Fundação esotérica promete desviar chuva do Rock in Rio para o Espírito Santo (Gazeta – ES)

16/09/2015 – 11h35 – Atualizado em 16/09/2015 – 12h07
Autor: Wing Costa | wbertulani@redegazeta.com.br

O espírito do Cacique Cobra Coral desviaria as chuvas que poderiam afetar o evento para minorar os efeitos da seca no Rio Doce

Fundação Cacique Cobra Coral afirma que pode controlar fenômenos naturais. Foto: Reprodução

Qual a ligação entre o Rio Doce, que corta o Espírito Santo, o Rio Paraíba do Sul e o evento de música Rock in Rio 2015? Além da óbvia presença da palavra “rio” no nome, todos eles sofrem influência de um espírito – incorporado pela médium Adelaide Scritori – que teria o poder de alterar fenômenos naturais.

A Fundação Cacique Cobra Coral, operada por Adelaide, é contratada pelos organizadores do Rock in Rio desde o segundo festival (após lamaçal histórico na edição de 1985) para desviar as chuvas do local do evento.

Como a fundação trabalha somente para um bem comum, como explica o porta-voz da entidade esotérica, Osmar Santos, desta vez as chuvas serão deslocadas para o Espírito Santo, para “minorar os efeitos da seca no Rio Doce”.

“Estamos fazendo um trabalho também para o Governo do Rio de Janeiro, para elevar o nível do Rio Paraíba do Sul. Como tudo é um ciclo, desabar água sobre o Estado não seria uma solução, então tem que chover em São Paulo, por exemplo. Isso afeta diretamente o Espírito Santo, que passa por um período seco”, explica o representante da entidade.

“Aí choveu essa semana, não foi?”, perguntou para a reportagem. Estamos trabalhando para fazer desse inverno um inverno úmido. Conhecemos a situação do Espírito Santo porque já fizemos muitos trabalhos aí a pedido do senador Gerson Camata”, conta.

O Cacique Cobra Coral, por meio da médium, também teria evitado chuvas em Olimpíadas e outros eventos por todo o globo. “As nuvens estavam feias em Londres e a previsão dizia que choveria às 20h. Nesse horário seria a abertura das Olimpíadas. A médium estava em Dublin – de onde vinham as nuvens – e conseguiu remanejar”, disse o representante.

Mas nada disso teria acontecido para um bem particular, como ele explica, já que, na época, estariam acontecendo muitas queimadas em Portugal e Espanha, e a força do espírito indígena teria feito com que as chuvas, além de não atrapalharem o evento esportivo, também apagassem os incêndios na Europa.

O espírito no Espírito Santo

Foto: Vitor Jubini – GZ. Gerson Camata atestou os poderes do Cacique Cobra Coral

A entidade atuou no Espírito Santo a pedido do ex-senador Gerson Camata, que lembra com bom humor a passagem. Ao ser perguntado, soltou um “ah, o cacique”, acompanhado de risadas. Aconteceu nos idos de 87 ou 88, se a memória do senador permite a margem de erro.

Como você chegou até o cacique?

Isso foi numa época de seca muito forte no Norte do Estado. Um senador colega me indicou e eu liguei.

O contato foi fácil?

Sim, é uma mulher que faz essas operações.

A fundação pediu algo para atuar no Estado?

Não, eles não me cobraram nada. Só me mandaram um mapa meteorológico e perguntaram: “Onde você quer que chova?”, logo apontei Marilândia e eles prometeram que antes da meia-noite a água passaria por cima da ponte.

E choveu?

Olha, conversei com o prefeito da época. Ele me ligou no dia da promessa, às 22h, e disse que o céu começara a nublar. Quando deu 1h da manhã ele me ligou pedindo para fazer o povo parar se não morreriam todos afogados, tanta água que era.

Então você atesta o poder do Cacique?

Poder eu não sei, mas que choveu, choveu.

Fonte: Gazeta Online