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Paying for pain: What motivates tough mudders and other weekend warriors? (Science Daily)

Date:
March 22, 2017
Source:
Journal of Consumer Research
Summary:
Why do people pay for experiences deliberately marketed as painful? According to a new study, consumers will pay big money for extraordinary — even painful — experiences to offset the physical malaise resulting from today’s sedentary lifestyles.

Why do people pay for experiences deliberately marketed as painful? According to a new study in the Journal of Consumer Research, consumers will pay big money for extraordinary — even painful — experiences to offset the physical malaise resulting from today’s sedentary lifestyles.

“How do we explain that on the one hand consumers spend billions of dollars every year on analgesics and opioids, while exhausting and painful experiences such as obstacle races and ultra-marathons are gaining in popularity?” asked authors Rebecca Scott (Cardiff University), Julien Cayla (Nanyang Technological University), and Bernard Cova (KEDGE Business School).

Tough Mudder is a grueling adventure challenge involving about 25 military-style obstacles that participants — known as Mudders — must overcome in half a day. Among others, its events entail running through torrents of mud, plunging into freezing water, and crawling through 10,000 volts of electric wires. Injuries have included spinal damage, strokes, heart attacks, and even death.

Through extensive interviews with Mudders, the authors learned that pain helps individuals deal with the reduced physicality of office life. Through sensory intensification, pain brings the body into sharp focus, allowing participants who spend much of their time sitting in front of computers to rediscover their corporeality.

In addition, the authors write, pain facilitates escape and provides temporary relief from the burdens of self-awareness. Electric shocks and exposure to icy waters might be painful, but they also allow participants to escape the demands and anxieties of modern life.

“By leaving marks and wounds, painful experiences help us create the story of a fulfilled life spent exploring the limits of the body,” the authors conclude. “The proliferation of videos recording painful experiences such as Tough Mudder happens at least partly because a fulfilled life also means exploring the body in its various possibilities.”


Journal Reference:

  1. Rebecca Scott, Julien Cayla, Bernard Cova. Selling Pain to the Saturated SelfJournal of Consumer Research, 2017; DOI: 10.1093/jcr/ucw071

Pesquisadores criam escalas para avaliação da dor em bovinos, equinos e suínos (Fapesp)

Por meio da análise de alterações comportamentais, estudo da Unesp de Botucatu busca mais precisão para diagnósticos e tratamentos veterinários (Stélio Pacca Loureiro Luna)

Especiais

25/09/2013

Por Noêmia Lopes

Agência FAPESP – Apesar da crescente preocupação nacional e internacional com o bem-estar dos animais, espécies pecuárias ainda são negligenciadas quando o assunto é dor. “A ausência de escalas cientificamente validadas que auxiliem produtores, veterinários e pesquisadores a reconhecer e a mensurar a dor nesses animais contribui para o tratamento inapropriado ou insuficiente da dor”, afirmou Stélio Pacca Loureiro Luna, professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Estadual Paulista (FMVZ/Unesp) de Botucatu (SP), à Agência FAPESP.

Luna coordena um Projeto Temático que, desde 2010, busca propor e validar escalas que indiquem se, para determinado quadro clínico, é recomendável ou não aplicar analgésicos. O foco principal é a dor aguda pós-operatória em bovinos, equinos e suínos.

As escalas são criadas a partir da análise de alterações comportamentais relacionadas a fatores como postura, posição da cabeça, locomoção, interação com o ambiente, ingestão de alimentos, atenção à ferida cirúrgica, entre outras.

Para identificar e analisar as alterações, os pesquisadores gravam vídeos em momentos distintos: antes do procedimento, quando os animais estão sem dor; logo após a cirurgia, quando há um pico de dor; e depois da aplicação de analgésicos, quando se espera que já não haja dor.

“O procedimento que adotamos para as três espécies estudadas foi a castração, por ser relativamente invasivo, atingir tecidos de alta sensibilidade, gerar uma inflamação grande e estar entre as cirurgias mais realizadas nesses animais”, explicou Luna.

A etapa de filmagens, com cerca de 700 horas, já foi concluída. Os vídeos dos suínos, captados a partir de câmeras instaladas nas baias, estão em análise pela FMVZ/Unesp. As imagens dos equinos (também feitas a partir das baias) e dos bovinos (gravadas em pastos, com anteparos separando observador e boi, a fim de que a presença do primeiro não afetasse o comportamento do segundo) já passaram às fases seguintes: validação externa e cálculos estatísticos.

A validação do conteúdo que dará forma às escalas é feita por especialistas e pesquisadores vinculados a instituições parceiras no Brasil, na Inglaterra, nos Estados Unidos, na Espanha e em outros países da América do Sul, como Uruguai e Argentina.

Cada avaliador recebe trechos de vídeos sem ordem cronológica, ou seja, sem saber se o animal em questão foi filmado antes ou logo após a cirurgia ou ainda depois da medicação. Então, assinala em uma tabela se recomendaria a aplicação de analgésicos; classifica a dor de acordo com uma escala descritiva simples (sem dor = 0; dor leve = 1; dor moderada = 2, dor intensa =3); e indica quais alterações comportamentais consegue perceber a partir das imagens.

Por fim, a equipe da FMVZ/Unesp recebe a devolutiva dos materiais, faz comparações com as suas conclusões iniciais e realiza análises estatísticas para compor escalas validadas em três idiomas (português, inglês e espanhol). São tabelas com a descrição das alterações comportamentais mais relevantes, acompanhadas de vídeos e classificadas com notas que, somadas, resultam em um escore total. “A partir de ao redor de um terço da pontuação máxima, por meio de cálculos matemáticos, considera-se que o animal é meritório de receber analgésicos”, afirmou Luna.

“Quando estiverem finalizados, os produtos finais do estudo serão pioneiros para dor aguda em bovinos e suínos, que ainda não contam com escalas validadas nacional ou internacionalmente”, disse o pesquisador. “Entre equinos, até então havia somente uma escala ortopédica, mas nada a respeito de tecidos moles, atingidos, por exemplo, pela castração.”

As novas ferramentas serão disponibilizadas gratuitamente no site Animal Pain, no qual a FMVZ/Unesp já publicou uma escala de dor aguda em gatos, resultado de um projeto de pós-doutorado supervisionado por Luna e apoiado pela FAPESP. Dois dos artigos relacionados a esse estudo podem ser lidos em Journal of Feline Medicine and Surgery e BMC Veterinary Research.

“Ampliar os conhecimentos sobre a dor e, assim, aplicar analgésicos com mais propriedade é importante para o bem-estar dos animais e do ponto de vista prático. Isso porque pode haver ganhos [para o produtor], como menor tempo de recuperação pós-operatória e redução de inflamações”, disse Luna.

Anestesia em suínos

Ainda no âmbito do Projeto Temático, Luna orientou uma iniciação científica sobre os efeitos da castração de leitões com e sem o uso de anestésico local.

A investigação concluiu que o ganho de peso nos animais castrados com anestesia é superior ao dos animais que não recebem anestésicos.

“Em termos financeiros, há um ganho significativo para propriedades com milhares de animais. O procedimento cirúrgico fica um minuto mais lento, mas a relação custo-benefício é promissora. Sem contar que a medida colabora com o bem-estar animal e agrega valor ao produto perante o mercado consumidor”, disse Luna.

A partir de tal comprovação, os pesquisadores esperam inspirar o uso de anestésicos em suínos durante outros procedimentos que em geral são feitos sem anestesia, como o corte da cauda e a extração de dentes.

Dor crônica em cães

Por meio de um projeto de pós-doutorado, a equipe de Luna também busca estabelecer correlações entre o Índice de Dor Crônica de Helsinki (IDCH) – criado pela Universidade de Helsinque, na Finlândia, para avaliar a dor em cães – e experimentos realizados na própria FMVZ/Unesp.

“Esse tipo de escala, referente a problemas crônicos, é feita a partir de relatos dos proprietários de cães, que, por conviverem diretamente com os animais, podem opinar sobre o humor, a disposição para brincar, entre outros fatores. Buscamos incorporar elementos mais objetivos a esse tipo de ferramenta, usando a análise de movimento (cinética) dos animais e plataforma de pressão (baropodometria)”, afirmou Luna.

Para tanto, foram observados animais com displasia coxofemoral (um problema no assentamento da articulação entre o fêmur e a coxa), enquanto caminhavam sobre a plataforma de pressão. Os pesquisadores coletaram dados sobre a movimentação, a angulação das patas, a pressão exercida sobre o dispositivo e a distribuição do peso em cada membro.

“Pretendemos correlacionar as medidas objetivas da locomoção com o IDCH a fim de aprimorar a mensuração da dor e indicar possíveis tratamentos”, disse Luna.

Estímulos nociceptivos em equinos

Dois outros projetos, ambos de doutorado, estão vinculados ao Temático e interligados: uma tese busca padronizar e validar diferentes métodos de nocicepção – estímulos térmicos, mecânicos e elétricos capazes de provocar certo desconforto – em equinos e um segundo projeto visa avaliar o efeito de diferentes vias de administração de analgésicos, também em cavalos.

“O objetivo é conhecer a eficácia e a duração de analgésicos frente aos estímulos que provocamos – primeiramente testados em nós mesmos, como forma de assegurar que não causam lesões, apenas incômodos”, explicou Luna.

Para tanto, animais saudáveis e conscientes recebem analgesia. Em seguida, são estimulados termicamente (com sensores que esquentam via controle remoto), mecanicamente (com um dispositivo semelhante ao que mede a pressão arterial em humanos) ou eletricamente (por meio de pequenos choques).

“Se há desconforto, o animal levanta a pata, quando então interrompemos o estímulo. Assim, conseguimos avaliar se o analgésico faz efeito, se influencia no limiar do incômodo – em vez de o cavalo puxar a pata quando o sensor acusa 45 graus Celsius, ele o faz a 48 graus Celsius, por exemplo – e por quanto tempo a medicação faz efeito”, completou o professor da FMVZ/Unesp.