Arquivo da tag: Segurança

O futuro sombrio previsto por agências de inteligência dos EUA para o mundo em 2040 (BBC Brasil)

Gordon Corera

20 abril 2021

Logo da CIA em sua sede
Previsões incluem incerteza e instabilidade crescentes e mais polarização e populismo

A Comunidade de Inteligência dos EUA (CI), federação de 17 agências governamentais independentes que realizam atividades de inteligência, divulgou uma pesquisa sobre o estado do mundo em 2040.

E o futuro é sombrio: o estudo alerta para uma volatilidade política e crescente competição internacional ou mesmo conflito.

O relatório intitulado “Globo Trends 2040 – A More Contested World” (“Tendências Globais 2040 – Um Mundo Mais Disputado”, em português) é uma tentativa de analisar as principais tendências, descrevendo uma série de cenários possíveis.

É o sétimo relatório desse tipo, publicado a cada quatro anos pelo Conselho Nacional de Inteligência desde 1997.

Não se trata de uma leitura relaxante para quem é um líder político ou diplomata internacional – ou espera ser um nos próximos anos.

Em primeiro lugar, o relatório foca nos fatores-chave que vão impulsionar a mudança.

Um deles é a volatilidade política.

“Em muitos países, as pessoas estão pessimistas sobre o futuro e estão cada vez mais desconfiadas de líderes e instituições que consideram incapazes ou relutantes em lidar com tendências econômicas, tecnológicas e demográficas disruptivas”, adverte o relatório.

Bandeiras dos EUA e China tremulando lado a lado
Tensão entre EUA e China pode dividir o mundo, diz relatório

Democracias vulneráveis

O estudo argumenta que as pessoas estão gravitando em torno de grupos com ideias semelhantes e fazendo demandas maiores e mais variadas aos governos em um momento em que esses mesmos governos estão cada vez mais limitados no que podem fazer.

“Essa incompatibilidade entre as habilidades dos governos e as expectativas do público tende a se expandir e levar a mais volatilidade política, incluindo crescente polarização e populismo dentro dos sistemas políticos, ondas de ativismo e movimentos de protesto e, nos casos mais extremos, violência, conflito interno, ou mesmo colapso do estado”, diz o relatório.

Expectativas não atendidas, alimentadas por redes sociais e tecnologia, podem criar riscos para a democracia.

“Olhando para o futuro, muitas democracias provavelmente serão vulneráveis a uma erosão e até mesmo ao colapso”, adverte o texto, acrescentando que essas pressões também afetarão os regimes autoritários.

Pandemia, uma ‘grande ruptura global’

O relatório afirma que a atual pandemia é a “ruptura global mais significativa e singular desde a 2ª Guerra Mundial”, que alimentou divisões, acelerou as mudanças existentes e desafiou suposições, inclusive sobre como os governos podem lidar com isso.

Uma loja fechada a cadeado exibe uma placa dizendo 'desculpe, estamos fechados até novo aviso do governo, desculpe por qualquer inconveniente, nos vemos em breve'
Analistas previram ‘grande pandemia de 2023’, mas não associaram à covid

O último relatório, de 2017, previu a possibilidade de uma “pandemia global em 2023” reduzir drasticamente as viagens globais para conter sua propagação.

Os autores reconhecem, no entanto, que não esperavam o surgimento da covid-19, que dizem ter “abalado suposições antigas sobre resiliência e adaptação e criado novas incertezas sobre a economia, governança, geopolítica e tecnologia”.

As mudanças climáticas e demográficas também vão exercer um impacto primordial sobre o futuro do mundo, assim como a tecnologia, que pode ser prejudicial, mas também trazer oportunidades para aqueles que a utilizarem de maneira eficaz e primeiro.

Competição geopolítica

Internacionalmente, os analistas esperam que a intensidade da competição pela influência global alcance seu nível mais alto desde a Guerra Fria nas próximas duas décadas em meio ao enfraquecimento contínuo da velha ordem, enquanto instituições como as Nações Unidas enfrentam dificuldades.

Mãos segurando um cartaz dizendo 'nós, o povo, significa todo mundo'
Pessoas estão gravitando em torno de grupos com ideias semelhantes e fazendo demandas maiores e mais variadas aos governos em um momento em que esses mesmos governos estão cada vez mais limitados no que podem fazer, diz relatório

Organizações não-governamentais, incluindo grupos religiosos e as chamadas “empresas superestrelas da tecnologia” também podem ter a capacidade de construir redes que competem com – ou até mesmo – driblam os Estados.

O risco de conflito pode aumentar, tornando-se mais difícil impedir o uso de novas armas.

O terrorismo jihadista provavelmente continuará, mas há um alerta de que terroristas de extrema direita e esquerda que promovem questões como racismo, ambientalismo e extremismo antigovernamental possam ressurgir na Europa, América Latina e América do Norte.

Os grupos podem usar inteligência artificial para se tornarem mais perigosos ou usar realidade aumentada para criar “campos de treinamento de terroristas virtuais”.

A competição entre os EUA e a China está no centro de muitas das diferenças nos cenários – se um deles se torna mais bem-sucedido ou se os dois competem igualmente ou dividem o mundo em esferas de influência separadas.

Um relatório de 2004 também previu um califado emergindo do Oriente Médio, como o que o autodenominado Estado Islâmico tentou criar na última década, embora o mesmo estudo – olhando para 2020 – não tenha capturado a competição com a China, que agora domina as preocupações de segurança dos EUA.

O objetivo geral é analisar futuros possíveis, em vez de acertar previsões.

Democracias mais fortes ou ‘mundo à deriva’?

Existem alguns cenários otimistas para 2040 – um deles foi chamado de “o renascimento das democracias”.

Isso envolve os EUA e seus aliados aproveitando a tecnologia e o crescimento econômico para lidar com os desafios domésticos e internacionais, enquanto as repressões da China e da Rússia (inclusive em Hong Kong) sufocam a inovação e fortalecem o apelo da democracia.

Mas outros são mais desanimadores.

“O cenário do mundo à deriva” imagina as economias de mercado nunca se recuperando da pandemia de Covid, tornando-se profundamente divididas internamente e vivendo em um sistema internacional “sem direção, caótico e volátil”, já que as regras e instituições internacionais são ignoradas por países, empresas e outros grupos.

Um cenário, porém, consegue combinar pessimismo com otimismo.

“Tragédia e mobilização” prevê um mundo em meio a uma catástrofe global no início de 2030, graças às mudanças climáticas, fome e agitação – mas isso, por sua vez, leva a uma nova coalizão global, impulsionada em parte por movimentos sociais, para resolver esses problemas.

Claro, nenhum dos cenários pode acontecer ou – mais provavelmente – uma combinação deles ou algo totalmente novo pode surgir. O objetivo, dizem os autores, é se preparar para uma série de futuros possíveis – mesmo que muitos deles pareçam longe de ser otimistas.

Cientistas pedem limite à criação de vírus mortais em laboratório (O Globo)

JC e-mail 4991, de 17 de julho de 2014

Falhas em unidades americanas elevam riscos de surtos

Um grupo multidisciplinar de cientistas de importantes universidades em diferentes países publicou ontem um alerta sobre a manipulação, em laboratórios norte-americanos, de vírus que podem se espalhar e infectar homens e outros mamíferos. A preocupação vem na esteira de seguidas notícias sobre falhas de envolvendo micro-organismos potencialmente perigosos.

“Incidentes recentes com varíola, antraz e gripe aviária em alguns dos mais importantes laboratórios dos EUA nos faz lembrar da falibilidade até das unidades mais seguras, reforçando a necessidade urgente de uma reavaliação completa de biossegurança”, escreveu o autodenominado “Grupo de Trabalho de Cambridge”, composto de pesquisadores das universidades de Harvard, Yale, Ottawa, entre outras.

No alerta, eles relatam que incidentes com patógenos têm aumentado e ocorrido em média duas vezes por semana em laboratórios privados e públicos do país. A informação é de um estudo de 2012 do periódico “Applied Biosafety”.

– Quando vemos algum caso na imprensa, dá a impressão de que são episódios raros, mas não são – comentou Amir Attaran, da Universidade de Ottawa, um dos cientistas que assinou o documento. – Estamos preocupados com as experiências perigosas que estão sendo feitas para projetar os mais infecciosos e mortais vírus da gripe e da síndrome respiratória aguda grave (Sars). Achamos que essa ciência imprudente e insensata pode ferir ou matar um grande número de pessoas. O Centro de Controle de Prevenção de Doenças, na semana passada, admitiu que laboratórios de alta segurança perderam o controle com algumas amostras.

No último caso, frascos de varíola foram encontrados por acaso num depósito inutilizado de um laboratório federal em Washington. Estima-se que eles estivessem ali há mais de 50 anos.

Attaran comparou o pronunciamento do grupo ao que cientistas fizeram em 1943, antes dos bombardeios de Hiroshima, na Segunda Guerra Mundial. E disse que o risco dessas experiências são maiores do que os possíveis benefícios dessas pesquisas, citando a recriação in vitro do vírus da gripe espanhola, de 1918, que matou 40 milhões de pessoas. Em 2006, cientistas fizeram a experiência num laboratório americano.

– Não é para ficarmos alarmados aqui – garante Volnei Garrafa, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Bioética da UnB e membro do Comitê Internacional de Bioética da Unesco. – Mas a preocupação deles é válida, sempre há riscos, e o governo precisaria se posicionar.

LEIA O DOCUMENTO NA ÍNTEGRA:
Incidentes recentes envolvendo varíola, antraz e gripe aviária em alguns dos mais importantes laboratórios dos Estados Unidos nos faz lembrar da falibilidade até das unidades mais seguras, reforçando a necessidade urgente de uma reavaliação completa de biossegurança. Tais incidentes têm aumentado e ocorrido em média duas vezes por semana com patógenos regulados em laboratórios privados e públicos do país. Uma infecção acidental com qualquer patógeno é preocupante. Mas riscos de acidente com os recém-criados ‘patógenos potencialmente pandêmicos’ levanta novas graves preocupações.

A criação em laboratório de novas cepas de vírus perigosos e altamente transmissíveis, especialmente de gripe, mas não apenas dela, apresenta riscos substancialmente maiores. Uma infecção acidental em tal situação poderia desencadear surtos que poderiam ser difíceis ou impossíveis de controlar. Historicamente, novas cepas de gripe, uma vez que comecem a transmissão na população humana, infectaram um quarto ou mais da população mundial em dois anos.

Para qualquer experimento, os benefícios esperados deveriam superar os riscos. Experiências envolvendo a criação de patógenos potencialmente pandêmicos deveria ser limitada até que haja uma avaliação quantitativa, objetiva e confiável, dos possíveis benefícios e oportunidades de mitigação de riscos, assim como a comparação contra abordagens experimentais mais seguras.

Uma versão moderna do processo Asilomar, que define regras para pesquisas com DNA recombinante, poderia ser um ponto de partida para identificar as melhores medidas para se atingir os objetivos de saúde pública global no combate a doenças pandêmicas e assegurar os mais altos níveis de segurança. Sempre que possível, a segurança deve ser prioridade em detrimento a ações que tenham risco de pandemia acidental.

(Flávia Milhorance / O Globo)
http://oglobo.globo.com/sociedade/saude/cientistas-pedem-limite-criacao-de-virus-mortais-em-laboratorio-13281731#ixzz37jNAiHZI

Brazil builds nuclear submarine to patrol offshore oil (Channel News Asia)

POSTED: 04 Jun 2014 07:15

Brazil is building five submarines to patrol its massive coast, including one powered by an atomic reactor that would put it in the small club of countries with a nuclear sub.

The BNS S34 Tikuna Brazilian diesel-electric powered submarine moored at the navy base in Niteroi, Brazil. (AFP/Yasuyoshi Chiba)

RIO DE JANEIRO: Brazil is building five submarines to patrol its massive coast, including one powered by an atomic reactor that would put it in the small club of countries with a nuclear sub.

The South American giant is in the process of exploring major oil fields off its shores that could make it one of the world’s top petroleum exporters.

The new submarines aim to protect that resource, said the navy official coordinating the US$10-billion project, Gilberto Max Roffe Hirshfeld.

“The nuclear-propelled submarine is one of the weapons with the greatest power of dissuasion,” he told AFP.

“Brazil has riches in its waters. It’s our responsibility to have strong armed forces. Not to make war, but to avoid war. So that no one tries to take away our riches.”

The new submarines, which will replace Brazil’s aging fleet of five conventional subs, are being built at a sprawling 540,000-square-metre complex in Itaguai, just south of Rio de Janeiro.

The project is a joint venture between the navy, Brazilian construction firm Odebrecht and French state defense firm DCNS.

Brazil and France signed a deal for the project in 2008 under which DCNS is providing building materials and training while Brazil builds up its own submarine industry.

Brazil is developing the nuclear reactor and enriched uranium itself.

The first submarine, a conventional sub called SBR1, is 45-percent complete and scheduled to launch in 2017. The second is in the early stages of construction and is due to launch in 2019.

Work on the nuclear sub, SNBR, is supposed to start in 2017, with a launch target of 2025, the year the project wraps up.

Workers are assembling the submarines in a massive 38-metre-tall hangar, putting together the giant sheets of steel that will form the hulls.

When complete, the nuclear submarine will measure 100 metres long and weigh 6,000 tonnes. Its conventional cousins will be slightly smaller, at 75 metres and 2,000 tonnes.

Currently the only countries to design and build their own nuclear submarines are the permanent members of the United Nations Security Council — Britain, China, France, Russia and the United States — plus India, which has completed one and is in the process of building more.

Unlike conventional submarines, which run on electric or diesel engines and have to resurface every 12 to 24 hours to refuel, nuclear submarines run on atomic power and can stay immersed indefinitely.

They can also be outfitted to launch nuclear warheads — though under Brazil’s constitution and the Nuclear Non-Proliferation Treaty, the country is barred from developing atomic weapons.

Its five new submarines will be equipped with conventional torpedos.

Brazil’s navy says the conventional submarines will patrol ports and other strategic points along the country’s 8,500-kilometre coast.

The SNBR will patrol farther away, around the country’s “pre-salt” deepwater oil reserves — estimated at up to 35 billion barrels — and the so-called Blue Amazon, a biodiverse area off the coast with minerals including gold, manganese and limestone.

According to the Stockholm International Peace Research Institute, Brazil had one of the world’s 15 largest defense budgets in 2013, at US$31.5 billion.