A entidade quer que permaneça no ensino o princípio da laicidade e liberdade de crença garantidos pela Constituição federal
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) enviou aos deputados federais uma carta solicitando que o Projeto de Lei 8099/2014, de deputado Marco Feliciano (PSC/SP), que propõe a inserção de conteúdos sobre criacionismo na grade curricular das Redes Pública e Privada de Ensino, e seu apensado ao PL 309/2011, de autoria do mesmo deputado, que “altera o Art. 33 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, para dispor sobre a obrigatoriedade do ensino religioso nas redes públicas de ensino do país”, sejam rejeitados e arquivados. Segundo a SBPC, isso é necessário para se manter o princípio da laicidade e liberdade de crença garantidos pela Constituição federal, bem como o não comprometimento do ensino das Ciências aos alunos.
Veja a carta na íntegra em:
http://jcnoticias.jornaldaciencia.org.br/wp-content/uploads/2014/12/Ofício122PLcriacionismo.pdf
(Ascom SBPC)
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Em defesa da Ciência
O leitor Clécio Fernando Klitzke. envia carta à SBPC onde comenta as ameaças e os retrocessos sobre o que é a Ciência, e o que são dogmas como o criacionismo e o “design inteligente”
Li a matéria no sítio de internet da SBPC a respeito da posição da ABRAPEC e SBEnBIO sobre o projeto de lei que tenta obrigar o ensino de criacionismo nas escolas brasileiras.
Não bastasse o desserviço de alguns políticos evangélicos a respeito do que é ciência e conhecimento científico, nos deparamos também com movimentos organizados no próprio meio acadêmico, visando a deturpação do que seja ciência e teoria científica.
Recentemente tivemos no país um evento neo criacionista onde foi fundada a sociedade brasileira do design inteligente. Mais triste é constatar que páginas que divulgam ciência também divulgam eventos criacionistas.
Por exemplo:
Não bastasse isso, a própria universidade pública abre espaço para essas ideias medievais, como exemplo:
Esses profissionais esqueceram o que é ciência e objeto de pesquisa científica e se deixaram levar pela fé religiosa e seus dogmas. Agora apresentam o criacionismo travestido de teoria científica, com novo nome e roupagem, a tal da teoria do design inteligente, quem nem teoria é.
Não bastassem os políticos, temos professores e pesquisadores que também sonham com o ensino de criacionismo nas escolas e universidades.
Seria muito útil se a SBPC também divulgasse um manifesto em defesa da ciência e do conhecimento científico, se opondo a essas tentativas de incluir criacionismo como conhecimento científico.
Em 2012 a Sociedade Brasileira de Genética publicou um manifesto em seu sítio de internet.
http://sbg.org.br/2012/08/manifesto-da-sbg-sobre-ciencia-e-criacionismo/
Seria interessante reforçar para a sociedade que criacionismo é crença, não é ciência e que cientistas que se deixam levar por suas crenças prestam um desserviço ao conhecimento. O mais apavorante é que temos até mesmo membro da Academia Brasileira de Ciências defendendo o criacionismo como conhecimento científico e liderando esse movimento no Brasil.
Clécio Fernando Klitzke é Bacharel em Ciências Biológicas, Mestre em Ecologia, Doutor em Ciências (Química Orgânica).