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97% dos brasileiros percebem mudanças climáticas no dia a dia, aponta Datafolha (Folha de S.Paulo)

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Jéssica Maes

02.julho.2024


Em meio a fenômenos de proporções históricas, como os alagamentos que devastaram o Rio Grande do Sul e a seca que vem causando incêndios florestais recordes no pantanal, 97% dos brasileiros afirmam que percebem no dia a dia que o planeta está passando por mudanças climáticas.

O dado pertence a uma nova pesquisa Datafolha, divulgada nesta segunda-feira (1º), que aponta que apenas 2% dos entrevistados negam a existência das alterações no clima, enquanto 1% não soube responder.

O levantamento foi realizado presencialmente, com 2.457 pessoas de 16 anos ou mais em 130 municípios pelo Brasil, entre os dias 17 e 22 de junho. A margem de erro é de dois pontos percentuais, com taxa de confiança de 95%.

Os resultados mostram que essa percepção quase unânime se repete mesmo considerando diferentes recortes, como gênero, nível de escolaridade e faixa etária —chegando, por exemplo, a 100% de concordância sobre a ocorrência das mudanças climáticas entre os mais jovens, de 16 a 24 anos.

Os índices caem, porém, quando questionados sobre os agentes que provocam essa transformação. São 77% quem acha que as mudanças climáticas são causadas principalmente pelas ações humanas, enquanto 20% defendem que a causa delas é a oscilação natural da temperatura.

Conforme aponta o consenso científico, a crise do clima atual é provocada pelos gases de efeito estufa emitidos pelas atividades humanas, principalmente a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento, que aquecem o planeta. Em 2021, uma análise de quase 90 mil artigos científicos mostrou que mais de 99,9% dos pesquisadores do mundo concordam sobre essas causas e efeitos.

Os altos índices gerais de reconhecimento da mudança do clima podem estar relacionados ao aumento da intensidade, frequência e exposição a eventos climáticos extremos. A pesquisa perguntou se nas últimas semanas o lugar onde o entrevistado mora passou por diferentes tipos de fenômenos desta natureza, e 77% disseram que sim.

Entre esses, o número mais expressivo foi o de pessoas que passaram por calor extremo (65%), seguido de chuva intensa ou tempestade (33%), e seca extrema (29%). Enchentes atingiram 20% dos entrevistados e deslizamentos de terra, 7%.

Um quarto dos respondentes (23%) afirmou não ter vivenciado nenhum destes eventos recentemente.

Para Paulo Artaxo, professor de física da USP (Universidade de São Paulo) e membro do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), vinculado à ONU, no mundo inteiro a população está percebendo que o clima mudou para pior, o que é reforçado pela ocorrência de fenômenos extremos.

“As mudanças climáticas se dão em dois níveis. Primeiro, um lento e gradual: degradação ambiental com o aumento lento da temperatura, redução ou aumento lento da precipitação, o aumento do nível do mar que afeta as áreas costeiras e assim por diante”, explica.

“Um segundo componente é a intensificação dos eventos climáticos extremos, que cada vez mais se tornam muito perceptíveis para a população em geral, causando enormes danos na saúde, na economia e na sociedade em geral”.

Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, que reúne mais de uma centena de organizações ambientais, concorda.

“As pessoas não precisam mais procurar um relatório científico para se informar. Elas abrem a janela de casa, ligam a televisão e as mudanças climáticas estão acontecendo —não são mais uma previsão, são o presente”, diz. “Isso, obviamente, faz com que as pessoas tenham mais capacidade de compreender o que está acontecendo”.

O Datafolha mostra que a escolaridade é um fator que impacta a percepção dos brasileiros sobre o clima. Entre pessoas com educação de nível fundamental, 67% acreditam que as mudanças climáticas são causadas pela humanidade, 26% dizem que elas fazem parte da natureza e 4%, que não existem, Entre aquelas com ensino superior, os números são, respectivamente, 87%, 13% e 1%.

Astrini afirma que os resultados estão relacionados à falta de acesso à informação qualificada e à abundância de fake news disseminadas sobre o tema.

“Nós vivemos em um mundo em que existe desinformação em larga escala e alguns setores são alvos preferenciais de quem provoca a desinformação. O meio ambiente é um deles”, diz. “Em meio ambiente há muito, muito tempo, a gente enfrenta um verdadeiro batalhão —que vem enfraquecendo, mas ainda existe— de negacionismo, de desinformação”.

Também é entre os que passaram menos tempo na educação formal que está a taxa mais alta de descrença nas previsões da ciência sobre as consequências do aquecimento global. Daqueles que estudaram até o ensino fundamental, 43% dizem acreditar que cientistas e ambientalistas exageram sobre os impactos das mudanças climáticas, enquanto na população geral o índice é de 31%.

O nível mais alto de confiança nos especialistas está entre os mais jovens, com 77% dos que têm entre 16 e 24 anos afirmando que não há exagero a respeito do tema; 21% dizem o contrário.

Já entre aqueles com 60 anos ou mais o patamar de descrença está acima da média nacional, com mais de um terço (36%) concordando com a afirmação de que cientistas e ambientalistas exageram ao tratar dos impactos da crise do clima.

“É esperado que os mais jovens e os com mais acesso à informação mostrem maior concordância com as avaliações científicas. Os mais velhos têm a memória de condições mais estáveis e se formaram em um ambiente onde o tema não estava tão difundido, estudado ou documentado”, avalia Mercedes Bustamante, professora do departamento de ecologia da UnB (Universidade de Brasília).

Cruzando os dados da pesquisa, é possível notar, ainda, que aqueles que relatam não terem vivenciado um evento climático extremo no local onde moram são mais propensos a duvidar do parecer científico sobre os impactos do aquecimento global. Neste grupo, 36% das pessoas acham que os especialistas exageram, 61% acham que não e 3% não souberam responder.

A taxa de descrédito cai para 29% entre aqueles que passaram por alguma situação climática extrema recentemente, enquanto 69% deste estrato acha que não há exagero e 2% não soube responder.

Mais da metade dos brasileiros diz que crise do clima representa ameaça imediata, mostra Datafolha (Folha de S.Paulo)

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Jéssica Maes

02.julho.2024


Mais da metade (52%) dos brasileiros acha que as mudanças climáticas são um risco imediato para a população do planeta, enquanto 43% opinam que elas só representarão perigo para quem viverá daqui a muitos anos. Apenas 5% dizem que a crise do clima não representa risco algum.

Os números são da pesquisa Datafolha divulgada nesta segunda-feira (1º), que trata das percepções e opiniões sobre as alterações no clima. O levantamento ouviu 2.457 pessoas de 16 anos ou mais em 130 municípios pelo Brasil, entre os dias 17 e 22 de junho. A margem de erro é de dois pontos percentuais, com taxa de confiança de 95%.

“O percentual de brasileiros que compreende a mudança climática é elevado em comparação a outros países (por exemplo, os Estados Unidos)”, analisa Mercedes Bustamante, professora do departamento de Ecologia da Universidade de Brasília. Ela se refere a outros dados da pesquisa, que mostram que 77% das pessoas dizem acreditar que as mudanças climáticas são provocadas principalmente pelas atividades humanas.

A pesquisadora pondera, porém, que é interessante comparar esses índices com a divisão que aparece quando os entrevistados são questionados sobre os efeitos do aquecimento global. “Isso talvez seja uma indicação [de que há uma] percepção da existência do problema, mas ainda não [percebe-se] como seus mais variados efeitos já estão no dia a dia.”

Estudos mostram que o planeta já aqueceu mais de 1,2°C desde o período pré-industrial (1850-1900), que marca o grande aumento na emissão de carbono pela humanidade, e que fenômenos climáticos extremos, como tempestades e ondas de calor, já estão mais intensos e frequentes.

O Datafolha aponta ainda que, para 58% dos entrevistados, a humanidade não conseguirá agir para reverter os impactos das mudanças climáticas. Menos de um terço da população (31%) acha que será possível retornar a um clima mais ameno, enquanto 7% dizem que isso não faz diferença para a humanidade e o planeta.

O patamar de descrença na capacidade da humanidade de reverter as mudanças climáticas varia de acordo com a escolaridade, sendo mais alto entre aqueles que têm ensino de nível médio (60%). No estrato da população com ensino superior, 36% acreditam na possibilidade dos humanos conseguirem frear a crise climática.

Apesar disso, a pesquisa mostra que a disposição dos próprios brasileiros para mudar atitudes que têm o poder de potencializar o aquecimento global é alta.

Quase a totalidade diz que concordaria em adotar atitudes simples, como trocar as lâmpadas de casa por modelos mais econômicos (99%) e reduzir o uso de plástico (94%), e os índices de aceitação são altos mesmo diante de uma atitude custosa, como colocar paineis solares em casa (89%) e pagar mais caro por produtos com baixa emissão de carbono (74%) ou para ter um carro elétrico (63%).

Para especialistas, o que pode parecer uma contradição pode ser, na verdade, apenas desesperança com a inação de governantes e grandes corporações –que são os maiores culpados pelas emissões de gases de efeito estufa e, portanto, os principais responsáveis por reduzi-las.

“A ciência mostra caminhos para a resolução da mudança do clima. No entanto, creio que a percepção de que não haverá reversão indica a avaliação da morosidade ou mesmo falta de ações políticas concretas e robustas para abordar as soluções”, afirma Bustamante.

“A falta de ação das indústrias do petróleo e dos governos que são associados a elas, que financiam uma enorme quantidade de governos no mundo todo, está fazendo com que o planeta esteja indo por uma trajetória de aumento de temperatura médio da ordem de 3°C”, afirma o físico Paulo Artaxo, pesquisador da USP.

“Isto pode comprometer muito a qualidade de vida das próximas gerações, e isso não é para o final do século, já é para as próximas décadas”, acrescenta ele.

Para Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, rede que reúne mais de uma centena de organizações ambientais, o impacto dessa desesperança da população em reverter as mudanças climáticas pode ter um efeito nocivo, de diminuir esforços nesse sentido.

“Quando o ser humano pensa, ‘olha, já que não tem jeito, então para que que eu vou me esforçar? Para resolver algo que não tem solução?’. Isso, inclusive, se reflete no voto, na escolha dos governantes que vão gerenciar a máquina estatal, que é quem vai resolver o problema”, explica.

“Isso desencadeia um problema em cima do outro, porque é uma imobilização. E quanto mais passa o tempo, mais estreita vai ficar a janela para termos alguma esperança de solução”, diz Astrini.

Análise: Fatalismo domina percepção sobre mudança climática (Folha de S.Paulo)

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Marcelo Leite

02.julho.2024


Talvez o fator mais determinante para essa opinião unânime decorra da repetição de eventos extremos, como secas incendiárias, ondas de calor mortíferas e tempestades avassaladoras. Em 2020 o fogo já devastara o pantanal, e o Sul fora açoitado por sucessivas chuvas torrenciais no segundo semestre de 2023.

Com a reincidência e o porte desses desastres, muita gente passou a ter experiência direta com flagelos. Ao Datafolha, 65% relataram ter enfrentado calor extremo, assim como 33% apontaram chuva intensa ou tempestade e 29%, seca extrema. Só um quarto (23%) afirmou não ter vivido nenhum desses eventos.

Eram favas contadas que a maioria dos 2.457 brasileiros entrevistados pelo Datafolha, de 17 a 22 de junho, acusaria os golpes seguidos do aquecimento global, diante da avalanche de imagens dantescas a cada noite na TV. Poucos ainda negam a mudança climática, mas isso não significa que o negacionismo morreu.

Só 77% dos ouvidos atribuem as alterações aos gases do efeito estufa produzidos pela atividade humana, como a queima de combustíveis fósseis (derivados de petróleo, carvão e gás natural), o desmatamento e a agropecuária. Um contingente expressivo de 20% prefere enxergar causas naturais para a crise.

Menos gente ainda, 53%, diz acreditar que o fim da normalidade seja um risco imediato para a população da Terra. Outros 43% afirmam que o impacto afetará apenas as gerações futuras.

Quase um terço dos entrevistados (31%) avalia haver exagero de pesquisadores e ambientalistas quanto a impactos da mudança climática. Esse grupo de céticos alcança 43% entre pessoas que têm nível fundamental de escolaridade.

O dado da pesquisa que causa mais alarme aponta um excesso de fatalismo: 58% dos brasileiros opinam que a humanidade será incapaz de reverter a crise do clima. Meros 31% consideram possível manter o clima sob relativo controle, e 7% dizem que não faz diferença para a humanidade ou a natureza.

Esses bolsões remanescentes de ceticismo climático refletem o sucesso parcial da propaganda negacionista em sua tática de semear dúvidas múltiplas e variadas. Quando se torna impossível contradizer a existência do aquecimento global, dado o acúmulo de evidências e medições, lança-se suspeita sobre a contribuição humana para o fenômeno.

No mesmo diapasão, argumenta-se que a sociedade humana não tem meios para contra-arrestar fenômenos em escala planetária. Em paralelo, assegura-se que os impactos não serão tão graves assim, quem sabe até benéficos.

E pensar que há supostos cientistas dispostos a propagar tais fake news, em realidade pesquisadores argentários, aposentados ou desacreditados. Essa traição à ciência tem consequências, porém.

Embora tenha muito a perder com o desvario climático, a banda atrasada do agronegócio aplaude os mercadores de dúvidas e ajuda a eleger parlamentares, sobretudo no centrão, que tanto retrocesso impuseram à pauta ambiental no governo Bolsonaro (PL) e ainda dão suas mordidas sob a ambivalência de Lula (PT).

Why is climate ‘doomism’ going viral – and who’s fighting it? (BBC)

bbc.com

23 May 2022


By Marco Silva
BBC climate disinformation specialist

Illustration of two hands holding electronic devices showing melting planets.

Climate “doomers” believe the world has already lost the battle against global warming. That’s wrong – and while that view is spreading online, there are others who are fighting the viral tide.

As he walked down the street wearing a Jurassic Park cap, Charles McBryde raised his smartphone, stared at the camera, and hit the record button.

“Ok, TikTok, I need your help.”

Charles is 27 and lives in California. His quirky TikTok videos about news, history, and politics have earned him more than 150,000 followers.

In the video in question, recorded in October 2021, he decided it was time for a confession.

“I am a climate doomer,” he said. “Since about 2019, I have believed that there’s little to nothing that we can do to actually reverse climate change on a global scale.”

Climate doomism is the idea that we are past the point of being able to do anything at all about global warming – and that mankind is highly likely to become extinct.

That’s wrong, scientists say, but the argument is picking up steam online.

Still from one of Charles McBryde's videos on TikTok
Image caption, “I am a climate doomer,” Charles McBryde told his TikTok followers last October
‘Give me hope’

Charles admitted to feeling overwhelmed, anxious and depressed about global warming, but he followed up with a plea.

“I’m calling on the activists and the scientists of TikTok to give me hope,” he said. “Convince me that there’s something out there that’s worth fighting for, that in the end we can achieve victory over this, even if it’s only temporary.”

And it wasn’t long before someone answered.

Facing up to the ‘doomers’

Alaina Wood is a sustainability scientist based in Tennessee. On TikTok she’s known as thegarbagequeen.

After watching Charles’ video, she posted a reply, explaining in simple terms why he was wrong.

Alaina makes a habit of challenging climate doomism – a mission she has embraced with a sense of urgency.

“People are giving up on activism because they’re like, ‘I can’t handle it any more… This is too much…’ and ‘If it really is too late, why am I even trying?'” she says. “Doomism ultimately leads to climate inaction, which is the opposite of what we want.”

Sustainability scientist and TikToker Alaina Wood
Image caption, Sustainability scientist and TikToker Alaina Wood is on a mission to reassure people it is not too late for the climate
Why it’s not too late

Climate scientist Dr Friederike Otto, who has been working with the UN’s Intergovernmental Panel on Climate Change, says: “I don’t think it’s helpful to pretend that climate change will lead to humanity’s extinction.”

In its most recent report, the IPCC laid out a detailed plan that it believes could help the world avoid the worst impacts of rising temperatures.

It involves “rapid, deep and immediate” cuts in emissions of greenhouse gases – which trap the sun’s heat and make the planet hotter.

“There is no denying that there are large changes across the globe, and that some of them are irreversible,” says Dr Otto, a senior lecturer in climate science at the Grantham Institute for Climate Change and the Environment.

“It doesn’t mean the world is going to end – but we have to adapt, and we have to stop emitting.”

People carry a sign as they attend a protest during the UN Climate Change Conference COP26 in Glasgow.
Fertile ground

Last year, the Pew Research Center in the US ran a poll covering 17 countries, focusing on attitudes towards climate change.

An overwhelming majority of the respondents said they were willing to change the way they lived to tackle the problem.

But when asked how confident they were that climate action would significantly reduce the effects of global warming, more than half said they had little to no confidence.

Doomism taps into, and exaggerates, that sense of hopelessness. In Charles’s case, it all began with a community on Reddit devoted to the potential collapse of civilisation.

“The most apocalyptic language that I would find was actually coming from former climate scientists,” Charles says.

It’s impossible to know whether the people posting the messages Charles read were genuine scientists.

But the posts had a profound effect on him. He admits: “I do think I fell down the rabbit hole.”

Alaina Wood, the sustainability scientist, says Charles’s story is not unusual.

“I rarely at this point encounter climate denial or any other form of misinformation [on social media],” she says. “It’s not people saying, ‘Fossil fuels don’t cause climate change’ … It’s people saying, ‘It’s too late’.”

TikTok’s rules forbid misinformation that causes harm. We sent the company some videos that Alaina has debunked in the past. None was found to have violated the rules.

TikTok says it works with accredited fact-checkers to “limit the spread of false or misleading climate information”.

Young and pessimistic

Although it can take many forms (and is thus difficult to accurately measure), Alaina says doomism is particularly popular among young people.

“There’s people who are climate activists and they’re so scared. They want to make change, but they feel they need to spread fear-based content to do so,” she says.

“Then there are people who know that fear in general goes viral, and they’re just following trends, even if they don’t necessarily understand the science.”

I’ve watched several of the videos that she debunked. Invariably, they feature young users voicing despair about the future.

“Let me tell you why I don’t know what I want to do with my life and why I’m not planning,” says one young woman. “By the year 2050, most of us should be underwater from global warming.” But that’s a gross exaggeration of what climate scientists are actually telling us.

“A lot of that is often fatalistic humour, but people on TikTok are interpreting that as fact,” Alaina says.

But is Charles still among them, after watching Alaina’s debunks? Is he still a climate doomer?

“I would say no,” he tells me. “I have convinced myself that we can get out of this.”