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Bill Gates e o problema com o solucionismo climático (MIT Technology Review)

Bill Gates e o problema com o solucionismo climático

Natureza e espaço

Focar em soluções tecnológicas para mudanças climáticas parece uma tentativa para se desviar dos obstáculos políticos mais desafiadores.

By MIT Technology Review, 6 de abril de 2021

Em seu novo livro Como evitar um desastre climático, Bill Gates adota uma abordagem tecnológica para compreender a crise climática. Gates começa com os 51 bilhões de toneladas de gases com efeito de estufa criados por ano. Ele divide essa poluição em setores com base em seu impacto, passando pelo elétrico, industrial e agrícola para o de transporte e construção civil. Do começo ao fim, Gates se mostra  adepto a diminuir as complexidades do desafio climático, dando ao leitor heurísticas úteis para distinguir maiores problemas tecnológicos (cimento) de menores (aeronaves).

Presente nas negociações climáticas de Paris em 2015, Gates e dezenas de indivíduos bem-afortunados lançaram o Breakthrough Energy, um fundo de capital de investimento interdependente lobista empenhado em conduzir pesquisas. Gates e seus companheiros investidores argumentaram que tanto o governo federal quanto o setor privado estão investindo pouco em inovação energética. A Breakthrough pretende preencher esta lacuna, investindo em tudo, desde tecnologia nuclear da próxima geração até carne vegetariana com sabor de carne bovina. A primeira rodada de US$ 1 bilhão do fundo de investimento teve alguns sucessos iniciais, como a Impossible Foods, uma fabricante de hambúrgueres à base de plantas. O fundo anunciou uma segunda rodada de igual tamanho em janeiro.

Um esforço paralelo, um acordo internacional chamado de Mission Innovation, diz ter convencido seus membros (o setor executivo da União Europeia junto com 24 países incluindo China, os EUA, Índia e o Brasil) a investirem um adicional de US$ 4,6 bilhões por ano desde 2015 para a pesquisa e desenvolvimento da energia limpa.

Essas várias iniciativas são a linha central para o livro mais recente de Gates, escrito a partir de uma perspectiva tecno-otimista. “Tudo que aprendi a respeito do clima e tecnologia me deixam otimista… se agirmos rápido o bastante, [podemos] evitar uma catástrofe climática,” ele escreveu nas páginas iniciais.

Como muitos já assinalaram, muito da tecnologia necessária já existe, muito pode ser feito agora. Por mais que Gates não conteste isso, seu livro foca nos desafios tecnológicos que ele acredita que ainda devem ser superados para atingir uma maior descarbonização. Ele gasta menos tempo nos percalços políticos, escrevendo que pensa “mais como um engenheiro do que um cientista político.” Ainda assim, a política, com toda a sua desordem, é o principal impedimento para o progresso das mudanças climáticas. E engenheiros devem entender como sistemas complexos podem ter ciclos de feedback que dão errado.

Sim, ministro

Kim Stanley Robinson, este sim pensa como um cientista político. O começo de seu romance mais recente The Ministry for the Future (ainda sem tradução para o português), se passa apenas a alguns anos no futuro, em 2025, quando uma onda de calor imensa atinge a Índia, matando milhões de pessoas. A protagonista do livro, Mary Murphy, comanda uma agência da ONU designada a representar os interesses das futuras gerações em uma tentativa de unir os governos mundiais em prol de uma solução climática. Durante todo o livro a equidade intergeracional e várias formas de políticas distributivas em foco.

Se você já viu os cenários que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) desenvolve para o futuro, o livro de Robinson irá parecer familiar. Sua história questiona as políticas necessárias para solucionar a crise climática, e ele certamente fez seu dever de casa. Apesar de ser um exercício de imaginação, há momentos em que o romance se assemelha mais a um seminário de graduação sobre ciências sociais do que a um trabalho de ficção escapista. Os refugiados climáticos, que são centrais para a história, ilustram a forma como as consequências da poluição atingem a população global mais pobre com mais força. Mas os ricos produzem muito mais carbono.

Ler Gates depois de Robinson evidencia a inextricável conexão entre desigualdade e mudanças climáticas. Os esforços de Gates sobre a questão do clima são louváveis. Mas quando ele nos diz que a riqueza combinada das pessoas apoiando seu fundo de investimento é de US$ 170 bilhões, ficamos um pouco intrigados que estes tenham dedicado somente US$ 2 bilhões para soluções climáticas, menos de 2% de seus ativos. Este fato por si só é um argumento favorável para taxar fortunas: a crise climática exige ação governamental. Não pode ser deixado para o capricho de bilionários.

Quanto aos bilionários, Gates é possivelmente um dos bonzinhos. Ele conta histórias sobre como usa sua fortuna para ajudar os pobres e o planeta. A ironia dele escrever um livro sobre mudanças climáticas quando voa em um jato particular e detém uma mansão de 6.132 m² não é algo que passa despercebido pelo leitor, e nem por Gates, que se autointitula um “mensageiro imperfeito sobre mudanças climáticas”. Ainda assim, ele é inquestionavelmente um aliado do movimento climático.

Mas ao focar em inovações tecnológicas, Gates minimiza a participação dos combustíveis fósseis na obstrução deste progresso. Peculiarmente, o ceticismo climático não é mencionado no livro. Lavando as mãos no que diz respeito à polarização política, Gates nunca faz conexão com seus colegas bilionários Charles e David Koch, que enriqueceram com os petroquímicos e têm desempenhado papel de destaque na reprodução do negacionismo climático.

Por exemplo, Gates se admira que para a vasta maioria dos americanos aquecedores elétricos são na verdade mais baratos do que continuar a usar combustíveis fósseis. Para ele, as pessoas não adotarem estas opções mais econômicas e sustentáveis é um enigma. Mas, não é assim. Como os jornalistas Rebecca Leber e Sammy Roth reportaram em  Mother Jones  e no  Los Angeles Times, a indústria do gás está investindo em defensores e criando campanhas de marketing para se opor à eletrificação e manter as pessoas presas aos combustíveis fósseis.

Essas forças de oposição são melhor vistas no livro do Robinson do que no de Gates. Gates teria se beneficiado se tivesse tirado partido do trabalho que Naomi Oreskes, Eric Conway, Geoffrey Supran, entre outros, têm feito para documentar os esforços persistentes das empresas de combustíveis fósseis em semear dúvida sobre a ciência climática para a população.

No entanto, uma coisa que Gates e Robinson têm em comum é a opinião de que a geoengenharia, intervenções monumentais para combater os sintomas ao invés das causas das mudanças climáticas, venha a ser inevitável. Em The Ministry for the Future, a geoengenharia solar, que vem a ser a pulverização de partículas finas na atmosfera para refletir mais do calor solar de volta para o espaço, é usada na sequência dos acontecimentos da onda de calor mortal que inicia a história. E mais tarde, alguns cientistas vão aos polos e inventam elaborados métodos para remover água derretida de debaixo de geleiras para evitar que avançasse para o mar. Apesar de alguns contratempos, eles impedem a subida do nível do mar em vários metros. É possível imaginar Gates aparecendo no romance como um dos primeiros a financiar estes esforços. Como ele próprio observa em seu livro, ele tem investido em pesquisa sobre geoengenharia solar há anos.

A pior parte

O título do novo livro de Elizabeth Kolbert, Under a White Sky (ainda sem tradução para o português), é uma referência a esta tecnologia nascente, já que implementá-la em larga escala pode alterar a cor do céu de azul para branco.
Kolbert observa que o primeiro relatório sobre mudanças climáticas foi parar na mesa do presidente Lyndon Johnson em 1965. Este relatório não argumentava que deveríamos diminuir as emissões de carbono nos afastando de combustíveis fósseis. No lugar, defendia mudar o clima por meio da geoengenharia solar, apesar do termo ainda não ter sido inventado. É preocupante que alguns se precipitem imediatamente para essas soluções arriscadas em vez de tratar a raiz das causas das mudanças climáticas.

Ao ler Under a White Sky, somos lembrados das formas com que intervenções como esta podem dar errado. Por exemplo, a cientista e escritora Rachel Carson defendeu importar espécies não nativas como uma alternativa a utilizar pesticidas. No ano após o seu livro Primavera Silenciosa ser publicado, em 1962, o US Fish and Wildlife Service trouxe carpas asiáticas para a América pela primeira vez, a fim de controlar algas aquáticas. Esta abordagem solucionou um problema, mas criou outro: a disseminação dessa espécie invasora ameaçou às locais e causou dano ambiental.

Como Kolbert observa, seu livro é sobre “pessoas tentando solucionar problemas criados por pessoas tentando solucionar problemas.” Seu relato cobre exemplos incluindo esforços malfadados de parar a disseminação das carpas, as estações de bombeamento em Nova Orleans que aceleram o afundamento da cidade e as tentativas de seletivamente reproduzir corais que possam tolerar temperaturas mais altas e a acidificação do oceano. Kolbert tem senso de humor e uma percepção aguçada para consequências não intencionais. Se você gosta do seu apocalipse com um pouco de humor, ela irá te fazer rir enquanto Roma pega fogo.

Em contraste, apesar de Gates estar consciente das possíveis armadilhas das soluções tecnológicas, ele ainda enaltece invenções como plástico e fertilizante como vitais. Diga isso para as tartarugas marinhas engolindo lixo plástico ou as florações de algas impulsionadas por fertilizantes destruindo o ecossistema do Golfo do México.

Com níveis perigosos de dióxido de carbono na atmosfera, a geoengenharia pode de fato se provar necessária, mas não deveríamos ser ingênuos sobre os riscos. O livro de Gates tem muitas ideias boas e vale a pena a leitura. Mas para um panorama completo da crise que enfrentamos, certifique-se de também ler Robinson e Kolbert.

Opinion: Bill Gates and Warren Buffett should thank American taxpayers for their profitable farmland investments (Market Watch)

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Last Updated: March 10, 2021 at 5:59 p.m. ET First Published: March 10, 2021 at 8:28 a.m. ET By

Vincent H. Smith and Eric J. Belasco

Congress has reduced risk by underwriting crop prices and cash revenues

Bill Gates is now the largest owner of farmland in the U.S. having made substantial investments in at least 19 states throughout the country. He has apparently followed the advice of another wealthy investor, Warren Buffett, who in a February 24, 2014 letter to investors described farmland as an investment that has “no downside and potentially substantial upside.”

There is a simple explanation for this affection for agricultural assets. Since the early 1980s, Congress has consistently succumbed to pressures from farm interest groups to remove as much risk as possible from agricultural enterprises by using taxpayer funds to underwrite crop prices and cash revenues.

Over the years, three trends in farm subsidy programs have emerged.

The first and most visible is the expansion of the federally supported crop insurance program, which has grown from less than $200 million in 1981 to over $8 billion in 2021. In 1980, only a few crops were covered and the government’s goal was just to pay for administrative costs. Today taxpayers pay over two-thirds of the total cost of the insurance programs that protect farmers against drops in prices and yields for hundreds of commodities ranging from organic oranges to GMO soybeans.

The second trend is the continuation of longstanding programs to protect farmers against relatively low revenues because of price declines and lower-than-average crop yields. The subsidies, which on average cost taxpayers over $5 billion a year, are targeted to major Corn Belt crops such as soybeans and wheat. Also included are other commodities such as peanuts, cotton and rice, which are grown in congressionally powerful districts in Georgia, the Carolinas, Texas, Arkansas, Mississippi and California.

The third, more recent trend is a return over the past four years to a 1970s practice: annual ad hoc “one off” programs justified by political expediency with support from the White House and Congress. These expenditures were $5.1 billion in 2018, $14.7 billion in 2019, and over $32 billion in 2020, of which $29 billion came from COVID relief funds authorized in the CARES Act. An additional $13 billion for farm subsidies was later included in the December 2020 stimulus bill.

If you are wondering why so many different subsidy programs are used to compensate farmers multiple times for the same price drops and other revenue losses, you are not alone. Our research indicates that many owners of large farms collect taxpayer dollars from all three sources. For many of the farms ranked in the top 10% in terms of sales, recent annual payments exceeded a quarter of a million dollars.

Farms with average or modest sales received much less. Their subsidies ranged from close to zero for small farms to a few thousand dollars for averaged-sized operations.

So what does all this have to do with Bill Gates, Warren Buffet and their love of farmland as an investment? In a financial environment in which real interest rates have been near zero or negative for almost two decades, the annual average inflation-adjusted (real) rate of return in agriculture (over 80% of which consists of land) has been about 5% for the past 30 years, despite some ups and downs, as this chart shows. It is a very solid investment for an owner who can hold on to farmland for the long term.

The overwhelming majority of farm owners can manage that because they have substantial amounts of equity (the sector-wide debt-to-equity ratio has been less than 14% for many years) and receive significant revenue from other sources.

Thus for almost all farm owners, and especially the largest 10% whose net equity averages over $6 million, as Buffet observed, there is little or no risk and lots of potential gain in owning and investing in agricultural land. 

Returns from agricultural land stem from two sources: asset appreciation — increases in land prices, which account for the majority of the gains — and net cash income from operating the land. As is well known, farmland prices are closely tied to expected future revenue. And these include generous subsidies, which have averaged 17% of annual net cash incomes over the past 50 years. In addition, Congress often provides substantial additional one-off payments in years when net cash income is likely to be lower than average, as in 2000 and 2001 when grain prices were relatively low and in 2019 and 2020.

It is possible for small-scale investors to buy shares in real-estate investment trusts (REITs) that own and manage agricultural land. However, as with all such investments, how a REIT is managed can be a substantive source of risk unrelated to the underlying value of the land assets, not all of which may be farm land.

Thanks to Congress and the average less affluent American taxpayer, farmers and other agricultural landowners get a steady and substantial return on their investments through subsidies that consistently guarantee and increase those revenues.

While many agricultural support programs are meant to “save the family farm,” the largest beneficiaries of agricultural subsidies are the richest landowners with the largest farms who, like Bill Gates and Warren Buffet, are scarcely in any need of taxpayer handouts.

Vincent H. Smith is director of agricultural studies at the American Enterprise Institute, a Washington, D.C. think tank, and professor of economics at Montana State University. Eric J. Belasco is a visiting scholar at AEI.

Half of Fox News Viewers Believe Bill Gates Wants to Use Virus Vaccines to Track You, New Poll Says (Rolling Stone)

May 22, 2020 5:00PM ET

Misinformation is taking a dangerous hold on Fox News viewers

By Peter Wade

Fox News Viewers Believe Bill Gates Wants Track You Through Vaccines
Two women hold anti-vaccination signs during a protest against Governor Jay Inslee’s stay-at-home order outside the State Capitol in Olympia, Washington on May 9, 2020.
JASON REDMOND/AFP/Getty Images

Misinformation is taking a dangerous hold on Fox News viewers. According to a new poll, half of all Americans who name Fox News as their primary news source believe the debunked conspiracy theory claiming Bill Gates is looking to use a coronavirus vaccine to inject a microchip into people and track the world’s population.

The Yahoo News/YouGov poll, released on Friday, found that 44 percent of Republicans also buy into the unfounded claim, while just 19 percent of Democrats believe the lie about the Microsoft co-founder and philanthropist.

According to Yahoo’s report on the poll, neither Fox News nor President Trump has promoted the false Gates conspiracy. But sowing seeds of distrust of mainstream media and the spread of misinformation is a hallmark of the network and the current president. Last month, Fox primetime host Laura Ingraham shared a tweet where she expressed agreement with a user who wrote about the debunked conspiracy theory.

“Digitally tracking Americans’ every move has been a dream of the globalists for years. This health crisis is the perfect vehicle for them to push this,” Ingraham wrote.

The poll also found that just 15 percent of MSNBC viewers believe the untrue conspiracy theory which, according to the fact-checking publication Snopes, began with the anti-vaccine movement. They chose to target Gates specifically because of his decade-long advocacy for vaccines.

According to an April report in the New York Times that looked into the right-wing targeting of Gates, media analysis company Zignal Labs found that “misinformation about Gates is now the most widespread of all coronavirus falsehoods” that the company has tracked.

This debunked conspiracy theory could be especially menacing if it deters any portion of the population from getting vaccinated, if and when one becomes available, which would then make it much tougher to rid the world of the virus.

In another poll released on Friday by Reuters/Ipsos showed increasing mistrust in the president due to his consistent habit of sharing misinformation. Thirty-six percent of those surveyed said they would be less willing to take a vaccine if it were endorsed by the president.

The picture these polls paint is both sad and obviously dangerous for all of us, especially with the current pandemic. Unfortunately, our country’s lack of trustworthy leadership means that more and more people are susceptible to bad and untrue advice that is rampant on random Reddit forums, Facebook posts and, yes, even TikTok — where conspiracy theories are paired with viral dances.