CPTEC/INPE desenvolve novo conceito de sistema de previsão, monitoramento e de alertas para ondas e ressacas (CPTEC)

Atualizado em 15/05/2014 13:54

Sistema também pode ser utilizado para avaliar impactos ambientais em regiões costeiras

O grupo do CPTEC/INPE dedicado à previsão de agitação marítima lançou há dois anos em sua página de previsão de ondas a primeira fase do Sistema de Previsão e Monitoramento Costeiro (SIMCos) para 61 pontos da costa brasileira (link no canto superior direito da página http://ondas.cptec.inpe.br/). A segunda fase deste projeto foi concluída recentemente, colocando em operação um sistema de avaliação de impactos de ondas e marés, de alta resolução, para um daqueles 61 pontos do litoral brasileiro: a Baia de Vitória, no Espírito Santo. Esta região do litoral capixaba foi escolhida como área teste para avaliar o funcionamento completo do SIMCos (Sistema de Previsão e Monitoramento Costeiro), concebido para disparar um segundo sistema, como este voltado à Baia de Vitória, quando houver previsões de ondas ultrapassando limites que envolvam riscos ambientais e às atividades na costa.

O SIMCos, projeto temático da FAPESP, gera previsões diárias de ondas, indicando situações de risco ao comparar os níveis de ondas de cada um dos cerca de 60 pontos da costa brasileira a uma climatologia de 30 anos (condições atmosféricas de resolução espacial de 0,3 grau e temporal de 1 hora) da agitação marítima destes mesmos pontos. Para a baía capixaba, que abrange a ilha de Vitória, região metropolitana e os portos de Tubarão e Vitória, foram desenvolvidos modelos com o objetivo de monitorar e avaliar os possíveis impactos, através de simulações numéricas de ondas, de circulação, das marés astronômicas e meteorológicas, com alta resolução temporal e espacial, e capaz, se necessário, de emitir alertas de ressacas.

A plataforma do SIMCos foi composta pelo modelo WWATCH, do NCEP/NOAA, cujas previsões são rodadas em um computador de 120 processadores, obtido exclusivamente para o projeto. Segundo o pesquisador responsável pelo desenvolvimento do SIMCos, Valdir Innocentini, os 61 pontos de previsão e monitoramento ao longo da costa brasileira estão distantes entre si de 100 a 200 quilômetros, e se situam sobre uma linha de profundidade de 100 metros, aproximadamente, para que os efeitos do relevo oceânico não interfiram muito nas características das ondas. Já para o sistema desenvolvido para o litoral capixaba, foi utilizado o modelo holandês de circulação costeira e marés DELFT3D, com condições atmosféricas simuladas pelo modelo WRF (Weather Research Forecasting Model), dos Estados Unidos, e condições iniciais e de contorno hidrodinâmicas do modelo francês global Mercator.

O sistema implementado na Baía de Vitória permite simular e avaliar impactos relacionados à vazão de rios, circulação e interação de água doce e oceânica, erosão, dispersão e transporte de sedimentos e poluentes (como manchas de petróleo), entre outras aplicações. Também simula os efeitos das marés para obras de dragagem, construção de obras civis, como ampliação de portos, prevendo áreas de assoreamento e de possíveis danos ambientais. O desenvolvimento deste módulo do SIMCos contou com a cooperação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e Universidade Nacional Autonoma do México (UNAM).

Segundo Innocentini, o desenvolvimento do SIMCos, alcançou seu objetivo, que era viabilizar um conceito de sistema de alerta, com potencial para ser lançado operacionalmente cobrindo toda a costa brasileira. Para implementar o sistema completo, o pesquisador do CPTEC/INPE explica que seria necessário um novo projeto que permitisse colocar em operação os modelos de alta resolução para cada uma das regiões associadas aos 60 pontos restantes do SIMCos. Para tal empreitada, seria preciso desenhar a grade do relevo submerso de cada uma destas regiões costeiras, com base na batimetria destas áreas.

O desenvolvimento destes modelos de maior resolução – melhor precisão e refinamento para boa parte da costa brasileira – permitiria a simulação de impactos dos movimentos de marés e ressacas nas diferentes atividades econômicas costeiras, como extração de petróleo, turismo e náutica. Os modelos também teriam aplicações em pesquisas ambientais, com possíveis aplicações na área de mudanças climáticas, além de atuarem como uma poderosa ferramenta de monitoramento ambiental capaz de oferecer subsídios a ações fiscais na costa e à formulação de políticas ambientais.