, como se fosse uma “lei da física”, na livre oferta e demanda.

“O atum de barbatana azul vale hoje no mercado US$ 4 mil. Por isto, as empresas poderiam capturar até o último exemplar”, deu como exemplo para justificar que o “mercado não ajuda a administrar o planeta de forma sustentável”.

As diferenças surgiram ao se buscar opções a esse modelo. Entre outras propostas, Steiner propôs atribuir um valor econômico ao ecossistema, para promover “leis que protejam a natureza ou negócios que não sejam destrutivos”.

Também se referiu a novas tecnologias “boas e possíveis”, como as energias limpas e renováveis, que não gerariam desemprego, porque, pelo contrário, “dão mais empregos do que a indústria automobilística”.

Seus argumentos não convenceram o especialista em biodiversidade Pat Mooney. Este canadense citou tecnologias danosas propostas pela economia verde, como a biologia sintética, que modifica micro-organismos, ou o desenvolvimento de variedades transgênicas, que concentrou o controle das sementes em um punhado de multinacionais.

Mooney se disse espantado por uma economia verde que agora busca controlar a biomassa do planeta.

Tampouco o embaixador da Bolívia perante a Organização das Nações Unidas (ONU), Pablo Solón, ficou convencido, acusando Steiner de “não ter sido honesto”.

“Por trás desse conceito está o assumir que a natureza é um quintal”, enfatizou Solón elevando a voz, e afirmou que “não estamos inventando isso”, que está no rascunho em discussão pelos governos na Rio+20.

Steiner “disse que buscam desacoplar o crescimento com a deterioração ambiental. Não se pode crescer eternamente, o limite é a biodiversidade! O que necessitamos é redistribuir a riqueza!”, polemizou.

“Não por ter elevado o tom de voz e o da plateia, tudo o que você disse é correto”, respondeu Steiner. Nessa polarização entre capitalismo e anticapitalismo “o mundo não avançará”, ressaltou ao argumentar o difícil que é conseguir consenso entre todos os Estados-membros da ONU.

Propor uma economia verde sem regulamentar o mercado financeiro causará o contrário da conservação: “uma bolha financeira imprevisível”, apontou Packer ao TerraViva. “Quando há escassez de uma mercadoria, seu valor sobe. Portanto, quanto mais se destruir a natureza, maior será o valor dos ativos naturais”, alertou. (IPS/TerraViva)

* Publicado originalmente no site TerraViva.

Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável dividem participantes (IPS/TerraViva)

Envolverde Rio + 20
19/6/2012 – 09h20

por Clarinha Glock, da IPS

c87 Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável dividem participantes

Diálogos abrem espaço para a participação do sociedade civil

Anunciada como uma inovação ao trazer para os debates a participação de internautas e da população civil como parte da programação oficial da Rio+20, a proposta dos Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável trouxe também dúvidas sobre o futuro das recomendações ali definidas.

“Sempre tem uma repercussão”, admitiu ao Terraviva o professor Elimar Pinheiro do Nascimento, do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília que esteve presente no segundo dia dos “Diálogos”. “O que pode ser questionado é a natureza das discussões”, acrescentou. E explicou: “Mesmo que todas as medidas sejam implementadas, ainda estaremos muito aquém do necessário”.

Nascimento recorda que de 1992 (data da primeira conferência) até hoje houve melhorias. Por exemplo: é preciso menos energia para produzir. Porém, como as quantidades produzidas são muito maiores, no final das contas se utiliza mais matéria-prima e, portanto, a degradação do meio ambiente é maior. Se as medidas definidas nos “Diálogos” forem colocadas em prática, mas ao mesmo tempo aumentar a degradação, os impactos sobre a vida de todos também serão mais profundos, argumentou o professor.

“Da forma como está agora tendemos a viver pior – pelo menos uma parcela significativa da população que vai enfrentar mais guerras, migrações e escassez de alimentos. Para se ter uma vida melhor, é preciso muito mais”, insistiu. “É preciso sinalizar que os países do Norte não podem crescer mais, têm que estacionar suas economias, e que os países do Sul também têm que mudar sua forma de crescimento”. Nascimento ressaltou a importância de os cidadãos buscarem formas diferentes de consumo e de repensarem a rápida obsolescência dos produtos. E disse que, mesmo que o pior cenário só vá ocorrer daqui a 50 anos, é preferível tomar atitudes mais fortes hoje, e não apenas paliativos.

Rosa Alegria, coordenadora do Núcleo de Estudos do Futuro, ligado à Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, que faz parte também do projeto Millennium da Rede Pesquisa Mundial, e do Conselho Deliberativo do Diálogos para a Economia Verde (da Green Economy Coalition), é ainda menos otimista sobre os resultados dos “Diálogos” propostos pelo governo dentro da programação oficial da Rio+20. Alegria participou da construção do processo desde que a ideia foi cogitada pela primeira vez. Incorporada pelo Itamaraty, a proposta gerou controvérsias sobre o formato a ser adotado. “O que era para ser da sociedade passou a ser algo desenhado pelo governo”, lembrou.

“O que vejo aqui é um formato tradicional, conservador, que não instiga à participação, e que intimida porque é muito formal e burocrático”, criticou. Ainda assim, reconheceu que os presentes no Pavilhão 5 do Riocentro se manifestaram muito e trouxeram questões para debate. “Mas resumir um diálogo a 10 questões reduz o pensamento. O processo criativo ficou prejudicado. Não parece um diálogo, parece um fórum. Além disso, a integração da sociedade devia ser mais espontânea e a Cúpula dos Povos não deveria ter ficado separada”, disse Alegria.

Suas dúvidas se concentram agora no destino final que terão as recomendações. “Se nem o documento final está pronto, como vão conseguir incluir mais isso?”, perguntou. Ela sugeriu que os resultados dos diálogos sejam encarados como um caminho paralelo, uma espécie de monitoramento ou pós-tratado de um novo modelo econômico e uma oportunidade de elucidar a economia verde. Porque, a seu ver, a sociedade ainda não entende o que é essa tal de “economia verde”, em nenhum momento foi discutido e definido um conceito claro e objetivo. “Aqui poderia ser a oportunidade de definir esse conceito”, observou. Em entrevista coletiva realizada dia 17 de junho, o embaixador Luiz Alberto Figueiredo anunciou que um grupo se reuniria naquela tarde para tratar justamente de criar essa definição.

Do ponto de vista dos panelistas convidados, os Diálogos são um sucesso. “São um reflexo do que é moralmente e cientificamente necessário. O que estes documentos mostram é o que o mundo acredita que é preciso fazer”, ressaltou Manish Bapna, presidente do World Resources Institute, que participou do debate sobre Desenvolvimento Sustentável para o Combate à Pobreza. Em seu painel houve um consenso de que é urgente promover a educação e difundir um conceito compartilhado de responsabilidade sobre sustentabilidade. O plenário sugeriu que seja assegurada a capacitação da população para promover essa sustentabilidade, com o Estado garantindo os serviços básicos e, por fim, os panelistas concordaram com a necessidade de enfatizar o empoderamento das comunidades locais, promovendo o acesso à informação e a participação.

Maria Cecília Wey de Brito, secretária geral da WWF-Brasil, também fez críticas, mas, independentemente do processo, considerou importante estar presente no Diálogo sobre Florestas para sugerir incluir na lista de prioridades um item que prevê a meta de desamatamento zero até o ano 2020. Sua insistência teve resultado. A recomendação foi incluída, junto com a ênfase na recuperação e reflorestamento de 150 milhões de hectares imediatamente (a mais votada pelos internautas), bem como o reconhecimento da importância da Ciência, da Tecnologia e do Conhecimento Tradicional para o desenvolvimento do modo sustentável. Bertha Becker, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, enfatizou a necessidade de gerar recursos para as populações que habitam estas áreas. “A Amazônia Ocidental está se transformando numa fonteira de imigração da pobreza, porque a reforma agrária nacional levou para lá os assentados, e estão indo para lá também os haitianos, africanos e indianos”, comentou. Daí a necessidade de criar novas formas de produção sustentável e de equipar as cidades para oferecer os serviços básicos a esta população, disse Bertha.

Pelas discussões geradas, Klaus Töpfer, fundador e diretor-executivo do Instituto de Estudosem Sustentabilidade Avançados, acredita que as conclusões de todos os paineis são importantes não só para o Brasil, como para todo o mundo. “Não podemos garantir que sejam integradas ao documento principal da Rio+20, mas estarão no papel. E tiveram uma participação grande da sociedade”, resumiu Töpfer.

* Publicado originalmente no site Terra Viva.

Novo contrato social e pressão da sociedade para promover mudanças (IPS/TerraViva)

Ambiente
18/6/2012 – 11h09

por Clarinha Glock, da IPS

t72 Novo contrato social e pressão da sociedade para promover mudanças

Gro Brundtland e Ignacy Sachs

Rio de Janeiro, Brasil, 18/6/2012 (TerraViva) – O professor Ignacy Sachs, do Centro de Pesquisa sobre o Brasil contemporâneo, da Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales, da França, citou Jean-Jacques Rousseau para resumir suas expectativas em relação à Rio+20. Para Sachs, se poderia aproveitar a celebração dos 300 anos do nascimento de Rousseau para firmar um novo contrato social, como propôs o suíço Rousseau em sua obra mais famosa: “Por que não colocar essa questão no centro do debate, com a volta de um planejamento a longo prazo, entre os diversos atores?” Um novo contrato social em nível de cada país e, depois – por que não? – entre todos eles.

A proposta de Sachs foi acolhida por Rubens Ricupero, ex-secretário da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, e ex- ministro do Meio Ambiente e da Amazônia Legal (entre 1993-1994) e da Fazenda (1994) do Brasil. Sachs e Ricupero, que participaram do painel sobre “Economia do desenvolvimento sustentável, incluindo padrões de produção e consumo” que abriu o segundo dia dos Diálogos sobre Desenvolvimento Sustentável, no Riocentro, concordaram também que os pontos definidos como prioridade pela plateia e pelos painelistas durante o encontro deixaram de fora questões importantes como a promoção de uma visão holística do que é o desenvolvimento sustentável.

“Hoje a sociedade associa a sustentabilidade a uma redução do consumo e, consequentemente, do bem-estar, o que não é o caso”, disse Ricupero. “O que deve acontecer é a mudança de uma sociedade de consumo centrada em produtos e serviços para uma sociedade cujo objetivo deve ser o bem-estar”, explicou. Para que aconteça essa passagem é preciso construir uma visão de futuro desejada por todos. Para Ricupero, ficou faltando definir o que é, na prática, um modelo de consumo sustentável que saia do descartável para o durável, do global para o local, do uso individual para o uso compartilhado – em suma, o que garantiria uma “desmaterialização” da sociedade. “A inexistência desse quadro referencial torna mais difícil o caminho, porque as pessoas não se sentem estimuladas a se engajar em uma nova proposta”, afirmou. Ele exemplifica: uma das recomendações aprovadas prevê que os poderes públicos façam uma compra “verde”. Mas Ricupero lembrou que a opção sustentável ideal não seria apenas substituir papel normal por reciclado, e sim evitar o uso do papel.

A ex-primeira ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, por sua vez, que participou deste painel, salientou que uma comparação das propostas em discussão na Rio+20 com as de 25 anos atrás indicam muitas recomendações semelhantes. “O problema não é que sejam as mesmas mensagens daquele tempo, mas sua implementação – e essa implementação só vai acontecer se houver pressão da sociedade sobre o governo”, acredita. Brundtland sentiu falta de recomendações que atendam especificamente as necessidades das mulheres nas discussões realizadas durante os diálogos.

* Publicado originalmente no site TerraViva.

Gestão sustentável da água está obtendo benefícios econômicos, sociais e ambientais, afirmam os países (Unic.org)

Os resultados da pesquisa da ONU abrangendo 130 países estão num relatório detalhado sobre os esforços globais para melhorar a gestão da água.

Rio de Janeiro, 19 de junho de 2012 – Mais de 80% dos países reformaram sua legislação sobre o uso da água nos últimos vinte anos em reação à demanda crescente de recursos hídricos decorrente do aumento da população, da urbanização e de mudanças climáticas.

Em muitos casos, essa reforma teve impactos positivos no desenvolvimento, incluindo melhorias no acesso à água potável, na saúde humana e no rendimento da água na agricultura.

Todavia o progresso global tem sido mais lento quando se trata de irrigação, recuperação das águas pluviais e investimento em serviços do ecossistema de água doce.

Estas são algumas das conclusões de um estudo das Nações Unidas cobrindo mais de 130 governos de nações quanto aos esforços para melhorar a gestão sustentável dos recursos hídricos. A pesquisa foi produzida especificamente para dar subsídios à tomada de decisões na Rio+20.

Ela se concentra no progresso rumo à implementação de abordagens acordadas internacionalmente para a gestão e uso da água, conhecida como Gestão Integrada de Recursos Hídricos (GIRH).

Apoiada por Estados membros da ONU na Cúpula da Terra Rio-92 como parte de um plano de ação global sobre desenvolvimento sustentável (Agenda 21), a GIRH é um caminho para o desenvolvimento e a gestão eficientes, equitativos e sustentáveis dos recursos hídricos limitados do mundo.

Em meio a demandas crescentes e conflitantes no abastecimento de água do mundo, a GIRH integra necessidades domésticas, agrícolas, industriais e ambientais ao planejamento hídrico, ao invés de considerar cada demanda isoladamente.

“Uma abordagem integrada e adaptável é essencial para garantir que as necessidades de diversos grupos de usuários, que por vezes concorrem entre si, sejam atendidas equitativamente, para que o desenvolvimento e a gestão de recursos hídricos beneficiem a todos”, disse o Presidente da ONU-Água, Michel Jarraud.

“Seu sucesso depende de um quadro institucional e de governança que facilite o diálogo e as decisões sobre recursos hídricos, que sejam ecológica, econômica e socialmente sustentáveis”, concluiu.

Vinte anos após a Cúpula da Terra, os governos mundiais estão reunidos mais uma vez no Rio, onde o papel fundamental da gestão da água doce na transição para uma economia verde abrangente de baixo carbono com uso eficiente de recursos é uma das muitas questões importantes em discussão.

A pesquisa, que foi coordenada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) em nome da ONU-Água (o mecanismo de coordenação entre as agências da ONU para questões de água doce), pediu aos governos seus comentários sobre infraestrutura, financiamento, governança e outras áreas relacionadas à gestão da água, para medir o sucesso dos países na transição para a GIRH.

No geral, 90% dos países pesquisados relataram uma série de impactos positivos decorrentes de abordagens integradas para a gestão da água, após as reformas nacionais.

Eis algumas outras conclusões importantes:

  • A maioria dos países percebeu que os riscos relacionados à água e a concorrência por recursos hídricos têm aumentado nos últimos 20 anos;
  • O abastecimento doméstico de água é classificado pela maioria dos países como a maior prioridade para a gestão dos recursos hídricos;
  • A maioria dos países relatou uma tendência crescente no financiamento do desenvolvimento dos recursos hídricos, embora continue a haver obstáculos à implementação de reformas;
  • O progresso no rendimento da água está perdendo prioridade em relação a outras reformas na gestão de água, com menos de 50% das reformas nacionais abordando esse tema.

“A gestão sustentável e o uso de água – devido ao seu papel vital na segurança da alimentação, na energia ou no apoio aos valiosos serviços do ecossistema – sustenta a transição para uma economia verde de baixo carbono e o uso eficiente de recursos”, disse Achim Steiner, subsecretário-geral da ONU e diretor de executivo do PNUMA.

“Além de destacar os desafios, esta nova pesquisa mostra também importantes sucessos na gestão integrada dos recursos hídricos, onde uma abordagem mais sustentável à água resultou em benefícios concretos para a saúde humana, o meio ambiente e a redução da pobreza. Na Rio+20, os governos têm a oportunidade de capitalizar sobre essas inovações e traçar o caminho a seguir para o desenvolvimento sustentável, para que as necessidades de água para uma população global, que deverá aumentar para 9 bilhões até 2050, possam ser atendidas de forma equitativa”, acrescentou Steiner.

A pesquisa da ONU mostra as principais mudanças ambientais ocorridas entre 1992, quando pela primeira vez a GIRH foi amplamente apoiada pelos governos, e hoje – e como são administrados os recursos hídricos diante desses desafios.

A população mundial, por exemplo, aumentou de 5,3 bilhões em 1992 para pouco mais de 7 bilhões hoje, com impactos que são mais fortemente sentidos nos países em desenvolvimento. Isso foi acompanhado por uma migração crescente das áreas rurais para as urbanas bem como elevados movimentos de refugiados, devido a desastres climáticos e sociopolíticos.

Sucessos e desafios

A pesquisa mostra que a introdução da GIRH em nível nacional varia muito em todo o mundo – desde fases iniciais de planejamento até a implementação concreta de novas leis e políticas.

Ao responder a pesquisa, alguns governos relataram impactos significativos no desenvolvimento em consequência da implantação de estratégias de GIRH desde 1992, tais como:

Estônia: A introdução de taxas sobre a água e impostos sobre a poluição contribuiu para um maior rendimento da água e a redução da carga de poluição no mar Báltico.

Costa Rica: 50% da arrecadação das taxas sobre a água agora é reinvestida na gestão dos recursos hídricos.

Guatemala: A capacidade de geração de energia hidrelétrica quase duplicou entre 1982 e 2011.

Gana: 40% dos sistemas de irrigação para produtividade e uso mais eficaz da água foram recuperados.

Chade: O acesso ao abastecimento de água aumentou de 15% em 1990 para 50% em 2011.

Tunísia: Foram construídas 110 estações de tratamento de águas servidas.

Ainda assim, muitos países – especialmente os de regiões em desenvolvimento – sinalizaram a necessidade de maior capacitação, investimento e desenvolvimento de infraestrutura, a fim de implementar plenamente a gestão integrada dos recursos hídricos.

Percepção das questões principais pelos países

As questões relacionadas com a água mais frequentemente citadas como tendo ‘alta’ ou ‘máxima’ prioridade pelos governos são o desenvolvimento de infraestrutura e financiamento (79% de todos os países) e o financiamento para a gestão de recursos hídricos (78%).

A mudança climática é citada como alta prioridade pela maioria dos países (70% do total) e 76% dos países consideraram que a ameaça das mudanças climáticas aos recursos hídricos aumentou desde 1992.

Mas a pesquisa também destaca importantes diferenças entre países desenvolvidos e em desenvolvimento em termos de prioridades relacionadas à água. Usando o Índice de Desenvolvimento Humano, a pesquisa categorizou os países em quatro grupos de IDH: baixo, médio, alto e muito alto.

Garantir o abastecimento de água adequado para a agricultura é uma alta prioridade para muitos países com baixo IDH, enquanto a preservação da água doce dos ecossistemas (“água para o meio ambiente”) é uma prioridade principalmente para países com IDH muito alto.

Recomendações da pesquisa

A pesquisa inclui uma série de metas e recomendações sugeridas, que visam informar os tomadores de decisões na Rio+20. Elas são baseadas em uma avaliação das conclusões da pesquisa e incluem:

  • Até 2015, cada país deverá desenvolver objetivos e prazos específicos para preparar e implementar um programa de ação e estratégia de financiamento de GIRH.
  • Até 2015, deverá ser estabelecido um mecanismo de informação global na gestão dos recursos hídricos nacionais. Isso é para garantir um sistema de informação mais rigoroso sobre o progresso da GIRH e melhorar a disponibilidade das informações.
  • É necessário mais esforço para aumentar os níveis de financiamento e melhorar o quadro institucional da gestão dos recursos hídricos – dando especial atenção aos países com baixo IDH.

A Rio+20 e o valor da diferença (Canal Ibase)

Renzo Taddei*

Canal Ibase, 19/06/2012

Durante todo o processo de negociação em torno do documento final da Rio+20, o que tem chamado a atenção da mídia, de forma mais patente, é a dificuldade em se construir o consenso em torno dos temas em discussão. A falta de consenso é apresentada quase como escândalo, e o alinhamento de pensamentos é apresentado como algo intrinsecamente desejável. Isso, a meu ver, é um dos elementos mais problemáticos da cobertura midiática pobre da conferência das Nações Unidas.

Qualquer pessoa que pesquise a história da ONU, em sua relação com as questões mundiais de cada época e com as formas de vida locais, se dá conta de que nem tudo no mundo se conserta via diplomacia. Isso se dá por muitas razões, das quais a mais relevante é o fato de que a diplomacia só enxerga através da lente dos Estados-nação; e estes, por sua vez, são cada vez menos capazes de operar de forma autônoma. A Cúpula dos Povos, atividade paralela da sociedade civil, está aí para dar visibilidade a esse fato. E, para ela, a convergência de posicionamentos éticos e a coordenação de ações táticas sempre foi, e deve continuar sendo, mais importante do que o reconhecimento da necessidade de sintonização substantiva de ideias.

O risco da ideia de consenso substantivo extrapolar a esfera da diplomacia é o da perda do valor da diferença. Como disseram Isabela Fraga e Monike Mar na revista Democracia Viva 48, “o cotidiano e as práticas de quilombolas, indígenas, agricultores, jovens, mulheres, negros, hackers, coletivos de economia solidária e grupos comunitários mostram que existem alternativas à busca do crescimento econômico a qualquer custo”. Exatamente: alternativas, no plural. Se para a comunidade diplomática é importante a construção de um pensamento único, a defesa do direito à diferença tem sido, e tem que continuar sendo, parte integrante da agenda política das entidades da sociedade civil.

É interessante observar como a biodiversidade é hipervalorizada, ao ponto de ser fetichizada, enquanto a diversidade de formas humanas de ser e estar no mundo é desvalorizada – por exemplo, quando se acredita, com as melhores intenções, que é preciso “educar” as pessoas que praticam queimadas para plantio para que “entendam” os efeitos deletérios de suas práticas. Projetamos o problema sobre os outros, sem perceber que esse nosso logocentrismo, esse foco exacerbado em informação e pensamento, onde diagnosticamos tudo como “falta de informação”, é parte fundamental do problema. Tudo ficou cibernético demais, de forma que as questões éticas nos escapam muito facilmente.

A ideia de que diferenças culturais dificultam a construção de um entendimento mundial sobre as questões ambientais em geral, e sobre a questão climática, em particular, evoca perigosamente um centralismo pouco democrático. O que se quer criar é um discurso único sobre o meio ambiente dentro do mesmo paradigma ocidental, exacerbadamente economicista, materialista e utilitarista. E as outras formas de pensamento-vida, outras epistemologias-ontologias?

Como disse o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, precisamos aprender a pensar “com” os outros. Segundo o pensamento ameríndio, por exemplo, ao invés de tomar os humanos como excepcionais em sua humanidade, há a ideia de que a humanidade é a essência comum dos seres vivos. Que tipo de ética decorre daí, na relação entre humanos e não humanos? Índio não gosta da floresta por opção (apenas) estética, mas há uma outra ética, certamente mais humana, na relação entre humanos e meio ambiente. Não se trata de romantizar as formas indígenas de vida, mas apenas de mostrar como outros pensamentos são extremamente interessantes na abordagem dos problemas ambientais.

Precisamos entender que há dimensões do problema que transcendem a materialidade e o utilitarismo. A exaustão dos recursos naturais não será resolvida enquanto os padrões de subjetividade ocidentais não forem incluídos como parte fundamental do problema. Não adianta criar esquemas institucionais para evitar a “tragédia dos comuns” – a exaustão de elementos ambientais compartilhados, como a água ou o ar -, por exemplo, nem tentar esverdear a matriz energética que move as engrenagens de nossa economia, sem lidar com os temas da satisfação e da responsabilidade.

A insatisfação crônica do cidadão ocidental, e a forma irresponsável com que se relaciona com as coisas – por exemplo, ao pagar os governos municipais para “sumir” com o nosso lixo, sem que nenhuma pergunta seja feita, de modo que não precisemos pensar mais nele -, são tão importantes quanto a discussão sobre matrizes energéticas. Slavoj Žižek, na sua atitude iconoclasta de sempre, afirmou recentemente que a ideia de que a sociedade urbana e tecnológica é ruim e a natureza é boa é sintoma do problema. Fugir para o mato não resolve nada; o contrário, na verdade, é que constitui alternativa interessante: é preciso aprender a “amar” a sociedade tecnológica e seus produtos. A palavra amar, aqui, – descontado o estilo peculiar do Žižek – refere-se à necessidade de se abandonar essa relação neurótica que temos com as coisas, onde o fetiche pela novidade se transforma em desapego radical, e nossos objetos de desejo se transformam em lixo, substituídos por novos fetiches, numa velocidade vertiginosa. Para que não geremos tanto lixo e tanto consumo, é preciso amar o que temos.

Às vezes perdemos essas questões de vista; nada como o impacto das diferenças culturais para que sejamos incentivamos a repensar nossas formas de vida. As discussões oficiais são, infelizmente, demasiadamente economicistas e unilineares, presas a um utilitarismo frustrante, para levar qualquer dessas questões a sério.

*Renzo Taddei é professor da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É doutor em antropologia pela Universidade de Columbia, em Nova York. Dedica-se aos estudos sociais da ciência e tecnologia.

Rio+20 sem ciência (Mundo Sustentável, G1)

sáb, 16/06/12

por André Trigueiro

Depois de cinco dias reunidos na Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-RJ), 500 cientistas de 75 países – seis deles Prêmios Nobel – produziram um relatório contundente em que resumem a situação do planeta. Entre outras informações, eles dizem que “há evidências científicas convincentes de que o atual modelo de desenvolvimento está minando a capacidade de o planeta responder às agressões do homem”. Manifestam preocupação com o fato de que “os níveis de produção e de consumo poderão causar mudanças irreversíveis e catastróficas para a humanidade”. Mas asseveram que “temos conhecimento e criatividade para construir um novo caminho. Entretanto, é preciso correr contra o tempo”.

O Prêmio Nobel de Química,Yuan Tse Lee, de Taiwan, foi escolhido pelos colegas para uma missão quase impossível: resumir em apenas dois minutos para os chefes de estado no Riocentro o que de mais importante aparece no relatório. Apenas 120 segundos serão suficientes para inspirar nas principais lideranças do mundo o devido senso de urgência? Bom, foi este o tempo definido pelo protocolo da ONU. Perguntei ao dr.Yuan qual seria a mensagem mais importante do relatório.

“Não temos muito mais tempo para transformar a sociedade, torná-la sustentável. Se continuarmos nesse ritmo, vai ficar cada vez pior. Entraremos numa grande enrascada”, disse ele, para em seguida arrematar com um lampejo de confiança no futuro:”Não temos o direito de ficar pessimistas. Estou feliz a de ver tantos jovens no Rio”.

Quem também estava no encontro foi o climatologista Carlos Nobre, que nesta semana teve a honra de escrever o editorial da prestigiada revista científica Science com o sugestivo título de “UNsustainable? (com as iniciais da ONU em maiúsculas no início da palavra “insustentável” em inglês) onde afirmou que o mundo “saiu da zona de segurança”. Perguntei a ele se a classe política está ouvindo os alertas dos cientistas.

“Nós estamos tendo dificuldade de comunicar a todos os tomadores de decisão o senso de urgência. Tempo talvez seja o recurso mais escasso na questão do desenvolvimento sustentável”. Ao ser indagado sobre o que estava em jogo, caso as recomendações dos cientistas não fossem consideradas pelos tomadores de decisão, o atual secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação respondeu com indisfarçável preocupação. “O risco de excedermos alguns limites planetários existe. Os recursos não são infinitos e a capacidade da Terra absorver os choques também não. No caso do clima, por exemplo, provavelmente também já estamos operando fora da margem de segurança”.

Para Carlos Nobre, “a urgência da situação planetária requer decisões também urgentes e ações imediatas. Essa distância entre o que os cientistas percebem como urgente e a as respostas dadas pelo sistema político configura o descompasso”.

Deixei a PUC intrigado não apenas pela contundência de mais um alerta da comunidade científica, mas também pela ausência de jornalistas interessados em cobrir o maior evento paralelo da Rio+20 na área da ciência. Será que nós, profissionais de imprensa, também estamos em descompasso com as informações relevantes descortinadas pela comunidade científica? Será este um assunto restrito às mídias especializadas ou todos os jornalistas e comunicadores deveriam abrir mais espaços, especialmente em tempos de crise, para o que os cientistas estão dizendo? Vale a reflexão. E, sobretudo, a ação.

Cúpula dos Povos começa como contraponto à Rio+20 (BBC)

Júlia Dias Carneiro

Da BBC Brasil no Rio de Janeiro

Atualizado em  15 de junho, 2012 – 22:23 (Brasília) 01:23 GMT

Tenda da Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro (Foto: BBC)Ativistas brasileiros e estrangeiros se encontram na Cúpula dos Povos, evento paralelo à Rio+20

A Cúpula dos Povos foi aberta nesta sexta-feira no Rio como um contraponto às discussões oficiais da Rio+20.

Organizado pela sociedade civil, o evento busca mobilizar a sociedade e pressionar os líderes globais que se reunirão do outro lado da cidade na semana que vem.

Enquanto a conferência oficial no Riocentro, na Barra, é restrita a participantes credenciados, que só entram depois de passar por um forte controle de segurança, a Cúpula dos Povos é aberta ao público, em tendas ao ar livre no Aterro do Flamengo.

Ela é aberta também às tribos e discussões mais diversas, em mesas de debate e painéis geridos pelos próprios participantes, buscando promover a mobilização social.

Problemas ambientais, econômicos, sociais, religiosos, raciais, políticos e de minorias serão discutidos no evento pelos “99%”, afirma a ativista norte-americana Cindy Wiesner, em alusão ao movimento que ocupou Wall Street, em Nova York, no ano passado.

“Aqui estão os verdadeiros defensores dos direitos da população. No Riocentro estão o outro 1%, como dizemos em nosso movimento. Não confiamos nas decisões que vão tomar”, diz ela, integrante do Grassroots Global Justice Alliance, uma das 35 redes internacionais que ajudaram a organizar o evento.

Representante de outra rede coordenadora, a Via Campesina, Luiz Zarref destaca a presença de “quase todas as organizações sociais brasileiras” no evento, entre representantes de indígenas, quilombolas, mulheres, religiosos, estudantes, pequenos agricultores e outros grupos.

Zarref afirma que o objetivo do evento é estabelecer um contraponto ao que está sendo desenhado no Riocentro.

“Nossa expectativa na conferência é que não vai haver benefícios para os povos, para o planeta ou para o meio ambiente, e sim uma nova engenharia do sistema capitalista que está em crise, e que está tentando descobrir novas ferramentas para se apropriar dos territórios dos países do sul.”

20 anos depois

A Cúpula dos Povos é inspirada no Fórum Global da Rio 92, o primeiro grande encontro internacional da sociedade civil, realizado também no Aterro do Flamengo.

Mais de 1.200 atividades estão programadas até o dia 23, e a expectativa é que entre 25 mil e 30 mil pessoas passem pelo evento diariamente.

No primeiro dia da cúpula, o público ainda não era tão expressivo. Mas grande parte dos ativistas ainda estão a caminho, em ônibus que estão trazendo cerca de 15 mil pessoas para a cidade. Eles ficarão acampados no Sambódromo, em escolas públicas e na Univercidade Federal do Rio de Janeiro.

O evento terá plenárias e três grandes assembleias para buscar um posicionamento consensual sobre as raízes dos problemas e soluções possíveis para o futuro. E para combater o conceito de “economia verde” que vem sendo defendido no âmbito oficial.

Para Luiz Zarref, o modelo é uma “falsa solução”, que busca estabelecer soluções de mercado para perdas na natureza, como nos créditos de carbono adquiridos por países emissores.

Conversa com Ban Ki-moon

Os organizadores dizem não acreditar nas discussões em andamento no Riocentro. Assim, a meta não é sentar à mesa de negociações com os líderes políticos.

Mas os resultados alcançados serão apresentados ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que solicitou uma reunião com os movimentos sociais, diz Cindy.

Uma delegação de 35 pessoas vai apresentar os principais resultados das discussões ao secretário no dia 20.

“Não vamos participar das negociações, mas isso é uma maneira de mandar o recado sobre o que está acontecendo aqui”, diz.

Definição de economia verde, uma pedra no sapato da Rio+20 (IPS)

Envolverde Rio + 20
15/6/2012 – 09h58

por Thalif Deen, da IPS

Slide18 Definição de economia verde, uma pedra no sapato da Rio+20Nova York, Estados Unidos, 15/6/2012 (IPS/TerraViva) – A discussão central da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que acontecerá na próxima semana no Rio de Janeiro, será em torno do conceito de “economia verde” e sobre a melhor forma de defini-la.

“Se a economia for definida claramente apontando para um desenvolvimento sustentável, sem recorrer a experimentos baseados no mercado ou em soluções técnicas, será um êxito”, disse Alex Scrivener, oficial de políticas do World Delepoment Movement (WDM – Movimento Mundial de Desenvolvimento), com sede em Londres. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, afirmou que a comunidade internacional deve chegar a um consenso sobre a economia verde inclusiva, “que tire as pessoas da pobreza e proteja o meio ambiente”. Isto, acrescentou, exige colaboração internacional. Contudo, também investimento, financiamento, experiências compartilhadas e transferência de tecnologia.

Um tema fundamental da Rio+20 será como integrar uma “economia verde” ao conceito mais amplo de desenvolvimento sustentável. Segundo o WDM, “uma verdadeira economia verde adotará a justiça econômica e o direito das comunidades pobres de definirem seu próprio caminho para sair da pobreza e acabar com as políticas perniciosas que priorizam o lucro em relação às pessoas e ao meio ambiente”. O WDM também diz que esta economia porá fim “à nossa obsessão pelo crescimento econômico e um consumo não sustentável, os quais reorientará insistindo em como cobrir as necessidades de todo o mundo de maneira verdadeiramente sustentável”.

O rascunho do plano de ação, documento a ser discutido na Rio+20, divulgado em janeiro, era vago e deixava de fora muitos dos compromissos concretos, diz a organização, mas as negociações seguintes parecem tê-lo diluído ainda mais. Sem declarações específicas, como a disponibilidade de fundos para facilitar para os países em desenvolvimento a implantação de políticas verdes ou um cronograma concreto para o fim dos subsídios aos combustíveis fósseis, o documento final da conferência corre o risco de ser uma declaração insossa de generalidades, destaca o WDM.

Esta organização observa que as nações industrializadas, como a Grã-Bretanha, além dos bancos e das companhias multinacionais, utilizam o termo “economia verde” como cortina de fumaça para esconder seus planos de privatizar bens globais e criar novos mercados para os serviços que a natureza fornece gratuitamente. “Deste cavalo de Troia surgirão novos mecanismos de mercado que permitirão ao setor financeiro obter maior controle sobre a gestão dos bens globais”, alerta a organização.

Em lugar de contribuir para o desenvolvimento sustentável e a justiça econômica, esta “economia verde corporativa” levará à privatização da terra e da natureza, as quais passarão a ser controladas por multinacionais que as afastarão das comunidades que delas dependem, prevê o WDM. Scrivener não acredita que o Fundo Verde para o Clima alcance o objetivo de reunir US$ 100 bilhões até 2020. “A falta de fundos públicos se tornou a desculpa dos países industrializados para justificar sua falta de colaboração econômica para o clima ou sua tentativa de utilizar fundos privados para cobrir o vazio”, afirmou.

“A realidade é que, apesar da crise de dívida soberana na Europa ter aumentando a pressão sobre a disponibilidade de fundos públicos, perdeu-se totalmente a oportunidade de explorar novas fontes”, apontou Scrivener. Como exemplo mencionou que a ideia de introduzir novos impostos em setores muito contaminantes, como são a aviação e os transportes, citada na cúpula de Copenhague no final de 2009, caiu no esquecimento, apesar de esse tipo de medida ser suficiente para cobrir a falta de fundos públicos.

“Quando se fala de escassez de fundos não devemos esquecer a dívida climática que o mundo industrializado tem com as nações em desenvolvimento”, ressaltou Scrivener. Esse dinheiro, que representaria uma ínfima proporção dos orçamentos das nações ricas, “não deveria ser considerado um compromisso discricionário e sua concessão deveria ser vista como prioritária”, considerou.

“Infelizmente, é pouco provável que no Rio de Janeiro seja anunciado um pacote com fundos públicos, e o rascunho preliminar do documento final não estabelece nada significativo além da tradicional assistência oficial ao desenvolvimento, de 0,7% do produto interno bruto”, lamentou Scrivener. “É ruim, mas creio que a principal batalha na cúpula girará em torno dos princípios para definir uma nova economia verde”, acrescentou.

A atual crise econômica deveria servir de lição para os governos sobre a inerente instabilidade, a falta de sustentabilidade de nosso sistema econômico e as razões pelas quais deve ser substituído. No entanto, os governos se concentram em regressar a um crescimento econômico que não é sustentável, e inclusive estudam destinar um valor monetário à natureza, o que poderia estender a influência dos instáveis mercados financeiros sobre o meio ambiente.

A crise também faz os governos não darem importância aos grandes desafios que representam a mudança climática, a redução da pobreza e a degradação ambiental. “Vemos que isso acontece em diferentes âmbitos como a falta de ambição do rascunho do documento final da Rio+20”, acrescentou Scrivener. Quanto à mudança climática, essa mentalidade ficou demonstrada com a retirada de Canadá, Japão e Rússia do Protocolo de Kyoto, bem como pela tentativa de considerar o gás natural como uma fonte de energia barata que emite pouco dióxido de carbono.

Envolverde/IPS

Desenvolvimento sustentável requer transformação também na ciência (Fapesp)

Em novo paradigma da ciência para a sustentabilidade global, cientista tende a ser mais multidisciplinar e mais participativo na sociedade, segundo Lidia Brito, diretora da Divisão de Políticas Científicas da Unesco (foto:Unesco)

13/06/2012

Por Fábio de Castro, do Rio de Janeiro

Agência FAPESP – Depois de concluir que é preciso reinaugurar a relação entre a ciência e a sociedade para viabilizar as ações necessárias para a sustentabilidade global, a comunidade científica internacional se deu conta de que já foi dado o primeiro passo nessa direção.

A ciência para a sustentabilidade, um novo paradigma do conhecimento, já está sendo construída, segundo Lidia Brito, diretora da divisão de Políticas Científicas da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Ex-ministra da Ciência de Moçambique, Brito participa no Rio de Janeiro do “Forum on Science, Technology and Innovation for Sustainable Development”, que ocorre até sexta-feira (15/06).

O evento de cinco dias tem o objetivo de debater uma nova agenda científica internacional para o período que se seguirá à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (RIO+20) – que será realizada também na capital fluminense entre 13 e 22 de junho.

O fórum é organizado pelo Conselho Internacional para a Ciência (ICSU, na sigla em inglês), em parceria com Unesco, a Federação Mundial das Organizações de Engenharia (WFEO), o Conselho Internacional de Ciências Sociais (ISSC), o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC).

As discussões no fórum estão alinhadas com a Declaração sobre o Estado do Planeta, documento que sintetizou o resultado dos debates da reunião Planet Under Pressure, copresidida por Brito, em Londres (Inglaterra), onde mais de 3 mil cientistas envolvidos com diversos temas socioambientais discutiram qual seria a posição da comunidade científica internacional na RIO+20.

Uma das principais conclusões da declaração é que o sistema terrestre tem limites para sua exploração e os atuais níveis de pressão nesse sistema poderão levar a uma emergência humanitária de escala global, com a intensificação das crises sociais, econômicas e ambientais.

A superação desses problemas exigirá um novo pacto entre a ciência e a sociedade, com maior conectividade entre as lideranças de todos os setores, e, de acordo com Brito, essa mudança já está em andamento.

Em entrevista à Agência FAPESP, Brito falou sobre o novo paradigma para a sustentabilidade global, que requer um cientista cada vez mais multidisciplinar e mais participativo na sociedade. Explicou ainda por que rejeita a expressão “economia verde” e defendeu que o PIB é insuficiente para medir o sucesso do desenvolvimento de um país.

Agência FAPESP – A comunidade científica chega à RIO+20 com uma mensagem clara para a sociedade?
Lidia Brito – Há uma posição clara e algumas mensagens. Uma das grandes conclusões da comunidade científica do planeta é que entramos em uma nova era, o Antropoceno. Uma era em que o homem é a maior força a conduzir os destinos do planeta. Portanto, há uma nova responsabilidade do ponto de vista da humanidade em relação ao planeta. Outra conclusão é que o Antropoceno é uma era de interconexões, na qual tudo está interligado. Essa interconexão também ocorre em um ponto crítico, que são as fronteiras planetárias. Nas mudanças que introduzimos no sistema planetário, estamos a atingir essas fronteiras interligadas. Não é só o aumento da temperatura isoladamente, nem a acidificação dos oceanos, nem a perda da biodiversidade de forma individual, mas é como tudo isso está ligado.

Agência FAPESP – É correto dizer que essa mesma profusão de interconexões que gera os problemas globais também proporciona oportunidades para lidar com eles?
Lidia Brito – Sim. Essa interconexão profunda é um risco, porque o que quer que seja que façamos para empurrar uma dessas fronteiras, a fim de manter seu nível de estabilidade, irá criar instabilidade e incertezas em todas as outras fronteiras. Mas temos também que ver essa sociedade e esse sistema planetário interconectados como uma oportunidade inédita que nos é oferecida. Porque a mudança é mais rápida. Ideias e soluções que podem nos levar para uma zona de maior estabilidade são mais viáveis, porque tudo está ligado. Isso, por outro lado, faz com que a ciência tenha que mudar. Esse é um grande desafio que temos pela frente.

Agência FAPESP – O que o cientista precisa mudar em sua atitude e seu modo de trabalhar, tanto individualmente como coletivamente?
Lidia Brito – Individualmente, o cientista tem que entender que já não é suficiente trabalhar apenas na zona de conforto de sua disciplina, mas que é necessário se ligar com outras áreas de ciência, a outros sistemas de conhecimento, para que juntos novas soluções possam aparecer. São soluções às vezes até enraizadas em conhecimento já existente, mas só o fato de trazer outras disciplinas, outras formas de estar nas ciências, outras metodologias, outras perspectivas, dá um campo diferente para encontrar soluções.

Agência FAPESP – É preciso refletir a interconectividade no interior da própria atividade científica?
Lidia Brito – Sim, exatamente, com multidisciplinaridade e até mesmo transdisciplinaridade. Usar inclusivamente metodologias de outras áreas de ciência para nosso próprio campo científico. Isso é um desafio importante para o cientista da atualidade: abrir-se a outras comunidades, a outros colegas e outras áreas de ciência. Em nível global coletivo, da ciência como uma comunidade planetária, não só devemos trabalhar juntos nas diferentes perspectivas do conhecimento, mas principalmente engajarmo-nos em uma interação muito mais aberta com a sociedade e os tomadores de decisão – em nível do governo, do setor privado e da sociedade civil – para codesenhar e coproduzir essas soluções que são necessárias para uma sustentabilidade global.

Agência FAPESP – O cientista precisa aumentar seu poder de influência para ser capaz de trazer subsídios científicos para os processos decisórios?
Lidia Brito – Claro. Para isso é preciso interagir de uma forma que essas outras comunidades não se sintam fora da decisão ou do desenho daquilo que é a questão científica. O cientista não deve ditar soluções unilateralmente com base em seu conhecimento, ou não atingirá a sociedade. Seu verdadeiro papel na atualidade é dizer quais são as questões que enfrentamos como humanidade e como nós todos – comunidade científica, gestores políticos, setor privado, sociedade civil – vamos encontrar juntos soluções com base científica para essas questões que afligem a todos nós.

Agência FAPESP – Isso será um processo longo?
Lidia Brito – Acho que é uma questão que demanda urgência. Não podemos esperar muito tempo para fazer essa mudança. O que foi bom em todo esse processo é que já temos uma iniciativa, oFuture of Earth, que procura, da parte da comunidade científica em nível global, trazer todas as ciências e os stakeholders – os intervenientes do processo de desenvolvimento sustentável – para a mesa, a fim de definir quais são as questões que temos que investigar e juntos vamos conseguir fazer isso. É um momento interessante, porque está a haver como que um rearranjo da governança científica e da forma como nós olhamos fazer ciência, que está claramente na mesa e está claramente a influir. E penso que é emblemático que isto esteja a acontecer de novo no Rio de Janeiro. Porque em 1992 houve uma mudança drástica, que, acredito, ocorre mais uma vez em 2012. A comunidade científica está a trazer para a RIO+20 sua convicção em dizer: já percebemos o que é preciso mudar, vamos todos mudar juntos. É isso que trazemos para a mesa na Conferência.

Agência FAPESP – Fala-se também de tecnologia nesse fórum. Muitas vezes há uma impressão distorcida do papel da tecnologia, como se ela tivesse a função de fornecer soluções para que se possa manter o chamado cenário business as usual, isto é, seguir no mesmo padrão de consumo, produção e pressão ambiental atual. Como contornar essa distorção?
Lidia Brito – Simplesmente não podemos manter esses padrões. Está fora de questão. A tecnologia tem um papel enorme nesse processo e desenvolvimento sustentável. Mas, por si própria, a tecnologia não dá conta. Ela tem que ser acompanhada por uma transformação social e uma consciência e um compromisso social de que temos que trazer a sustentabilidade global como algo que tem que fazer parte do nosso próprio tecido. Em cada dia, em cada ação que tomamos, a sustentabilidade global precisa estar presente. O que faz diferença, talvez, é esse termo “global”. Nem norte nem sul, nem rico nem pobre. Todos nós. Tem que estar no tecido de nossas nações e do nosso comportamento individual e coletivo. Só assim poderemos aspirar a um mundo mais estável.

Agência FAPESP – A consciência dessa centralidade do desenvolvimento sustentável está arraigada até que ponto na comunidade científica?
Lidia Brito – A Unesco, quando publicou o Relatório da Ciência em 2010, já tinha mostrado que havia uma mudança efetiva no cenário da comunidade cientifica. O que vemos, objetivamente, é muito mais colaboração internacional, muito mais ciência interdisciplinar. Acreditamos que já inclusivamente estamos em uma mudança de paradigmas. A ciência para a sustentabilidade global é o novo paradigma da ciência.

Agência FAPESP – Então a ciência para a sustentabilidade global não é apenas uma aspiração dos pesquisadores, mas uma nova realidade que começa a tomar forma?
Lidia Brito – É algo que está a permear as várias escolas e vários níveis da produção de conhecimento e de ciência. Um exemplo disso é a iniciativa Future of Earth, que é um comprometimento da comunidade científica de que vamos trabalhar juntos nas varias áreas de saber. É também um compromisso daqueles que apoiam a pesquisa global: os financiadores da pesquisa estão conosco nesse comprometimento. Estamos prontos para fazer outro tipo de ciência que responde melhor aos desafios globais. Agora, há muita coisa a fazer. E um dos grandes desafios é garantir que não haja exclusões nesses processos. Parte desse movimento consiste em criar capacidade científica em países que não a têm. E o Brasil é um país que claramente tem um papel enorme nisso.

Agência FAPESP – Por quê?
Lidia Brito – Porque vocês conseguiram criar a vossa capacidade científica nas várias áreas do saber. O Brasil tem experiências nessa coprodução, nessa multidisciplinaridade na abordagem da ciência para o desenvolvimento sustentável. O Brasil pode ser um modelo para o estabelecimento de metas nesse contexto. É um país que mostrou muita capacidade de trazer juntas as redes do conhecimento. Em muitos aspectos vocês estão na dianteira, é simbólico que estejamos discutindo isso no Rio de Janeiro.

Agência FAPESP – Vários pesquisadores brasileiros que temos entrevistado têm demonstrado certo ceticismo em relação à chamada “economia verde”. Qual resposta se pode dar a eles?
Lidia Brito – Para ser honesta, nós na Unesco não falamos em economia verde. Falamos de sociedade verde. Penso que o ceticismo dos investigadores vem daí: a discussão não é sobre economia. O que temos certeza é que, no Antropoceno, não é possível falar apenas de um dos blocos do desenvolvimento sustentável. A economia não pode ser discutida sem as questões sociais, culturais e ambientais. Elas estão interligadas e não podem ser tratadas de forma independente. Fico satisfeita com os cientistas brasileiros, que não querem falar apenas em economia. Temos que falar em sociedade verde, para destacar essa força de mudança.

Agência FAPESP – A senhora é a favor de abandonar o conceito de PIB e criar outras medidas de prosperidade?
Lidia Brito – Claramente não podemos ter só o PIB como medida de sucesso de uma sociedade. O PIB é muito restrito, não mede inclusão social, nem a harmonia entre homem e natureza, não mede o bem-estar das pessoas, nem a equidade. Temos que ter outras medidas. Por isso, nas conclusões do Planet under Pressure, dissemos: usem a comunidade cientifica para definir outras metas. Para desenvolver modelos de medida integrada da economia, sociedade e ambiente. Sim, sou uma das defensoras de que precisa haver outras medidas de sucesso de um país que considerem o desenvolvimento sustentável em todos seus pilares.

Desenvolvimento Sustentável: Estado Sólido, Líquido ou Gasoso? (Plurale)

Envolverde Rio + 20
14/6/2012 – 10h48

por Patricia Almeida Ashley*

c27 300x260 Desenvolvimento Sustentável: Estado Sólido, Líquido ou Gasoso?Faço aqui uma reflexão sobre as discussões em andamento sobre Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (Sustainable Development Goals) para uma possível ação a ser acordada entre os países representados na Rio+20.

Percebo uma ansiedade por um “estado sólido”, paupável, mensurável, segurável, assegurável, verificável, comprovável, comparável, planejável, previsível, reproduzível, sempre que se fala em Objetivos de Desenvolvimento Sustentável como resultados e impactos a serem desdobrados em Indicadores e Metas para serem usados por todos os países e regiões no mundo. Haja números e estatísticas e equações!!!. Para mim, reflete uma racionalidade mecanicista, positivista, típica da abordagem científica hipotético-dedutiva e cartesiana, que pressupõe equações lineares, métodos estatísticos e métricas parametrizáveis para comparações, rankings, previsões. Típica de formação de engenharias e outras ciências que requerem, para a sua contribuição na formação do conhecimento humano, estruturas mensuráveis.

Quando passamos a conceber os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável como algo mais pertinente a processos e capacidades para que as sociedades renovem seus sistemas jurídicos, normativos, suas lógicas anacrônicas para a educação, reprodução, produção e consumo, estamos passando para um “estado líquido” de concepção de desenvolvimento sustentável, algo como a água que não se perde ao cruzar com as pedras, mas as contorna, sofre com contaminações, mas se evapora, se desmancha para um novo ciclo de vida. Ou seja, os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável não passam mais a ser comparáveis em métricas entre países, pois somos águas e terrenos distintos, mas somos passíveis de trocas, intercâmbios, aprendizagens, intenções e ações para que nossas águas sempre se renovem e gerem vida.

E se caminharmos para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável como algo mais pertinente a princípios, valores, sensações, sentimentos, afetos, daí caminharemos para a qualidade espiritual da humanidade em harmonia com a Terra e com o Cosmos, passando a enxergar o quão grande é a família a que pertencemos e o que viemos fazer aqui e agora e com todos que percebemos estar e viver e morrer. Digo que é desenvolvimento sustentável como “estado gasoso” que trabalha pela inteligência espiritual, pela evolução de consciências, pelo desapego à limitação da expressão sólida apenas perceptível pelos cinco sentidos. Como medir em indicadores e metas o que atingimos e atuamos quando podemos nos abraçar profundamente e sem medo? Já experimentou algo assim? Percebe o que muda em sua hierarquia de valores? Entende por que podemos ser plenamente realizados sem ter que ter que ter que ter, mas sendo o ser para ser o ser entre seres?

O artigo Why we need sustainable development goals?, que replico mais abaixo e originalmente publicado em Why we need Sustainable Development Goals – SciDev.Net, foi o que me provocou as reflexões que escrevi acima. Coloco, como contraposição, o excelente artigo elaborado por Benedito Silva Neto e David Basso, publicado na Revista Ambiente e Sociedade, em 2010, sob título A ciência e o desenvolvimento sustentável: para além do positivismo e da pós-modernidade, que nos ajuda a sair do estado sólido, transitar pelo necessário estado líquido para atingir e recuperarmos o estado gasoso do desenvolvimento sustentável.

Patricia Almeida Ashley é colunista de Plurale, professora e coordenadora da Rede EConsCiência e Ecocidades da Univesidade Federal Fluminense.

* Publicado originalmente no site Plurale.

Ética para uma civilização ecológica (IPS)

Envolverde Rio + 20
13/6/2012 – 10h11

por Suvendrini Kakuchi, da IPS

Slide31 Ética para uma civilização ecológicaTóquio, Japão, 13/6/2012 – Ecologistas japoneses promovem o conceito de ética como forma de exercer pressão na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que acontecerá na próxima semana no Rio de Janeiro. O enfoque tem o objetivo de promover a responsabilidade ambiental. “A ética ambiental se baseia no conceito de que as pessoas assumam sua responsabilidade na preservação dos recursos naturais e da biodiversidade. Ao destacar este aspecto, procuramos combater o lugar prioritário do crescimento econômico, que conspirou contra cúpulas anteriores”, afirmou Ryoichi Yamamoto, especialista em desenvolvimento e professor da Universidade de Tóquio.

Na Rio+20 será negociada a transição para uma economia verde como forma de preservar o ar, a terra e a biodiversidade do planeta. Os ativistas temem que o debate sobre o futuro do planeta volte a ter uma forte ênfase no uso de tecnologias para combater a contaminação e a exploração dos recursos naturais, e assim favorecer o crescimento econômico, como ocorreu desde que o desenvolvimento sustentável passou a ser um tema global, em 1992.

Esse enfoque não garantiu uma adequada proteção dos recursos naturais nem dos ecossistemas delicados, segundo ativistas. Por exemplo, mais de cem países entraram em acordo sobre o objetivo ambicioso de manter o aquecimento global abaixo de dois graus, colocando limites às emissões contaminantes de cem bilhões de toneladas de dióxido de carbono até 2050. Contudo, ao que parece, é impossível cumprir a meta.

Numerosos estudos indicam que já foi emitido um terço da cota permitida nos últimos nove anos no planeta, especialmente desde que grandes economias, como China e Índia, passaram a ser grandes contaminadoras. Além disso, apesar do crescimento econômico superior a 8% em países como estes dois, a brecha entre ricos e pobres aumenta. O Índice de Desenvolvimento Humano, elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), diz que a expectativa de vida, o analfabetismo e a mortalidade infantil são quase sete vezes maiores nos pequenos povoados da China do que nas grandes cidades.

Para fazer frente a essa tendência alarmante, Yamamoto lidera uma campanha para criar o Grupo de Ética para uma Civilização Ecológica, como agência especial da Organização das Nações Unidas (ONU). A iniciativa busca fortalecer o contexto institucional do desenvolvimento sustentável mediante a colaboração entre ciência, cultura e religião. Excelentes pesquisas científicas, que avaliam desde a vulnerabilidade dos ecossistemas até o crescimento econômico, oferecem amplo conhecimento para incidir nas decisões políticas, destacou Yamamoto à IPS.

“Entretanto, o que falta é um desenvolvimento sustentável baseado na perspectiva de uma civilização ecológica, que possa existir em harmonia com os sistemas naturais”, acrescentou Yamamoto. A proposta de um enfoque ético para encontrar soluções na Rio+20 ganhou força no Japão depois da catástrofe nuclear de 2011. “O desastre levou à revisão do êxito econômico desse país. Apesar do grande crescimento do pós-guerra, o ocorrido foi uma dura lição sobre a vulnerabilidade dos materiais enriquecidos e convenceu a população de que a proteção do meio ambiente não pode ficar em segundo lugar”, ressaltou.

O apoio público à energia nuclear diminuiu drasticamente, e quase 70% da população se opõem a recuperar os reatores, apesar de até o desastre do ano passado ser considerada o eixo do desenvolvimento neste país de poucos recursos. As pesquisas de opinião indicam que nem mesmo a ameaça de escassez de energia durante o verão fez com que a população deixasse de ser contra a energia nuclear.

Há cinco anos, Teruyuki Matsushita inaugurou o Clube Donguri, uma pequena organização dedicada a conscientizar sobre o papel da floresta no município de Mihama, onde também há três reatores nucleares. “Meu trabalho contra a energia atômica traz um grande desafio, e para conseguir apoio público tive que demonstrar que a selva pode oferecer emprego que fomenta um desenvolvimento sustentável. Por isto, comecei o Clube Donguri, educamos as pessoas e ganhamos a vida com o corte e a venda de produtos como flores”, explicou Matsushita à IPS.

Como mais da metade da população mundial trabalha na agricultura, Takumo Yamada, da Oxfam Tóquio, destacou que a Rio+20 é uma plataforma crucial para discutir alternativas para um sistema no qual as corporações multinacionais fixam a agenda que afeta milhões de agricultores nos países em desenvolvimento. “O discurso no Rio de Janeiro não deverá estar dominado por empresas ricas que mostram produtos de alta tecnologia como solução para os governos que querem erradicar a pobreza e lidar com os problemas de energia”, afirmou à IPS. “Deve haver uma mudança de modelo na forma de pensar na Rio+20. Devemos trabalhar no âmbito global para conseguir justiça ambiental e objetivos de igualdade e sustentabilidade”, concluiu.

Envolverde/IPS

Servidores do IBAMA, ICMBio e MMA denunciam pressões de Governo Federal por Licenças de obras do PAC (EcoDebate)

Publicado em junho 13, 2012 por 

Em carta divulgada no dia 31 de maio, servidores do IbamaInstituto Chico Mendes (ICMBio) e Ministério do Meio Ambiente (MMA) denunciam as situações de assédio moral e falta de autonomia que sofrem para que grandes projetos de infraestrutura sejam aprovados sem os devidos requisitos ambientais e sociais exigidos pela lei.

Eles afirmam que situações graves já se tornaram cotidianas, como por exemplo, a alteração de pareceres, diminuição e retirada de condicionantes de licenças ambientais e a articulação para que vistoriais e autuações não sejam realizadas.

Segundo a carta, o objetivo do manifesto é “ revelar a todo o país, neste momento em que ele está no foco da questão ambiental, qual é a realidade que vivemos: desvalorização completa, falta de recursos, e constante pressão para validar um projeto político e econômico, que mascarado de desenvolvimento e economia verde, distribui, de forma injusta, mais degradação e desastres ambientais”.

Eis o manifesto.

Nós, servidores do IBAMAICMBio MMA, queremos DENUNCIAR a pressão que estamos sofrendo diariamente em nosso cotidiano frente à política de aprovação desenfreada de grandes projetos em nosso país.

Estamos vivendo um momento crucial na área ambiental. Visando o avanço desses grandes projetos e do agronegócio, diversas leis ambientais estão sendo modificadas e aprovadas sem ampla discussão e sem embasamento científico, com interesses puramente econômicos, sem considerar de fato a questão socioambiental.

O avanço do capital em detrimento dos aspectos socioambientais está ocorrendo numa velocidade sem precedentes, e assistimos a isso percebendo, infelizmente, a passividade de quem dirige nossos órgãos.

Dentro desse contexto, nós, que trabalhamos diretamente com a análise técnica desses processos, com fiscalização, e com a gestão de áreas protegidas impactadas por eles, estamos vivendo uma situação de assédio moral e falta de autonomia para atuarmos como se deve, com critérios técnicos e defendendo os interesses da sociedade.

Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, articulado com a Iniciativa de Integração da Infraestrutura Regional Sul Americana – IIRSA, chegou trazendo inúmeros projetos de infra-estrutura por todo o país e, juntamente com eles, a obrigatoriedade da emissão de licenças ambientais que validem tais obras em prazos mínimos. Sem a real estrutura e tempo suficiente para análises adequadas, o servidor se vê sem os instrumentos necessários para a tomada de decisões sérias, que envolvem manutenção e preservação da vida de fauna, flora, populações tradicionais…vidas.

Além de todos esses problemas estruturais e técnicos, soma-se a pressão de: alterar pareceres, diminuir e retirar condicionantes de licenças, evitar vistorias e autuações, e diversas violações ao bom e devido cumprimento do exercício legal de nossas atribuições. Por fim, é recorrente que os gestores desconsiderem recomendações dos técnicos e adotem posturas e decisões contrárias. Situação gravíssima que se tornou cotidiana, embora até este momento, velada.

Questionamos a atuação da cooperação internacional no Ministério do Meio Ambiente e a forma como os organismos internacionais interferem na gestão do órgão. Também apontamos a direção privatista que MMA vem assumindo, esvaziando agendas de participação e controle social e estreitando laços com o setor privado, o que contraria o interesse público que o órgão deve defender.

Discutimos exaustivamente esta realidade no V congresso da ASIBAMA, que ocorreu em maio deste ano, no Rio de Janeiro, cidade que abrigará a Rio +20 e a Cúpula dos Povos, evento em contraposição. Todas as unidades da federação brasileira estiveram presentes no congresso e o que se ouviu dos servidores de todos os órgãos citados foi muito semelhante, demonstrando que não são casos isolados.

Portanto, decidimos não mais calar diante de tais absurdos, e revelar a todo o país, neste momento em que ele está no foco da questão ambiental, qual é a realidade que vivemos: desvalorização completa, falta de recursos, e constante pressão para validar um projeto político e econômico, que mascarado de desenvolvimento e economia verde, distribui, de forma injusta, mais degradação e desastres ambientais.

Pedimos o apoio de todos aqueles que temem pelo retrocesso ambiental pelo qual estamos passando, para que juntos possamos realmente contribuir com o Brasil, esse país que é formado por pessoas, matas, animais, rios, e inúmeras riquezas naturais que merecem ser defendidas.

Rio de Janeiro, 31 de maio de 2012

O Manifesto é publicado pelo sítio http://www.asibamanacional.org.br/

(Ecodebate, 13/06/2012) publicado pela IHU On-line, parceira estratégica do EcoDebate na socialização da informação.

Coastal N.C. counties fighting sea-level rise prediction (News Observer)

MON, MAY 28, 2012 10:50 PM

BY BRUCE HENDERSON
The News & Observer Publishing Company

State lawmakers are considering a measure that would limit how North Carolina prepares for sea-level rise, which many scientists consider one of the surest results of climate change.

Federal authorities say the North Carolina coast is vulnerable because of its low, flat land and thin fringe of barrier islands. A state-appointed science panel has reported that a 1-meter rise in sea level is likely by 2100.

The calculation, prepared for the N.C. Coastal Resources Commission, was intended to help the state plan for rising water that could threaten 2,000 square miles. Critics say it could thwart economic development on just as large a scale.

A coastal economic development group called NC-20 attacked the report, insisting the scientific research it cited is flawed. The science panel last month confirmed its findings, recommending that they be reassessed every five years.

But NC-20, named for the 20 coastal counties, appears to be winning its campaign to undermine them.

The Coastal Resources Commission agreed to delete references to planning benchmarks – such as the 1-meter prediction – and new development standards for areas likely to be inundated.

The N.C. Division of Emergency Management, which is using a $5 million federal grant to analyze the impact of rising water, lowered its worst-case scenario prediction from 1 meter (about 39 inches) to 15 inches by 2100.

Politics and economics in play

Several local governments on the coast have passed resolutions against sea-level rise policies.

When the General Assembly convened this month, Republican legislators went further.

They circulated a bill that authorizes only the coastal commission to calculate how fast the sea is rising. It said the calculations must be based only on historic trends – leaving out the accelerated rise that climate scientists widely expect this century if warming increases and glaciers melt.

The bill, a substitute for an unrelated measure the N.C. House passed last year, has not been introduced. State legislative officials say they can’t predict how it might be changed, or when or whether it will emerge.

Longtime East Carolina University geologist Stan Riggs, a science panel member who studies the evolution of the coast, said the 1-meter estimate is squarely within the mainstream of research.

“We’re throwing this science out completely, and what’s proposed is just crazy for a state that used to be a leader in marine science,” he said of the proposed legislation. “You can’t legislate the ocean, and you can’t legislate storms.”

NC-20 Chairman Tom Thompson, economic development director in Beaufort County, said his members – many of them county managers and other economic development officials – are convinced that climate changes and sea-level rises are part of natural cycles. Climate scientists who say otherwise, he believes, are wrong.

The group’s critiques quote scientists who believe the rate of sea-level rise is actually slowing. NC-20 says the state should rely on historical trends until acceleration is detected. The computer models that predict a quickening rate could be inaccurate, it says.

“If you’re wrong and you start planning today at 39 inches, you could lose millions of dollars in development and 2,000 square miles would be condemned as a flood zone,” Thompson said. “Is it really a risk to wait five years and see?”

State planners concerned

State officials say the land below the 1-meter elevation would not be zoned as a flood zone and off-limits to development. Planners say it’s crucial to allow for rising water when designing bridges, roads, and sewer lines that will be in use for decades.

“We’re concerned about it,” said Philip Prete, an environmental planner in Wilmington, which will soon analyze the potential effects of rising water on infrastructure. “For the state to tie our hands and not let us use the information that the state science panel has come up with makes it overly restrictive.”

Other states, he said, are “certainly embracing planning.”

Maine is preparing for a rise of up to 2 meters by 2100, Delaware 1.5 meters, Louisiana 1 meter and California 1.4 meters. Southeastern Florida projects up to a 2-foot rise by 2060.

Dueling studies

NC-20 says the state should plan for 8 inches of rise by 2100, based on the historical trend in Wilmington.

The science panel based its projections on records at the northern coast town of Duck, where the rate is twice as fast, and factored in the accelerated rise expected to come later. Duck was chosen, the panel said, because of the quality of its record and site on the open ocean.

The panel cites seven studies that project global sea level will rise as much as 1 meter, or more, by 2100. The Intergovernmental Panel on Climate Change estimated in 2007 a rise of no more than 23 inches, but did not factor in the melting land ice that many scientists now expect.

NC-20’s science adviser, Morehead City physicist John Droz, says he consulted with 30 sea-level experts, most of them not named in his latest critique of the panel’s work. He says the 13-member panel failed to do a balanced review of scientific literature, didn’t use the best available science and made unsupported assumptions.

“I’m not saying these people are liars,” Thompson said. “I’m saying they have a passion for sea-level rise and they can’t give it up.”

John Dorman of the N.C. Division of Emergency Management, which is preparing a study of sea-level impact, said an “intense push” by the group and state legislators led to key alterations.

Instead of assuming a 1-meter, worst-case rise, he said, the study will report the impact of seas that rise only 3.9, 7.8, 11.7 and 15.6 inches by 2100. The 1-meter analysis will be available to local governments that request it.

“It’s not the product we had put the grant out for,” Dorman said, referring to the $5 million from the Federal Emergency Management Agency that’s paying for the study. Coastal communities will still find the work useful, he predicts.

The backlash on the coast centers on the question of whether sea-level rise will accelerate, said Bob Emory, chairman of the Coastal Resources Commission.

Emory, who lives in New Bern, said the commission deleted wording from its proposed sea-level rise policy that hinted at new regulations in order to find common ground. “Any remaining unnecessarily inflammatory language that’s still in there, we want to get out,” he said.

New information will be incorporated as it comes out, he said.

“There are people who disagree on the science. There are people who worry about what impact even talking about sea-level rise will have on development,” Emory said. “It’s my objective to have a policy that makes so much sense that people would have trouble picking at it.”

In written comments, the N.C. Department of Environment and Natural Resources said the legislation that circulated earlier this month appeared consistent with the coastal commission’s policy changes.

But the department warned of the “unintended impacts” of not allowing agencies other than the coastal commission to develop sea-level rise policies. The restriction could undermine the Division of Emergency Management’s study, it said, and the ability of transportation and emergency-management planners to address rising waters.

The N.C. Coastal Federation, the region’s largest environmental group, said the bill could hurt local governments in winning federal planning grants. Insurance rates could go up, it says.

Relying solely on historical trends, the group said, is like “being told to make investment decisions strictly on past performance and not being able to consider market trends and research.”

A poucos dias de seu início, Xingu+23 recebe apoio de artistas, cantores e ambientalistas (Adital)

Belo Monte
11/6/2012 – 06h46

por Natasha Pitts, da Adital

A cada dia o Xingu+23, que acontecerá de 13 a 17, em Vitória do Xingu, Estado do Pará (Norte do país), para debater a resistência à hidrelétrica Belo Monte, recebe mais adesões. Além de artistas que já haviam confirmado presença no evento, há poucos dias o cantor Gilberto Gil, a ambientalista e ex-ministra Marina Silva, o cantor Arnaldo Antunes, e o teólogo, filósofo e escritor Leonardo Boff também divulgaram apoio à iniciativa.

Para chamar ainda mais atenção para a luta contra o megaempreendimento do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), Gilberto Gil cedeu sua canção Um sonho para ser transformada em clipe. Em poucos dias a música, que apesar de ser de 1977 ainda é atual, se tornou o hino do evento, por falar claramente sobre a luta contra o desenvolvimentismo, principal discurso em torno de Belo Monte.

c83 A poucos dias de seu início, Xingu+23 recebe apoio de artistas, cantores e ambientalistas

Por meio de ações como estas, sobretudo nas mídias sociais, o evento ganhou mais repercussão e deverá receber além de artistas, cantores e ambientalistas de Belém, São Paulo e São Luís, ativistas dos Estados Unidos e da Turquia.

Apesar da intensa participação de outros atores sociais, o Xingu+23 é voltado especialmente para pescadores, ribeirinhos, indígenas, agricultores e demais afetados por Belo Monte com o intuito de discutir as ações de resistência, conversar sobre o futuro do(as) atingidos(as) e suas famílias e fortalecer as ações da população local.

O Xingu+23 faz uma referência ao 1º Encontro dos Povos Indígenas do Xingu, ocorrido em 1989 em Altamira e organizado pelos kaiapó com a intenção de protestar contra as decisões tomadas na Amazônia sem a participação dos índios e repudiar a construção do Complexo Hidrelétrico do Xingu. No encontro, os indígenas e ativistas conseguiram a primeira vitória na luta contra Belo Monte, pois impediram o primeiro projeto de barramento do rio.

Durante o Xingu+23, os participantes também querem marcar um importante momento de luta e resistência no Brasil. Às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) e da Cúpula dos Povos, que acontecerão no Rio de Janeiro, o Movimento Xingu Vivo para Sempre (MXVPS) e seus parceiros decidiram chamar atenção da comunidade nacional e internacional para os impactos sociais e ambientais de Belo Monte e para as ilegalidades que cercam o seu processo de implantação.

Os interessados em participar podem encontrar informações no site oficial do evento. A estrutura oferecida é um acampamento com espaço para barracas e redes. No local não há sinal de telefonia, nem internet.

Programação

O Xingu+23 terá início na quarta-feira, dia 13, em Vila Santo Antônio, a 50 quilômetros de Altamira. A comunidade não foi escolhida por acaso. A Vila foi desapropriada quase em sua totalidade pela concessionária Norte Energia devido à proximidade do maior canteiro de obras de Belo Monte. Após a recepção e o credenciamento, acontecerá um debate sobre violações do Licenciamento e Instalação de Belo Monte. O dia será encerrado com a celebração da tradicional missa de Santo Antônio.

No dia 14, ainda na Vila, os atingidos pela obra vão se reunir em grupos para um debate. A programação do dia acabará com uma audiência pública em Altamira. A sexta-feira (15) será reservada para uma marcha e um ato público. Neste dia, a partir das 8h os(as) participantes vão iniciar a concentração em frente à empresa de energia Rede Celpa (Avenida 7 de setembro, 2190).

Já no sábado, dia 16, acontece a assembleia final do evento seguida por torneio de futebol e a festa do padroeiro da Vila. No domingo, acontece o encerramento.

* Publicado originalmente no site Adital.

Liderança “verde” do Brasil cética com a Rio+20 (Envolverde/IPS)

Envolverde Rio + 20
11/6/2012 – 07h41

por Fabíola Ortiz, da IPS

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Marina Silva. Foto: Divulgação.

Rio de Janeiro, Brasil, 11/6/2012 – A agenda para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que acontece este mês no Brasil, ainda carece de prioridades e seus resultados podem ficar sepultados diante das urgências da crise econômica global, afirmou a ex-ministra brasileira de Meio Ambiente (2003-2009), Marina Silva. O documento final da Rio+20 continua sendo “fraco e geral” e não contém contribuições que superem o que foi feito nos últimos 20 anos, desde a Cúpula da Terra de 1992, opinou Marina em entrevista a jornalistas de meios internacionais.

“A discussão sobre economia verde, desenvolvimento social e governança perdeu força, por isso qualquer acordo geral, que não tenha uma atitude crítica e não incorpore instrumentos para enfrentar a deterioração do planeta, atentará contra a memória da cúpula de 1992”, criticou a ex-ministra, que também foi candidata a presidente pelo Partido Verde. Após obter 20 milhões de votos nas eleições presidenciais de 2010, Marina criou o não governamental Instituto Democracia e Sustentabilidade, o qual representará na Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, que acontecerá entre 15 e 23 deste mês, paralela à reunião oficial organizada pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Para Marina, a linha de trabalho para a Rio+20, que em nível de chefes de Estado e de governo acontecerá entre os dias 20 e 22, continua com um grave problema de origem, que é aparecerem separadas ecologia e economia, quando deveriam estar integradas. “A União Europeia atende prioritariamente a crise econômica que a afeta, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fracassou em sua tentativa de avançar em uma agenda de clima e biodiversidade, e a China não se mobiliza e não assume compromissos”, declarou.

Apesar de cientistas de todo o mundo alertarem para os graves problemas que a humanidade enfrentará se não for detida a deterioração ambiental, os governos não incorporam em suas agendas propostas de solução ou mudança de rumo, alertou Marina. “O mundo enfrenta uma crise dramática, que se constitui de múltiplas crises: econômica, política, ambiental e de valores”, ressaltou.

A última fase de negociação prévia à Rio+20 será completada no dia 13 no Rio de Janeiro. Perante esta instância, a atual ministra de Meio Ambiente, Izabella Teixeira, contrapôs o pessimismo de Marina Silva ao afirmar que as notícias “são bastante promissoras” para o documento base do encontro. Admitiu que se está diante de um desafio importante, que é obter um consenso que exige compromissos e convergências dos governos. “Temos que facilitar e permitir que todos façam sua parte e que se sintam comprometidos com as diretrizes e os resultados da Rio+20”, afirmou à IPS.

A ministra entende que as negociações iniciadas em Nova York tiveram “avanços importantes”, por isso acredita que o legado da Rio+20 será mais amplo do que o da cúpula de duas décadas atrás, a Eco 92, e refletirá plenamente o conceito de sustentabilidade. Contudo, também reconheceu que devem ser discutidos “novos modelos econômicos ou não conseguiremos fazer a mudança para um desenvolvimento sustentável”.

Por sua vez, Marina Silva afirmou que o Brasil, como anfitrião da Rio+20, reúne as condições para fazer esse rompimento do modelo do Século 20 e atuar como ponte negociadora na busca de compromissos. “É muito importante que o Brasil assuma um papel de liderança para mediar saídas com propostas efetivas para este encontro, sob pena de acabar com a memória da Eco 92”, alertou. Em tom de crítica sobre a gestão da presidente Dilma Rousseff, Marina destacou que espera que sejam corrigidos os rumos de seu governo, para encabeçar uma “nova agenda de economia e desenvolvimento sustentável”.

O Brasil ainda não pode se considerar uma potência socioambiental, apesar de possuir 11% das reservas de água doce do mundo, 20% das espécies vivas, 60% de seu território coberto por florestas, 280 povos autóctones que falam cerca de 120 línguas diferentes além do português, enfatizou Marina. “Isto não nos transforma em uma potência ambiental por natureza, é preciso consegui-lo com atitudes políticas eficazes. Nossa agricultura tem condições para ter uma base sustentável, e não podemos repetir os mesmos equívocos cometidos pelos países industrializados”, indicou.

A aprovação do polêmico Código Florestal mostrou um retrocesso na política ambiental brasileira e coloca em discussão a liderança do governo quanto a levar adiante uma economia sustentável, advertiu Marina. “Vivemos um momento de dúvidas. Parece que podemos retroceder para uma economia semelhante à do século passado. No entanto, é possível ainda reduzir a pobreza, ter crescimento econômico e diminuir as emissões com menos devastação”, apontou.

Às vésperas da Rio+20, o Brasil passa por um desmonte de sua legislação ambiental, especialmente do Código Florestal, que segue adiante apesar de 80% dos entrevistados em diferentes pesquisas afirmarem não concordar com as mudanças realizadas. “O Brasil não precisa desmatar para se manter como um grande produtor de grãos, pois podemos duplicar a produção agrícola sem derrubar uma só árvore”, esclareceu Marina. “Temos tecnologia e conhecimento sem que seja necessário expandir a fronteira agrícola. Podemos produzir alimentos preservando a base natural de nosso desenvolvimento”, concluiu.

O termômetro para medir a Rio+20 (IPS)

Envolverde Rio + 20
12/6/2012 – 09h33

por Thalif Deen, da IPS

Slide15 O termômetro para medir a Rio+20

As inundações, como a que afetou Dominica em 2011, são um dos efeitos devastadores da mudança climática. Foto: Desmond Brown/IPS

Nações Unidas, 12/6/2012 – Quando terminar a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que acontecerá entre os dias 20 e 22 deste mês, no Rio de Janeiro, qual será o critério para medir seus êxitos e fracassos? O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, tem seus próprios parâmetros.

Segundo Ban, a Rio+20 deverá concluir com pelo menos um renovado compromisso político com a economia verde, uma série de metas de desenvolvimento sustentável, um contexto constitucional para implantar o novo plano de ação e associações com a sociedade civil. “Precisamos inventar um novo modelo, um modelo que ofereça crescimento e inclusão social, um modelo que respeite os recursos finitos do planeta”, afirmou Ban a jornalistas na primeira semana deste mês.

Entretanto, para Patricia Lerner, conselheira política do Greenpeace International, definir metas para 2030 não é suficiente. “A atenção deve estar concentrada nesta década, pois as ações que forem tomadas neste momento são fundamentais para prevenir a catastrófica mudança climática, salvar nossos oceanos e proteger os recursos florestais remanescentes, todos fundamentais para o desenvolvimento e o bem-estar humano”, declarou Lerner à IPS.

Por seu lado, o intergovernamental Centro do Sul, com sede em Genebra, tem expectativas maiores. Seu diretor-executivo, Martin Khor, afirmou à IPS que é imperativo reafirmar os compromissos adotados na Cúpula da Terra, realizada há 20 anos também no Rio de Janeiro. “Pelo menos isso demonstrará que os líderes, especialmente dos países industrializados, não estão retrocedendo no que acordaram”, acrescentou.

O princípio mais importante que deve ser reafirmado na Rio+20 é o de responsabilidades comuns diferenciadas, destacou Khor. Isto significa que os países do Norte devem aceitar que têm um dever maior na redução da contaminação das emissões de gases-estufa, causadores do aquecimento global. E, portanto, devem prover financiamento e tecnologia para os países do Sul, para que todos possam avançar no caminho da economia verde, acrescentou Khor, ex-diretor do escritório na Malásia da Rede do Terceiro Mundo.

Ban Ki-moon acrescentou que há 26 áreas prioritárias, que os próprios Estados-membros da ONU identificaram durante as negociações com vistas à Rio+20. Entre estas se destacam segurança alimentar, pobreza, educação, saúde, energia renovável, oceanos, água e saneamento, agricultura, igualdade de gênero e empoderamento das mulheres. “Pode demorar para se chegar a um acordo nas 26 áreas”, admitiu, mas acrescentou que ao menos se deveria pactuar no que ele considera “temas obrigatórios”.

Ban Ki-moon também exortou os Estados-membros das Nações Unidas a acordarem novas metas de desenvolvimento sustentável baseadas nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, os quais a comunidade mundial se comprometeu a alcançar até 2015. “Temos apenas dois anos e meio”, ressaltou.

Khor disse à IPS que os líderes do mundo deveriam reconhecer que a crise no meio ambiente e na economia é muito mais grave hoje do que há 20 anos, e que devem ser adotados novos compromissos sistemáticos. Também cobrou um acordo que fortaleça significativamente as instituições encarregadas do desenvolvimento sustentável, de forma séria e adequada.

A Comissão das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável era toda uma promessa em seu início, mas demonstrou ser muito frágil: reúne-se apenas duas ou três vezes ao ano. “Tem de ser reformada radicalmente ou transformada em um novo conselho ou fórum que possa encarar os desafios impostos pela crise global em suas três dimensões: ambiental, econômica e social”, sugeriu Khor.

A comissão, prosseguiu Khor, deveria manter reuniões regulares, e sua secretaria deveria ser forte, com mais pessoal e dinamismo. A Rio+20 deveria fortalecer esse órgão para que realize um acompanhamento das decisões adotadas pelos líderes políticos, enquanto o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) deveria, por seu lado, fortalecer suas operações, enfatizou. “É preciso haver claros compromissos para apoiar os países em desenvolvimento com o objetivo de que estes assumam maiores responsabilidades nos problemas ambientais, sociais e econômicos”, observou.

A cúpula não pode ficar atrasada em matéria de implantação, apontou Khor. “Deve haver um novo compromisso e recursos financeiros adicionais para o desenvolvimento sustentável e a transferência de tecnologia em termos favoráveis e preferenciais, como foi acordado há duas décadas no Rio e muitas vezes depois”, ressaltou. “Me preocupa o fato de nos últimos meses muitos países industrializados terem emitido sinais de que não desejam manter esses compromissos. Isto seria desastroso”, alertou.

Envolverde/IPS