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Entenda como funciona o processo de compensação de carbono (Folha de S.Paulo)

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Créditos devem saltar 50 vezes no Brasil até 2030; desmatamentos respondem por até 80% dos gases do efeito estufa

Naief Haddad

25 de outubro de 2022


“Carbono vira ‘moeda de troca’ entre países” era o título de reportagem da Folha de 10 de novembro de 1998. O texto dizia que cientistas de Brasil, China e Índia discutiam a criação de créditos financeiros para projetos contra o aquecimento global. Àquela altura, o mercado de carbono surgia como iniciativa promissora, que reforçaria a agenda de preservação ambiental impulsionada pelo Protocolo de Kyoto, de 1997.

Era uma ideia valiosa com potencial de expansão: o carbono, um modo simplificado de se referir à emissão de gases que causam o aquecimento global, vai ao mercado como um certificado, que pode ser vendido para países e, como se decidiu posteriormente, para empresas e pessoas físicas. Cada certificado —o chamado crédito de carbono— garante que 1 tonelada de dióxido de carbono foi impedida de ser lançada na atmosfera.

Esses créditos talvez tivessem se espalhado pelo planeta não fosse o desastre financeiro global de 2008. “Os países da Europa, os grandes compradores de créditos de carbono naquele momento, foram afetados. Esse mercado teve que se reestruturar”, conta Plínio Ribeiro, CEO da Biofílica Ambipar, uma das principais companhias brasileiras que desenvolvem projetos florestais para a geração de créditos de carbono.

Há pouco mais de cinco anos, esse caminho voltou a demonstrar seu potencial vigoroso —no caso do Brasil, muito mais pelas ações da iniciativa privada do que por medidas do governo federal.

A 21ª conferência sobre mudança do clima (COP21), em 2015, em Paris, representou um marco na virada. “Ela reconheceu a conservação florestal como um dos principais mecanismos de combate às mudanças climáticas. Das emissões mundiais, 15% são de desmatamento em florestas tropicais. No Brasil, isso representa mais de 80% das emissões”, explica Ribeiro.

A partir daí, iniciativas brasileiras que patinavam começaram a crescer. Foram emitidos 5,2 milhões de créditos de carbono em 2019, de acordo com as certificadoras Verified Carbon Standard e Gold Standard. Em 2020, esse número subiu para 13,5 milhões; no ano passado, chegou a 44,4 milhões.

Nesse período, empresas voltadas ao desenvolvimento de projetos ambientais alcançaram um novo patamar. No ano passado, a Biofílica foi comprada pela Ambipar, o que permitiu que ampliasse seus negócios. Ao receber aporte de R$ 200 milhões da Shell, a Carbonext também se fortaleceu.

David Canassa, da Reservas Votorantim, lembra caso recente para mostrar a ascensão do setor. “Acabo de voltar do Climate Week, em Nova York. Há quatro anos, o Pacto Global Brasil, que integra a programação, encheu uma sala com 30 brasileiros. Desta vez, eram 250.”

O dado mais incisivo sobre o potencial de crescimento desse mercado no Brasil vem de relatório lançado há cerca de um mês pela consultoria McKinsey & Company. “O mercado de créditos no país deve saltar de US$ 1 bilhão atual para US$ 50 bilhões em 2030”, afirma.

O crescimento é bem-vindo, mas ainda parece insuficiente, avalia Janaína Dallan, CEO da Carbonext. “A urgência climática é tão grande que precisaríamos de muito mais empresas nesse mercado para não atingir o aumento de 1,5ºC”, diz. Ela se refere ao principal objetivo acordado na cúpula de Glasgow (COP26), na Escócia, em 2021.

O evento reforçou como meta evitar que o aquecimento global ultrapasse um aumento de 1,5°C em relação ao século 19, o que implicaria cortes substanciais nas emissões de CO2. A quase totalidade das iniciativas se concentra na Amazônia, mas, aos poucos, novos projetos se consolidam em outras regiões. No início de outubro, a Biofílica Ambipar conquistou o prêmio Environmental Finance pelo projeto AR Corredores de Vida, no oeste paulista. A iniciativa é feita em parceria com o IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas).

Com a experiência na administração do Legado das Águas, maior reserva privada de mata atlântica do Brasil, a Reserva Votorantim acaba de lançar uma metodologia que permite o pagamento de serviços ambientais nesse bioma.

Mas vale lembrar: só a ampliação do mercado de créditos de carbono não será suficiente para evitar que se alcance o temido 1,5ºC, segundo Ricardo Piquet, diretor do Museu do Amanhã, que se tornou referência na área ambiental. “Gerar créditos a serem pagos por empresas ou países poluidores não resolve o problema. A solução conjugada é a ideal: você reduz emissão de gases e, no caso daquilo que não consegue gerar de imediato, compensa com o crédito de carbono”, diz Piquet.

O objetivo essencial é que, ao cotejar emissão e captura de carbono, sob métodos auditados, a empresa chegue à soma zero ou acumule créditos. A Klabin coleciona prêmios nesse setor sem que comercialize crédito de carbono, o que é possível graças, entre outros motivos, ao fato de manter áreas de floresta nativa.

Com 23 unidades no Brasil, a produtora de papéis captura cerca de 11 milhões de toneladas de carbono/ano. Suas operações emitem por volta de 6,5 toneladas, segundo Francisco Razzolini, diretor de sustentabilidade. No cardápio de medidas tomadas pela Klabin, está a substituição do óleo combustível por materiais renováveis de biomassa.

MERCADO DE CARBONO EM 10 PONTOS

1 – O QUE É CARBONO?

Neste contexto, não se trata, é claro, de um produto físico. Carbono é um modo bem simplificado de chamar a emissão de gases que provocam o aquecimento global. Como o mais comum deles é o CO2 (gás carbônico), o termo carbono passou a ser um sinônimo desses gases nas discussões climáticas.

2 – COMO FUNCIONA ESTE MERCADO?

De modo geral, como a maioria dos outros: quem tem sobrando vende para quem precisa, de preferência a um preço que satisfaça aos dois lados.

3 – COMO O CARBONO É QUANTIFICADO PARA QUE SEJA NEGOCIADO?

Cada tonelada de gás carbônico corresponde a um crédito de carbono, que pode ser comprado ou vendido. Um exemplo: uma empresa precisava reduzir sua emissão em 1.000 toneladas de CO2, mas consegue cortar 1.500 toneladas. Assim, ela fica com 500 créditos de carbono, que pode vender a uma outra companhia que não conseguiu bater sua meta.

4 – OS CRÉDITOS VALEM SÓ PARA EMISSÕES CORTADAS?

Não, valem também para o gás carbônico capturado —por exemplo, por novas árvores plantadas, que absorvem a substância da atmosfera para crescer. Cada tonelada de CO2 adicional absorvida por uma nova mata dá direito a um crédito.

5 – O QUE A COP26 (NOV.2021 EM GLASGLOW) DECIDIU SOBRE O MERCADO DE CARBONO?

O encontro aprovou a taxa de 5% sobre a transação de créditos de carbono comercializados entre projetos do setor privado ou de ONGs. Mas as transações entre os países ficaram livres de taxa e, portanto, sem contribuição para os fundos de adaptação. Pelo mercado de carbono regulamentado na COP26, países podem comprar “autorizações” de emissão de carbono para ajudar a cumprir suas metas climáticas, remunerando aqueles países cujas ações, em compensação, reduzem emissões.

6 – E O BRASIL? COMO ESTÁ?

O país, infelizmente, ainda não tem um mercado de carbono regulado, ao contrário do que acontece em países da Europa, na China, na Nova Zelândia e no Cazaquistão. Em maio deste ano, o governo federal publicou um decreto com as bases para a criação de um mercado, mas ainda existem muitas lacunas sobre sua execução, que impedem que o país entre plenamente no circuito global. Assim, as transações têm se restringido a projetos internos do setor privado.

7 – COMO ESSE MERCADO FUNCIONA PARA AS EMPRESAS?

Com o apoio de especialistas, responsáveis por calcular a emissão de CO2, as companhias chegam à conclusão de qual é a meta a ser alcançada. Caso polua acima dessa cota, a empresa precisará comprar mais créditos de carbono, que são vendidos por organizações que desenvolvem projetos de sustentabilidade, como a Biofílica Ambipar, e/ou pelas organizações que conseguiram cortar suas emissões.

8 – EU, PESSOA FÍSICA, POSSO ENTRAR NESTE MERCADO?

Sim. Empresas como a Carbonext, uma das principais desenvolvedoras de projetos de geração de créditos de carbono no Brasil, oferecem iniciativas para pessoas físicas.

9 – O QUE É ‘GREENWASHING’?

A expressão, que em inglês significa “lavagem verde”, costuma ser usada no sentido de propaganda sustentável enganosa, o que vale tanto para empresas quanto para governos e até mesmo para eventos climáticos. Em outras palavras, o “greenwashing” se dá quando uma organização tenta mostrar que faz mais em prol do meio ambiente do que realmente faz.

10 – COMO EVITAR O ‘GREENWASHING’?

Transparência é fundamental para não embarcar no “greenwashing”. Empresas devem dar visibilidade não só aos compromissos estabelecidos, mas às estratégias e evidências de resultados. Estimular o envolvimento de profissionais de ESG nas discussões das áreas de marketing e comunicação corporativa também pode ajudar a evitar distorções.

Análise: Ricardo Abramovay – A Amazônia se torna maior que o Brasil na luta pelo desenvolvimento (UOL)

tab.uol.com.br

29.07.2021


Não tem precedentes na história da democracia brasileira o papel que a Amazônia está desempenhando na vida política nacional. É lá que está nascendo o primeiro Plano de Recuperação Verde (PRV), iniciativa do Consórcio dos Governadores da Amazônia, hoje presidido pelo Governador Flavio Dino (PSB) e que representa o mais importante documento programático voltado a resolver os problemas brasileiros. O texto, elaborado sob a competente coordenação de Laura Carvalho, economista do Departamento de Economia da FEA/USP, tem duas virtudes fundamentais.

A primeira é que ele consegue agregar vertentes políticas diferentes — e mesmo opostas — em torno de um objetivo comum. É a demonstração prática de que a racionalidade, a informação qualificada e a discussão de conteúdos podem ter mais força do que as agressões, os estereótipos e os preconceitos cujo sucesso na arena pública (e não só brasileira) é crescente. Se em Brasília o presidente da República confirma sua repulsiva condição de pária global ao receber a líder do partido alemão vinculado ao nazismo, na Amazônia os nove governadores credenciam-se como atores internacionais relevantes ao formularem um Plano de Recuperação Verde. É algo cujo alcance vai muito além de uma região, por mais importante que ela seja.

A segunda virtude é que o PRV reinsere o Brasil no mundo. Ele pretende zerar o desmatamento na Amazônia — cujo avanço coloca o Brasil na contramão do esforço global contra a crise climática. Para isso, é fundamental resgatar o valor do multilateralismo democrático que havia resultado no Fundo Amazônia, onde duas nações democráticas (Noruega e Alemanha) apoiam o País com base em resultados (e não em promessas) na luta contra o desmatamento.

O plano rejeita a obscena postura — típica da cultura miliciana — de chantagem contida na ideia de que se não vier dinheiro de fora, o desmatamento continua. No seu lugar, o PRV sinaliza para o fato de que os serviços ecossistêmicos prestados pela floresta à humanidade podem e devem ser remunerados a partir de mecanismos pactuados internacionalmente, por governos, setor privado, organizações da sociedade civil e povos da floresta. A expansão das áreas protegidas e sua defesa contra os ataques que vêm sofrendo do crime organizado é parte decisiva deste primeiro objetivo de proteção da floresta.

Além desta meta, o plano tem um conjunto de diretrizes para enfrentar um dos maiores paradoxos brasileiros que é o fato de que ali onde está a mais importante sociobiodiversidade do País também se reúnem seus piores indicadores sociais. E este desafio só poderá ser vencido por modelos de crescimento econômico e por tecnologias que fortaleçam o vigor da floresta e dos rios da Amazônia, mas que também estimulem o desenvolvimento sustentável de suas cidades, onde está a maior parte de seus 30 milhões de habitantes.

E claro que, da mesma forma que está ocorrendo no mundo todo, isso vai exigir que se discuta a natureza das infraestruturas necessárias para o desenvolvimento da Amazônia. Contemplar as necessidades das populações da Amazônia em saúde, educação, habitação, mobilidade, energia e, sobretudo, conexão de alta qualidade à Internet, nas cidades e no meio rural, é decisivo para que se interrompa a destruição atual. No lugar de hidrelétricas caras, ineficientes e fontes de corrupção, estradas que se tornam vetores de desmatamento e garimpo clandestino e poluidor, a Amazônia precisa de inovações tecnológicas capazes de promover bem-estar para suas populações florestais, rurais e urbanas.

Mas além do PRV, é também em torno da Amazônia que duzentos cientistas de imenso prestígio internacional se reuniram de forma virtual, durante dezoito meses, produzindo um diagnóstico e um conjunto de propostas destinadas a “Salvar a Amazônia“. A iniciativa, liderada pelo economista norte-americano Jeffrey Sachs, pelo climatologista brasileiro Carlos Nobre e pela bióloga equatoriana Andrea Encalada, resultou num denso relatório, lançado para consulta pública no último dia 14 de julho com a presença de Juan Manuel Santos, ex-presidente da Colômbia.

Nenhuma região do mundo jamais recebeu tanta atenção da comunidade científica e, como ressaltou Jeffrey Sachs durante seu lançamento, já há negociações para que o modelo do Painel Científico para a Amazônia seja replicado para as duas outras grandes florestas tropicais do planeta: a da Indonésia e a da Bacia do Congo. Neste momento, os 33 capítulos do Painel ainda estão em inglês, mas dentro de alguns dias os textos (e seus sumários executivos) estarão disponíveis em português e espanhol. O documento, após esta consulta pública, será lançado na Conferência Climática de Glasgow em novembro deste ano.

Além destas poderosas mobilizações políticas e científicas, é na Amazônia que um importante e diversificado grupo de empresários, ativistas, representantes de povos da floresta, cientistas e dirigentes políticos se reúnem, desde o início de 2020, na Concertação pela Amazônia. Destas discussões emergem documentos sobre diferentes temas referentes ao desenvolvimento da Amazônia — publicados regularmente pela Revista Página 22.

O Plano de Recuperação Verde, o relatório do Painel Científico para a Amazônia, as discussões e os textos da Concertação mostram que a Amazônia, tornou-se maior que o Brasil num sentido que não é apenas geográfico. É de lá que está emergindo a reflexão coletiva e diversificada sobre o mais importante desafio do país e talvez do continente: como podemos fazer de nossa biodiversidade o vetor fundamental para nossa inserção na vanguarda da inovação científica e tecnológica global e, ao mesmo tempo, em fator decisivo de luta contra a pobreza e as desigualdades?

Profits on Carbon Credits Drive Output of a Harmful Gas (N.Y.Times)

Qilai Shen for The New York Times. A view of a coolant-producing factory in Jiangsu Province, China. Some manufacturers of gases used in air-conditioning and refrigeration have earned millions by accumulating emissions credits from the destruction of an obscure waste gas normally released as a byproduct. The credits are then resold on international markets.

By  and 

Published: August 8, 2012

RANJIT NAGAR, India — When the United Nations wanted to help slow climate change, it established what seemed a sensible system.

Greenhouse gases were rated based on their power to warm the atmosphere. The more dangerous the gas, the more that manufacturers in developing nations would be compensated as they reduced their emissions.

But where the United Nations envisioned environmental reform, some manufacturers of gases used in air-conditioning and refrigeration saw a lucrative business opportunity.

They quickly figured out that they could earn one carbon credit by eliminating one ton of carbon dioxide, but could earn more than 11,000 credits by simply destroying a ton of an obscure waste gas normally released in the manufacturing of a widely used coolant gas. That is because that byproduct has a huge global warming effect. The credits could be sold on international markets, earning tens of millions of dollars a year.

That incentive has driven plants in the developing world not only to increase production of the coolant gas but also to keep it high — a huge problem because the coolant itself contributes to global warming and depletes the ozone layer. That coolant gas is being phased out under a global treaty, but the effort has been a struggle.

So since 2005 the 19 plants receiving the waste gas payments have profited handsomely from an unlikely business: churning out more harmful coolant gas so they can be paid to destroy its waste byproduct. The high output keeps the prices of the coolant gas irresistibly low, discouraging air-conditioning companies from switching to less-damaging alternative gases. That means, critics say, that United Nations subsidies intended to improve the environment are instead creating their own damage.

The United Nations and the European Union, through new rules and an outright ban, are trying to undo this unintended bonanza. But the lucrative incentive has become so entrenched that efforts to roll it back are proving tricky, even risky.

China and India, where most of the 19 factories are, have been resisting mightily. The manufacturers have grown accustomed to an income stream that in some years accounted for half their profits. The windfall has enhanced their power and influence. As a result, many environmental experts fear that if manufacturers are not paid to destroy the waste gas, they will simply resume releasing it into the atmosphere.

A battle is brewing.

Disgusted with the payments, the European Union has announced that as of next year it will no longer accept the so-called waste gas credits from companies in its carbon trading system — by far the largest in the world — essentially declaring them counterfeit currency. That is expected to erode their value, but no one is sure by how much.

“Consumers in Europe want to know that if they’re paying for carbon credits, they will have good environmental effects — and these don’t,” Connie Hedegaard, the European commissioner for climate action, said in an interview.

Likewise, the United Nations is reducing the number of credits the coolant companies can collect in future contracts. But critics say the revised payment schedule is still excessive and will have little immediate effect, since the subsidy is governed by long-term contracts, many of which do not expire for years.

Even raising the possibility of trimming future payments “was politically hard,” said Martin Hession, the immediate past chairman of the United Nations Clean Development Mechanism’s executive board, which awards the credits. China and India both have representatives on the panel, and the new chairman, Maosheng Duan, is Chinese.

Carbon trading has become so essential to companies like Gujarat Fluorochemicals Limited, which owns a coolant plant in this remote corner of Gujarat State in northwest India, that carbon credits are listed as a business on the company Web site. Each plant has probably earned, on average, $20 million to $40 million a year from simply destroying waste gas, says David Hanrahan, the technical director of IDEAcarbon, a leading carbon market consulting firm. He says the income is “largely pure profit.”

And each plant expects to be paid. Some Chinese producers have said that if the payments were to end, they would vent gas skyward. Such releases are illegal in most developed countries, but still permissible in China and India.

As the United Nations became involved in efforts to curb climate change in the last 20 years, it relied on a scientific formula: Carbon dioxide, the most prevalent warming gas, released by smokestacks and vehicles, is given a value of 1. Other industrial gases are assigned values relative to that, based on their warming effect and how long they linger. Methane is valued at 21, nitrous oxide at 310. HFC-23, the waste gas produced making the world’s most common coolant — which is known as HFC-22 — is near the top of the list, at 11,700.

The United Nations used the values to calibrate exchange rates when it began issuing carbon credits in 2005 under the Clean Development Mechanism. That system grants companies that reduce emissions in the developing world carbon credits, which they are then free to sell on global trading markets. Buyers of the credits include power plants that need to offset emissions that exceed European limits, countries buying offsets to comply with the Kyoto Protocol — an international environmental treaty — and some environmentally conscious companies that voluntarily offset their carbon footprint.

Since the United Nations program began, 46 percent of all credits have been awarded to the 19 coolant factories, in Argentina, China, India, Mexico and South Korea. Two Russian plants receive carbon credits for destroying HFC-23 under a related United Nations program.

“I was a climate negotiator, and no one had this in mind,” said David Doniger of the Natural Resources Defense Council. “It turns out you get nearly 100 times more from credits than it costs to do it. It turned the economics of the business on its head.”

Destroying the waste gas is cheap and simple, but it is hard to know exactly how much any one company has earned from doing so, since the market price for carbon credits has varied considerably with demand — from about $9 to nearly $40 per credit — and they can be sold at a discount through futures contracts.

The production of coolants was so driven by the lure of carbon credits for waste gas that in the first few years more than half of the plants operated only until they had produced the maximum amount of gas eligible for the carbon credit subsidy, then shut down until the next year, United Nations reports said. The plants also used inefficient manufacturing processes to generate as much waste gas as possible, said Samuel LaBudde of the Environmental Investigation Agency, an organization based in Washington that has long spearheaded a campaign against what he called “an incredibly perverse subsidy.”

Michael Wara, a law professor at Stanford University, has calculated that in years when carbon credits were trading at high prices and coolant was dirt-cheap because of the oversupply, companies were earning nearly twice as much from the credits as from producing the coolant itself.

The United Nations, recognizing the temptation for companies to jump into the lucrative business, has refused since 2007 to award carbon credits to any new factories destroying the waste gas. And last November, it announced that in contract renewals, factories could claim credits for waste gas equivalent only to 1 percent of their coolant production, down from 3 percent. The United Nations believes that eliminates the incentive to overproduce, said Mr. Hession, the former Clean Development Mechanism board chairman.

Even with these adjustments, credits for destroying waste gas this year remain the most common type in the United Nations system, which rewards companies for reducing all types of warming emissions. Eighteen percent of credits in 2012 will go to the 19 coolant plants, compared with 12 percent to 2,372 wind power plants and 0.2 percent for 312 solar projects for the carbon dioxide emissions avoided by the clean energy they produce.

In India, coolant plants received about half of the United Nations carbon credits awarded to companies in that country, for destroying their waste gas, during the system’s first five years. They accrued the power and money to fight efforts to roll back the subsidy.

Compared with Indian representatives, Chinese diplomats have shown greater willingness at international meetings to consider altering the subsidy for waste gas credits, said Stephen O. Andersen, a former United States Environmental Protection Agency official who is now with the Institute for Governance and Sustainable Development in Washington. That is because China has a more centrally controlled economy and because it is developing an industry based on newer coolants. “It’s easier for them to put the national interest before the interest of one manufacturing sector,” he said.

A bigger question is just how much the European Union’s decision to disallow, as of next year, the waste gas credits in its immense carbon trading system will decrease their value.

Banks and companies holding such credits have been rushing to cash them in or sell them. And the potential devaluation of the carbon credits has an impact in other industrialized nations, since the carbon credit projects involve foreign sponsors and investors, who sometimes received carbon credits in exchange for services or financing.

The Gujarat project was financed by Rabobank of the Netherlands and the Sumitomo Corporation of Japan.

A coolant factory in Monterrey, Mexico, that receives carbon credits is 49 percent owned by Honeywell. Goldman Sachs bought many of its carbon credits.

Such credits are likely to have some continued value, because they can be used in other environmental programs that allow their use, like voluntary ones through which companies offset the emissions generated by having a conference or travelers opt to pay a fee to offset the emissions from an airplane flight.

Mr. LaBudde, of the Environmental Investigation Agency, who has long campaigned against the subsidy, said he hoped that no one would buy these “toxic” credits that “have no place in carbon markets” and that they would quickly disappear. In its latest annual report, Gujarat Fluorochemicals acknowledged that its carbon credits “may not have a significant market” starting next year because European companies have previously been their primary buyers.

Mr. Hanrahan, of IDEAcarbon, said that the credits could, at the very least, be sold at a low price to traders who see the possibility for marginal profit in a way similar to the market for junk bonds. Even if all the proposals to make the carbon trade far less valuable succeeded, the 19 factories certified to generate carbon credits by destroying the waste gas could earn $1 billion from that business over the next eight years, according to projections by IDEAcarbon.

And even as the economics shift, one big environmental question remains: Without some form of inducement, will companies like Gujarat Fluorochemicals continue to destroy the waste gas HFC-23? Already, a small number of coolant factories in China that did not qualify for the United Nations carbon credits freely vent this dangerous chemical. And atmospheric levels are rapidly rising.

Elisabeth Rosenthal reported from Gujarat State, India, and Andrew W. Lehren from New York.