Psiquiatra debate em SP se a consciência sobrevive ao corpo
6.out.2025 às 21h35; Atualizado: 7.out.2025 às 14h41
A ideia exposta no filme “Blade Runner”, de robôs com consciência, parece que se aproxima da realidade.
No Vale do Silício, o tema já é tratado como uma religião pelo movimento conhecido como transumanismo. É um bom momento para discutir a relação entre espiritualidade e ciência.
O Brasil, especialmente o mundo popular, é profundamente religioso. Ainda assim, mesmo leitores desta coluna que acreditam em Deus podem estranhar a ideia de misturar fé e ciência. Mas por que não?
Se você acredita na existência de Deus e que a consciência é mais que o resultado de combinações aleatórias que produziram a vida, por que não pesquisar sobre isso?
Responder a essa pergunta se tornou a missão do psiquiatra brasileiro Alexander Moreira-Almeida (UFJF), fundador do Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde (Nupes). Seu trabalho, que investiga a relação entre espiritualidade e saúde mental, tem ganhado reconhecimento internacional.

Neste ano, ele recebeu o Prêmio Oskar Pfister, concedido anualmente pela American Association of Psychiatry (APA) a pesquisadores que estudam temas na intersecção entre ciência e religião. O neurologista Oliver Sacks, o historiador Peter Gay e o filósofo Paul Ricoeur estão entre os agraciados de edições anteriores.
A força do trabalho de Alexander está no fato de ele produzir ciência dentro da universidade, com metodologia médica e atuação internacional. Ele foi coordenador da seção de saúde mental e espiritualidade da Associação Mundial de Psiquiatria e também se dedica à divulgação científica, publicando conteúdo acessível ao público não especializado.
No livro “Ciência da Vida após a Morte” (Springer, 2022), feito com dois coautores, ele alerta para a influência de uma ideologia dominante —o fisicalismo materialista— que considera a espiritualidade uma fantasia humana, embora a ciência jamais tenha provado que a consciência morre junto com o corpo físico.
A segunda parte da obra apresenta evidências empíricas que sugerem a possibilidade de sobrevivência dessa consciência. Entre os estudos analisados estão pesquisas sobre mediunidade, experiências de quase-morte e reencarnação.
Curioso? Na próxima semana você poderá fazer perguntas diretamente a Alexander. Ele participará de um debate com o diretor de Redação desta Folha, o jornalista Sérgio Dávila, e com a psicóloga Marta Helena de Freitas, professora da Universidade Católica de Brasília e presidente da International Association for the Psychology of Religion (IAPR).
O evento faz parte da série Conversas Difíceis, da qual sou curador. Será na segunda-feira (13), às 19h, no espaço Civi-co (rua Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 445 – Pinheiros, SP). A entrada é gratuita, mas as vagas são limitadas. Haverá transmissão ao vivo pelo canal do YouTube do Instituto Humanitas360.
O que mudaria se a ciência admitisse —e eventualmente comprovasse— que a vida não termina com o corpo? Como isso afetaria nossa visão de mundo e o modo como escolhemos viver e morrer?
Apareça. Leve sua curiosidade.