Arquivo da tag: Gregorio Duvivier

Opinião – Gregorio Duvivier: O Cacique Cobra Coral foi a primeira nomeação técnica do governo Jair Bolsonaro (Folha de S.Paulo)

www1.folha.uol.com.br

Além disso, conseguiu a proeza de ser a primeira liderança indígena a dialogar com o presidente

2.nov.2021 às 17h00

Quem vê de fora não acredita. Quem vê de dentro também não. Mas a Prefeitura do Rio contrata, todo ano, a Fundação Cacique Cobra Coral pra impedir que chova no Réveillon. Sim, existe uma parcela da disputada verba pública carioca que se destina a um espírito —ou melhor, a uma médium, já que o espírito não possui um CPF, por não se tratar de pessoa física. Não sei dizer se a médium reparte a verba com o espírito. Espero que faça um Pix. Seria injusto que ficasse com a totalidade do cachê, em se tratando de um trabalho de grupo.

Adelaide Scritori, médium paranaense, diz receber o espírito desse cacique americano que também já encarnou em Galileu Galilei e Abraham Lincoln. Depois de descobrir que a Terra se move em torno do Sol e acabar com a escravidão nos Estados Unidos, o cacique hoje trabalha garantindo a realização de grandes eventos no Rio de Janeiro através do afastamento de cumulonimbus.

Ou melhor: trabalhava. Desde que o Brasil se viu às voltas com uma crise hídrica que pode gerar um apagão, o governo Bolsonaro teve a brilhante ideia de levar o trabalho do cacique à esfera federal. Fontes revelaram que agora ele estaria trabalhando a favor da chuva e não o contrário.

Talvez tenha sido o primeiro gesto acertado da gestão Bolsonaro. De todas as suas nomeações, o cacique é a única que tem um trabalho pregresso digno de nota e goza de prestígio perante a sociedade. O cacique, arrisco dizer, foi a primeira nomeação técnica do governo Bolsonaro. Além disso, conseguiu a proeza de ser a primeira liderança indígena a dialogar com o presidente. Talvez por não ser indígena. Nem liderança.

Vale lembrar que Bolsonaro tem experiência na contratação de funcionários fantasmas. Não será a primeira vez que ele destina verba pública a seres cujo corpo físico nunca adentrou seu gabinete.

A diferença é que este fantasma, ao contrário dos cunhados do presidente, trabalha. E entrega resultado. Faz um mês que não para de chover. Não sei se sua ingerência bastará pra contornar a crise hídrica.

Céticos afirmam que não dá pra contar só com o cacique. Também seria precisa ter um plano energético de longo prazo, reverter o desmatamento e começar desde já a reflorestar.

Ajudaria se o presidente acreditasse que a Terra é redonda. Mas até pra isso não há ninguém melhor do que o cacique, já que foi ele mesmo que descobriu, em 1610, que a Terra girava em torno do Sol.

No Greg News, Duvivier explica a “positividade tóxica” (Diário do Centro do Mundo)

diariodocentrodomundo.com.br

Publicado por Caique Lima – 23 de outubro de 2021


Gregorio Duvivier explica a “positividade tóxica” do atual governo e de personalidades famosas nas redes sociais. Ele cita TikTokers, a Fundação Cacique Cobra Coral e “aquilo que faz com que o governo acredite que ele vai contornar a crise hídrica apenas com a força do pensamento”.

“É aquela positividade que consiste em simplesmente ignorar as coisas negativas, controlar qualquer pensamento pessimista e fingir que a vida não tem problema”, explica. Para o humorista, isso nos faz “ter versão mais infantil das situações” e “perder a capacidade de encarar momentos difíceis”.

“Positividade tóxica é grande aliada do capitalismo”, diz Duvivier

A escala do problema, avalia Duvivier, atinge toda a sociedade. “Positividade tóxica é uma grande aliada do capitalismo ao estimular responsabilização individual pelas injustiças que o próprio sistema capitalista gera”, critica. Para Gregorio, “essa lógica de acreditar que a gente pode ter tudo o que quiser se tiver pensamento positivo é justamente o que sustenta uma economia de mercado”.

“Tem um outro terreno no qual a positividade tóxica pode ser uma arma muito poderosa, a ponto dela se tornar perversa. É aa política. Sim, é no âmbito da política que a positividade tóxica vira um instrumento de controle social e manter as pessoas num estado de imobilidade”, prossegue Duvivier. Ele cita que o instrumento é usado para cessar a indignação da sociedade, que gera protestos e afins.