Arquivo da tag: Crise

Saiba o que os grandes filósofos estão dizendo sobre coronavírus (Ilustríssima/Folha de S.Paulo)

Artigo original

Úrsula Passos, 12 de abril de 2020

[RESUMO]Ameaça representada pelo coronavírus mobiliza diversas áreas do conhecimento, da medicina à filosofia. O que dizem os filósofos contemporâneos? Há os que apostam numa mudança de paradigma e há também os céticos, que apontam certo misticismo em prognósticos sobre grandes transformações políticas e econômicas. Veja a seguir um roteiro de navegação pelos debates filosóficos do momento, travados em sites e publicações internacionais.

Desde que a epidemia do novo coronavírus surgiu num horizonte então ainda distante, chamado Wuhan (China), configurava-se uma ameaça potencial a vidas e modos de viver em todo o planeta.

O assunto mobiliza cientistas envolvidos nas pesquisas relativas à Covid-19 e estudiosos e pensadores de diversas áreas, como as chamadas ciências humanas. Refletir sobre nossas sociedades e as maneiras pelas quais enfrentamos e poderemos sair dessa inesperada crise também tem ocupado os filósofos de nosso tempo.

A urgência do pensamento encontra na internet seu meio de veiculação ideal, que vê surgir debates como o que opôs, de um lado, o italiano Giorgio Agamben, e, de outro, o francês Jean-Luc Nancy e o também italiano Roberto Esposito, grandes nomes da filosofia política contemporânea, sobre as políticas de contenção do vírus.

Para ajudar o leitor a navegar por essa série de esforços do pensamento, a Ilustríssima apresenta este guia do debate, com um resumo do que cada um desses autores diz.

O debate sobre a exceção

Giorgio Agamben

Em 26 de fevereiro, o filósofo italiano publicou um artigo chamado “A Invenção de uma Epidemia” no site de sua editora. O texto provocou uma série de respostas no blog coletivo italiano Antinomie em parceria com a revista European Journal of Psychoanalysis.

Um dos maiores pensadores da atualidade, Agamben é autor de “Homo Sacer” (editora UFMG), no qual explicita o conceito mais caro de sua filosofia, o de estado de exceção ­—que se refere à situação em que, para conter um conflito ou uma ameaça, o governo usa de sua soberania para cassar ou suspender direitos e estabelecer um estado de guerra.

No texto, ele qualifica as medidas de contenção tomadas pelo governo italiano como “frenéticas, irracionais e totalmente imotivadas”. A mídia e as autoridades, segundo ele, estariam espalhando um clima de pânico que legitimaria o estado de exceção.

Para o filósofo, as medidas fazem parte de uma tendência crescente de usar o estado de exceção como paradigma normal de exercício do poder. A epidemia não seria mais que um pretexto para instaurar o pânico e tornar as limitações de liberdade aceitáveis em nome do desejo de segurança.

Jean-Luc Nancy

No dia seguinte à publicação, o filósofo francês (autor de, entre outros, “Corpus”, no qual aborda sua experiência de transplante de coração), respondeu ao colega afirmando a gravidade da Covid-19.

O pensador, para quem a noção de comunidade é central, considerou que Agamben falhava ao não perceber que a exceção já se tornou a regra no mundo atual, em que a intervenção da técnica sobre todas as coisas atinge uma dimensão nunca antes vista.

Para ele, desconsiderar que o governo é apenas um executor do que é preciso ser feito parece mais uma manobra diversionista do que uma reflexão política.

Roberto Esposito

Dois dias depois foi a vez do filósofo italiano, que também trabalha com o conceito de estado de exceção em seus estudos sobre biopolítica, responder a seu conterrâneo. O autor de “Categorias do Impolítico” (Autêntica) afirma ser um exagero falar em riscos à democracia neste momento.

Esposito, porém, admite que o estabelecimento da emergência empurra a política para procedimentos excepcionais que desfazem o equilíbrio do poder. Segundo ele, uma crescente politização da medicina distorce as tarefas de controle social porque seus objetivos não incluem mais indivíduos ou classes, mas segmentos de população diferenciados por saúde, idade, sexo e até etnia.

“Parece-me”, escreve ele, “que o que acontece hoje na Itália, com a caótica e um tanto grotesca sobreposição de prerrogativas estatais e regionais, tem mais o caráter de uma decomposição dos poderes públicos que o de uma dramática contenção totalitária”.

Giorgio Agamben

No dia 17 de março, o italiano voltou ao debate, mas sem mudar a postura. Segundo ele, o pânico mostrou que a sociedade não acredita em nada além de “vidas nuas” e que os italianos estão dispostos a sacrificar tudo para evitar ficarem doentes.

Agamben se pergunta no que as relações humanas se transformariam se nos acostumássemos a viver assim, como se outros seres humanos fossem apenas possíveis contaminadores. “O que é uma sociedade cujo único valor é a sobrevivência?”, pergunta.

Os homens, acostumados a viver em permanente crise, não percebem que a vida foi reduzida à condição biológica, perdendo suas dimensões social, política e emocional. Uma sociedade em permanente estado de emergência, diz, não pode ser livre.

Sua preocupação é com o pós-pandemia, se, passada a emergência médica, os experimentos que os governos conseguiram implementar se mantiverem e continuarmos com escolas e universidades fechadas, sem encontros para debater política e cultura, trocando mensagens virtuais e interagindo somente com máquinas.

O descrente

Alain Badiou

O filósofo francês, autor de “Em Busca do Real Perdido” (Autêntica), em que questiona a compreensão do real apenas pela ciência e economia, escreveu no final de março um artigo no qual se mostra descrente de uma grande mudança política após a pandemia.

Ele recusa a ideia de que estejamos vivendo algo inédito com o novo coronavírus, apontando ameaças anteriores, como o HIV e a Sars. “É verdade que esses deveres [como o de ficar em casa] são cada vez mais urgentes, mas, ao menos num exame inicial, não requerem nenhum grande esforço analítico ou a constituição de um novo modo de pensar”, escreve. Quanto às medidas tomadas pelos governos, são simplesmente as necessárias nesta situação.

Para Badiou, o Sars-CoV-2 evidencia uma grande contradição contemporânea: a economia está sob a égide do mercado global, enquanto os poderes políticos continuam sendo essencialmente nacionais.

Cético quanto ao que alguns aventam como possibilidades políticas na atual crise, ele percebe uma dissipação da atividade da razão que está levando a “misticismo, fabulação, profecias e maldições” e que, no pós-pandemia, será preciso avaliar tais perspectivas que acreditaram que algo politicamente inovador poderia surgir.

Valor das vidas

Judith Butler

A filósofa americana, responsável pelo conceito de performatividade de gênero e pela teoria queer, autora de “Problemas de Gênero” (Civilização Brasileira), parte da tentativa de Donald Trump de garantir apenas aos EUA uma possível vacina contra a Covid-19 para tratar do acesso desigual à saúde no país.

Ela volta às ideias expostas no livro “Vida Precária: Os Poderes do Luto e da Violência” (Autêntica), em que o luto aparece como elemento fundamental de um sentimento de comunidade que se opõe ao individualismo.

Embora todas as vidas sejam precárias e o vírus possa contaminar qualquer um, a desigualdade social e econômica permite que o vírus discrimine.

“Por que nós, como povo, ainda nos opomos à ideia de tratar todas as vidas como se tivessem o mesmo valor?”, pergunta.

Tchau Europa, olá China

Theodore Dalrymple

Dalrymple é o pseudônimo do psiquiatra e crítico cultural conservador britânico Anthony Daniels, autor, entre outros, de “Nossa Cultura… ou o Que Restou Dela” (É Realizações), conjunto de ensaios sobre a degradação dos valores.

Em dois textos sobre a Covid-19, ele trata do novo protagonismo da China e do fim da Europa como liderança e modelo para o mundo, tendência exacerbada pela pandemia.

O primeiro texto, do início de março, mostra como epidemias ou guerras fazem com que tanto a população quanto a classe política vivam uma dialética entre complacência e pânico, entre a análise de estatísticas e o medo do desabastecimento que leva à corrida a supermercados.

Ali, Dalrymple comenta o fato de que, com a falta de insumos, os governos acordaram para o perigo de deixar que a China seja a fábrica do mundo, confiando ao país diversas partes da cadeia produtiva.

O segundo texto trata de como os europeus, para se consolarem do fato de não terem respondido ao vírus com a mesma eficiência de países asiáticos, se apegam à ideia de que são livres e de que não vivem sob regimes autoritários.

Sociedade do medo

Frank Furedi

Nascido na Hungria e professor da Universidade de Kent, na Inglaterra, o sociólogo e autor de “Politics of Fear” (política do medo) tem escrito diversos artigos sobre a Covid-19 na revista online Spiked.

No final de janeiro, Furedi alertava para que a reação à doença não fosse extrema, dizendo que neste século já vimos o surgimento de outros vírus e que já começavam as teorias da conspiração e o apontar de dedos em busca de culpados.

Em texto de meados de março, ele trata de como a pressão para que políticos ajam de forma a aquietar a opinião pública pode impedir que as melhores decisões sejam tomadas. Mas não são os governos, e sim as comunidades, diz ele, que asseguram que a dor e o sofrimento sejam minimizados.

Em “Um Desastre sem Precedentes”, de 20 de março, Furedi aborda os impactos do coronavírus, não pelo aspecto da saúde, mas pelo ângulo da reação de governos, entidades internacionais e comunidades. “É como a sociedade responde a um desastre que determina que legado, a longo prazo, o desastre terá”, escreve.

O modo como se responde a uma pandemia é mediado pela maneira como se percebe a ameaça, pela sensação de segurança existencial e pela capacidade de dar significado ao imprevisto.

Ele então enumera questões do nosso cenário cultural que influenciam a nossa resposta: no século 21 os indivíduos deixaram de se enxergar como resilientes e passaram a se definir por suas vulnerabilidades; existe uma grande “psicologização” dos problemas da vida cotidiana e da existência; e uma percepção contemporânea de que a existência humana está ameaçada —“o termo extinção humana é usado casualmente nas conversas cotidianas”.

Em oposição a isso, Furedi fala da necessidade de desenvolver a coragem como valor compartilhado —e valores compartilhados são essenciais à solidariedade.

No artigo mais recente, de 2 de abril, ele volta a tratar da sanha por achar culpados pelo novo coronavírus. A maior parte das narrativas de culpa é, segundo ele, influenciada por inimigos de seus autores. Setores da esquerda culparam a austeridade e a falta de investimento no setor público, enquanto a direita responsabilizou migrantes e estrangeiros pela situação.

Para compreender tal busca por culpados, o sociólogo enumera três fases da maneira como a humanidade lida com catástrofes ao longo da história. Antes apontavam para Deus e outras forças sobrenaturais; após o Iluminismo, passamos a culpar a natureza; agora, buscamos culpados entre os seres humanos. Ainda hoje os desastres devem ter significados por trás deles e raramente são percebidos como acidentes.

Resposta imunológica

Han Byung-chul

O filósofo sul-coreano radicado em Berlim, autor de “Sociedade do Cansaço” (Vozes), em texto de meados de março passa em revista os modos distintos com que Ásia e Europa enfrentaram a Covid-19 —testagem em massa e controle digital de um lado, isolamento social de outro.

Ele aponta questões culturais que levam a tais diferenças, como a tradição confucionista que engendra uma mentalidade autoritária, a maior obediência e menor relutância, mais confiança no Estado e sobreposição da coletividade sobre o indivíduo nos países asiáticos.

Han também aborda uma mudança na ideia de soberania, que, segundo ele, está ultrapassada como é vista na Europa. É soberano, afirma, quem dispõe de dados. E a vigilância digital impera na Ásia.

“O capitalismo continuará com ainda mais pujança”, diz ele. E agora a China poderá vender seu Estado policial digital com orgulho para o Ocidente. O vírus não vencerá o capitalismo, pois, ao nos isolar e não gerar nenhum sentimento coletivo, não mobiliza revoluções.

A solução socialista

David Harvey

O geógrafo marxista britânico, autor de “Os Limites do Capital” (Boitempo), no qual reinterpreta Marx à luz das dinâmicas espaciais da urbanização, publicou “Políticas Anticapitalistas em Tempos de Covid-19” em seu site, em meados de março.

Não há, segundo ele, desastres naturais, porque todos dependem, mais ou menos, da ação humana. Os impactos econômicos e demográficos do vírus dependem de fissuras e vulnerabilidades que já existiam no modelo econômico.

Em diversos países as autoridades regionais não tiveram acesso a recursos para a saúde pública por conta de políticas de austeridade que subsidiaram corporações e os ricos, escreve.

Ele contesta, ainda, a ideia de que a doença atinja igualmente a todos, pois a força de trabalho que cuida dos doentes é racializada e feminina. A diferença também está naqueles que podem ou não trabalhar de casa, e nos que podem ou não se isolar.

Os trabalhadores na maior parte do mundo, segundo ele, foram ensinados a se comportar como bons sujeitos neoliberais, mas as únicas políticas que surtirão efeitos agora serão socialistas.

Nada deve ser como antes

Bruno Latour

O francês, sociólogo e filósofo da ciência, é autor de, entre outros, “Jamais Fomos Modernos” (editora 34), sobre como a noção de moderno é usada no Ocidente em oposição a outras culturas. Em texto do final de março, defende que não voltemos ao estado anterior, de superprodução e consumismo, após a pandemia.

Segundo ele, os globalistas vão se aproveitar da crise para voltarem mais fortes, ignorando os sinais climáticos. “É agora que devemos lutar para que, uma vez terminada a crise provocada pela pandemia, a retomada da economia não traga de volta o mesmo velho regime climático que temos tentado combater”, escreve.

Não se trata mais de retomar ou de transformar um sistema de produção, mas de abandonar a produção como o único princípio de relação com o mundo. Ao final, ele propõe um exercício ao leitor: fazer um inventário das atividades que não gostaria que fossem retomadas e daquelas que, pelo contrário, gostaria de ampliar.

A nova fronteira

Paul B. Preciado

No começo de março, o filósofo trans espanhol, autor do “Manifesto Contrassexual” (N-1 edições), um marco dos estudos de gênero, adoeceu pela Covid-19. Logo depois, escreveu um texto a respeito dos dias que passou alheio aos acontecimentos e sobre como pensou que a nova realidade poderia agora ser escrita em pedra. “Valeria a pena viver nos moldes do confinamento?”, ele se perguntava.

No dia 28, voltou ao assunto em outro artigo, no qual enfatiza a filosofia de Michel Foucault da biopolítica, segundo a qual o corpo é o objeto central de toda política.

As diferentes epidemias, segundo ele, materializam na esfera do corpo de cada um as obsessões que dominam a gestão política da vida e da morte das populações. Sendo assim, o vírus atua replicando e estendendo a todos as formas dominantes de gestão da vida e da morte que já existiam, mas em dimensões nacionais.

Estamos, em nossa época, passando de uma sociedade orgânica para uma digital, de uma economia industrial para uma imaterial. As pessoas não são mais reguladas pela passagem por instituições disciplinares, como escola, fábrica, casa, mas por tecnologias biomoleculares, digitais e de transmissão de informação.

“O que está sendo testado em escala planetária por meio do gerenciamento do vírus é uma nova maneira de entender a soberania em um contexto em que a identidade sexual e racial está sendo desarticulada”, escreve.

Golpe no capitalismo

Slavoj Zizek

No fim de fevereiro, o esloveno, o mais pop dos filósofos, publicou um artigo no qual define o novo coronavírus como um golpe à la “Kill Bill” no capitalismo.

O autor de livros como “Menos que Nada” (Boitempo), no qual articula Hegel e Lacan, faz referência ao golpe mortal aplicado pela protagonista em seu inimigo ao final do longa de Quentin Tarantino.

Para Zizek, o novo coronavírus sinaliza que uma mudança radical é necessária. A crise econômica que se espera como consequência da pandemia mostra a urgência de uma reorganização da economia global em que não se esteja à mercê dos mecanismos do mercado.

Ele prepara novo livro sobre a pandemia, que já está em pré-venda. Zizek fala de um socialismo de emergência, no qual trilhões serão gastos, violando as leis de mercado, mas que ainda assim corre o risco de ser um “socialismo para os ricos”, ajudando apenas a elite, como em 2008.

E mais alguns pensadores

Noam Chomsky

O linguista americano conversa com o filósofo croata Srećko Horvat em vídeo do final de março. Ele diz que o coronavírus é preocupante, mas que estamos sob duas maiores ameaças, uma iminente guerra nuclear e o aquecimento global, além da ameaça de deterioração da democracia. Neste momento, os países pobres, num mundo civilizado, deveriam estar recebendo ajuda dos países ricos para que as pessoas não morressem de fome.

Ao superarmos a crise teremos algumas opções, de estados altamente autoritários e brutais, com os quais o neoliberalismo ficaria feliz, à reconstrução radical da sociedade em termos mais humanos, em que o lucro não seja o mais importante.

Naomi Klein

A escritora e ativista canadense, autora de “A Doutrina do Choque”, falou à Vice e ao Intercept sobre o novo coronavírus. Klein diz que em momentos de crise as ideias mais inesperadas de repente se tornam possíveis de serem executadas e defende o chamado “green new deal”, que investe em indústrias limpas.

Peter Singer e Paola Cavalieri

O filósofo australiano, grande voz na defesa dos animais, e a jornalista e filósofa italiana, autora de um projeto que estende aos grandes primatas os direitos humanos, publicaram no início de março um texto no qual traçam um panorama do possível surgimento do Sars-Cov-2 em mercados de animais silvestres na China.

Eles defendem que não apenas leis que protejam espécies sejam instituídas, mas que o mundo todo proíba mercados em que animais são vendidos vivos.


Úrsula Passos é jornalista da Folha e mestre em filosofia pela USP.

How Will The COVID-19 Pandemic Affect Global Food Supplies? Here’s What We Know (RFE/RL)

A Pakistani worker in Karachi sorts wheat grain on April 7 to make flour to keep people fed during the country's lockdown amid the ongoing COVID-19 pandemic.
A Pakistani worker in Karachi sorts wheat grain on April 7 to make flour to keep people fed during the country’s lockdown amid the ongoing COVID-19 pandemic. Photo: Shahzaib Akber (EPA-EFE)

Original article

April 09, 2020 14:55 GMT

By RFE/RL

That strawberry you’re eating while self-isolating from the coronavirus?

Chances are it came from a farm. Or it may have come from a large agricultural operation many, many kilometers away from your home, harvested by hand, possibly by migrant workers brought in from other towns, cities, or even countries.

But can that system continue to bring you strawberries as the global coronavirus pandemic continues? Or bread? Pasta? Cooking oil?

The coronavirus has already sent the global economy into a tailspin, with tens of millions of people being put out of work, as factories from Wuhan to Bavaria to Michigan suspend operations.

What does this mean for the food we eat?

If you live in a rural setting in a temperate climate where the growing season is under way, you might be preparing to eat produce from your backyard or your dacha.

But if you live in a city – as more than half the world’s population does — chances are you rely on the global food supply chain to make sure your bread and milk, or noodles and bananas, are in stock at the market.

What happens when the people picking our fruits and vegetables get sick or have to quarantine? What happens when the packers who make sure the potatoes and onions are boxed and put onto trucks to be driven to towns and cities can’t work? What happens when wheat can’t be milled or shipped to bakeries to be baked into bread and sold at markets and food stores?

Could we be facing global food shortages in the coming months?

A man stands in front of empty shelves in a supermarket in Moscow on March 17.
A man stands in front of empty shelves in a supermarket in Moscow on March 17.

“Massive disruptions to global food supply system will result from the pandemic,” Chris Elliot, a professor at Queen’s University in Belfast, wrote in a post on Twitter.

Here’s what we know about how the coronavirus is affecting food supplies.

What’s Going On?

In mid-March, the pandemic was accelerating in most countries, even as a handful began to show signs of “flattening the curve” – the term used for slowing the rate of new infections.

But the stress on the global food supply system was already clear.

“A protracted pandemic crisis could quickly put a strain on the food supply chains, a complex web of interactions involving farmers, agricultural inputs, processing plants, shipping, retailers, and more,” Maximo Cullen, the chief economist for the United Nations’ Food and Agriculture Organization, warned in a paper.

Panic buying and hoarding in some places added to worries that retailers and wholesalers whose inventories might be small already could be wiped out.

By early April, the World Food Program – another UN agency – tried to reassure nervous consumers.

“Global markets for basic cereals are well-supplied and prices generally low,” the program said in a report released on April 3.

“Disruptions are so far minimal; food supply is adequate, and markets are relatively stable,” spokeswoman Elizabeth Byrs was quoted as saying.

“But we may soon expect to see disruptions in food supply chains” if big importers lose confidence in the reliable flow of basic food commodities, she said.

Workers load a truck with food aid in Bydgoszcz, Poland, on April 8. Two Polish companies, Polski Cukier and Polskie Przetwory, donated food products to help those most in need because of the coronavirus pandemic.
Workers load a truck with food aid in Bydgoszcz, Poland, on April 8. Two Polish companies, Polski Cukier and Polskie Przetwory, donated food products to help those most in need because of the coronavirus pandemic.

For industrialized nations, whose food supply chains were already undergoing a shift due to changing consumer habits and tastes, that bodes for more uncertainty.

“We’re talking about a radical change to a food chain that was already going through a radical chain,” James Tillotson, a retired professor of food policy and international business at the Friedman School at Tufts University in the United States, told RFE/RL.

Who’s Most At Risk?

For major industrial nations, whose populations tend to be particularly concentrated in urban and suburban centers, the food supply chains are longer, more complex, and, possibly, more vulnerable.

For less industrial, more rural, and agrarian economies, supply chains tend to be shorter and simpler. If you’re not getting your eggs and milk from chickens and cows and goats in your backyard, for example, then you might be getting them from the farmers in the next village over.

Other commodity goods — such as wheat, corn, or soybeans — are sold and shipped in bulk, often over long distances. That means there are more points where the supply chain can be disrupted.

Add to that the fear factor: Consumers fearing the possibility of shortages rush to buy more than they otherwise would, thus causing the shortages they’d feared. Some food markets in Moscow, for example, reported shelves being emptied of ready-to-eat buckwheat.

Grain Drain: Coronavirus Concerns Drive Russians To Buy Up Buckwheat

That’s led some countries to cut back on food exports in a bid to ensure they have enough food for their own citizens.

Vietnam, a major exporter of rice, has suspended exports of that product and other commodities. India, a major producer of rice, like Vietnam, has also suspended exports.

In Kazakhstan, one of the world’s major exporters of wheat, the government has restricted exports of that commodity. Earlier, the government had suspended exports of other goods like onions, sugar, sunflower oil, and even buckwheat – a grain that has emotional resonance for many older Kazakhs and Russians as a way to ward off hunger.

Last month, Russia, the world’s largest wheat producer, suspended exports of processed grains such as buckwheat, rice, and oat flakes.

Restricted supplies have pushed up prices, not only locally but globally in some cases.

In the Boston area, for example, the price of a dozen eggs has tripled in recent weeks, Tillotson said.

Higher prices and supply restrictions have created opportunities for black marketeers. Police in Kyrgyzstan this week detained shipments of milled wheat flour that was being smuggled out of the country in sacks labeled “cement.”

In an unusual public appeal, activists, academics, and a group of executives for some of the world’s biggest food-processing companies warned on April 9 that the number of people going hungry around the world could increase dramatically in the coming months.

Sacks of flour stacked at a storage facility in Novosibirsk, Russia. Production of bread, grains, and pasta has been boosted in the Novosibirsk region due to increased demand amid the COVID-19 pandemic.
Sacks of flour stacked at a storage facility in Novosibirsk, Russia. Production of bread, grains, and pasta has been boosted in the Novosibirsk region due to increased demand amid the COVID-19 pandemic.

“There could not be a more important time in which to keep trade flows open and predictable,” according to the letter addressed to world leaders.

The letter urged food exporters to keep supplying international markets, and also called for supporting populations most at risk of hunger, as well as investing in local production.

Who’s Harvesting?

The process of picking crops and packing them for shipment is itself under stress, experts warned, as field workers struggle to get protective equipment to shield them from coronavirus infection or as workers are prevented from traveling to farms by lockdowns and travel restrictions.

“The issue of the health of the farm labor force as well as labor availability is one of the biggest challenges to production,” risk analyst group Fitch Solutions said in a March 25 report.

In the United States, migrant workers comprise the bulk of farm and agriculture labor. And in California, one of the leading U.S. states for producing food and agricultural goods, state officials have imposed a stay-at-home order to minimize people moving around and transmitting infection. That has affected farm labor.

The same holds true across Europe, where farms are doing spring planting and struggling to find workers to pick crops like strawberries and lettuce after border closures among European Union member choked off the flow of foreign laborers.

“At this point, it concerns vegetable growers who need manpower, both indoors and outdoors, in terms of sowing and doing spring work,” Stojan Marinkovic, president of the Republika Srpska Farmers’ Association, told RFE/RL’s Balkan Service. “We are aware that this is a large group of people working in one place, so they have to take care of protecting both themselves and the people around them.”

Sooner or later, however, coronavirus infections will fall, governments will ease restrictions on travel and retailers, and supply chains will revert to normal, experts predict.

At that point, people may face a different problem: what to do with all the extra goods in their larders, cupboards, and freezers.

“If people are buying more goods now, it is not necessarily because they are using more — they are stockpiling. When things get back to normal, consumers will have a lot of canned soup and toilet paper at home and won’t need to buy more,” Goker Aydin, an operations management expert at the Carey Business School at Johns Hopkins University, said.

Radio Free Europe/Radio Liberty © 2020 RFE/RL, Inc. All Rights Reserved.

Clive Hamilton: Climate change signals the end of the social sciences (The Conversation)

January 24 2013, 7.24pm
Clive Hamilton

Our impact on the earth has brought on a new geographical epoch – The Age of Humans.AAP/Damien Shaw

In response to the heatwave that set a new Australia-wide record on 7 January, when the national average maximum reached 40.33°C, the Bureau of Meteorology issued a statement that, on reflection, sounds the death knell for all of the social sciences taught in our universities.

“Everything that happens in the climate system now”, the manager of climate monitoring at the Bureau said, “is taking place on a planet which is a degree hotter than it used to be.”

Eminent US climate scientist, Kevin Trenberth, made the same point more fully last year:

The answer to the oft-asked question of whether an event is caused by climate change is that it is the wrong question. All weather events are affected by climate change because the environment in which they occur is warmer and moister than it used to be.

Trenberth’s commentary calls on us to reframe how we think about human-induced climate change. We can no longer place some events into the box marked “Nature” and some into the box marked “Human”.

The invention of these two boxes was the defining feature of modernity, an idea founded on Cartesian and Kantianphilosophies of the subject. Its emergence has also been tracked by science studies in the contradiction between purified science and the messy process of knowledge creation, leading to Bruno Latour’s troubling claim that the separation of Human and Nature was an illusion, and that “we have never been modern”.

Climate science is now telling us that such a separation can no longer be sustained, that the natural and the human are mixed up, and their influences cannot be neatly distinguished.

This human-nature hybrid is true not just of the climate system, but of the planet as a whole, although it would be enough for it to be true of the climate system. We know from the new discipline of Earth system science that changes in the atmosphere affect not just the weather but the Earth’s hydrosphere (the watery parts), the biosphere (living creatures) and even the lithosphere (the Earth’s crust). They are all linked by the great natural cycles and processes that make the planet so dynamic. In short, everything is in play.

Apart from climatic change, it is apparent that human activity has transformed the Earth in profound ways. Every cubic metre of air and water, every hectare of land now has a human imprint, from hormones in the seas, to fluorocarbons in the atmosphere and radioactivity from nuclear weapons tests in the soil.

Each year humans shift ten times more rock and soil around the Earth than the great natural processes of erosion and weathering. Half of the land surface has been modified by humans. Dam-building since the 1930s has held back enough water to keep the oceans three centimetres lower than otherwise. Extinctions are now occurring at a rate 100 times faster than the natural one.

So profound has been the influence of humans that Earth scientists such as Will Steffen have recently declared that the Earth has entered a new geological epoch, an epoch defined by the fact that the “human imprint on the global environment has now become so large and active that it rivals some of the great forces of Nature in its impact on the functioning of the Earth system”. Known as the Anthropocene, the Age of Humans, it marks the end of the Holocene, the 10,000-year period of remarkable climatic stability and clemency that allowed civilisation to flourish.

The modern social sciences — sociology, psychology, political science, economics, history and, we may add, philosophy — rest on the assumption that the grand and the humdrum events of human life take place against a backdrop of an inert nature. Only humans have agency. Everything worthy of analysis occurs in the sealed world of “the social”, and where nature does make itself felt – in environmental history, sociology or politics – “the environment” is the Umwelt, the natural world “over there” that surrounds us and sometimes intrudes on our plans, but always remains separate.

What was distinctive of the “social sciences” that emerged in 18th-century Europe was not so much their aspiration to science but their “social-only” domain of concern.

So the advent of the Anthropocene shatters the self-contained world of social analysis that is the terrain of modern social science, and explains why those intellectuals who remain within it find it impossible to “analyze” the politics, sociology or philosophy of climate change in a way that is true to the science. They end up floundering in the old categories, unable to see that something epochal has occurred, a rupture on the scale of the Industrial Revolution or the emergence of civilization itself.

A few are trying to peer through the fog of modernism. In an epoch-marking intervention, Chicago historian Dipesh Chakrabarty has argued that the distinction we have drawn between natural history and human history has now collapsed. With the arrival of the Anthropocene, humans have become a geological force so that the two kinds of history have converged and it is no longer true that “all history properly so called is the history of human affairs”.

E.H. Carr’s famous definition of history must now be discarded:

History begins when men begin to think of the passage of time in terms not of natural processes — the cycle of the seasons, the human life-span — but of a series of specific events in which men are consciously involved and which they can consciously influence.

From hereon our history will increasingly be dominated by “natural processes”, influenced by us but largely beyond our control. Our future has become entangled with that of the Earth’s geological evolution. As I argue in a forthcoming book, contrary to the modernist faith, it can no longer be maintained that humans make their own history, for the stage on which we make it has now entered into the play as a dynamic and capricious force.

And the actors too must be scrutinised afresh. If on the Anthropocene’s hybrid Earth it is no longer tenable to characterise humans as the rational animal, God’s chosen creatures or just another species, what kind of being are we?

The social sciences taught in our universities must now be classed as “pre-Anthropocene”. The process of reinventing them — so that what is taught in our arts faculties is true to what has emerged in our science faculties — will be a sustained and arduous intellectual enterprise. After all, it was not just the landscape that was scorched by 40.33°C, but modernism itself.

Racionamento de água já atinge 2,77 milhões de pessoas em São Paulo (Folha de S.Paulo)

JOÃO ALBERTO PEDRINI

CAMILA TURTELLI
DE RIBEIRÃO PRETO
WILLIAM CARDOSO
DO AGORA

04/10/2014 02h00

Apesar das chuvas que atingiram algumas regiões do Estado nos últimos dias, o racionamento oficial de água já atinge 2,77 milhões de pessoas em 25 municípios.

O número de habitantes afetados é 32% maior do que em agosto, quando levantamento da Folha mostrou que 2,1 milhões viviam sob rodízio em 18 cidades.

O racionamento oficial ocorre em municípios onde os serviços de abastecimento de água e tratamento de esgoto são de responsabilidade das prefeituras.

Não há na lista cidades em que o sistema é gerenciado pela Sabesp, embora a empresa venda água para algumas delas.

O problema atinge cidades que captam água de rios, lagoas, represas, córregos, reservatórios e poços subterrâneos. Nenhuma delas tem prazo para o fim do rodízio.

Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress

Segundo a Defesa Civil, as chuvas registradas de janeiro a setembro no Estado foram 21,3% menores do que a média histórica. Foram 12.972 mm ante média de 17.174 mm.

Em Valinhos (a 85 km de São Paulo) a prefeitura admite que o racionamento deve seguir por mais um ano. Duas vezes por semana, a cidade fica 18 horas sem água.

Metade da água é do sistema Cantareira, 5% de poços e 45% de represas, que estão com níveis baixos.

A prefeitura diz que investirá na ampliação do tratamento, hoje no limite. Com o investimento, de cerca de R$ 3 milhões, será possível captar mais água do rio Atibaia.

Cravinhos (a 292 km de São Paulo), assim como Uchoa (a 416 km de São Paulo), só capta de poços e vive a mesma situação.

“Todo ano, em períodos secos, percebemos alta no consumo, mas nunca precisamos racionar. É a primeira vez”, disse Claudio Henrique Alves Cairo, superintendente do setor de água e esgoto.

O maior município com racionamento no Estado é Guarulhos (a 16 km de São Paulo). Lá, 13% da água é captada por meio de produção própria e 87% são comprados da Sabesp.

A prefeitura diz que estuda ampliar a captação em novos mananciais.

Em Mauá (a 27 km de São Paulo), que também compra água da Sabesp, o racionamento começou na última quarta. O município, diz que o fornecimento caiu 22% desde julho. Moradores dizem que sofrem com o problema há três meses.

Oficialmente, a cidade foi dividida em cinco partes e cada uma fica sem água durante um dia da semana, de segunda a sexta-feira.

O aposentado Luiz Carlos Lissoni, 56, já chegou a ficar quatro dias seguidos sem água e ontem estava com a torneira seca. Para minimizar os problemas, comprou uma caixa de 1.500 litros por R$ 410 e tinha outra de 1.000 litros.

“Tenho uma mulher doente, que precisa de mais de um banho por dia”, diz.

Climate Change News – September 16, 2014 (DISCCRS)

NEWS

UN says CO2 pollution levels at annual record high – Associated Press – September 9, 2014 – http://bigstory.ap.org/article/un-says-co2-pollution-levels-annual-record-high

Greenhouse Gas Pollution Sees Fastest Rise – ClimateWire (via Scientific American) – September 9, 2014 – http://www.scientificamerican.com/article/greenhouse-gas-pollution-sees-fastest-rise/

NASA Ranks This August as Warmest on Record – Climate Central – September 15, 2014 – http://www.climatecentral.org/news/nasa-globe-warmest-august-18031

Study finds warming Atlantic temperatures could increase range of invasive species – NOAA Press Release (via AAAS EurekAlert) – September 15, 2014 – http://www.eurekalert.org/pub_releases/2014-09/nh-sfw091214.php

Has the great climate change migration already begun? – Vital Signs (Guardian) – September 15, 2014 – http://www.theguardian.com/vital-signs/2014/sep/15/climate-change-refugees-un-storms-natural-disasters-sea-levels-environment

Grassroots pressure needed to beat climate change and poverty – experts – Thomson Reuters Foundation – September 12, 2014 – http://www.trust.org/item/20140912161513-2y17m/?source=fiOtherNews3

Princeton University launches NSF-funded initiative to study Southern Ocean’s role in global systems – NSF Press Release 14-117 – September 9, 2014 – http://www.nsf.gov/news/news_summ.jsp?cntn_id=132638&WT.mc_id=USNSF_51&WT.mc_ev=click

Warmer air caused ice shelf collapse off Antarctica – Reuters – September 11, 2014 – http://www.reuters.com/article/2014/09/11/us-climatechange-antarctica-idUSKBN0H625T20140911

Illegal deforestation is growing problem for climate – Climate News Network – September 12, 2014 – http://www.climatenewsnetwork.net/2014/09/illegal-deforestation-is-growing-problem-for-climate/

Brazil confirms Amazon deforestation sped up in 2013 – Reuters – September 10, 2014 – http://www.reuters.com/article/2014/09/10/us-brazil-deforestation-rise-idUSKBN0H528V20140910

Climate Change Threatens Half of North America?s Birds – Climate Central – September 13, 2014 – http://www.climatecentral.org/news/north-americas-birds-climate-change-18023

Ozone Layer on Track to Recovery – United Nations Environment Programme/World Meteorological Organization Press Release – September 10, 2014 – http://montreal-protocol.org/Assessment_Panels/SAP/SAP2014_ADM_Press_Release_10-Sept-2014.pdf

FORUM

Water management in Iran: what is causing the looming crisis? – Journal of Environmental Studies and Sciences (via Springer) – August 23, 2014 – By Kaveh Madani – http://link.springer.com/article/10.1007%2Fs13412-014-0182-z

Moral Collapse in a Warming World – Ethics & International Affairs, 28, no. 3 (2014), pp. 335-342 – By Clive Hamilton – http://journals.cambridge.org/download.php?file=%2FEIA%2FEIA28_03%2FS0892679414000409a.pdf&code=f0a65c732192dd3bbb451e4f5abcf862

The 97% v the 3% ? just how much global warming are humans causing? – Climate Consensus – the 97% blog (Guardian) – September 15, 2014 – By Dana Nuccitelli – http://www.theguardian.com/environment/climate-consensus-97-per-cent/2014/sep/15/97-vs-3-how-much-global-warming-are-humans-causing

UN Climate Summit must show climate change action is in everyone’s interests – Guardian Professional – September 11, 2014 – By Simon Zadek and Nick Robins – http://www.theguardian.com/sustainable-business/2014/sep/11/un-climate-summit-climate-change-interests-business-governments-finance

The Guardian view on the unchanging message from climate scientists – Guardian Editorial – September 14, 2014 – http://www.theguardian.com/commentisfree/2014/sep/14/guardian-view-unchanging-message-climate-scientists

Can Humans Get Used to Having a Two-Way Relationship with Earth?s Climate? – Dot Earth blog (New York Times) – September 10, 2014 – By Andrew Revkin – http://dotearth.blogs.nytimes.com/2014/09/10/can-humans-get-used-to-having-a-two-way-relationship-with-earths-climate/?_php=true

Naomi Klein: ?We tried it your way and we don?t have another decade to waste? – Guardian – September 14, 2014 – By Suzanne Goldenberg – http://www.theguardian.com/books/2014/sep/14/naomi-klein-interview-capitalism-vs-the-climate

Não é hora de sair do movimento (uninomade.net)

Por Giuseppe Cocco, no facebook

22/06/2013

stairs

Esquematicamente, faço um balanço depois das manifestações de quinta-feira, 20 de junho de 2013, a partir da experiência no Rio de Janeiro:

1) A partir de ontem o movimento pelo passe livre “passou” a ser outra coisa. Realmente monstruosa e o monstro é horrível e belo ao mesmo tempo.

2) Essa outra coisa ninguém sabe o que é e está totalmente em disputa.

O fato que as agremiações de esquerda tenham sido agredidas não significa que o movimento seja de direita. Foram agredidas por pequenos grupos, mas no meio de uma hostilidade geral à politica, ao mesmo tempo em que as organizações populares passeavam tranquilamente.

O que é certo é que o movimento coloca em crise todas as representações políticas e os planos de governo, político-partidários, eleitorais etc.

A grande mídia e a direita estão jogando pesado. Pra começar, é preciso entender quem agrediu.

O PT subavaliou e subavalia o custo de se manter em coalizões espúrias, de pensar que poderia resolver tudo desde cima, com base no neodesenvolvimentismo e nas técnicas gerenciais e de marketing eleitoral. O PT poderia perceber que tudo isso entrou em pane e se faz necessário inovar. Rapidamente! Dar sinais fortes disso.

3) O campo progressista passa – ele todo – inclusive a oposição de esquerda e o setores multitudinários do movimento, por três desafios e armadilhas:

a) O campo de governo (o PT) não tem um plano B. A atuação do Haddad admitindo um recuo junto ao Alckmin é desastrosa: amplifica a sensação: direita e esquerda são a mesma coisa. Uma sensação difusa, que não se materializava eleitoralmente, mas agora explodiu. Aí, o governo espera que “passe”, só que não passa e o monstro continua lá.

b) Diante do imobilismo do governo federal, o campo do PT está tentado (sobretudo depois de ontem) em polarizar em torno do golpismo e, ao invés de ira para dentro do movimento, com base no que deveria ser uma franca abertura — por exempo, colocando um Paulo Vannucchi no MJ, um Célio Turino no MinC, uma Ermínia Maricato nos Transportes e Cidade (ministerios unificados), — declarando moratória geral sobre preços dos transportes, aberturas de assembleias de participação em todos os territorios etc etc.

c) Decretar a idiotice que todo o movimento é direita, além de ser uma inverdade, é entregá-lo nas mãos do golpismo e da direita. Entre esses indigentes políticos do PT, há aqueles que pedem repressão. Não dá nem para acreditar. E não se trata apenas de um princípio, mas do óbvio que a repressão quem faz e quem se aproveita é a direita. É só ler O Globo do dia seguinte, depois que PM gazeou todo mundo ontem até a meia-noite.

Aqueles que “fazem multidão” dentro do movimento tem o desafio nada simples de se organizar para entender que a radicalização é democrática e passa também por dentro do movimento. Criticar – inclusive radicalmente – a Copa e as Olimpíadas de Cabral e Paes, os símbolos do poder e não estar preocupado com a proliferação de cartazes e comportamentos fascistas NAS manifestações está virando uma outra forma de idiotice.

Isto significa que é preciso passar a criticar a forma-manifestação e – com base no recuo geral dos preços das passagens – propor outras coisas que propiciem processos instituintes.

Agora, tudo isso passa hoje por dentro das manifestações. É ali que é preciso fazer essa batalha política, e está tudo muito complicado. Mas é aí, dentro do movimento, que a democracia precisa avançar.

Divulgue na rede

Tim Ingold: La antropología en crisis (Clarin)

08/01/13

Con una visión crítica, el especialista británico denuncia que esta ciencia no forma parte de debates importantes, y sostiene que “debería mirar al futuro a Través de la lente del pasado”, ser “especulativa y no sólo una disciplina empírica”.

POR VIVIAN SCHEINSOHN

ANTIACADEMICA. Tim Ingold dice que su disciplina desafía el modo académico de producción de conocimiento. / Gustavo Castaing

ANTIACADEMICA. Tim Ingold dice que su disciplina desafía el modo académico de producción de conocimiento. / Gustavo Castaing

Mientras que en el ámbito de las ciencias sociales las escuelas y teorías se multiplican, el antropólogo británico Tim Ingold parece responder sólo a sí mismo. Difícilmente clasificable en una corriente en particular, sus aportes teóricos a la antropología lo convierten en una figura insoslayable. Profesor de Antropología Social en la Universidad de Aberdeen (Escocia), Ingold estuvo en Buenos Aires a fines de 2012, dictó una conferencia en la Universidad Nacional de General San Martín y también viajó a Córdoba donde dictó un curso en el Museo de Antropología de la Universidad de Córdoba.

Ambientes para la vida. Conversaciones sobre humanidad, conocimiento y antropología es el título de su único libro traducido al español.

Sobre el papel de la antropología en el presente y en el futuro, en Europa y en América Latina, dialogó con Ñ .

¿Qué definición le cabe a la antropología en esta época y en este contexto?

Tenemos que movernos más allá de la idea de que la antropología estudia las culturas. Necesitamos pensarla como una disciplina especulativa, que mira las posibilidades y potencialidades de los seres humanos. Por eso, según mi definición, es una filosofía que incluye a la gente. No es sólo pensar cómo fue o es la vida humana en ciertos lugares o momentos sino cómo podría ser, qué tipo de vida podríamos vivir. La antropología debería mirar al futuro a través de la lente del pasado. Debe ser especulativa y no sólo una disciplina empírica.

¿Y entonces qué distingue a la antropología del resto de las ciencias sociales?

Puede pensarse en las ciencias sociales como conformando un paisaje donde cada disciplina es definida por el lugar donde se ubica. Se puede ver entonces que la antropología está hablándole a los sociólogos, a los historiadores, a los lingüistas. Si se toma la sociología, los sociólogos le están hablando a los antropólogos, a los historiadores, pero también a los economistas o a los historiadores del derecho, a los cuales la antropología no les habla. Entonces vemos diferentes lazos con diferentes disciplinas. Todas están conectadas pero ocupan diferentes posiciones en este paisaje. El ambiente de la investigación puede definirse como ese paisaje, con diferentes colinas o montañas donde están la antropología, la sociología, etcétera. Se puede ir de una a la otra sin cruzar ningún límite en particular. El punto es que cada disciplina no es más que un grupo de gente haciendo cosas y conversando. A esa conversación se une mucha gente, cada uno con su propio campo de referencia, en términos de a quiénes leyeron, dónde estuvieron, en que país estudiaron. Por eso no creo que se pueda hablar de disciplinas como si fueran una suerte de supraorganismo. Las ciencias sociales sólo se distinguen entre sí por las conversaciones que tuvieron. Y eso es lo divertido: que todos traemos algo diferente a esa conversación. Y nunca se sabe qué va a salir de eso.

Sin embargo, esa conversación interdisciplinaria no parece funcionar del todo bien. A veces, ciertas disciplinas parecen jugar su propio juego y eso hace que ciertos temas que fueron largamente debatidos en una disciplina sean redescubiertos en otra.

Sí, y eso es extremadamente problemático. Los antropólogos del Reino Unido tenemos problemas para hablar con las ciencias políticas. También tenemos un problema similar con la psicología, donde hoy se dan por sentado supuestos que nosotros deconstruimos hace tiempo. Y esto no sólo afecta a las ciencias sociales. Por ejemplo los biólogos comenzaron a darse cuenta de que la teoría dar-winiana estándar no era suficiente como para explicar la cultura. Entonces ahora aparece la Teoría de la Construcción de Nicho, es decir, la idea de que los humanos son animales que continuamente están construyendo su nicho y que los efectos de esa construcción condicionan la forma en que las futuras generaciones viven. Pero están reinventando la pólvora. Esa idea está bien establecida en antropología desde hace tiempo. Lo único que agregaron es la formalización. Lo hacen de una manera matemática de modo que la gente del ámbito de las ciencias naturales pueda entender esa idea y respetarla. No están preparados para entender o respetar una teoría si no está planteada de esa forma. No es tanto una nueva teoría, entonces, sino una traducción a un nuevo lenguaje de algo que ya sabíamos hace tiempo. Por eso que pienso que una de las principales tareas de la antropología es demostrar que hay formas distintas de ver las cosas, diferentes a lo que hoy es corriente en economía o en psicología. En ese sentido la antropología es una disciplina antidisciplinaria ya que está contra la idea de que todo el terreno del conocimiento puede dividirse en diferentes países, que estudian diferentes disciplinas. Además, la antropología es totalmente antiacadémica. Nos apoyamos en el mundo académico para existir pero siempre desafiando el modelo académico de producción de conocimiento. La antropología nos dice todo el tiempo que la gente con la que trabajamos es la que conoce lo que pasa, que deberíamos aprender de ellos.

Usted fue uno de los primeros en criticar la separación que se hizo a lo largo de la historia entre naturaleza y cultura. Este es un debate que se está dando ahora en otras disciplinas, fuera de la antropología. Y si bien hay un acuerdo respecto de que hay que superar esa división no parece existir un acuerdo hacia dónde se dirige esa alternativa, ¿Cuál sería su propuesta?

Mi propuesta es procesual, relacional y vinculada con el desarrollo o crecimiento. Los conceptos de naturaleza y cultura son sustantivos. Tendemos a pensar en el mundo como algo que ya existe de entrada. Pero en vez de esto, supongamos que el mundo del que hablamos es un mundo que se está haciendo todo el tiempo, que no es nunca el mismo de un momento al otro. En cada momento este mundo se esta revelando, desarrollando. Tenemos entonces que pensar en términos de verbos, más que de sustantivos, como algo que se está convirtiendo en lo que es. Y entonces podemos pensar en las formas que vemos como surgiendo de ese proceso. Por ejemplo, el biólogo supone que la forma ya está prefigurada en el ADN de un organismo y la única cosa que hace la vida es revelar esa forma. La alternativa que propongo es pensar que esas formas de vida, de organismos, de artefactos, son patrones emergentes que surgen de un proceso de desarrollo o crecimiento que se está llevando a cabo de manera continua. Las formas surgen del proceso que les da lugar. Hay que empezar a hablar de desarrollo entonces.

¿Habla del desarrollo a nivel de los individuos o de los grupos?

No veo que haya individuos versus grupos. El organismo es un lugar en un campo de relaciones. Volvamos otra vez al paisaje: se puede tomar un lugar dentro de ese paisaje y ese lugar estará creciendo, se estará desarrollando: eso es el organismo. Tenemos que dejar de pensar en individuos y grupos y comenzar a pensar en posicionalidad, en lugares o puntos en un campo de relaciones. Eso es lo que me satisface de la Teoría de los Sistemas de Desarrollo, que permite pensar en esos términos. Por ejemplo, normalmente se piensa en las habilidades como transmitidas de una generación a la otra. Para mí, nada se transmite. Las habilidades crecen de nuevo, se recrean con cada generación. Lo que una generación contribuye a la siguiente son los contextos de aprendizaje en los cuales los novicios pueden redescubrir por ellos mismos lo que sus predecesores ya conocían. Vamos a un ejemplo: supongamos que hay un granjero que tiene una granja y que muchas generaciones después sus descendientes siguen cultivando esa granja. La gente que se enmarca dentro de la Teoría de Construcción de Nicho diría que ese es un ejemplo de herencia ecológica, ya que el primer granjero creó un nicho y se los pasó a sus descendientes. Pero la realidad es que esa tierra cambió. En un sentido legal se puede decir que el descendiente heredó la tierra pero en un sentido práctico el descendiente trabaja esa tierra y la mantiene productiva gracias a su trabajo. Así seguramente usó técnicas totalmente distintas a las que usaba su abuelo. Y descubrió las cosas que conocía su abuelo pero al mismo tiempo descubrió cosas nuevas. El trabajo de una generación armó las condiciones del trabajo de la siguiente. Y eso no es otra cosa que la historia. Lo cual nos lleva a que hay que romper la división entre historia y evolución. No podemos tener una teoría en historia y otra en evolución. Necesitamos una teoría general de la evolución que se enfrente al darwinismo, como hizo la teoría de Einstein respecto de la de Newton. La física newtoniana sirve, funciona, pero sabemos que no es del todo correcta y que el universo no funciona exactamente así. Lo mismo pasa con el paradigma darwiniano: funciona la mayor parte del tiempo pero en lo que respecta a la historia humana no es exactamente así. Necesitamos una teoría para la cual el darwinismo sea un caso especial.

En el mapa académico usted no parece una figura fácilmente clasificable. ¿Usted, cómo se definiría?

Bueno es gracioso porque yo siempre me pensé como un antropólogo. Siempre pensé que la antropología es la única disciplina que puede unir a las ciencias naturales y a las humanidades, de una forma que no sea reduccionista y sin sacarlas de la realidad, sino comprometida con ella. Pero fui en esa dirección y al hacerlo me alejé cada vez más de la antropología tal como se practica hoy. Creo que eso habla también de lo que le pasó a la antropología en estos últimos tiempos: por lo menos en Gran Bretaña: está fuera de los debates importantes. En los debates que se escuchan en los medios, uno ve historiadores, psicólogos, biólogos pero no se ven antropólogos. Están por fuera de todas las grandes preguntas: qué significa ser humano, los problemas ambientales, etcétera. Los antropólogos tienen cosas terriblemente importantes para decir sobre eso pero, en cambio, se escuchan a los economistas o psicólogos difundiendo malentendidos que nos llevará años corregir. Esto no es enteramente culpa de los antropólogos, porque la popularización de la ciencia en los medios depende de una fórmula particular. Si se trabaja en publicidad hay que ser muy consciente de lo que la gente quiere o piensa, darle un giro y venderlo bajo una nueva forma. La popularización de la ciencia hace exactamente eso. Toma lo que la gente piensa, le da un nuevo enfoque y se lo ofrece de nuevo al público diciéndole que es el último adelanto en investigación científica. Obviamente los antropólogos no están preparados para jugar ese juego. La antropología trabaja para poner todas las certezas en cuestión. Y eso a la gente no le gusta. Por eso a la antropología le resulta difícil venderse sin comprometer sus principios. Pero tampoco me parece bien que se hayan abandonado las grandes preguntas. Para despertar algún interés, la antropología debería hacerse esas preguntas. La disciplina está sufriendo una cierta crisis de confianza, posiblemente relacionada con un ambiente académico inseguro: no hay muchos puestos laborales y por eso los estudiosos se ocupan de los temas pequeños, tratando de sobrevivir enfatizando el tema que sienten que los hace diferentes. Y eso no es una buena estrategia si querés salir al ruedo público y hacer ruido.

¿Qué nota de distinto entre la antropología británica y la que se hace en los distintos países de Latinoamérica?

Durante esta visita me encontré con gente de la Universidad de San Martín y fue muy interesante porque, por un lado la antropología que ellos están enseñando es una antropología social muy tradicional, la que me era familiar en los sesenta, cuando era estudiante. Pero ellos me dicen que esa antropología significa algo muy diferente en la Argentina. Porque aquí la antropología política se compromete con las peleas que se están dando en el país mientras que en Gran Bretaña la antropología política está desconectada de la vida política de la nación. Otro es el caso de Brasil: están muy influenciados por Francia y Norteamérica pero son lo suficientemente fuertes, ingeniosos y poderosos como para desarrollar sus propias aproximaciones. Del resto de Latinoamérica no puedo hablar demasiado.

Finalmente, ¿cuál es el papel que tiene la antropología en esta época?

Todas las disciplinas tienen subidas y bajadas. Hay momentos en que algunas son muy poderosas y llevan la delantera a las demás. En los años 50 y principios de los 60 la antropología iba a la vanguardia. Los antropólogos británicos eran líderes entre los intelectuales: Edmond Leach, Evans Pritchard, Raymond Firth, estaban en la radio, escribían en los diarios, eran figuras públicas. Hoy en día eso no pasa y hay otras disciplinas que tomaron la delantera. Creo que ese es uno de los resultados de la tendencia contemporánea de la antropología a retrotraerse dentro de la etnografía y olvidarse las grandes preguntas.

As ‘coisas indescritíveis’ do mundo do consumo (OESP)

Por Washington Novaes – 19 de outubro de 2012

O historiador Eric J. Hobsbawn, que morreu no começo da semana passada, deixou livros em que caracterizou de forma contundente os tempos que estamos vivendo. “Quando as pessoas não têm mais eixos de futuros sociais acabam fazendo coisas indescritíveis”, escreveu ele no ensaio Barbárie: Manual do Usuário. Ou, então, “aí está a essência da questão: resolver os problemas sem referências do passado”. Por isso, certamente Hobsbawn não se espantaria com a notícia estampada no jornal O Estado de S. Paulo poucos dias antes de sua morte: Na Espanha, cadeados nas latas de lixo (27/9). “Com cada vez mais pessoas vivendo de restos, prefeitura (de Madri) tranca as latas como medida de saúde pública.” Nada haveria a estranhar num país onde a taxa de desemprego está por volta de 25%, 22% das famílias vivem na pobreza e 600 mil não têm nenhuma renda.

E que pensaria o historiador com a notícia (Estado, 26/9) de que as autoridades de Bulawato, no Zimbábue (África), “pediram aos cidadãos que sincronizem as descargas de seus vasos sanitários para poupar água. (…) Os moradores devem esvaziar os vasos apenas a cada três dias e em horários determinados”? Provavelmente Hobsbawn não se espantaria, informado das estatísticas da ONU segundo as quais 23% da população mundial (mais de 1,5 bilhão de pessoas) defeca ao ar livre por não ter instalações sanitárias em sua casa. As do Zimbábue ainda estão à frente.

E da China que pensaria ele ao ler nos jornais (22/9) que a prefeitura de Xinjian, no leste do país, “está sob intensa crítica da opinião pública após enjaular dezenas de mendigos no mesmo lugar durante um festival religioso”? Ao lado da foto das jaulas nas ruas com mendigos encarcerados, a explicação de autoridades de que assim fizeram porque os pedintes assediavam peregrinos e corriam risco de ser atropelados ou pisoteados. Mas “entraram nas jaulas voluntariamente”. Será para não correr riscos desse tipo que “quatro estrangeiros de origem ignorada” vivem há três meses no aeroporto de Cumbica, em São Paulo, recusando-se a dizer sua nacionalidade e procedência (Folha de S.Paulo, 29/9)? “Em tempos de transformação”, disse o psicanalista Leopold Nosek a Sonia Racy (Estado, 7/10), “quando o velho não existe mais e o novo ainda não se estruturou, criam-se os monstros”.

Para onde se caminhará? Na Europa, diz a Organização Internacional do Trabalho que, com todo o sul do continente em crise, o desemprego na faixa dos 15 aos 24 anos crescerá 22% em 2013, pouco menos no ano seguinte. Nos Estados Unidos, a taxa de desemprego entre jovens está em 17,4%, talvez caia para 13,35% até 2017 (Agência Estado, 5/9). O desemprego médio nos 17 países da zona do euro subiu para 11,4%.

Pulemos para o lado de cá. Um em cada cinco brasileiros entre 18 e 25 anos não trabalha nem estuda (Estado, 26/9). São 5,3 milhões de jovens. Computados também os que buscam trabalho, chega-se a 7,2 milhões. As mulheres são maioria. E o déficit ocorre embora o País tenha gerado 2,2 milhões de empregos formais em 2011.

As estatísticas são alarmantes. A revista New Scientist (28/7) diz que 1% da população norte-americana controla 40% da riqueza. Já existem 1.226 bilionários no mundo. “Nós somos os 99%”, diz o movimento de protesto Occupy. Entre suas estatísticas estão as que os relatórios do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) vêm publicando desde a década de 1990: pouco mais de 250 pessoas, com ativos superiores a US$ 1 bilhão cada, têm, juntas, mais do que o produto bruto conjunto dos 40 países mais pobres, onde vivem 600 milhões de pessoas. Já a metade mais pobre da população mundial fica com 1% da renda global total. Menos de 20% da população mundial, concentrada nos países industrializados, consome 80% dos recursos totais. E 92 mil pessoas já acumulam em paraísos fiscais cerca de US$ 21 trilhões, afirma a Tax Justice Network.

E que se fará, com a população mundial aumentando e os recursos naturais – inclusive terra para plantar alimentos – escasseando? É cada vez maior o número de economistas que já mencionam com frequência a “crise da finitude de recursos”. Os preços médios de alimentos “devem dobrar até 2030, incluídos milho (mais 177%), trigo (mais 120% e arroz (107%)”, alerta a ONG Oxfam (Instituto Carbono Brasil, 6/9). 775 milhões de jovens e adultos são analfabetos e não têm como aumentar a renda (Rádio ONU, 10/9).

De volta outra vez ao nosso terreiro, vemos que “mais de 90% das cidades estão sem plano para o lixo” (Estado, 2/8). Na cidade de São Paulo, 90% do lixo reciclável vai para aterros sanitários (CicloVivo, 10/8). Diariamente 5,4 bilhões de litros de esgotos não tratados são descartados. Perto de metade dos domicílios não é ligada a redes de esgotos. A perda de água nas redes de distribuição (por furos, vazamentos, etc.) está por volta de 40% do total. Mas 23% das cidades racionam água, segundo o IBGE (Estado, 20/10/2011). E grande parte da água do Rio São Francisco que será transposta irá para localidades com essas perdas – antes de corrigi-las. E com o líquido custando muito mais caro, já que muita energia será necessária para elevá-lo aos pontos de destino.

Enquanto isso, a campanha eleitoral correu morna em praticamente todo o País, com candidatos fazendo de conta que vivemos na terra da promissão, não precisamos de planos diretores rigorosos nas cidades, não precisamos responsabilizar quem mais consome – e mais gera resíduos -, não precisamos impedir a impermeabilização do solo das cidades nem impedir a ocupação de áreas de risco.

“A sociedade de consumo”, escreveu Hobsbawn, “interessa-se apenas pelo que pode comprar agora e no futuro”. Mas terá de resolver o problema de 1 bilhão de idosos em dez anos (Fundo de População das Nações Unidas, 1.º/10).

Washington Novaes é jornalista.

(O Estado de S. Paulo)

Affluent People Less Likely to Reach out to Others in Times of Trouble? (Science Daily)

ScienceDaily (Aug. 30, 2012) — Crises are said to bring people closer together. But a new study from UC Berkeley suggests that while the have-nots reach out to one another in times of trouble, the wealthy are more apt to find comfort in material possessions.

While chaos drives some to seek comfort in friends and family, others gravitate toward money and material possessions, a new study finds. (Credit: iStockphoto/Rob Friedman)

“In times of uncertainty, we see a dramatic polarization, with the rich more focused on holding onto and attaining wealth and the poor spending more time with friends and loved ones,” said Paul Piff, a post-doctoral scholar in psychology at UC Berkeley and lead author of the paper published online this month in the Journal of Personality and Social Psychology.

These new findings add to a growing body of scholarship at UC Berkeley on socio-economic class — defined by both household income and education — and social behavior.

Results from five separate experiments shed new light on how humans from varying socio-economic backgrounds may respond to both natural and human-made disasters, including economic recessions, political instability, earthquakes and hurricanes. They also help explain why, in times of turmoil, people can become more polarized in their responses to uncertainty and chaos.

For example, when asked if they would move across the country for a higher-paying job, study participants from the lower class responded that they would decline in favor of staying close to friends, family and colleagues. By contrast, upper class participants opted to take the job and cut ties with their community.

Although the study does not provide a definitive reason for why the upper class, when stressed, focuses more on worldly goods than relationships, it posits that “material wealth may be a particularly salient, accessible and preferred individual coping mechanism … when they are threatened by perceptions of chaos within the social environment.”

Each experiment was done with a different group of ethnically and socio-economically diverse participants, all of whom reported their social status (household income and education) as well as their level of community mindedness and/or preoccupation with money.

In a lab setting, researchers induced various psychological states in their subjects — such as uncertainty, helplessness or anxiety — so they could accurately assess how social class shapes the likelihood of people turning to others or to wealth in the face of perceived chaos.

Chaos is defined in the study as “the feeling that the world is unknown, unpredictable, seemingly random … a general sense that the world and one’s life have turned uncertain and topsy-turvy.” This uncertainty typically triggers either a fight-or-flight or a “tend-and-befriend” response, which researchers used to assess participants reactions to induced stress.

In the first experiment, a nationwide sample of 76 men and women ranging in age from 18 to 66 were tasked with selecting, online, a visual graph that best reflected the trajectory of economic ups and downs they believed they were likely to face in their lifetimes. The results showed that the upper class and, to a small degree, Caucasian participants, were less likely than the lower class and minorities to anticipate financial instability. Lower-class participants who expected more turmoil in their lives were more likely to turn to community to cope with perceived chaos, the study found.

In the second experiment, 72 college students were asked to write about positive and negative factors that could impact their educational experience. Potential threats that they cited included canceled classes, tuition hikes and academic failures. Again, worries about chaos and helplessness spurred lower class college students — but not the upper class ones — to say they would turn to their community for support. In the third experiment, 77 students were put through computerized tasks in which they rearranged into sentences words that either alluded to chaos or something negative. This exercise was designed to prime certain participants to see their environment as unpredictable and scary. When these participants were offered five minutes to take part in a community building task where they could develop friendships with a group of their peers, only lower class participants jumped at the opportunity.

The fourth experiment had 135 students unscramble similar words into sentences and then report on how much they agreed with such statements as “Money is the only thing I can really count on” and “Time spent not making money is time wasted.” When made to feel as if the world was chaotic, upper class participants consistently agreed more strongly with these statements.

In the fifth experiment, 115 students were given a hypothetical scenario in which an employer offered them a new job for a higher salary, with the caveat that they would need to move, and potentially lose touch with their current network of family, friends and colleagues. Again, when primed with feelings that the world was uncertain and chaotic, upper class participants were more amenable to cutting ties and taking the job, whereas lower class participants opted to stay close to their support networks.

“Given the very different forms of coping that we observe among the upper and lower classes, our research suggests that in times of economic uncertainty and social instability, disparities between the haves and the have-nots could grow ever wider,” Piff said.

Other coauthors of the study are UC Berkeley psychologist Dacher Keltner; Daniel Stancato, a psychologist in Seattle, Wash.; Andres Martinez of George Mason University and Michael Kraus of the University of Illinois, Urbana-Champaign. The research was funded in part by the National Science Foundation.

Journal Reference:

  1. Paul K. Piff, Daniel M. Stancato, Andres G. Martinez, Michael W. Kraus, Dacher Keltner. Class, Chaos, and the Construction of Community.Journal of Personality and Social Psychology, 2012; DOI: 10.1037/a0029673