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JC e-mail 4232, de 05 de Abril de 2011.
Escassez de meteorologistas coloca em risco a previsão e a prevenção de catástrofes.
A falta de profissionais qualificados que façam previsões meteorológicas e se dediquem à parte operacional da meteorologia preocupa especialistas da área. Na 4ª Conferência Regional sobre Mudanças Globais, iniciada ontem em São Paulo, o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) José Antonio Marengo disse que o Brasil tem muitos profissionais que se dedicam à pesquisa acadêmica, mas faltam especialistas para fazer a leitura dos dados e mapas.
Segundo ele, por enquanto, isso não prejudica as previsões meteorológicas no país, mas em cinco anos este déficit pode causar transtornos.
– Necessitamos de pessoas mais novas, jovens. Temos poucos profissionais que se dedicam à fazer a previsão e mapas. As pessoas estão se aposentando e outras preferem trabalhar na parte acadêmica – disse.
Para ele, a parte operacional da meteorologia não atrai muitos profissionais porque eles consideram o trabalho pouco interessante e instigante:
– É uma parte chata, como um médico que trabalha no pronto-socorro e um que trabalha no Albert Einstein. Já o físico da Universidade de São Paulo e integrante do Painel
Brasileiro de Mudanças Climáticas Paulo Artaxo Netto se preocupa com o fato de o país ainda não estar preparado para fazer melhores previsões de enchentes e secas para minimizar os impactos de desastres naturais:
– Os modelos climáticos feitos no Brasil não necessariamente atendem as necessidades das defesas civis. Não adianta dizer que no estado de São Paulo vai chover 200 milímetros. Isso vai acontecer em Araraquara ou em Santos? Precisamos ter uma alta resolução espacial e previsões com horas de antecedência.
Os especialistas estão confiantes na entrada em funcionamento e eficácia do Sistema Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais, elaborado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e que deve começar a operar até o fim do ano. Mas o climatologista Carlos Nobre, secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCT, admitiu que isso ainda é um desafio.
– Temos que diminuir o número de vítimas nas catástrofes por meio da ciência – disse.
(O Globo)