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Médiuns têm alterações genéticas, mostra estudo coordenado pela USP (Folha de S.Paulo)

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Pesquisa comparou pessoas identificadas com o dom com parentes de primeiro grau sem nenhuma habilidade do tipo

Anna Virginia Balloussier

18 de fevereiro de 2025


Ser médium não é necessariamente coisa do outro mundo. Pode estar nos genes, inclusive.

É o que sustenta um estudo que investiga as bases genéticas da mediunidade, publicado pelo Brazilian Journal of Psychiatry, revista científica em que os artigos são revisados por pares acadêmicos. A coordenação ficou a cargo de Wagner Farid Gattaz, professor do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e à frente do Laboratório de Neurociências na universidade.

A pesquisa de campo, realizada entre 2020 e 2021, comparou 54 pessoas identificadas como médiuns com 53 parentes de primeiro grau delas, sem nenhuma habilidade do tipo. Umbanda e espiritismo foram as principais fontes religiosas do grupo.

“O estudo desvendou alguns genes que estão presentes em médiuns, mas não em pessoas que não o são e têm o mesmo background cultural, nutritivo e religioso”, diz Gattaz. “Isso significa que alguns desses genes poderiam estar ligados ao dom da mediunidade.”

A seleção dos participantes seguiu os seguintes critérios: recrutar médiuns reconhecidos pelo grau de acerto de suas predições, que praticavam pelo menos uma vez por semana a mediunidade e que não ganhavam dinheiro com ela, ou seja, não cobravam por consultas.

Os resultados revelaram quase 16 mil variantes genéticas encontradas exclusivamente neles, “que provavelmente impactam a função de 7.269 genes”. Conclui o texto publicado: “Esses genes surgem como possíveis candidatos para futuras investigações das bases biológicas que permitem experiências espirituais como a mediunidade”.

“Esses genes estão em grande parte ligados ao sistema imune e inflamatório. Um deles, de maneira interessante, está ligado à glândula pineal, que foi tida por muitos filósofos e pesquisadores do passado como a glândula responsável pela conexão entre o cérebro e a mente”, afirma o coordenador da pesquisa. Ele frisa, contudo, que essa hipótese precisaria ser confirmada experimentalmente.

Coautor do estudo e diretor do Nupes (Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde), da Universidade Federal de Juiz de Fora, Alexander Moreira-Almeida justifica a opção por contrastar os médiuns com seus familiares. “Se eu pegasse um grupo de controle que fosse uma outra pessoa qualquer, aleatória, poderia ter muita diferença sociocultural, econômica e também da própria genética. Quando a gente pega um parente, vai ter uma genética muito mais parecida e um background sociocultural muito mais próximo.”

Os pesquisadores analisaram o exoma dos voluntários, que contém os genes que vão codificar as proteínas. Muitas partes do genoma, que é a sequência completa do DNA, não têm função muito clara. “Já o exoma é aquela que provavelmente é mais ativa funcionalmente, com maior impacto sobre a formação do corpo da pessoa”, explica Almeida-Moreira.

Darcy Neves Moreira, 82, serviu de objeto de estudo para a trupe da ciência. Ela é professora aposentada e coordena reuniões num centro espírita na zona norte carioca.

Descreve o dom que lhe atribuem como a capacidade de “sentir a influência dos espíritos”. Tinha 18 anos quando detectou a sua, conta. “Senti uma presença do meu lado. Comecei a pensar algumas coisas sobre o nosso trabalho. Percebi que não eram propriamente minhas ideias, mas ideias sugeridas pelo amigo que estava ali pertinho de mim.”

São mais de seis décadas “tentando aprimorar esse canal de comunicação com os espíritos, o que me traz muita alegria”, ela afirma. “É a certeza de que continuamos a viver em outro plano.”

Roberto Lúcio Vieira de Souza, 66, também cedeu uma amostra de sua saliva para a pesquisa. Diz que compreendeu seu potencial mediúnico na adolescência, quando apresentava sintomas que os médicos não conseguiam explicar. Tinha câimbras dolorosas durante o sono, “acompanhadas da sensação iminente de morte, o que me desequilibrava emocionalmente”.

Integrava um movimento católico para jovens na época e queria inclusive virar padre. Acabou numa casa de umbanda para entender as agruras físicas. “Lá fui informado sobre a mediunidade e comecei a desenvolvê-la.”

Souza diz que mais tarde descobriu por que se sentia tão mal. Numa vida passada, fora um senhor de escravizados que, irritado com um deles, mandou amarrá-lo no pátio da casa e passar uma carroça sobre suas pernas. Ele foi deixado por dias ali, até morrer.

O próprio espírito do homem assassinado teria lhe contado essa versão. “Ele gritava que queria as suas pernas de volta e que eu deveria morrer com muita dor nas pernas, como ele. Segundo um amigo espiritual, essa era uma atitude comum da minha pessoa naquela encarnação. Eu teria sido um homem muito irascível, orgulhoso e cruel.”

Psiquiatra e autor de livros psicografados, Souza é diretor de uma instituição espírita em Belo Horizonte que se diz especializada em saúde mental e dependência química.

Gattaz, no comando da turma que esquadrinhou sua genética, afirma que não é preciso ter um determinado combo de genes para ser um médium. “O nosso estudo mostra apenas que alguns desses genes são candidatos para serem estudados em novas pesquisas e podem contribuir para o desenvolvimento do dom da mediunidade.”

Ele já havia liderado outro front do estudo, que apura a saúde mental nos ditos médiuns. Saldo: eles não se diferenciam de seus parentes na prevalência de transtornos mentais. Não apresentaram, por exemplo, sintomas de quadros psicóticos, como desorganização cognitiva ou paranoia.

Pontuaram mais, contudo, nos itens que avaliaram alterações na sensopercepção —como ver ou ouvir o que outros não percebem.

Interdisciplinaridade em Mudanças Climáticas: pesquisas atuais e em desenvolvimento (IAG/USP)

O evento será realizado na FEA/USP nos dias 9 e 10 de março

O INterdisciplinary CLimate INvestigation cEnter / Núcleo de Apoio à Pesquisa em Mudanças Climáticas (INCLINE / NapMC), a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) e o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo convidam para o evento “Interdisciplinaridade em Mudanças Climáticas: pesquisas atuais e em desenvolvimento”.

O evento acontece nos dias 9 e 10 de março, no Auditório FEA-5. O objetivo é apresentar e discutir o estado da arte das pesquisas científicas sobre Mudanças Climáticas realizadas no âmbito do INCLINE.

As inscrições são gratuitas e abertas para toda a comunidade USP e interessados de instituições externas, e podem ser feitas online: http://goo.gl/forms/VNQ2rRRW9I

Apresentações pôster

Alunos de graduação e pós-graduação podem se inscrever para apresentar um pôster de seu trabalho, na temática de Mudanças Climáticas.

Apresentações orais

Pós-doutorandos vinculados ao INCLINE podem se inscrever para uma apresentação oral durante o evento.

Prazos de inscrição

Data limite para se inscrever como ouvinte: 04/03/2015

Data limite para se inscrever para apresentar pôster: 01/03/2015

Data limite para se inscrever para apresentação oral: 26/02/2015

Local do evento: Auditório do bloco FEA-5, na FEA/USP (Av. Prof. Luciano Gualberto, 908)

O INCLINE tem por objetivo integrar e potencializar colaborações essenciais ao tema das Mudanças Climáticas, com o envolvimento de professores, pesquisadores, colaboradores externos e estudantes de graduação/pós-graduação, organizados através de 16 subprojetos integrados na temática de mudanças globais. No âmbito do INCLINE, a Universidade de São Paulo (USP) assume um papel de liderança na investigação científica sobre mudanças climáticas.

(Comunicação – IAG/USP)

Professor da USP defende golpe de 64, e alunos invadem a aula (O Globo)

JC e-mail 4925, de 02 de abril de 2014

Coletivo Canto Geral protestou contra discurso do docente Eduardo Gualazzi em homenagem à ‘revolução’. Professor de Direito Administrativo diz que universitários pediram aula sobre a ditadura

No dia em que o golpe militar de 64 completou 50 anos, nesta segunda-feira, o professor Eduardo Lobo Botelho Gualazzi, de Direito Administrativo da USP, resolveu homenagear o que ele denominou de “revolução”. Após iniciar a leitura de um discurso em que afirmou que apoiou “humildemente, em silêncio firme, a revolução de 31 de março de 1964” , um grupo de alunos começou a fazer barulho do lado de fora da sala, simulando cenas de tortura comuns na época da ditadura. Veja, acima, o vídeo postado no YouTube.

Em seguida, os estudantes entraram em sala encapuzados cantando “Opinião”, um hino contra o regime militar, de Zé Ketti. O professor retirou o capuz de uma universitária e tentou segurar outro aluno. Preso e torturado na ditadura, o ex-militante Antonio Carlos Fon, que havia sido convidado para o protesto, dirigiu-se a Gualazzi dizendo que não concordavam com o que ele dizia, “mas ninguém trouxe máquina de choque nem vai botar pau de arara”. Na sequência, o professor saiu de sala, enquanto o ato do Coletivo Canto Geral continuou.

Segundo a aluna Camila Sátolo, uma das organizadoras do ato, o professor, já há alguns anos, faz referências e apologias ao que ele chama de “revolução de 64”. De acordo com a estudante, que faz parte do Canto Geral, Gualazzi já havia programado uma aula especial para a data, e há algumas semanas começara a espalhar isso para sua turma, dizendo que iria falar sobre suas memórias da “revolução”.

– Muitos estudantes incomodados procuraram se articular para questionar a aula planejada pelo professor no mesmo dia em que o país tenta re-significar sua memória, relembrando a resistência ao regime militar e lutando por verdade e justiça. Minutos antes da aula ficamos sabendo que o professor havia preparado um documento oficial no qual confirmou seu apoio dentre outras barbaridades. O professor, entretanto, nem se dispôs a escutar a fala do Fon e se retirou da sala – contou Camila, aluna do 5º período de Direito.

Professor diz achar estranho repercussão sobre ‘assunto banal’
Professor de direito administrativo há 40 anos, Eduardo Gualazzi disse ao GLOBO “achar estranho dar tanta repercussão a um assunto tão banal”.

– Foi uma aula comum, a respeito de fatos que presenciei quando eu tinha 17 anos de idade. São recordações vagas, de um passado remoto. Qualquer ser humano nascido no Brasil tem recordações daquela época. Não sei por que ficam dando à minha aula uma importância que ela não tem – disse Gualazzi, para quem a qualquer momento se encontrará no pátio da universidade “uma série de alunos manifestando-se contra ou a favor de qualquer coisa”.

– Eles estão exercendo o direito de manifestação, são jovens, estão começando a vida. Estão começando a desenvolver capacidades de argumentação lógica, jurídica, administrativa. Isso tudo é absolutamente normal – completou.

Perguntado sobre a relação entre o texto lido em sala e a disciplina ministrada na universidade, o professor alegou ter atendido a um pedido dos próprios alunos:

– Preparei um texto histórico. Os alunos me pediram uma aula a respeito disso, porque sabem que tenho idade. São jovenzinhos, curiosos, querem saber o que aconteceu naquela época. Como sabem que tenho 67 anos, me pediram. Alguns até elogiaram e consideram uma ofensa o que outros fizeram contra mim.

A Faculdade de Direito da USP informou no fim da tarde desta terça-feira que ainda não decidiu se vai se pronunciar sobre o assunto.

(Lauro Neto E Thiago Herdy / O Globo)
http://oglobo.globo.com/educacao/professor-da-usp-defende-golpe-de-64-alunos-invadem-aula-12057932#ixzz2xjUT2de4